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Fernanda Montenegro toma posse na Academia Brasileira de Letras

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: Danielle Paiva/ABL.

A atriz Fernanda Montenegro é a mais nova imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). A artista tomou posse na noite de sexta-feira, 25 de março, quando passou a ocupar a Cadeira 17 da Academia, sucedendo o Acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco.

“Agradeço com meu coração e minha razão por estar sendo aceita nessa casa, protagonista, referenciada, da nossa mais alta cultura, que é a Academia Brasileira de Letras. Emocionada, tomo posse da cadeira Número 17. Sou atriz, venho desta mística arte arcaica que é o teatro. Sou a primeira representante da cena brasileira a ser recebida nesta casa. Esse meu ofício expressa uma estranheza compreensão. A raiz dessa arte está na complexidade de só existir através do corpo e da alma de ator ou de uma atriz ao trazer a literatura dramática para a verticalidade cênica”, disse a atriz em seu discurso de posse.

Eleita com 32 votos para integrar o grupo de imortais no dia 4 de novembro de 2021, Fernanda estreita os laços da Academia com as artes cênicas. Autora do livro “Prólogo, Ato e Epílogo”, sua autobiografia, a atriz de 92 anos é reconhecida como intelectual engajada e um dos grandes ícones da cultura brasileira.

Fernanda é a primeira mulher a ocupar a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras. O posto teve como ocupantes Sílvio Romero (fundador) – que escolheu como patrono Hipólito da Costa –, Osório Duque-Estrada, Roquette-Pinto, Álvaro Lins e Antonio Houaiss.

Premiada nacional e internacionalmente por sua carreira, Fernanda é a única brasileira já indicada ao Oscar de Melhor Atriz pela atuação em “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles. Ela já venceu, também, o Emmy Internacional, o Festival de Berlim e o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A atriz também foi destaque em clássicos da Rede Globo como “Doce de Mãe”, “Belíssima”, “Guerra dos Sexos” e “A Dona do Pedaço”, entre outros.

Fernanda Montenegro nasceu em 16 de outubro de 1929 no Rio de Janeiro. Sua primeira experiência no teatro foi aos oito anos, em uma peça da igreja. Em 1950, estreou profissionalmente nos palcos ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo “3.200 Metros de Altitude”, de Julian Luchaire.

Em dois anos na Tupi, participou de cerca de 80 peças, exibidas nos programas “Retrospectiva do Teatro Universal” e “Retrospectiva do Teatro Brasileiro”. No período, foi vencedora do prêmio de Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu trabalho em “Está Lá Fora um Inspetor”, de J.B. Priestley, e “Loucuras do Imperador”, de Paulo Magalhães. Fundou, ainda, a companhia Teatro dos Sete junto de outros importantes nomes da cena teatral brasileira.

Sua estreia na televisão foi em 1963, na TV Rio, com as novelas “Amor Não é Amor” e “A Morta sem Espelho”, ambas de Nelson Rodrigues. Passou, também, pela TV Globo e a TV Excelsior. Além de novelas, atuou em minisséries, com destaque para “O Auto da Compadecida” (1999).

Em 1999, Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”.

(Fonte: FSB Comunicação)

Espaço 800 recebe exposição “Arte naïf – Poesia nos Pincéis”

Campinas, por Kleber Patricio

Obra de Eliete Tordin. Foto: divulgação.

‘Naïf’ é uma palavra francesa que tem como significado algo que é “ingênuo ou inocente”. Esse termo é usado no meio das artes para designar um tipo de arte popular e espontânea.

Essa vertente da arte é bastante valorizada no exterior, principalmente as obras dos artistas brasileiros. O Espaço 800 traz dois representantes desse estilo – Eliete Tordin e Adolfo Bueno – para uma bela exposição: “Arte Naïf – Poesia nos Pincéis”.

Eliete, de Valinhos, já é consagrada no mundo das artes, tendo exposições nacionais e também no exterior. Seus cenários são lúdicos, cheios de delicadeza, e resgatam a vida no campo com toda sua simplicidade e um colorido marcante.

Obra de Adolfo Bueno.

Adolfo é um autodidata que abandonou a vida na cidade grande para viver na roça, em São Francisco Xavier, e se dedicar à arte. Seu pontilhismo denso retrata a Serra da Mantiqueira e cenas do cotidiano rural, que mais parecem emanar perfume em forma de pintura – pura poesia.

Esses artistas, autodidatas, enxergam o mundo de forma pura e bucólica, como todos deveríamos olhar, principalmente nos dias de hoje.

