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Sinfônica de Indaiatuba apresenta “Sinfonia do Novo Mundo”, de Dvořák

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Fotos: Felipe Gomes.

Dois renomados compositores da música clássica tcheca marcam o próximo concerto da Orquestra Sinfônica de Indaiatuba, que acontece no dia 1º de abril (sexta-feira), às 20h. A segunda apresentação desta temporada 2022 trará, em seu repertório, a “Sinfonia n.º 9 em Mi Menor ‘do Novo Mundo’”, de Antonín Dvořák; e “O Moldávia”, de Bedřich Smetana. Essa noite musical será sediada no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), com entrada gratuita. A direção e a regência são do maestro Paulo de Paula.

Smetana e Dvořák têm muito em comum. Além do país de origem, a República Tcheca, ambos transitaram não só pelo mesmo período artístico e cultural, o Romantismo, como também pertenceram ao mesmo movimento musical nacionalista, eclodido no século 19. Tantas referências em comum conferem características similares às obras desses compositores. Por exemplo, uma forte presença de elementos folclóricos e da música popular. Toda a produção desses artistas traz uma mescla entre os recursos mais sofisticados da música clássica/sinfônica e as inspirações enraizadas nas tradições de sua terra natal.

Considerado um dos pais da música tcheca, Bedřich Smetana (1824–1884) é um dos principais artistas desta vertente nacionalista. Assim como Beethoven, o compositor tornou-se deficiente auditivo no auge de sua carreira. Inclusive, a obra “O Moldávia” — que pertence à coletânea autoral “Ma Vlast” (em português, “Minha Nação”) — foi criada enquanto Smetana já estava completamente surdo. Entretanto, a peça é ainda uma de suas mais famosas, descrevendo os cenários e paisagens encontrados ao se navegar pelo rio Moldávia (em tcheco, Vltava), um dos mais importantes de seu país.

A produção artística de Smetana influenciou outros artistas, dentre eles, Antonín Dvořák (1841 – 1904), que também integra este concerto da Sinfônica com a “Sinfonia n.º 9 em Mi Menor ‘do Novo Mundo’”. Devido ao período em que residiu nos Estados Unidos, Dvořák traz em sua bagagem cultural ritmos tanto tchecos quanto americanos. Não à toa, interessou-se muito por estudar as músicas dos nativos americanos e também da população negra local, chamada de negro spirituals.

Esses aprendizados se transferem para “Sinfonia n.º 9”, a última das nove sinfonias que Antonín Dvořák compôs. Também é conhecida como ‘do Novo Mundo’ por ter sido escrita em um curto período em que o compositor morava em Nova York e em menção a como a América era chamada pelos europeus. A obra teve uma exitosa estreia em 1893, no Carnegie Hall, e segue como uma das mais executadas dentro do repertório sinfônico.

Temporada 2022 | A programação da Sinfônica começou, oficialmente, em março, com o concerto de abertura no dia 18. O público se fez presente nesta ocasião tão especial, preenchendo todos os lugares disponíveis no auditório do Mosteiro de Itaici. No repertório, como de costume, uma obra de Beethoven, com a “Sinfonia n.º 4”, e a abertura da ópera “Don Giovanni”, de Mozart. “O primeiro concerto do ano não se resume apenas ao início da temporada. Pelo contrário, é por meio desta apresentação que a Orquestra traz à tona os sentimentos e intenções que vão norteá-la ao longo de 2022. Desta vez, a proposta é refletir sobre este novo momento e, mais além, celebrar a vida”, explica o diretor artístico e maestro regente da Sinfônica, Paulo de Paula.

Covid-19 | Vale lembrar que, em conformidade com as recomendações do Governo do Estado de São Paulo, o uso de máscaras em ambientes internos e externos passa a ser facultativo, porém, a Orquestra segue encorajando o uso para aqueles que assim desejem.

Como assistir | Para conferir o concerto do dia 1º de abril (sexta-feira) basta apenas chegar com antecedência, pois a disponibilização dos lugares é por ordem de chegada. A apresentação é realizada pela Associação Mantenedora da Orquestra de Indaiatuba (AMOJI), em parceria com a Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. O concerto será promovido no anfiteatro Rainha dos Apóstolos, que fica no Mosteiro de Itaici, situado à rodovia José Boldrini, 170, bairro Itaici — Indaiatuba (SP).

Vídeos

Concerto Erudito e Popular – clique aqui

Concerto O Brasil e o Mundo: Mozart e José Maurício – clique aqui.

