O Brasil é o terceiro maior produtor de camarão da América Latina, sendo a região Nordeste responsável por quase toda a produção nacional. Além da pesca tradicional, o camarão também é obtido por meio de criação em viveiros, prática chamada de carcinicultura. Um estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista “Arquivos de Ciências do Mar”, apontou que um dos principais impactos ambientais gerados pela carcinicultura é a redução da biodiversidade da fauna e da flora, e que há possíveis soluções para os problemas encontrados.
O artigo de pesquisadores da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE) faz uma revisão sistemática da literatura já publicada a partir de 2011, utilizando a base de dados do Portal de Periódicos da Capes, Scielo e Google Scholar, sobre os aspectos e impactos ambientais da carcinicultura e medidas de prevenção. Com o levantamento, os autores puderam identificar 28 impactos ambientais, como degradação de manguezais e surtos de doenças, causados por 13 aspectos ambientais, como despejo de efluentes e ocupação de ambientes naturais.
Também foram encontradas mais de 20 medidas preventivas e mitigadoras nos trabalhos analisados para evitar impactos da criação de camarões, sendo as principais relativas ao tratamento de efluentes, gestão integrada da zona costeira, gestão ambiental adequada, utilização de bioflocos e boas práticas de manejo. O sistema chamado de super intensivo foi apontado pelos pesquisadores como o mais eficaz na manutenção da qualidade ambiental, qualidade econômica e sanidade dos camarões.
“É um sistema em que você produz uma quantidade alta de camarões por área, então você produz mais usando menos espaço”, explica Ana Carolina Correia de Oliveira Gomes, uma das autoras do estudo e engenheira ambiental. Dessa forma, é possível otimizar o uso da terra e da água na produção.
Segundo os autores, as principais razões para os impactos da carcinicultura são a falta de monitoramento adequado da prática, ilegalidade na criação de camarão e falta de fiscalização no setor, manejo e planejamento inadequados e falta de conhecimento científico. “É uma área difícil de conseguir dados”, relata a autora. “Existem informações soltas e isoladas entre um estudo e outro, então vimos a necessidade e importância de existir um compilado de informações e determinar as relações entre elas”, completa.
A partir da identificação dos problemas e possíveis soluções, a equipe pretende continuar investigando soluções para redução de impactos da carcinicultura. Os pesquisadores esperam que o artigo possa contribuir para tomadas de decisões referentes à criação de camarão no Brasil e fomento de políticas públicas, além de levar o conhecimento para os carcinicultores para que a produção possa ser feita de forma mais sustentável e com menos impacto ao meio-ambiente, ampliando a relação entre cientistas e produtores.
(Fonte: Agência Bori)