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Rosamaria Murtinho celebra 70 anos de carreira no palco na nova temporada de ‘A Vida Não É Justa’

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Cristina Granato.

Completando 70 anos de carreira, com mais de 65 peças no currículo, a atriz Rosamaria Murtinho, de 92 anos, sobe ao palco desta vez para viver três personagens no espetáculo ‘A Vida Não É Justa’, idealizado pelo produtor Eduardo Barata e baseado no livro da juíza Andréa Pachá. Uma das personagens, a Molhadinha25, comete adultério virtual provocando ciúmes do marido, vivido por Wilson Rabelo. A peça, dirigida por Tonico Pereira, com mais de 60 anos de trajetória artística, tem também no elenco Lorena da Silva, Marta Paret, Duda Barata, Bruno Quixotte e Rafael Sardão. Eles farão uma curtíssima temporada no Teatro Sesc Copacabana, de 10 de janeiro a 9 de fevereiro, sextas e sábados às 19h e domingos às 18h.

Dezoito mil audiências e uma sentença: A VIDA NÃO É JUSTA. Foi assim que surgiu a inspiração para o título do livro de Andréa Pachá, lançado em 2012, que ganhou os palcos com dramaturgia de Delson Antunes e direção de Tonico Pereira e foi sucesso de público nas duas temporadas anteriores no Rio e São Paulo. “A gente pode viver grandes guerras, pode viver grandes hecatombes, mas no final, o que define a nossa vida são essas pequenas questões que acontecem entre o nascimento e a morte. Como é que a gente ama, como é que a gente se relaciona, como é que a gente lida com a perda? Essas questões são as questões que me interessam e que nos interessam como humanidade, interessam para o teatro. E é por isso que conflitos, aparentemente tão banais, acabam despertando tanto interesse, porque eles falam de quem nós somos”, afirma Andréa. “No livro, há vários temas que se repetem, então busquei escolher casos que dessem ao texto uma maior variedade de conflitos de forma que as pessoas possam se identificar mais”, pontua Delson Antunes, responsável pela adaptação da literatura para o teatro.

Em 2016, o livro, composto por 35 contos, foi adaptado para a televisão e apresentado em um quadro no Fantástico, com Glória Pires interpretando a juíza. Para a versão teatral foram escolhidas 8 histórias, além do prólogo: Casamento não é emprego / Quem cuida dele? / Tem coisa que não se pergunta / Molhadinha25 / O que os olhos não veem / Sagrado é um samba de amor / Mas eu amo aquele homem… / Reconciliação. “O trabalho de dramaturgia do Delson Antunes é de sintonia fina com a Pachá”, explica Tonico.

Rosamaria subiu pela primeira vez ao palco aos 18 anos na companhia de teatro amador Studio 53. A convite de Paulo Francis, participou do Teatro dos Sete, companhia formada por Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Sérgio Britto e se destacou em trabalhos como O Canto da Cotovia, A Rosa Tatuada e Manequim. Foi numa dessas montagens que viria a conhecer o ator Mauro Mendonça, com quem se casou em 1959. Em A vida não é justa, ela interpreta as mesmas personagens que já ganharam vida na atuação da saudosa Dama do Teatro Léa Garcia, que nos deixou em 2023. Já seu par, Wilson Rabelo, dá vida ao mesmo papel interpretado pelo mestre Emiliano Queiroz, que também partiu em outubro de 2024, após 70 anos de dedicação à arte.

A atriz e assistente de direção Marta Paret comenta sobre os personagens: “São todos muito ricos e diferentes. Na separação, enfrentam um momento em comum de ruptura, no qual devem encarar as consequências de suas escolhas para o resto da vida”. A atriz Duda Barata explica como a direção de Tonico a ajudou a superar os desafios de interpretar vários personagens: “Eu sou uma pessoa muito racional, e isso às vezes acaba por atrapalhar. O Tonico me balanceia, ele domina os sentimentos de forma maestral, suas dicas são pontuais e certeiras”.

A Justiça é acionada como tema central do espetáculo, com a função de solucionar conflitos, mas também de lembrar que “a felicidade não é um direito, muito menos uma obrigação. Compreender nossa humanidade nos faz mais responsáveis pelo nosso destino”, nas palavras da autora. Nesta encenação teatral, propõe-se um jogo em que os atores e os personagens se revezam ora na tarefa de vítima, ora na função de acusado, trazendo para a reflexão temas como diversidade, igualdade, justiça, respeito, tolerância e conflitos relacionais. “Cada ator vive mais de um personagem, dessa forma, o figurino se torna um elemento central para que o público reconheça de imediato essas mudanças”, comenta a figurinista Fernanda Fabrizzi.

