Um mel floral, de sabor delicado e de cor e odor específicos são as principais características do mel branco, produzido na região de Cambará do Sul (RS). Um estudo publicado na revista Biota Neotropica nesta quarta (13) identificou a principal flor fonte desse mel e as diferentes espécies de abelhas nativas sem ferrão que produzem méis com as mesmas características. O estudo foi liderado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado do Rio Grande do Sul e teve colaboração de pesquisadores da UFSCar, PUC/RS e Universidade Luterana do Brasil.
Os pesquisadores avaliaram os polens presentes nos méis produzidos por cinco espécies de abelhas nativas sem ferrão, embora tenham encontrado pó lens de 36 espécies de plantas diferentes nessa análise em todos os méis avaliados havia grande predominância (acima de 45%) do pólen da espécie Clethra scabra, popularmente conhecida como “carne de vaca”, o que caracteriza o mel branco como um mel unifloral. Além disso, o estudo identificou a Melipona bicolor schencki como a espécie de abelha nativa mais especializada na coleta de pólen de Clethra scabra sendo, portanto, bastante indicada para a produção de mel branco.
A identificação das características físico-químicas do mel branco pode auxiliar produtores no manejo das colmeias associadas a áreas de floração específicas e, também, no aumento do valor agregado do produto. Além disso, os resultados do estudo podem subsidiar a formulação da denominação de origem para o mel branco de Cambará do Sul. Indicação geográfica presente na descrição dos produtos de origem agropecuária, essa ferramenta ajuda a valorizar produtos tradicionais vinculados a determinados territórios, agregando valor e protegendo a sua região produtora. Ela pode constituir uma oportunidade para a conservação da flor da espécie Clethra scabra e das espécies de abelhas associadas à sua produção, que se encontram na lista de espécies ameaçadas de extinção do Rio Grande do Sul.
(Fonte: Agência Bori)