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Segunda batalha entre chefs explora a criatividade com menus simples, temáticos e cheios de tradição

Campinas, por Kleber Patricio

O Goulash servido por Aldomar Caprini. Crédito das fotos: Ricardo Dettmer.

A segunda batalha do Chef Decor 2018 Campinas, realizada no último dia 5 na cozinha da Portobello Shop, foi entre gigantes: os arquitetos Aldomar Caprini e Andre Zazeri foram os chefs da noite e exploraram a criatividade natural da profissão, apresentando pratos simples, regionais e cheios de tradição. Além de incluírem receitas caseiras no preparo dos menus, os dois jantares tiveram outro ingrediente em comum: diversão. Para os participantes, a ideia é mais que se desafiar, mas de se divertir cozinhando, além de alegrar seus convidados e o corpo de jurados.

A missão do evento é justamente revelar os melhores talentos gastronômicos entre arquitetos e designers de interiores, respeitando suas influências pessoais e criatividade. E este ano, em sua segunda edição, o formato está ainda mais desafiador, com batalhas ao invés de jantares individuais.

Várias inspirações e limão siciliano como principal elemento

Tudo começa com a escolha do menu e os temas que irão inspirá-los. Aldomar Caprini, que assinou o primeiro jantar desta segunda-feira, contou que as inspirações foram várias e a primeira delas nasceu da ideia de uma compota salgada para temperar carnes e saladas feita com base de limão siciliano, receita da sua sous chef e amiga Paula Sauer. “O prato nasceu daí. Resolvemos fazer um jantar a partir dessa brincadeira com o limão siciliano e os pratos foram acontecendo”, explicou.

Aldomar Caprini e sua sous-chef Paula Sauer na cozinha da Portobello.

O resultado foi a criação do Goulash como prato principal e Verrine de Maçã, ambos aromatizados pelo ingrediente escolhido como carro chefe e harmonizados com diferentes vinhos escolhidos pelo sommelier Pedro Bannitz, da importadora Decanter.  Para o jantar, o eleito foi o tinto português Eskuadro Kompassus e, para a sobremesa, foi o branco argentino Amalaya Dulce Natural, de Salta. “Por ser um prato rústico, de peso e condimentado, pensamos no Bairrada, por ser um vinho que apresenta peso, acidez vivaz para interagir com os condimentos e vai bem com carnes em geral e caldos gordurosos. Ele quebra a acidez dos vegetais e enaltece os condimentos e sabores aromáticos do prato”, explicou. Para o Verrine de Maçã, por ser uma sobremesa mais leve e delicada, a harmonização foi feita com o vinho Torrontés/Riesling, com doçura apenas residual. “Sua boa acidez ajuda a enaltecer o sabor da fruta”, complementou.

O Goulash é outra tradição familiar da sous chef Paula Sauer e uma comida de origem húngara. Diz a história que ela era servida no antigo império austro-húngaro, preparada inicialmente por vaqueiros. Segundo o chef Aldomar Caprini, trata-se de uma comida feita com carne de vaca ou suína, com tomates, cebolas, pimentas, páprica, muito tempo na panela, vinho e muito cuidado. “É uma comida que a gente diz que é calorosa, do jeito que queremos receber nossos convidados, com muito calor”, complementouPara acompanhar, ele serviu batatas ao murro, com azeite feito com o limão siciliano. “Para adornar o prato incluímos quiabo, que está bastante fora do nosso habitual”.

O chef descreve a sobremesa Verrine de Maçã como uma torta de maçã desconstruída, com perfume e sabor delicados. “Mas o mais importante é que gente disse que estaria aqui para se divertir, numa noite muito festiva”. E assim foi, em mesas decoradas com tons de azul, verde de plantas e objetos étnicos misturados, fazendo uma conexão com a comida colorida de vermelho rubro, amarelo e verde.

Jantar típico nordestino recria clima regional

André Zazeri com seu irmão e sous-chef José Zazeri Jr.

