A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) promove, desde 27 de março, uma ação que celebra uma das mais importantes iniciativas de preservação e divulgação da memória da dança do Brasil: a série ‘Figuras da Dança’, com ‘45 Histórias que Dançam, Gestos que Transformam o Mundo’. A iniciativa, que acontece em suas plataformas digitais, consiste na publicação de pequenos vídeos dos artistas homenageados pela série até o dia 28 de agosto, data em que será lançado seu 45º documentário, que apresentará a carreira do bailarino brasileiro internacionalmente reconhecido Marcelo Gomes.
Desde sua criação, em 2008, a série tem desempenhado um papel fundamental na documentação da história da dança no país homenageando grandes personalidades que ajudaram a moldar essa arte no cenário nacional e internacional. A cada quinta-feira são publicados nos perfis do Facebook e Instagram dois vídeos curtos com trechos dos documentários e imagens de arquivo que destacam as trajetórias de duas personalidades da série, com o intuito de que o público possa conhecer um pouco mais sobre cada uma delas e de incentivar o acesso aos vídeos completos, disponíveis gratuitamente no site e YouTube da São Paulo Companhia de Dança. É importante ressaltar que cada vídeo é acompanhado de um material complementar, que apresenta um texto biográfico do artista e uma cronologia com momentos importantes de sua carreira.
“Por meio da própria voz daqueles que viveram nossa história, fortalecemos o vínculo entre o passado e o presente, enriquecendo o cenário cultural com experiências e ensinamentos únicos. Os documentários e textos biográficos da série Figuras da Dança dialogam não apenas com a trajetória da dança no Brasil, mas também ressaltam o papel transformador que essa arte exerce em nossas vidas, servindo como ferramenta indispensável para estudantes, professores, pesquisadores e para o público em geral. A disseminação desses registros é essencial para continuarmos contando a história da dança e perpetuando o legado das personalidades que transformaram essa arte no Brasil”, pontua Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança e idealizadora do projeto.
Além das próprias redes, os episódios são exibidos nos canais TV Cultura, Arte 1 e Curta! desde 2008, o que é de fundamental importância para ampliar o alcance da dança como uma forma de expressão que transcende as barreiras geográficas e sociais. A série também é distribuída em formato de DVD para instituições educativas e culturais, principalmente as que contam com biblioteca pública, além de universidades e ONGs.
PERSONALIDADES
Ao longo desses anos, Figuras da Dança apresentou a trajetória de artistas que se destacaram como intérpretes, ocupando o palco como protagonistas e sendo referência nacional e internacional em suas atuações; criadores, intérpretes-criadores e pesquisadores do corpo e do movimento que expandiram as linguagens contemporâneas e modernas da dança; figuras que desempenharam papel fundamental na formação e educação de bailarinos e coreógrafos, influenciando gerações e consolidando metodologias de ensino; artistas que integraram a dança à matrizes africanas, indígenas e populares ou mesclaram diferentes tradições culturais, destacando a pluralidade corporal brasileira; além de personalidades que dirigiram companhias, uniram a dança a outras linguagens cênicas ou construíram pontes entre a criação, a gestão e o desenvolvimento institucional da dança.
Em 2008, a série destacou a carreira de Ivonice Satie (1950–2008), diretora do Balé da Cidade de São Paulo e da Cia. de Dança do Amazonas; Ady Addor (1935–2018), a primeira bailarina brasileira a atuar em companhias de renome como Theatro Municipal do Rio de Janeiro e American Ballet Theatre, Ismael Guiser (1927–2008), professor e coreógrafo argentino, referência no balé clássico; Marilena Ansaldi (1934–2021), pioneira da dança-teatro; e Penha de Souza (1935–2020), bailarina e professora inovadora que integrou balé, TV e técnicas corporais.
Em 2009, foram homenageados Antonio Carlos Cardoso (1939), coreógrafo e diretor que ajudou a mudar a direção da dança brasileira ao assumir a direção do Corpo de Baile Municipal (atual Balé da Cidade de São Paulo); Hulda Bittencourt (1934–2021), fundadora da Cisne Negro e importante nome na educação e produção de espetáculos; Luis Arrieta (1951), criador e intérprete argentino com forte atuação na dança contemporânea; Ruth Rachou (1927–2022), uma das artistas fundamentais da dança moderna no Brasil e Tatiana Leskova (1922), russa radicada no Brasil que preservou balés clássicos, sempre em diálogo com o contexto brasileiro.
Em 2010, foram evidenciados Angel Vianna (1928–2024), que revolucionou a consciência corporal e um dos nomes mais importantes na pesquisa do movimento no Brasil; Carlos Moraes (1936–2015), um dos artistas fundamentais para a consolidação da dança na Bahia, tendo papel essencial na fusão da capoeira, dança afro e balé clássico; Décio Otero (1933), fundador do Ballet Stagium ao lado de Marika Gidali, que disseminou a dança como narrativa social e histórica; Márcia Haydée (1937), bailarina de renome mundial, conhecida como a ‘Callas da Dança’ por sua grande força interpretativa; e Sônia Mota (1948), bailarina, coreógrafa e diretora, que une teatro, dança e investigação corporal.