Serviço:

Orquestra Sinfônica de Indaiatuba

Temporada 2022: Smetana e Dvořák

Data: 1/4

Horário: 20h

Local: Anfiteatro Rainha dos Apóstolos – Mosteiro de Itaici – rodovia José Boldrini, 170, bairro Itaici, Indaiatuba (SP) – mapa aqui

Entrada gratuita e por ordem de chegada

Sobre a AMOJI | A AMOJI (Associação Mantenedora da Orquestra de Indaiatuba) é responsável pela manutenção da Orquestra Sinfônica de Indaiatuba, que vem se destacando por sua intensa atuação na divulgação e popularização da música orquestral. Realizando, anualmente, mais de uma dezena de concertos gratuitos, com participação de músicos do município de Indaiatuba (SP) e solistas de renome. Promove também o Encontro Musical de Indaiatuba (EMIn), que disponibiliza masterclasses para estudantes de música de todo o Brasil e uma programação cultural de concertos para a comunidade.

Site: www.orquestradeindaiatuba.org.br | Instagram: orquestrasinfonicadeindaiatuba | Facebook: orquestra.deindaiatuba.

(Fonte: Armazém da Notícia)

MAM São Paulo apresenta instalação da artista Lenora de Barros na Sala de Vidro

São Paulo, por Kleber Patricio

“Retromemória”, caligrafada e escrita com mão direita e esquerda simultaneamente por Lenora de Barros.

A partir do dia 2 de abril, o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a instalação artística “Retromemória”, trabalho da artista visual e poeta Lenora de Barros desenvolvido especialmente para a Sala de Vidro do museu a convite do curador-chefe Cauê Alves. A instalação estabelece um diálogo direto com a obra “Spider” (Aranha), concebida por Louise Bourgeois em 1996, que foi exibida no MAM São Paulo por cerca de 20 anos nesse mesmo espaço, se relacionando diretamente com a área externa do museu no Parque Ibirapuera, como com o próprio Jardim de Esculturas do MAM.

As imagens refletidas pelos espelhos junto às palavras escritas com a mão direita e esquerda simultaneamente são fragmentadas em sílabas impressas em vinil formando a grande aranha de metal, que reflete a memória do local diante do seu diálogo artístico com Louise Bourgeois. O trabalho é composto também por uma instalação sonora que ecoa a voz da própria artista Lenora Barros, proferindo as palavras “memória”, “aranha”, “emaranha” repetidamente. Ao se entrelaçarem, essas palavras produzem novos sons e sentidos como uma teia dominando o espaço. O gráfico e o fonético da palavra se aproximam da dimensão verbivocovisual inventada pelo poeta irlandês James Joyce. O tratamento sonoro é assinado pelo compositor e produtor cultural Cid Campos.

A instalação expressa o movimento fragmentado da memória a partir da utilização do espelho retrovisor. A artista trabalha o conceito da retrovisão, o olhar para trás para andar para frente, o movimento de ir e vir, formando representações e projetando luzes pela sala. “Retromemória” traz ao público o passado recente, um momento que passou, para assim conseguir se olhar internamente pelo espelho e caminhar em direção ao futuro.

Para o curador-chefe Cauê Alves, “no momento em que o MAM apresenta em sua programação a segunda geração da arte moderna e a abstração geométrica, Lenora de Barros nos faz pensar sobre as obras que já foram exibidas no museu, nos ajudando a superar as perdas e enfrentar os desafios do presente.”

“A estrutura silábica representa esses fragmentos de memória, e no caso deste trabalho, remete diretamente à memória da Aranha de Louise. A expressão na caligrafia, na projeção de luzes e reflexos, além da dimensão sonora criada, formam essa teia pelo espaço expositivo”, comenta Lenora de Barros.

A Aranha de Bourgeois

Uma das famosas esculturas de aranha criadas por Louise Bourgeois a partir dos anos 90, “Spider” (Aranha), de 1996, chegou ao Brasil no mesmo ano em que foi criada para participar da 23ª Bienal Internacional de São Paulo, com curadoria de Nelson Aguilar (curador-chefe) e Agnaldo Farias (curador adjunto). A escultura de três metros de altura integrou uma sala especial em homenagem à artista que tinha como curadores Jerry Gorovoy e Paulo Herkenhoff.

