O conceito de economia circular associa o desenvolvimento econômico ao melhor uso dos recursos naturais, considerando a gestão de resíduos pós-consumo. Por meio dela, é possível gerar novas oportunidades de negócios e otimizar os processos industriais, alinhado à responsabilidade ambiental.
Dentro dos aspectos que a economia circular aborda, vale salientar a importância da gestão dos resíduos pós-consumo – materiais ou substâncias produzidas por diversas atividades humanas e que, após o uso, podem ser direcionados a processos de transformação. As características do resíduo determinam a tecnologia de reciclagem ou reaproveitamento a ser empregada de modo a inseri-los novamente em uma nova cadeia de consumo.
Um exemplo prático da aplicação da economia circular na indústria é o rerrefino do óleo lubrificante usado e contaminado, o OLUC. O óleo lubrificante é composto por uma grande parcela de óleo mineral que recebe aditivos para melhoria do seu desempenho. Este óleo mineral presente na sua composição não se degrada durante o uso nas máquinas e motores e, por isso é possível, por meio do processo de rerrefino, separar o óleo mineral contido no óleo lubrificante usado dos demais componentes, como água, aditivos degradados e outros tipos de óleo e combustíveis, recuperando-o incontáveis vezes.
Destaque internacional na COP 26 | A logística reversa do OLUC, que compreende a cadeia de coleta e rerrefino do resíduo para produção de óleos básicos, foi destacada como um case de sucesso de economia circular no pavilhão Brasil-Glasgow na COP26, realizado em outubro de 2021.
Com um total de aproximadamente 468 milhões de litros de OLUC coletados e destinados corretamente em 2020, o Brasil é uma referência para o setor. Desse montante rerrefinado foram produzidos cerca de 303 milhões de litros de óleos básicos, o que garante uma economia de divisas para o País na ordem de US$300 milhões por ano.
O case brasileiro de economia circular foi apresentado na COP26 pela vice-presidente da Associação Ambiental para Gestão do OLUC (Ambioluc) e gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart Soluções Ambientais, Aylla Kipper, que destacou os dados apresentados. “O setor vem se desenvolvendo desde a década de 70 no País. Hoje somos uma referência mundial consolidada no rerrefino e produção de óleos básicos de alta performance e estamos presentes em 95% do território nacional, coletando em 4.250 municípios com 59 bases de armazenamento de OLUC e 12 rerrefinadoras”, comenta.
O Brasil tem planta de rerrefino na vanguarda da tecnologia. Lençóis Paulista abriga uma das plantas mais modernas do mundo para rerrefino de óleo lubrificante usado – pertencente à brasileira Lwart Soluções Ambientais, líder no setor e a primeira rerrefinadora da América Latina a produzir óleos básicos de alto desempenho do Grupo II. O conjunto tecnológico de ponta presente na planta da Lwart permite que o rerrefino aproveite praticamente 100% do óleo lubrificante usado que entra no processo industrial. Trata-se de um processo ecoeficiente no qual nada se perde – toda matéria prima é aproveitada de alguma forma.
A eficiência do processo de rerrefino do OLUC realizado pela Lwart faz com que, em média, 73% do volume de óleo coletado se transforme novamente em óleo básico. Dos resíduos resultantes, se têm os compostos asfálticos, que são utilizados como matéria prima na produção de produtos para impermeabilização – como manta asfáltica, por exemplo – a água, que é tratada e reutilizada e, por fim, as frações leves, que podem servir como combustíveis auxiliares nas fábricas. Outro grande diferencial é a geração de resíduos. Enquanto o processo ácido-argila gera 180.000 toneladas por ano, a operação aplicada pela Lwart não gera resíduos durante o processo normal e, na manutenção anual, gera apenas 100 toneladas.
(Fonte: Press a Porter)