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Teatro Prudential recebe musical “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: Priscila Prade.

Com mais de 40 anos dedicados à composição, poesia e música, o artista paraibano Zé Ramalho terá sua extensa obra celebrada na mais nova produção idealizada por Eduardo Barata, “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”, que estreou no dia 28 de setembro no Teatro Prudential, no Rio. A montagem do musical, que tem patrocínio da Eletrobras e do Itaú Unibanco, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, promove o reencontro da dupla responsável por uma das peças mais premiadas do teatro brasileiro: “Caranguejo Overdrive”. O cancioneiro do cantor e compositor, a literatura e os lugares retratados em sua trajetória ganham vida no palco através da dramaturgia de Pedro Kosovski e da direção de Marco André Nunes, mas não de forma tradicional e biográfica.

Zé, o personagem, existe somente nos números musicais, criando algo totalmente inédito. O elenco é diverso, possibilitando, desta forma, a abordagem de vários pontos de vista, contando muitas histórias dentro de uma só. “O espetáculo é uma homenagem a um grande brasileiro que levou para o mundo a força artística do Nordeste com qualidade em sua realização e enorme potência criativa. Com argumento simples, mas poético e reflexivo, assim como a música de Zé Ramalho, o texto apresentará personagens de referência na obra do homenageado – os retirantes, a seca, o vilão, os palhaços etc.”, conta o produtor e idealizador do projeto Eduardo Barata.

O elenco do espetáculo é encabeçado por Adriana Lessa – que entrou na produção às pressas para substituir a atriz Léa Garcia, que faleceu recentemente. “Não tem como substituí-la, respeito demais o seu legado como artista para a nossa cultura. Então venho aqui com alegria, honra e humildade encarar essa missão. Trago elementos fortes da nossa ancestralidade, música e vibração dentro desse universo mágico do Zé Ramalho”, conta Adriana, que se divide em alguns personagens.

Completam o elenco Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro e Tiago Herz. O musical se divide em cinco módulos: “Brejo da Cruz”, que apresenta as origens do artista; “Campina Grande”, sobre a cidade onde começou o interesse de Zé pela música; “João Pessoa” retrata momento lisérgico da vida do músico, quando ele começou realmente a compor; “Rio de Janeiro” apresenta a batalha por um lugar ao sol, passando pela fome a até a prostituição, e “Popstar” representa o sucesso e a consagração do autor de clássicos como “Admirável Gado Novo”, “Garoto de Aluguel”, “Pedra do Ingá” e “Chão de Giz”, entre outros.

“As próprias músicas revelam momentos da vida desse grande artista. Tudo é muito carregado de simbolismo e metáforas. Montei uma estrutura com textos que não brigassem com as letras. É uma oportunidade para que possamos entrar nessas imagens que as canções evocam. Eu e o Marco (diretor), que temos uma parceria já de muitos anos, colocamos a cena, o texto e a atuação caminhando juntos dentro do processo. A gente se retroalimenta e faz uma construção orgânica”, explica o autor Pedro Kosovski.

Esta é a primeira vez que Pedro e o diretor Marco André Nunes se reúnem para um trabalho fora da Aquela Cia. de Teatro. “Nós nos dedicamos, ao longo da nossa parceria, a construir um pensamento artístico. Um já sabe por onde o outro vai e a gente se complementa. Assim também tem sido neste trabalho, em que fomos convidados pelo querido Eduardo Barata. No espetáculo, colocamos em cena recortes da trajetória do Zé desde a infância, até ele se tornar conhecido nacionalmente, com o lançamento de ‘Admirável Gado Novo’. Tanto quem conhece bem quanto quem não conhece muito o Zé vai poder observar as músicas e ser tocado por essas experiências que ele viveu”, afirma Marco.

Paraibano de Brejo do Cruz, Zé Ramalho se embrenhou na fonte da literatura de Cordel, do blues, do rock e do melhor do violão nordestino. Também é conhecido por sua contemporaneidade, produzindo poesia dentro da tradição musical nordestina, além de emoções e sentimentos universais na sua obra. Suas composições são tão abrangentes quanto o seu legado de influência sobre músicos e poetas.

Apelidado de Bob Dylan do sertão, o poeta, cantor, instrumentista e compositor Zé Ramalho foi influenciado pela Jovem Guarda. Misturou o estilo de Roberto e Erasmo Carlos com a musicalidade do sertão, tendo como referência Pink Floyd, Beatles, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, entre outros. Uma miscelânea de ritmos, sons, palavras e sensações sem nenhum tipo de ranço vanguardista e, ao mesmo tempo, utilizando a tradição nordestina para construir e adaptar suas canções. Do amor ao esotérico, com toque de crítica. Do xote ao rock, sem ter medo da mais romântica balada – este é Zé Ramalho. Da Paraíba, do mundo, da música. Sua obra se renova sem eliminar nada do que foi usado antes.

Ficha técnica

Texto: Pedro Kosovski

Direção: Marco André Nunes

Direção musical: Plínio Profeta e Muato

Direção de movimento: Caroline Monlleo

Idealização e produção artística: Eduardo Barata

Elenco: Adriana Lessa, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro, Tiago Herz e Genilda Maria (atriz stand-in)

Cenário: Marco André Nunes e Uirá

Figurinos: Wanderley Gomes

Iluminação: Dani Sanchez

Desenho de som: Júnior Brasil

Visagismo: Fernando Ocazione

Assistente de direção: Diego Ávila

Programação visual: Felipe Braga

Fotos: Cristina Granato

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa

Direção de produção: Elaine Moreira

Produção executiva: Tom Pires

Produção: Barata Produções.

Serviço:

Teatro Prudential

Rua do Russel, 804, Glória – Rio de Janeiro (RJ)

Até 29 de outubro – de quinta a sábado, às 20h; domingo, 18h

Obs: No dia 5 de outubro não haverá apresentação.

Valores dos ingressos:

Quinta e sexta, R$90,00 (inteira)/R$45,00 (meia); sábado e domingo, R$100,00 (inteira)/R$50,00 (meia) – 20% dos ingressos para venda promocional – R$60,00 (inteira)/R$30,00 (meia)

Duração: 70 minutos

Classificação: 12 anos.

(Fonte: Dobbs | Scarpa Assessoria de Comunicação)