Os incêndios que ocorreram no Pantanal, em 2020, avançaram por uma área quase cinco vezes maior do que a média de área queimada na região nas últimas duas décadas. Além disso, quase metade (43%) da área atingida em 2020 não queimava há quase duas décadas e servia de refúgio aos animais em incêndios anteriores. Os dados são de pesquisa inédita das universidades federais do Mato Grosso do Sul (UFMS), do Mato Grosso (UFMT), do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Bahia (UFBA) com a Embrapa, PrevFogo e ICMBIO publicada na revista Journal of Environmental Management.
Com o objetivo de avaliar os impactos e possíveis causas dos mega incêndios de 2020 no Pantanal, os pesquisadores calcularam a quantidade de área anualmente queimada na região entre 2003 e 2020 a partir de dados coletados por satélites. Além disso, eles também descreveram os padrões de chuva e histórico de nível da água do rio Paraguai, localizado na parte oeste do Pantanal. A importância da medição do nível do rio se dá pelo fato de que anos excepcionalmente secos criam condições ideais para incêndios. “Em casos assim, em que o rio permanece baixo demais para inundar os campos, uma grande quantidade de biomassa se deposita na área e vira combustível fácil para focos de incêndio”, explica Letícia Couto Garcia, uma das coautoras do estudo.
Segundo mostra o estudo, a maioria dos incêndios de 2020 ocorreram na zona de inundação ao longo do rio Paraguai, que atingiu seu menor nível nos últimos 17 anos, chegando a 2,1 metros. “As imagens de satélite analisadas mostram a formação de um corredor de fogo ao longo da borda do rio”, analisa Garcia.
Para os pesquisadores, além dos fatores climáticos, a falta de brigadistas, devido à Covid-19 e aos cortes orçamentários do Ibama, prejudicou o combate aos focos de incêndio no Pantanal, que atingiu um terço do bioma. “A solução para evitar que esses eventos voltem a acontecer passa por investir em brigadas permanentes e bem equipadas e treinadas para o manejo do fogo”, complementa a pesquisadora.
(Fonte: Agência Bori)