Serviço:

Exposição “Arte Naïf – Poesia nos Pincéis”

Artistas convidados: Eliete Tordin e Adolfo Bueno

Curador: Beto Mallmann – @betomallmann

Abertura: 1/4/2022 – sexta-feira

Horário: 19h

Local: Espaço 800 – Rua Frei Antonio de Pádua, 800 – Guanabara – Campinas – @espaco800.art

Período: 1/4 a 13/5/2022

Entrada franca.

(Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas)

Castro Mendes recebe Temporada 2022 dos Concertos Petrobras/EPTV

Campinas, por Kleber Patricio

Pablo de León, violino / Horacio Schaefer, viola / Roberto Ring, violoncelo. Foto: divulgação.

O Teatro Municipal Castro Mendes recebe no dia 6 de abril, quarta-feira, o concerto gratuito da Temporada 2022 dos Concertos Petrobras – EPTV. A apresentação será às 20h, com entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos na bilheteria do teatro duas horas antes da apresentação, a partir das 18h, e cada pessoa poderá retirar até 2 ingressos. O evento é uma promoção do Ministério do Turismo e da Petrobras, com o apoio da EPTV e da Prefeitura de Campinas.

No palco, estarão o violinista Abner Landim, o violoncelista André Micheletti e o trio Pablo de León, Horácio Schaefer e Roberto Ring. O grupo vai executar duas obras fundamentais do repertório de câmara: o “Requiem em Ré menor, KV. 626”, de Mozart e o “Quinteto em Dó maior, Op. 163 D. 956”, de Schubert.

PROGRAMA

Wolfgang Amadeus Mozart (1765-1791) – “Requiem em Ré menor, KV. 626, versão para quarteto de cordas” (1810), de P. Lichtenthal (1780-1853) | Uma das obras-primas da música clássica, o Requiem (missa para os mortos) em Ré menor, KV. 626, em versão para quarteto de cordas, foi a última composição escrita por Mozart, antes de sua morte. A peça, que ficou inacabada, carrega todo o sofrimento dos últimos meses de vida do compositor.

Franz Schubert (1797-1828) – “Quinteto em Dó maior, Op. 63, D. 956” | Uma das principais composições de Schubert, o “Quinteto em Dó Maior” é também uma das mais importantes para o repertório de câmara. De caráter emocionalmente ambíguo, sua música oscila entre a serenidade e o drama, alternando constantemente o tom entre o maior e o menor.

MÚSICOS

Abner Landim

Mestre e bacharel pela Buchmann-Mehta School of Music da Universidade de Tel-Aviv, onde foi aluno de Hagai Shaham e Chaim Taub. Em 2011 recebeu o diploma de honra ao mérito concedido aos alunos de maior destaque da BMSM e em 2013 obteve junto ao Quarteto Brasileiro de Tel Aviv o 1º lugar na competição de música de câmara da BMSM, apresentando-se na Alemanha, Israel e Brasil.

Atuou como spalla da Orquestra Sinfônica da BMSM sob a regência do maestro Zubin Mehta em concertos no Carnegie Hall em Nova York, Auditório Charles Bronfman em Tel Aviv e em turnê desta orquestra no Brasil. Foi membro da Orquestra de Câmara de Israel e da Orquestra Solistas de Tel Aviv, tendo participado de concertos destas orquestras em Israel e na Rússia. Foi spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo de 2015 a 2018 onde atuou também como solista. Atualmente é spalla da Orquestra Filarmônica de Goiás, posto que ocupa desde 2015.

André Micheletti

Natural de Piracicaba, André Micheletti é mestre em Violoncelo e Pedagogia do Violoncelo pela Northwestern University, em Chicago, sob orientação de Hans Jörgen Jensen. Tem duplo doutorado pela Indiana University em Violoncelo e Violoncelo Barroco, onde teve aulas e master classes com János Starker.

Apresentou-se como solista à frente da Orquestra Sinfônica de Goiás, Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, North Shore Chamber Orchestra (EUA), Bach Gamut Ensemble (EUA), entre outras. Com instrumento de época (violoncelo barroco), foi finalista do Concours Etoile-Galaxy, de Montreal com o Trio Vetruviani e semifinalista da competição ‘À Tre‘, em Trössingen, Alemanha. Primeiro colocado e melhor intérprete de Música Brasileira nos Concursos Estímulo aos Jovens Solistas do Brasil e no Concurso Jovens Instrumentistas do Brasil, além de vencedor do Concurso Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório. Desde 2015 é professor de violoncelo e música de câmara do Departamento de Música da USP em Ribeirão Preto.

Pablo de León, violino / Horacio Schaefer, viola / Roberto Ring, violoncelo

Comemorando em 2022 vinte e um anos de atividades, este time de peso do cenário da música clássica brasileira reúne o violinista Pablo de León (spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo), o violista Horacio Schaefer (chefe do naipe das violas do Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e o violoncelista Roberto Ring.

