O Santuário do Caraça é conhecido por sua história e suas belezas naturais, mas se destaca, também, por momentos únicos e marcantes, como a Hora do Lobo, protagonizada pelo lobo-guará, que vai até a escadaria do destino turístico desde maio do ano do ano de 1982 encantando turistas e visitantes. Por esse motivo, acabou se tornando mais do que uma vista ilustre no espaço turístico, mas um amigo muito querido e especial, conforme aponta o coordenador ambiental do Caraça, Douglas Henrique. Por todo esse cuidado e carinho com o canídeo, o complexo acaba de ser contemplado, por meio da Plataforma Semente, em um projeto de monitoramento da espécie, por intermédio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para ajudar na preservação e cuidados com o animal.
De acordo com coordenador ambiental do Caraça, o trabalho tem como foco entender as ameaças regionais que os lobos vêm sofrendo. “O objetivo é monitorar o lobo-guará e conhecer de perto quais são os conflitos vividos pela espécie, mas de avaliar também, a possibilidade do uso da espécie em atividades turísticas, por meio de habituação, como a que o Caraça já faz há mais de 40 anos. Pretendemos diagnosticar a população, identificar as ameaças regionais, entender as áreas de uso dessa espécie e avaliar o comportamento em função dessa ambientação que acontece aqui. Esse projeto tem algumas ramificações e a principal delas é a avaliação da saúde desses animais, que são informações que carecem de pesquisas de médio a longo prazo. Alguns estudos apontam que vários lobos têm sofrido com zoonose, principalmente a sarna. Essa doença ocorre através do contato dos animais silvestres com animais domésticos doentes. O monitoramento dos lobos será realizado por meio de duas metodologias: o uso de rádio colar, que é um equipamento que vai nos mostrar quais os caminhos o animal percorre. Além disso, também serão utilizadas câmeras específicas, conhecidas como Trap – que possuem um sensor de calor e movimento, sendo disparadas automaticamente quando um animal passa na sua frente – espalhadas na natureza”, explica.
Segundo Douglas Henrique, todo o trabalho com o Lobo-Guará será executado pelo Instituto Pró-Carnívoros. “Essa entidade é referência nos estudos de carnívoros do Brasil, especialmente o Lobo-Guará. Assim, o Santuário do Caraça contribuirá com informações cientificas sobre a espécie, já que aqui ela está dentro de uma unidade de preservação. No entanto, o seu entorno sofre constantes ameaças, seja do crescimento urbano e da monocultura de eucalipto, da mineração, das estradas e, por isso, queremos entender qual a importância dele no Caraça para a continuidade da espécie dentro do Quadrilátero Ferrífero e em Minas Gerais. Sabemos que a espécie está sempre se reproduzindo, mas queremos verificar se esses indivíduos estão sobrevivendo, para onde vão e o que acontece com eles”, completa.
Desmistificar lendas
Além disso, o coordenador ambiental do Caraça diz que o trabalho chega parar destituir qualquer tipo de narrativa a respeito da casta. “Outro aspecto muito interessante desse trabalho é de desmistificar as histórias e lendas ao redor do Lobo-Guará. Desta forma, as comunidades ao entorno serão sensibilizadas da importância dessa espécie nativa dentro do Santuário do Caraça, mas também nas proximidades. Isso porque ele é importante, já que é um dispersor de sementes e um animal que controla alguns roedores e serpentes. Ou seja, queremos mostrar a importância desse convívio equilibrado e ecológico. Assim, reforçamos que esse será um trabalho muito importante e que com certeza terá bons frutos para toda a região. Manter a espécie é preservar a nossa natureza”, conclui.
Santuário do Caraça
O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca), o hotel com 57 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas, e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos. O local possui enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas no meio ambiente. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 64 espécies de anfíbios, 54 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça faz parte de duas importantes reservas ecológicas: as Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço Sul e a da Mata Atlântica, onde há diversas espécies de flora e fauna, algumas encontradas somente no Complexo do Santuário do Caraça, que fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado, onde também há campos rupestres. Em suas serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carreiam material orgânico em suspensão. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata. O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.
Serviço:
Santuário do Caraça
Local: Estrada do Caraça, Km 9 – entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara (MG)
Fácil acesso pelas rodovias BR-381 e MG-436, além do da possibilidade de ir por trem (Estação Dois Irmãos – Barão de Cocais)
Taxa entrada: R$25 (em dias de semana)
Finais de semana, feriados e datas comemorativas: R$35 (por pessoa).
Idosos: 50% de desconto.
Moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara possuem 50% de desconto. Entrada gratuita na 1ª quarta-feira de cada mês (mediante agendamento)
Site: www.santuariodocaraca.com.br
Reservas: centraldereservas@santuariodocaraca.com.br
Instagram: @santuariodocaraca
Facebook: www.facebook.com/santuariocaraca/.
(Fonte: Grupo Balo)