Em 2021, a Casa Brasileira é o tema que norteia as ações do Museu do Ipiranga em parceria com o Wiki Movimento Brasil (WMB). A programação inclui maratonas de edição de verbetes que, neste ano, iniciam com encontros com pesquisadores da área que falarão sobre as linhas de pesquisa que desenvolvem no Museu, seguidos de treinamento e assistência técnica sobre a plataforma. O terceiro encontro desta série acontece no dia 28 de maio, sexta-feira, a partir das 14h, com o tema Cozinha e suas coisas.
“A Casa Brasileira é tema de pesquisa do Museu do Ipiranga há mais de 30 anos e estará presente nas exposições de reabertura, em 2022”, conta Vânia Carneiro de Carvalho, coordenadora do projeto de implantação das novas exposições e docente do Museu. Segundo a professora, este é um museu de História que estuda a sociedade brasileira a partir de sua dimensão material. “Partimos da premissa de que a nossa interação com a matéria é o que nos torna humanos, e o que constitui nossas identidades sociais e culturais”.
As maratonas de edição acontecem às sextas-feiras, às 14h, via YouTube. Nesta semana, quem faz a abertura do encontro são as historiadoras Laura Stocco Felicio, Maria Eugênia Ferreira Gomes e Viviane Soares Aguiar, pertencentes ao projeto Processamento de Alimentos no Espaço Doméstico. São Paulo, 1860-1960, que reúne alunas de iniciação científica, mestrado e doutorado sob a orientação da professora Vânia. Às 15h, via Google Meet, a equipe do WMB oferecerá um tutorial de como editar a Wikipédia, para que novos usuários possam contribuir facilmente com a plataforma. Não é necessário conhecimento prévio. Para mais informações sobre os eixos temáticos e inscrições, consulte a programação abaixo.
Neste dia, também serão anunciados os vencedores do Wikiconcurso Casa Brasileira, que, por meio de um sistema de pontuações, premiará os editores que mais contribuíram com a Wikipédia em português na temática da Casa Brasileira com vale-compras de até R$2500,00 no Submarino.
Cozinha e suas coisas | 28/5, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
A história das cozinhas é pouco conhecida. Menos ainda são seus equipamentos e ferramentas. As atividades de trabalho empreendidas nas cozinhas trazem questões importantes sobre a convivência entre objetos tradicionais – manuais ou mecânicos – e objetos modernos – eletrificados. Conhecer esse universo de coisas que compõem a cozinha é o objetivo do grupo de pesquisa que estuda os acervos de cozinha do Museu Paulista. Há muitos objetos que precisam ser identificados, ter seus diversos nomes pesquisados e suas funções e períodos de uso estabelecidos. A consolidação de um repertório dos equipamentos e ferramentas de cozinha é algo necessário e que muito ajuda no avanço do conhecimento das casas brasileiras.
Intérpretes da casa brasileira | 18/6, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
O Brasil conta com um elenco importante de obras sobre as moradias brasileiras. Essas obras se desenvolveram pioneiramente entre os arquitetos, interessados nas configurações espaciais dos interiores domésticos. Foram eles que primeiro procuraram definir as tipologias de casas, estudaram a atuação de construtores e descreveram as configurações de espaços internos da moradia associados às suas funções produtivas e sociais. Outra vertente, a dos historiadores, se dedicou a compreender os tipos de objetos próprios das casas – produziram estudos tradicionais sobre mobiliário, estudos sobre a riqueza e costumes das famílias por meio dos inventários e, mais recentemente, estudos sobre os objetos da casa e suas relações com a vida psíquica, social e cultural de seus moradores.
É ainda importante mapear obras e revistas de época, que são fontes documentais de grande valia para o conhecimento das casas. Os manuais de economia doméstica, de orientação feminina, puericultura e etiqueta trazem inúmeras informações sobre os objetos da casa e seus espaços, seus modos de funcionamento e os valores e sentidos associados a essa materialidade. A estas obras somam-se as revistas de época que trazem artigos e anúncios sobre decoração, sobre inúmeros objetos pertencentes ao espaço doméstico, além de receitas e crônicas sobre a vida doméstica.
Louça paulista | 9/7, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
Todas as casas têm um lugar de encontro. Refeições, festas e visitas seguem regras que variam dependendo do grupo e classe sociais, mas compartilham da mesma intenção: consolidar os vínculos entre as pessoas. A louça desempenha um papel fundamental ao materializar a importância dessas ocasiões, servindo de ferramenta para o estabelecimento de divisões e vínculos sociais. Por meio do uso das louças, um morador mostra ao outro a sua “educação”, o seu gosto, os seus valores. No século 19, os serviços de porcelana importados da Europa se tornaram um dos mais importantes sinais de opulência e sofisticação. Os ornamentos, as dourações, os brasões e monogramas materializaram o requinte que as elites enriquecidas almejavam. Enquanto os caros serviços de porcelana decorada eram adquiridos pelas elites, as camadas médias e populares consumiam serviços mais baratos, mas também ornamentados. Mesmo com simplicidade, a função era a mesma: sinalizar as refeições e ocasiões especiais. Ao longo do século 20, as indústrias produziram serviços de café, chá e jantar para diversos tipos de público. Fábricas de porcelana estabelecidas no Brasil comercializavam similares das porcelanas europeias, enquanto outras indústrias criaram conjuntos com matérias-primas mais acessíveis.
Museu do Ipiranga e Wikipédia | Em parceria, o Wiki Movimento Brasil (WMB) e o Museu do Ipiranga traçaram um plano digital para aumentar a presença do acervo da instituição na Internet. O plano inclui maratonas de edição, que em 2020 resultaram em mais de 2.500 edições de aprimoramento de verbetes, com mais de 2,6 milhões de visualizações. No mesmo ano, o Wikiconcurso angariou 862 inscritos, adicionando 1,3 milhões de bytes na plataforma. Além disso, foram carregados 2.958 arquivos no Wikimedia Commons.
A iniciativa integra o Museu a um movimento global ao qual se unem instituições culturais, bibliotecas e arquivos de vários países. Dessa maneira, a instituição também adere a práticas de conhecimento aberto e licenças livres e, com isso, deve atingir públicos mais diversificados e fomentar novas parcerias. O plano inclui, ainda, ações estratégicas para dar visibilidade a grupos menos presentes na plataforma, como mulheres, negros e indígenas. A iniciativa tem a parceria da Fundação Banco do Brasil.
Museu do Ipiranga – USP | Fechado desde 2013, o Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). As obras se iniciaram em outubro de 2019 e a expectativa é que o museu seja reaberto em setembro de 2022, para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Para mais informações sobre o restauro, acesse o site museudoipiranga2022.org.br.
O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.
As obras do Novo Museu do Ipiranga são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura.
Patrocinadores e parceiros: BNDES, Fundação Banco do Brasil, Vale, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, EDP, EMS, Itaú, Sabesp, Banco Safra, Honda, Postos Ipiranga, Pinheiro Neto Advogados, Atlas Schindler e Novalis.