O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março e idealizado pela Organização das Nações Unidas, promove reflexões sobre o bem natural que mantém a vida de todos os ecossistemas do planeta. A advogada especialista em meio ambiente e regulatório Renata Franco chama a atenção para a preservação, uma vez que o aumento da poluição faz com que a água potável seja devolvida para abastecimento cada vez com menor qualidade.
De acordo com ela, pesquisas mostram que as estações de tratamento muitas vezes não possuem tecnologia e deixam de filtrar componentes usados em medicamentos, produtos de higiene pessoal e pesticidas. “A industrialização desenvolve novos materiais todos os dias, no entanto, a tecnologia não avança na mesma velocidade no tratamento dos recursos hídricos”, observa a especialista.
Renata cita pesquisa do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (Inctaa), do Instituto de Química da Unicamp, que avaliou mananciais e também a água que sai das torneiras. O estudo apontou substâncias que afetam o sistema hormonal de seres humanos e animais, chamados interferentes endócrinos. De acordo com a pesquisa, já são aproximadamente 800 substâncias consideradas “contaminantes emergentes”. Elas aparecem na água, mas não há regulamentação de controle. “Foi levantada na apuração que uma série de problemas pode estar vinculada a esses agentes, como o aumento de casos de certos cânceres, idade adiantada da primeira menstruação das meninas e até esterilidade”, indica a advogada ambiental.
Em relação aos pesticidas, ela frisa que embora muitos agrotóxicos tenham sido banidos a partir de 1970 por prejudicarem o organismo, sua acumulação no solo continua por décadas e refletem na cadeia alimentar.
A advogada alerta ainda para o plástico, outro grande poluidor da água não só pelo fato de garrafas pet serem comumente vistas boiando nos rios, mas os elementos que o compõem, como os ftalatos, usados para deixar materiais mais flexíveis – utensílios domésticos e infantis são ricos neste insumo. De acordo com Renata, há estudos que evidenciam a suspeita de que provoquem alterações graves na saúde humana. “A gente muitas vezes não se dá conta que a quantidade de água no planeta é a mesma desde a sua origem. O que muda é o estado em que a água transita. Temos que cuidar da água para que as gerações futuras não sejam ainda mais contaminadas”, salienta.