A Festa do Sairé, realizada anualmente em setembro no Distrito de Alter do Chão, município de Santarém, no Pará, foi oficialmente reconhecida como uma manifestação da cultura nacional. O projeto de Lei nº 1765, de 2024, foi sancionado nesta terça-feira (15) no Palácio do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lei, de autoria do deputado José Priante, destaca a relevância da expressão artística e religiosa na identidade brasileira.
Repleta de simbolismo, a Festa é marcada por procissões, missas e outras atividades católicas que atraem centenas de fiéis para louvar o Divino Espírito Santo. Segundo historiadores, a festividade foi introduzida na Amazônia durante as missões evangelizadoras dos padres jesuítas no fim do século 17. Um dos elementos mais simbólicos da celebração é o Arco do Sairé, que remete a um escudo português, representando a influência da colonização e a devoção ao Divino Espírito Santo. “A festa do Sairé é um momento muito específico e importante para o norte do país, em especial na região dos rios, onde você tem elementos da cultura religiosa ao lado da cultura profana. E mais do que festejar o seu tombamento, é, também, festejar a valorização desses elementos para a sociedade brasileira”, enfatiza o historiador Michel Pinho.
Atualmente, cinco dias antes do início da festa é realizada a tradicional busca dos mastros, que consiste na retirada de dois troncos de árvore da floresta. Após uma procissão fluvial, os mastros eles na praia do Cajueiro, em Alter do Chão, onde ficam até a abertura oficial do evento.
No dia em que as festividades começam, os mastros são conduzidos em procissão até a Praça do Sairé. Durante o cortejo religioso, um capitão lidera o grupo como se estivesse a bordo de uma arca. Outros personagens importantes são a juíza, o juiz, procuradores, mordomos, o grupo musical, alferes e saraipora.
Para Aíla, multiartista do estado do Pará, as manifestações da Região Norte são parte fundamental da cultura brasileira. “Ver o Sairé diretamente de Santarém, do Pará, neste posto de reconhecimento, é bonito demais. As Amazônias são 60% do território do país. Precisamos cada vez mais ecoar a riqueza do nosso território”, celebra a artista.
(Fonte: Com Sheila de Oliveira/MinC)