Juntos desde 2001, o grupo já ultrapassou a incrível marca de mais de 800 concertos realizados no Brasil. Além disso, o grupo representou o Brasil em concertos na Argentina e Chile, em concertos prestigiosos na Série Llao Llao no Alvear em Buenos Aires, no Festival Internacional de Ushuaia e na Fundação Beethoven de Santiago.

Já receberam convidados do mundo todo; entre eles, os clarinetistas Antony Pay (Inglaterra), Michel Lethiec e Romain Guyot (França); os violinistas Ilya Gringolts (Rússia), Régis Pasquier (França), Hagai Shaham e Roy Shiloah (Israel), Isabelle van Keulen (Holanda), Cármelo de los Santos e Cláudio Cruz (Brasil), e os pianistas Roglit Ishay (Israel), Emmanuel Strosser (França) e Cristian Budu (Brasil), entre outros. Juntamente com o pianista francês Emmanuel Strosser, gravaram o arranjo de 1805 feito por Ferdinand Ries da “Sinfonia Eroica” de Beethoven.

Serviço:

Temporada 2022 dos Concertos Petrobras – EPTV

Dia: quarta-feira, 6 de abril

Horário: 20h

Local: Teatro Municipal José de Castro Mendes

Endereço: Rua Conselheiro Gomide, 62 – Vila Industrial – Campinas/SP

Ingresso: gratuito.

(Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas)

SESC Digital lança EAD “Arquitetura e Cidade no Brasil” ministrado por Guilherme Wisnik

São Paulo, por Kleber Patricio

Arquiteto Guilherme Wisnik ministra curso na plataforma SESC Digital. Crédito da foto: Ricardo Ferreira.

No próximo dia 31, o curso “Arquitetura e Cidade no Brasil”, ministrado pelo arquiteto, curador e professor Guilherme Wisnik, passa a integrar o catálogo de atividades EAD da plataforma SESC Digital. Inteiramente gratuita e livre, a atividade tem formato autoguiado e assíncrono, para ser assistido no ritmo do aluno.

Em seis videoaulas direcionadas para um público interessado na integração entre arquitetura, cidades e artes visuais, Wisnik aborda a questão da modernidade arquitetônica e urbana no Brasil por meio de um conjunto de temas: importação de modelos estrangeiros, busca pela identidade nacional, luta pela habitação social, processo de metropolização e verticalização, criação dos espaços públicos e vãos livres e as práticas ativistas pelo direito à cidade.

O conteúdo é ilustrado com obras e projetos representativos em cidades das cinco regiões do Brasil assinados por arquitetos relevantes do cenário nacional. Dentre eles, estão trabalhos de João Filgueiras Lima (Lelé), Lina Bo Bardi, Severiano Porto, Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Affonso Eduardo Reidy.

Além de um resgate histórico, o professor se debruça sobre exemplos de locais públicos importantes em nossas cidades e suas recentes formas de ocupação pelas pessoas. Esses espaços urbanos de convivência podem ser resultados de investimentos do poder público, como nos casos do Parque Flamengo, no Rio de Janeiro, e da Avenida Paulista, em São Paulo, e também da mobilização da sociedade civil, como nos exemplos do Parque Augusta e do Largo da Batata, em São Paulo; da Praça da Estação, em Belo Horizonte e do movimento Ocupe Estelita, no Recife, entre outros.

Sobre Guilherme Wisnik | Arquiteto, crítico, curador e professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). Quando estudante na FAU USP, foi aluno do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, com quem trabalhou posteriormente. Em 2001, publicou um livro sobre Lúcio Costa, autor do plano piloto de Brasília, e passou a escrever críticas sobre arquitetura e cidade no jornal Folha de S. Paulo. A partir daí, publicou artigos e ensaios em revistas nacionais e estrangeiras, como Architectural Design (Inglaterra), Artforum (Estados Unidos), 2G e Arquitectura Viva (Espanha) e Urban China (China), entre outras. Em 2013, foi Curador Geral da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, que teve como título “Cidade: modos de fazer, modos de usar”. Já em 2018, foi cocurador da mostra “Infinito Vão: 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, na Casa da Arquitectura de Portugal, em Matosinhos, exibida também no SESC 24 de Maio, em São Paulo, em 2020.

Sobre SESC Digital | Lançada em 2020, a plataforma de conteúdo SESC Digital visa transpor as ações do SESC São Paulo ao ambiente e à linguagem digitais, expandindo o alcance das suas práticas de ação e difusão cultural de forma substancial e diferenciada e fortalecendo seu compromisso com um processo educativo participativo, continuado e inclusivo. O SESC São Paulo trata com muita seriedade a privacidade de seus usuários e tem o compromisso de mantê-los informados em relação ao uso que é feito com os dados que são fornecidos.