Adquirida pelo Itaú Cultural, no ano seguinte a obra passou a ser exposta na Sala de Vidro do MAM São Paulo, em regime de comodato que perdurou por 20 anos. A artista a considerava o exemplar mais bem montado entre as suas esculturas de aranha. Outros exemplares estão em coleções com as da Tate Modern (Londres) e National Gallery (Washington). Ao longo dos anos em que esteve no MAM, a obra sempre chamou muito a atenção dos visitantes e conversou com a área externa do museu e os entornos do Parque Ibirapuera. No Panorama da Arte Brasileira de 2003, o artista Ernesto Neto desenvolveu um diálogo com a Aranha com a obra “Nóós óvos a vida”.

Em 2017, “Spider” (Aranha) foi enviada pelo Itaú Cultural para a Fundação Easton, em Nova York, para averiguação e restauro, de modo a garantir a sua longevidade e possibilitar a sua exibição em espaços expositivos diversos. Um ano mais tarde, a escultura voltou para o MAM, por três meses, antes de seguir viagem para ser exibida em outros estados brasileiros. Primeiro, o Itaú Cultural a levou para Minas Gerais, onde foi vista pelo público na Galeria Mata do Inhotim. Na sequência, foi para a Fundação Iberê Camargo, em Porto

Alegre. Em 2019, seguiu para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e, ainda no mesmo ano, chegou ao Museu de Arte do Rio (MAR).

Ao todo, neste conjunto de exibições, a escultura foi vista por mais de 188 mil pessoas. O plano de prosseguir as itinerâncias em 2020, começando por Fortaleza, foi suspenso em decorrência da pandemia de Covid-19, mas continua no radar do Itaú Cultural. Enquanto espera seguir viagem, “Spider” (Aranha) está guardada no acervo da Coleção Itaú Cultural.

Sobre Lenora de Barros

Artista visual e poeta, Lenora de Barros é formada em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) e iniciou sua carreira artística na década de 1970. Os primeiros trabalhos criados por Lenora podem ser colocados no campo da “poesia visual” em diálogo com o movimento da poesia concreta da década de 1950. Palavras e imagens foram seus primeiros materiais.

Em 1983, LB publicou o livro “Onde Se Vê”, um conjunto de “poemas” um tanto incomuns. Alguns deles dispensaram o uso de palavras, construídos como narrativas fotográficas, onde a própria artista representava diferentes personagens em atos performáticos. Este livro já anunciava o trânsito de Lenora de Barros para o campo das artes visuais, o que acabou por acontecer. Desde então, a artista vem seguindo seu caminho, marcado pelo uso de diversas linguagens: vídeo, performance, fotografia, instalação sonora e construção de objetos.

Seu trabalho está incluído em coleções no Brasil e em vários outros países, entre eles o Hammer Museum (CA, EUA), Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Espanha), Daros Coleção Latinamerica (Suíça), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, (Madrid). Entre as exposições mais importantes, ela participou estão: Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, Hammer Museum, LA, Brooklyn Museum, New York-NY, USA; Pinacoteca de São Paulo-SP, Brasil; Tools for utopia, selected works from the Daros Latinamerica Collection, Berna, Switzerland; 11º Bienal de Lyon, (França, 2011); ISSOÉOSSODISSO na Oficina Cultural Oswald de Andrade (São Paulo, 2016); 4ª Bienal de Salónica de Arte Contemporânea (Grécia, 2013); 17, 24 e 30ª Bienal Internacional de São Paulo, e em 2022 estará na 59a Bienal Internacional de Veneza.

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Serviço:

“Retromemória”, de Lenora de Barros

Período expositivo: De 2 de abril a 3 de julho

Local: MAM São Paulo

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça à domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Telefone: (11) 5085-1300

Ingresso: R$25,00. Gratuidade aos domingos. Agendamento prévio necessário. Ingressos disponibilizados online pelo link.

Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de SP, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado.

(Fonte: a4&holofote comunicação)

Castro Mendes exibe comédia “A Santa do Pau Oco” no dia 31

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

A Cia. Espelho D’Arte, de Vinhedo, apresenta no dia 31 de março, às 20h, no Teatro Municipal Castro Mendes, o espetáculo “A Santa do Pau Oco”. Os ingressos estão à venda na plataforma Sympla.

“A Santa do Pau Oco” é uma renomada comédia regionalista, com texto de Roberto Gotts, autor premiado de São Paulo. A história se passa em cidadezinha do interior, em Mato Virgem. Uma senhora de mais de 100 anos passa dessa para melhor. A cidade toda se encontra no velório, onde Dadivosa, com um beijo na testa, ressuscita dona Maricotinha e dá início a um bafafá que deu o que falar.

