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Boldrini realiza campanha para pagamento de medicamento para leucemia linfoide aguda

Campinas, por Kleber Patricio

O Centro Infantil Boldrini, de Campinas, importou 500 frascos de um medicamento de eficácia comprovada para o tratamento de leucemia linfoide aguda (LLA) cujo princípio ativo é a asparaginase. Trata-se do Aginasa, de fabricação da empresa japonesa Kyowa Hakko Kirin Co. Ltd. em parceria com laboratório Medac, estabelecido na Alemanha. A asparaginase é fundamental para o sucesso do tratamento da leucemia linfoide aguda nas primeiras duas a quatro semanas do tratamento. Os 500 frascos do medicamento foram importados com recursos próprios do hospital, que agora conta com a ajuda da população para arrecadar recursos para o pagamento da medicação.

A importação dos 500 frascos da asparaginase alemã foi realizada antes do ajuizamento da ação judicial que visava garantir o fornecimento deste medicamento pelo Ministério da Saúde, quando o estoque do hospital já apresentava nível crítico de fornecimento aos seus pacientes. Em razão desta importação e da decisão judicial favorável, o Poder Judiciário estabeleceu que o fornecimento da asparaginase alemã pelo Ministério da Saúde se dará a partir de setembro/2017, até ordem contrária.

Entenda o caso

No início deste ano, o Ministério da Saúde passou a importar e distribuir para os hospitais brasileiros que tratam a leucemia linfoide aguda o medicamento LeugiNase, produzido pelo laboratório Beijing SL Pharmaceutical, representado pela empresa Xetley S.A. A importação do novo remédio despertou preocupação entre especialistas, uma vez que o medicamento não tem eficácia comprovada por estudos clínicos publicados em revistas técnico-científicas indexadas e não teve seus estudos sobre toxicidade devidamente apresentados. A LeugiNase é registrada na China em estudos pré-clínicos (realizados somente em animais); todavia, não é comercializada no próprio país fabricante. O Centro Infantil Boldrini se posicionou contra esta importação desde o início.

Em maio, após manifestação favorável do Ministério Público Federal, o juiz da 6ª Vara Federal de Campinas concedeu liminar determinando que a União Federal realize a importação do medicamento já utilizado, assegurando seu fornecimento ao Centro Infantil Boldrini e seus pacientes, até decisão em contrário, sob pena de multa diária de R$50.000,00.

Para a doutora Silvia Brandalise, presidente do Boldrini, a chegada dos frascos se traduz como sentimento de tranquilidade para os pacientes, familiares e médicos que lutam contra a LLA. “Mesmo sabendo que a chegada dos frascos levaria tempo e esbarraria em burocracias, não desistimos. A asparaginase é fundamental para o sucesso do tratamento da leucemia linfoide aguda nas primeiras duas a quatro semanas do tratamento. O câncer não espera. É necessário aniquilar as células malignas já no primeiro combate. A criança brasileira merece ser tratada com medicamentos de eficácia e segurança comprovadas”, afirma.

Agora, Dra. Silvia pede a ajuda da população e também de empresários para cobrir os gastos com a aquisição dos frascos. “Pedimos a colaboração de todos para conseguirmos pagar esses 500 frascos que vão suprir a falta do medicamento cedido pelo Ministério da Saúde, que vai nos entregar 150 frascos apenas em setembro de 2017, bem como dar continuidade a entrega mensal dessa quantidade de medicamentos caso se mantenha a decisão judicial. O valor do repasse feito pelo SUS ao hospital corresponde a cerca de 20-30% do custo real dos quimioterápicos utilizados nos primeiros seis meses do tratamento da leucemia linfoide aguda”. As doações podem ser feitas no Banco do Brasil, agência 3360-X e conta corrente 3366-9. Mais informações em www.doe.boldrini.org.br.

O Centro Infantil Boldrini

Centro Infantil Boldrini, localizado em Campinas, é o maior hospital especializado na América Latina e há 39 anos atua no cuidado a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. Atualmente, o Boldrini trata cerca de 10 mil pacientes de diversas cidades brasileiras e alguns de países da América Latina, a maioria (80%) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos centros mais avançados do país, o Boldrini reúne alta tecnologia em diagnóstico e tratamento clínico especializado, comparáveis ao Primeiro Mundo, disponibilidade de leitos e atendimento humanitário às crianças portadoras dessas doenças (www.boldrini.org.br).