No último sábado criei vergonha e fui finalmente conhecer o Casquinha Bar, empreendimento que faz brilharem os olhos do chef Ricardo Cleto. Acompanhado da querida Claudia Castilho – que me deu o chacoalhão necessário para me tirar de casa – e do meu companheiro de aventuras Rafael Oliveira e Silva, lá fui eu para mais uma grata surpresa gastronômica.
De cara já gostei da enorme varanda que circula o Casquinha. Em que pesem o calor senegalês e meus traumas com o clima caliente da minha Santos natal, potentes ventiladores espalhados espantam aquilo que pode atrapalhar – de resto, é só alegria ficar sentado junto à cerca observando os passantes e a arquitetura do bairro Cambuí.
A ambientação é bem descontraída, com móveis simples, estilo vintage e memorabília – também criada pelo chef refletindo sua personalidade alegre, acolhedora e amistosa, além do logo e decoração dos pratos.
O cardápio
Ah, o cardápio… Para mim, que passei minha infância, adolescência e início da fase adulta nas praias santistas com uma mãe caiçara da gema (nascida em Caraguatatuba) que fazia muitas delícias do mar (a tainha assada recheada de farofa de ovas era de ajoelhar), foi um resgate repleto de comfort food.
Com todo esse sal no DNA, confesso ser muito exigente com frutos do mar. Acho, por exemplo, um pecado imperdoável – digno de nem querer conhecer o resto – quando vou a um restaurante de culinária caiçara e o básico – coisas como pastel de camarão – não encanta. Pois respirei aliviado quando pedimos a empada de camarão. O tempero – ah, o ‘tomperro’, como diz Erick Jacquin – é supercaseiro; ou seja, exatamente como deve ser, e agradou de cara. Frutos do mar possuem sabor delicado e o excesso de temperos ou a escolha errada deles podem simplesmente por tudo por água abaixo.
De alma aliviada, partimos, claro, para o carro-chefe da casa: as casquinhas. Além da tradicional casquinha de siri, o bar possui no menu as de lagosta (a mais pedida), camarão, bacalhau, polvo, lula e marisco. Escolhi a de siri, que não comia há anos, e apreciei rezando por todas as memórias gastronômicas ressuscitadas.
Aliás, vale lembrar que, ao abrir o cardápio, combinamos entre os amigos ficar só nas entradas, já que a casa tem uma ótima variedade delas, como torres de frutos do mar (só de ver já dá água na boca), sea fruit trolls, camarões à provençal, lula com cogumelos na manteiga, lulas dorée (provado) e camarões na Panko (também provados), entre muitas outras. As lulas dorée estavam comme il faut: pequenas (mais saborosas), sequinhas, macias e temperadas na medida.
Dali, passamos para os camarões na Panko. Fartos, crocantes e sequinhos, comi até a cauda, que costumo deixar de lado, mas não resisti à maciez dela empanada (uma raridade).
A sobremesa pretendíamos pular por absoluta falta de espaço, mas como bom cozinheiro, Cleto insistiu para que provássemos a deliciosa cocada cremosa com sorvete de creme, o que fizemos na base de um prato e três colheres. E não é que coube?
Sobre o chef
Ricardo Cleto Giugni tem 22 anos de profissão, período em que teve oportunidade de desenvolver projetos como abertura de bares, restaurantes e boates atuando como chef, consultor, gerente e também proprietário.
Ao longo desse tempo, passou dois anos realizando o bufê de réveillon no Tênis Clube de campinas para 1000 pessoas, em média e 6 anos realizando o bufê da feijoada da Sociedade Hípica de Campinas para 2000 pessoas, também em média, além de centenas de outros eventos e consultorias gastronômicas.
Foi proprietário de restaurantes, um bar e duas boates, onde chegou a ter 120 colaboradores.
Seu histórico profissional inclui:
2020 – refeitório do Clube de Regatas de Campinas, cuidando da alimentação de colaboradores, atletas e professores do clube (sócio e chef)
2018/2019 – The Royal Palm Tower Indaiatuba Hotel (chefe executivo) equipe de A&B com aproximadamente 50 pessoas
2017 – Jamie’s Italian, Parque Dom Pedro Shopping, Campinas, SP (chefe executivo)
2011 a 2016 – restaurante e pizzaria Via Margutta, Valinhos, SP (chef e gerente)
2008 a 2011 – Chef Theo Atelier et Bar Gastronomique, Campinas, SP (chef e proprietário)
2006 a 2008 – Pizzaria Veridiana, Higienópolis, São Paulo, SP (chefe de cozinha/período noturno), café da Pinacoteca de São Paulo (gerente/período diurno)
2001 a 2005 – Cirò Ristorante Italiano, Campinas, SP (chef e proprietário)
1999 a 2001 – Bar Coronel Mostarda, Campinas, SP (chef e proprietário)
1999 a 1999 – Paninno Giusto, Rua Augusta, São Paulo, capital (cozinheiro)
1998/1999 – Brasserie Casa Ricardo, Alto de Pinheiros, São Paulo, capital (ajudante de cozinha).
Serviço:
Casquinha Bar
Rua Sampaio Ferraz, 496 – Cambuí, Campinas (SP)