A iluminação é de Paulo Denizot, que também assina o cenário com Janaina Wendling. “A peça explora o absurdo que a realidade é, e a luz acompanha esse caminho, um falso realismo absurdo. Ela busca enfatizar os dramas que as pessoas passam, dando plasticidade e dinâmica”, pontua Denizot. “No cenário, manequins são usados para representar a massa humana. Somos arquétipos, procuro de maneira prática e poética trabalhar essa massa que se encaixa em personagens da vida real”, detalha Janaina.

“As escolhas foram feitas a partir do entendimento de cada história contada. A música é uma personagem ativa durante toda a narrativa e faz uma ligação dramatúrgica entre cada cena, despertando nos atores e no público ‘emoções baratas’, aquelas que tocam na memória e são extremamente populares, causando identificação imediata”, comenta Máximo Cutrin, responsável pela trilha sonora. Segundo ele, “as músicas com vozes femininas, e em sua maioria brasileiras, são uma grande referência também”.

O amor acaba, divórcios acontecem, investigações de paternidade são necessárias, os filhos sofrem, reconciliações ocorrem, situações inusitadas e cômicas transformam-se em soluções e as famílias adquirem novas estruturas. Interpretando a juíza, Lorena da Silva comenta sobre dar vida a uma personalidade de reconhecimento como Andréa Pachá, “é uma honra e um barato. É um presente”.

O espetáculo é composto por um prólogo e oito cenas, a juíza (Lorena da Silva) está em todas as cenas:

PRÓLOGO: Todos em cena

1ª Cena: MOLHADINHA 25, com Rosamaria Murtinho, Wilson Rabelo e Bruno Quixotte

2ª Cena: CASAMENTO NÃO É EMPREGO, com Duda Barata, Bruno Quixotte e Rafael Sardão

3ª Cena: QUEM CUIDA DELE?, com Marta Paret e Rafael Sardão

4ª Cena: TEM COISA QUE NÃO SE PERGUNTA, com Rafael Sardão e Duda Barata

5ª Cena: SAGRADO É UM SAMBA DE AMOR; com Rosamaria Murtinho, Bruno Quixotte e Rafael Sardão

6ª Cena: O QUE OS OLHOS NÃO VEEM; com Duda Barata, Marta Paret e Bruno Quixotte

7ª Cena: MAS EU AMO AQUELE HOMEM…; com Marta Paret, Bruno Quixotte e Duda Barata

8ª Cena: RECONCILIAÇÃO; com Rosamaria Murtinho e Wilson Rabelo.

Serviço:

A vida não é justa

Duração: 80 minutos

Classificação Indicativa: 14 anos

Local: Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana

Temporada: De 10 de janeiro a 9 de fevereiro

Dias e horários: Sextas a domingos, às 19h – *Excepcionalmente nesta quinta-feira, dia 9, haverá ensaio aberto e gratuito, também às 19h, sujeito à lotação

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia), R$7,50 (comerciário)

Informações: (21) 4020-2101

FICHA TÉCNICA

Texto original: Andréa Pachá

Dramaturgia: Delson Antunes

Direção: Tonico Pereira

Idealização: Eduardo Barata

Elenco:

Rosamaria Murtinho

Bruno Quixotte

Duda Barata

Lorena da Silva

Marta Paret

Rafael Sardão

Wilson Rabelo

Gesto e movimento: Marina Salomon

Cenário: Paulo Denizot e Jana Wendling

Figurinos / 1ª temporada: Fernanda Fabrizzi

Figurinos / 2ª temporada: Tiago Ribeiro

Iluminação: Paulo Denizot

Trilha Sonora: Máximo Cutrim

Visagismo: Fernando Ocazione

Diretor de palco: Tom Pires

Operador de luz: Rogério Medeiros

Operador de som: Enrico Baraldi

Camareira: Sonia Martins

Maquiagem / cabelo: Alex Palmeira

Programação visual: Ricardo Barata

Fotos: Cristina Granato

Direção de produção: Elaine Moreira

Produção executiva: Bruno Luzes e Tom Pires

Produção: Barata Produções

Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa.

(Com Fabio Dobbs/Dobbs Scarpa)