Sobre o SESC São Paulo  | Com 75 anos de atuação, o SESC – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 45 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o SESC é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidos nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do SESC São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações no site.

Serviço:

EAD “Arquitetura e Cidade no Brasil”, com Guilherme Wisnik

Dia: 31 de março

Conteúdo: 6 videoaulas de 15 minutos

Local: Plataforma EAD SESC Digital

FICHA TÉCNICA

Gravado no teatro do SESC Pompeia

Textos e apresentação: Guilherme Wisnik

Direção das videoaulas: Daniela Cucchiarelli

Produção audiovisual: Recheio Digital

Direção e locução do audioguia: Eliane Leme (Soupods), com comentários de Guilherme Wisnik

Ilustrações: Diego Fagundes

Trilha sonora: Feira de Sete Portas, por Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz

Realização: SESC São Paulo.

(Fonte: Agência Lema)

Além de degradar a saúde humana, dietas baseadas em ultraprocessados agridem a biodiversidade

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: James Baltz/Unsplash.

Sistemas alimentares sustentáveis e resilientes têm grande dependência da biodiversidade — a variedade de animais e plantas utilizados, direta ou indiretamente, na garantia da segurança alimentar. Apesar de sua importância, essa riqueza natural tem diminuído drasticamente: hoje, 90% da energia consumida pela humanidade vêm de apenas 15 espécies e mais da metade da população conta apenas com o consumo de arroz, trigo e milho. O efeito deletério dos alimentos ultraprocessados sobre a agrobiodiversidade tem sido ignorado pelas autoridades globais. É o que mostra um comentário de pesquisadores das universidades de São Paulo, de Harvard, nos Estados Unidos, e Deakin, na Austrália, publicado na revista “BMJ Global Health” na segunda-feira (28).

A queda da agrobiodiversidade está amplamente relacionada à produção cada vez mais dominante de alimentos ultraprocessados por corporações transnacionais. Ultraprocessados são formulações prontas para consumo feitas, basicamente, a partir de um número reduzido de commodities como o açúcar, o milho, a soja e o trigo e aditivos cosméticos — que conferem cor, sabor, aroma e textura ao alimento. Exemplos desses produtos são salgadinhos e bebidas adoçadas, como refrigerantes e sucos de caixinha, macarrão instantâneo e massas e pizzas prontas, entre outros. Uma série de evidências científicas associa o alto consumo desses alimentos ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e até mesmo câncer.

Segundo os pesquisadores, a dieta baseada em ultraprocessados tem crescido nos últimos 30 anos em diferentes partes do mundo, reduzindo o espaço dos padrões alimentares tradicionais — estes, compostos por uma grande variedade de alimentos in natura e minimamente processados, geralmente consumidos em refeições preparadas na hora. Com isso, o mundo tem visto o aumento de áreas de monocultura em detrimento do cultivo variado de espécies vegetais tradicionalmente consumidas por diferentes populações ao longo dos séculos.

“Um estudo ainda em curso no Brasil já mostrou que, entre mais de 7 mil alimentos ultraprocessados, foram identificados dentre os principais ingredientes que os compõem: açúcar (52,4%), leite (29,2%), trigo (27,7%), milho (10,7%) e soja (8,3%)”, diz Fernanda Marrocos, uma das cientistas que assinam o comentário. “Consequentemente, as dietas vêm se tornando menos diversas, reduzindo a variedade de alimentos frescos necessária para uma alimentação adequada e saudável. Além disso, “a homogeneização dos sistemas alimentares com base no cultivo de um número restrito de espécies vegetais afeta diretamente os serviços ecossistêmicos, essenciais à humanidade”, diz Fernanda.

O artigo marca o lançamento de uma nova linha de investigação do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), grupo responsável pela publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira e que, agora, também se dedica à análise dos impactos ambientais da produção e consumo de alimentos.

Atualmente, a literatura científica aponta que a produção de alimentos ultraprocessados demanda grandes quantidades de terra, água, energia, herbicidas e fertilizantes e causa eutrofização e degradação ambiental — principalmente em função da emissão de gases do efeito estufa e do acúmulo de dejetos referentes a embalagens, entre outras consequências.

“Mesmo com a ciência esclarecendo cada vez mais as relações da dieta ultraprocessada com os impactos ambientais, o tema ainda não é adequadamente considerado por organizações globais em conferências internacionais sobre o tema”, diz Carlos Monteiro, um dos autores do texto. “As próximas convenções sobre sistemas alimentares, biodiversidade e mudanças climáticas devem destacar a destruição da agrobiodiversidade causada pela produção de alimentos ultraprocessados, gerando acordos e políticas públicas para reverter desastres ambientais.”

(Fonte: Agência Bori)