Em 2011, a série apresentou duas grandes personalidades: Ana Botafogo (1957), um dos maiores nomes da dança e símbolo do balé clássico no Brasil; e Célia Gouvêa (1949), referência na dança paulista, destacando-se na pesquisa do movimento e na experimentação corporal.
Em 2012, foram homenageados Edson Claro (1949–2013), criador e educador, idealizador do Método Dança-Educação Física, que articulou corpo e ensino; Ismael Ivo (1955–2021), bailarino e coreógrafo que fez da dança um ato político; Lia Robatto (1940), grande criadora de grupos e movimentos que contribuíram para o desenvolvimento da dança na Bahia e Marilene Martins (1935), criadora do grupo Trans-Forma Grupo Experimental de Dança, que mesclou dança e teatralidade, em Belo Horizonte.
Em 2013, a série abordou Cecília Kerche (1960), reconhecida por sua interpretação dos grandes clássicos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; Eva Schul (1948), referência da dança contemporânea no Sul do Brasil; Hugo Travers (1932–2019), bailarino, coreógrafo e diretor com atuação entre Cuba e Brasil; J.C. Violla (1947–1947), ator, bailarino e pesquisador das linguagens populares e afro-brasileiras; e Janice Vieira (1940), estudiosa da dança popular e contemporânea.
Em 2014, foram homenageados Eliana Caminada (1947), bailarina, intérprete e pesquisadora dedicada à história da dança; Jair Moraes (1946–2016), coreógrafo e bailarino do Ballet Guaíra; Mara Borba (1951), reconhecida pela dramaticidade e fisicalidade na dança; e Paulo Pederneiras (1951), fundador do Grupo Corpo, que integrou cenografia, luz e movimento em suas criações.
Em 2015, foi a vez de Maria Pia Finócchio (1940), bailarina e gestora que promoveu pontes entre tradições europeias e brasileiras; e Nora Esteves (1948), bailarina que marcou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2016, o homenageado foi José Possi Neto (1947), diretor que uniu teatro e dança em suas produções. Em 2017, a série reconheceu mais sobre Aracy Evans (1931–2022), educadora que formou grandes nomes na Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Em 2018, Tíndaro Silvano (1956) foi homenageado por sua atuação na formação de companhias como mestre e coreógrafo. Em 2020, os destaques foram Gisèle Santoro (1939), criadora do Seminário Internacional de Brasília; e Neyde Rossi (1938), bailarina e educadora na técnica clássica.
Em 2021, a homenageada foi Ilara Lopes (1947), bailarina, professora, coreógrafa e examinadora da Royal Academy of Dance. Em 2022, Esmeralda Gazal (1961), professora e coordenadora pedagógica na formação de jovens talentos, com forte articulação com escolas; e Hugo Bianchi (1926–2022), mestre em dança e teatro e referência na educação do Ceará foram os homenageados. Em 2023, a série celebrou Carlos Demitre (1952), bailarino carioca que se tornou o primeiro vencedor na categoria de melhor bailarino do prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1974.
Em 2024, os homenageados foram Clyde Morgan (1940), que transformou o cenário da dança no Brasil desde sua chegada ao país, em 1970, com a dança afro-americana e africana; Dudude Herrmann, referência em improvisação e dança contemporânea em diálogo com a natureza; e Inaicyra Falcão, destaque na dança e no canto ligados à tradição afro-brasileira e aos orixás. Em 2025, conheceremos a trajetória de Marcelo Gomes, bailarino brasileiro com extensa carreira no exterior.
Serviço:
Figuras da Dança – 45 Histórias que Dançam, Infinitos Gestos que Transformam o Mundo
Data: toda quinta-feira, entre 27 de março e 28 de agosto
Local: ação online, via redes sociais da SPCD (Facebook e Instagram).
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
A São Paulo Companhia de Dança se destaca pela sua versatilidade e inovação, desde sua criação em 2008, pelo Governo do Estado de São Paulo. Gerida pela Associação Pró-Dança, é dirigida por Inês Bogéa. Reconhecida pela crítica como uma das mais prestigiadas companhias da América Latina, seu repertório abrange tanto criações exclusivas, quanto remontagens de grandes obras da dança mundial. Com apresentações que atravessam fronteiras, a Companhia leva sua arte a diversos públicos, tanto no Brasil, quanto no exterior. Já foi assistida por um público superior a 2 milhões de pessoas em 22 diferentes países, passando por cerca de 180 cidades em mais de 1.300 apresentações, acumulando mais de 50 prêmios e indicações nacionais e internacionais. Além disso, ações educativas e projetos voltados à preservação e difusão da memória da dança são parte essencial de sua missão, perpetuando esse legado cultural para as futuras gerações. São Paulo Companhia de Dança: excelência que inspira, movimento que transforma.
(Com Rafaela Eufrosino/Associação Pró-Dança)