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Recifes do Nordeste são os mais belos do Brasil, o que pode ajudar em estratégias de conservação

Parrachos, por Kleber Patricio

Pesquisadores avaliam a percepção sobre a beleza de nove recifes brasileiros. Na foto, recifes do arquipélago de Alcatrazes (SP). Foto: Guilherme Longo/UFRN.

Recifes do Nordeste, como os encontrados em Parrachos, do Rio Grande do Norte (RN), são considerados os mais belos do país, em comparação a recifes de outros estados brasileiros como Santa Catarina e Rio de Janeiro. A paisagem e as espécies de peixes que habitam esses locais foram escolhidas como preferidas por turistas, mergulhadores, pesquisadores e pescadores. É o que mostra estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e instituições parceiras publicado na terça (7) na revista científica “Ocean and Coastal Management”.

Com um questionário online, os cientistas avaliaram o valor estético atribuído a nove recifes brasileiros; entre eles, alguns relevantes para o turismo brasileiro, como Parrachos de Maracajaú, Rio do Fogo e Perobas (RN), Arraial do Cabo (RJ), Costa dos Corais (PE/AL), Abrolhos (BA), as ilhas do Norte de Santa Catarina (SC) e o arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Outros locais avaliados incluem o arquipélago de Trindade e Martim Vaz (ES), o Atol das Rocas (RN) e o arquipélago de Alcatrazes (SP), totalmente protegidos por Unidades de Conservação.

Na pesquisa, imagens de 82 espécies de peixes e de 65 paisagens marinhas foram apresentadas a 320 pessoas, entre elas, turistas, mergulhadores, pesquisadores e pescadores, e cada um deles escolheu a imagem mais bela. “Para chegarmos a uma lista dos locais considerados mais belos, combinamos diferentes informações, como a área de recifes nesses locais, a abundância dos peixes e o seu valor estético, com base no número de votos que as espécies e as paisagens receberam”, diz Mariana Bender, pesquisadora da UFSM, coautora do estudo.

Entre as espécies mais votadas estão algumas em perigo de extinção, como a raia-chita, o tubarão-baleia e a raia-manta e espécies quase ameaçadas de extinção, como o paru, o peroá e o cavalo-marinho-de-focinho-longo. A classificação do risco de extinção das espécies é da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas (IUCN).

Segundo Bender, esse é o primeiro estudo que avalia a percepção de pessoas sobre a beleza da costa brasileira, considerando espécies e paisagens. As cientistas entendem que, se as pessoas consideram algo mais bonito, é possível atribuir maior valor. “Isso é importante para compreendermos o valor da biodiversidade e aprimorarmos o trabalho de conservação com estratégias mais adaptadas para proteger algumas espécies”, explica a pesquisadora.

Uma observação apontada por Luiza Waechter, autora principal do estudo, é que os recifes mais valorizados pelos entrevistados são lugares que já sofrem intensas modificações de paisagem devido à ação humana, como a construção imobiliária e a poluição costeira. “Muitas das espécies de peixes consideradas mais belas são listadas como ameaçadas de extinção na lista nacional, incluindo o cavalo-marinho-de-focinho-longo, a garoupa verdadeira e o bodião sinaleiro”, comenta.

As pesquisadoras acreditam que o estudo possa servir para orientar medidas de visitas monitoradas aos recifes para preservar as espécies e, também, o turismo e o comércio local, atividades que dinamizam a economia e a vida das comunidades locais. Elas pretendem estudar o valor estético de outras espécies em uma nova pesquisa, que avaliará a contribuição econômica dos recifes brasileiros para o mergulho e para a produção de recursos pesqueiros.

(Fonte: AGência Bori – Coleção Ressoa Oceano)