O clima de descontração e alegria só aumentou com o jantar típico nordestino elaborado em detalhes pelo chef Andre Zazeri, com sanfoneiros tocando ao vivo baião e forró. A música Baião de Dois, de Luiz Gonzaga, originou o nome do prato escolhido por ele, nos anos 40, por isso ele trouxe essa referência para a sua noite temática. No conceito do menu que preparou, juntamente com o seu sous chef e irmão José Zazeri Jr., o prato central foi o Baião de dois, com banana da terra, taioba e farofa à moda dele. “Escolhi um prato brasileiro, porque eu acredito muito na culinária do nosso país. A farofa à minha moda, que se faz em minha casa há muito tempo, complementa bem o prato e os sanfoneiros nos remetem à origem do prato”, justificou. A sobremesa, com ingredientes também típicos daquela região, foi a Tangerina ao crumble de castanha do Pará. Os dois pratos foram harmonizados com vinhos.

Para o prato principal, o vinho escolhido foi o branco chileno De Martino Syrah, enquanto para a sobremesa foi o Curatolo Arini Marsala Semi Secco, da Itália. “O Baião é um prato rico e muito exuberante em aromas e sabores, além de ter bom peso. Devido a isso, realizamos a harmonização com um Syrah do Valle do Choapa, que apresenta bom peso e certa suculência. Tem bom frescor para interagir com os componentes vegetais e aromáticos do prato”, avaliou o sommelier.

A sobremesa apresenta grande exuberância de aromas e sabores, com certa complexidade pela presença da castanha do Pará, por isso o profissional optou pelo Marsala, por ser um vinho fortificado, além de ser rico em frutas maduras e apresentar toques amendoados e florais que interagem com a proposta. A decoração das mesas foi trabalhada com cactos, bastante comuns no nordeste brasileiro.

A sobremesa criada pelos irmãos Zazeri.

“Sem experiência profissional na cozinha, eles mostraram muita competência na execução dos seus menus, conseguindo concluir o desafio no tempo correto, com muita criatividade e bom humor. Estamos muito felizes com o resultado e envolvimento cada vez maior dos profissionais participantes”, disse o organizador e idealizador do evento, Lenine Faria.

Jurados

Além dos jurados fixos do Chef Decor 2018, que são o chef e consultor técnico do evento, Emerson Donadon, o designer de interiores Luís Roberto de Castro Rios e a organizadora de confrarias gastronômicas Rosa Jannini participaram como jurados do jantar de Aldomar Caprini, o Chef Decor 2017, Fernando Consoni e o jornalista convidado Manuel Alves Filho, o chef Mané. Do jantar de Andre Zazeri, o júri rotativo foi o Chef Decor 2017, Marcos Xavier e a colunista social da Revista Absoluta, Betty Abrahão. Os critérios de avaliação vão desde o sabor e harmonia entre os pratos até o visual, que envolve o empratamento e a decoração das mesas. O tempo e a técnica também passam pela análise e crivo do júri.

Calendário e regras

O júri irá eleger um vencedor em cada noite de batalha. Cada uma terá dois jantares, compostos de menu com prato principal e sobremesa, para 20 pessoas, numa das lojas do setor, que serão as anfitriãs do Chef Decor. Todos os pratos serão harmonizados com vinhos selecionados por sommeliers da Decanter, de Campinas. Após as três batalhas, os finalistas serão escolhidos e vão cozinhar ao vivo na grande final, para os jurados, em um coquetel com aproximadamente 200 convidados.

Agenda:

17/10 – Lançamento – Saccaro Campinas

29/10 – Primeira Batalha (2 jantares) – Trevisan Premium Store

Chefs: Silvia Cabrino e Nelson Bergamo

5/11 – Segunda Batalha (2 jantares) – Portobello)

Chefs: André Zazeri e Aldomar Caprini

12/11 – Terceira Batalha (2 jantares) – Romanzza

Chefs: Mariana Oliva e Fernanda Antunes

28/11 – Grande final.