A participação dos jovens na política ambiental tem se mostrado cada vez mais relevante para melhorar a realidade do planeta — e a mídia pode ser uma aliada na promoção deste debate. Pesquisa da organização Ashoka mostra que iniciativas de promoção da justiça ambiental de jovens lideranças da Amazônia têm um olhar estratégico para a comunicação no seu engajamento com juventudes.
O relatório, divulgado na última semana, mapeou estratégias e desafios em iniciativas ambientais na Amazônia a partir de entrevistas com 45 jovens empreendedores sociais e líderes de organizações da região em 2021. Foram identificadas inovações nas formas de organização desta juventude, que pouco se identifica com as estruturas formais de poder político.
Grande parte das inovações dos jovens líderes amazônidas no relatório tem relação com o uso da mídia para a promoção do debate sobre o clima. Alguns exemplos são a Rádio Mocoronga, criada pelo projeto Saúde e Alegria, o Tapajós de Fato, podcast produzido por jovens da região, e o blog Jovens Cidadãos da Amazônia, desenvolvido por jovens repórteres formados pela agência Amazônia Real.
Outras iniciativas mapeadas abrangem matrizes como: poder público, sociedade civil organizada, educação, empresas etc. Por exemplo, o relatório cita a Ação Popular contra a “Pedalada Climática”, em que jovens se organizaram para exigir do governo brasileiro a redução da meta de emissão de gases poluentes na atmosfera. O Movimento Indígena do Baixo Tapajós, projeto que luta pelo reconhecimento dos saberes dos povos tradicionais, também consta no documento.
Além desses, é possível encontrar diversas outras iniciativas sobre mudanças climáticas com a participação expressiva de jovens em vários estados da Amazônia. A socióloga Helena Singer, líder da Estratégia de Juventude da Ashoka, destaca: “o levantamento das inovações dos jovens da Amazônia serve para mostrar o que os jovens estão fazendo, suas estratégias, o que desmente uma visão do jovem apolítico e sem vontade de participar do debate público. O mapeamento mostra inclusive alguns jovens ainda na educação básica que já estão criando formas inovadoras de promover a justiça climática”, informa.
O relatório também evidencia as principais dificuldades que prejudicam o engajamento da juventude nas questões ambientais. Interesses de curto prazo e distanciamento do poder público são algumas delas apontadas pelas jovens lideranças entrevistadas. “Muitas vezes é dito que o jovem não tem interesse por política; na verdade, ele não se interessa pela forma como os partidos políticos e outros espaços formais estão organizados. Mesmo na escola, o jovem não encontra abertura para participar das decisões e debates, que seriam oportunidades ideais para o aprendizado da política”, conclui a socióloga.
(Fonte: Agência Bori)