Uma extensa programação online na próxima semana vai aproximar o Parque Nacional de São Joaquim da população. Sem sair de casa, será possível conhecer as paisagens, as espécies de plantas recém descobertas e a beleza incomparável do cânion do Funil, entre outras preciosidades protegidas pelo parque que serão apresentadas em diversas lives com especialistas, visitantes, pesquisadores, ambientalistas e gestores do parque entre 5 e 9 de julho.
O evento é organizado pela Rede de Amigas e Amigos do Parque São Joaquim, que reúne voluntários e organizações locais e de outras regiões do Brasil. As lives serão transmitidas pelo Youtube e Instagram. A programação completa pode ser acessada na página da iniciativa em apremavi.org.br/60-anos-parna-sao-joaquim/.
Com 49,8 mil hectares, o Parque é essencial para proteger os remanescentes de floresta de araucária, apenas 3% da cobertura original no País, sendo a maior parte de florestas já alteradas, bem como outros ecossistemas, animais e plantas do bioma Mata Atlântica ameaçados de extinção. Abriga aves como o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), espécie considerada “em perigo” que depende da sobrevivência das Araucárias, fonte de seu principal alimento, o pinhão. Restam cerca de 4 mil indivíduos na natureza, a maioria no planalto catarinense. A unidade de conservação protege felinos de grande porte como o leão-baio (Puma concolor) e outras espécies de animais silvestres ameaçados, como o Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).
Novas espécies e riscos | Entre março e abril deste ano, foram descritas oito novas espécies de plantas – três delas ocorrem somente na área do parque e uma delas já é considerada criticamente ameaçada em virtude da pressão e diminuição de seu habitat, tendo sua ocorrência restrita a menos de um quilômetro quadrado nas encostas dentro da área do parque. Apesar disso, a unidade de conservação está na mira de Projeto de Lei 208/2018, que propõe a redução de 10 mil hectares do parque – o que resultaria no encolhimento de 20% da área protegida.
Patrimônio geológico e diversidade de ecossistemas | Cravado na serra catarinense na região com as mais baixas temperaturas do Brasil, o Parque abrange os municípios de Bom Jardim da Serra, Grão-Pará, Lauro Müller, Orleans e Urubici, em Santa Catarina. Sob sua proteção está parte dos Aparados da Serra, como são chamadas as escarpas da Serra Geral que formam o mais extenso conjunto de cânions da América do Sul, com cerca de 200 km de extensão. Além do Cânion do Funil, o Morro da Igreja, com 1822 metros, e a Pedra Furada, portal rochoso medindo cerca de 30 metros de largura, recebem visitantes de todo País para conhecer momentos geológicos, considerados cartões postais das mais belas paisagens catarinenses. Fora do período da pandemia, o parque recebe entre 100 a 200 mil visitantes por ano.
A altitude, as formações geológicas, as baixas temperaturas e a influência da umidade vinda do oceano Atlântico estão entre os fatores que geraram a diversidade de ambientes de altitude raros e frágeis, tais como as matinhas nebulares, os campos de altitude e as matas de xaxim centenárias, assim como as florestas de araucária, que mantêm uma grande variedade de espécies de animais, plantas e fungos. A área protegida é local de recarga e descarga do Aquífero Guarani e das nascentes do Rio Pelotas, um dos principais formadores do Rio Uruguai, afluente da Bacia do Rio da Prata, a segunda maior bacia hidrográfica do Brasil.