Embora a pesca artesanal seja uma atividade importante de geração de renda para a população local da represa Billings (SP), a atividade ainda não foi incluída no Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental desta bacia hidrográfica. Mudanças no plano poderiam explorar o potencial dos diferentes usos da água do reservatório em atividades de pesca, abastecimento e turismo. A análise, publicada na revista científica “Desenvolvimento e Meio Ambiente” na sexta (22), é de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Diadema.
O trabalho analisou os pontos fortes e as limitações do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental da bacia hidrográfica Billings, de 2017, a partir de critérios de sustentabilidade levantados na literatura da área e entrevistas com especialistas e outros atores. Os estudiosos também se debruçaram sobre o histórico e os problemas do reservatório, acessando outros documentos para entender a sua articulação com diferentes planos setoriais, como o Plano Diretor do município de São Bernardo do Campo, o Plano Local de Habitação de Interesse Social e o Plano de Ação de Enfrentamento às Mudanças Climáticas.
Maior manancial da Região Metropolitana de São Paulo, o reservatório Billings abastece 1,5 milhão de pessoas dos municípios do grande ABC Paulista de Santo André, Diadema, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, incluindo São Paulo. O trabalho destaca que o reservatório teria capacidade de atender 4,5 milhões de pessoas, se não estivesse em estado de degradação.
A ocupação irregular da área, desde 1980, explica como a bacia foi se deteriorando, já que os resíduos domésticos dos moradores eram lançados diretamente no reservatório. Hoje, mais da metade da população do local está em situação de vulnerabilidade, sugerindo que essa realidade de despejo de dejetos ainda se mantém.
A falta de planejamento da segurança hídrica na região, diante das mudanças do clima, é uma das falhas destacadas pelo estudo. “Os efeitos das mudanças climáticas no regime de chuvas e na temperatura já podem ser observados na região metropolitana de São Paulo, onde se localiza a represa Billings. Os planos de bacias hidrográficas devem traçar estratégias que considerem esses efeitos a longo prazo, para manter o abastecimento de água da região”, ressalta a pesquisadora e autora do estudo Larissa Ribeiro Souza, que atualmente é mestranda em Engenharia Mineral na Universidade de São Paulo (USP).
Para Souza, a estratégia dos gestores públicos deveria estar focada na recuperação de bacias já presentes na Região Metropolitana de São Paulo, ao invés de investirem em obras de transposição de águas de outras bacias, uma estratégia comumente adotada. Neste sentido, o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental da represa Billings pode oferecer soluções caso seja aprimorado, pois ele é uma ferramenta que centraliza os planejamentos de recursos hídricos e de uso de solo da região.
(Fonte: Agência Bori)