O dom de Dadivosa despertou um pequeno interesse no Padre Santo e no Pastor Leônidas, que protagonizam o maior duelo já visto na história. A imprensa local e a prefeitura já estão a postos, para levar a você, sem sensacionalismos, o maior evento religioso de todos os tempos. Você também está curioso para saber como Dadivosa ressuscitou dona Maricotinha?

(Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas)

Theatro Municipal apresenta “Navalha na Carne” e “Homens de Papel”, óperas de Plínio Marcos

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Stig Lavor.

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta em abril duas óperas de Plínio Marcos: “Navalha na Carne” e “Homens de Papel”. Ambas as montagens são as primeiras óperas encomendadas especialmente pelo Municipal. Apresentadas em double bill, trazem textos icônicos da dramaturgia brasileira, que se debruçam sobre existências vistas como marginais, tanto nos anos 60, em que tais peças foram escritas, quanto atualmente.

As apresentações ocorrem de 8 a 10 e de 12 a 14 de abril e contam com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a batuta do maestro Roberto Minczuk, e do Coro Lírico, sob a regência do maestro Mário Zaccaro. Com os ingressos entre R$30 e R$120, a classificação é de 12 anos.

“As obras de Plínio Marcos tiveram papel fundamental na história do teatro brasileiro, visto que ele foi um dos primeiros dramaturgos a registrar a vida de camadas mais marginalizadas da sociedade, até então pouco retratadas no palco de maneira incisiva e contundente, como protagonistas de uma peça. Trazer os textos do Plínio para o universo da ópera não só atualiza questões inerentes ao nosso contexto como amplia o repertório do Theatro com duas importantes obras especialmente comissionadas para esse projeto. Desse modo, reafirmamos nosso compromisso com o fomento à criação de obras contemporâneas”, afirma Andrea Caruso Saturnino, diretora geral do Theatro Municipal de São Paulo.

A ópera “Homens de Papel”, composta pela violonista venezuelana Elodie Bouny, é originalmente uma peça de teatro de Plínio Marcos, escrita em 1968 durante o período da ditadura militar. A história retrata um grupo de catadores de papel que fomenta uma revolta contra o homem que, ao comprar-lhe o papel coletado pelas ruas, “rouba no peso e no preço”, para revendê-lo, mais tarde, para uma fábrica. Eleva-se, assim, a partir dessa “sociedade” de catadores de papel, uma metáfora do poder pelo poder, que aprisiona explorador e explorado a um sistema desumano de luta pela sobrevivência.

“Uma das principais tarefas que eu tenho na direção dessa peça é, em primeiro lugar, adaptar a linguagem do teatro e da ópera. A ópera possui uma espécie de lente de aumento que faz com que as coisas sejam mais alegóricas, mais simbólicas e menos realistas. O espectador que irá ao Theatro Municipal se deparará com uma peça dura, áspera e sem muita alegria, visto que o objetivo principal é retratar essas pessoas que levam uma vida muito endurecida”, afirma José Henrique de Paula, diretor cênico da ópera.

“A obra é uma ópera de coletividade, assim como os protagonistas, que são os Homens de Papel. Nesta peça podemos trazer o entorno do Theatro Municipal para dentro do palco, já que hoje em dia o local se tornou um ponto de encontro dessa população marginalizada, por questões socioeconômicas e urbanísticas”, completa José Henrique.

Já a ópera “Navalha na Carne”, composta pelo professor e pesquisador Leonardo Martinelli, será apresentada em ato único. A obra, criada em 1967 por Plínio Marcos, também sofreu com a censura da ditadura militar e trata da relação entre três personagens principais: Neusa Sueli, a prostituta; Vado, o Cafetão e Veludo, um funcionário do hotel em que os personagens estão.

Na trama, Neusa Sueli se encontra em um quarto de hotel junto a Vado, que a acusa de não entregar todo o dinheiro que ela devia a ele. Os dois entram em enfrentamento, porém descobrem que haviam sido roubados por uma terceira pessoa, Veludo. Os três possuem uma posição de domínio que se alterna com uma de fraqueza, sofrendo alterações durante a peça e escancarando a miséria humana e as injustiças que eles sofrem.

“A peça em si é uma metáfora para os mecanismos de poder e relações entre as classes sociais em uma disputa entre elas mesmas, reflexo do que observamos até hoje na sociedade. A obra simboliza a população marginalizada e que se encontram em uma situação de violência, opressão e na batalha entre elas e a sociedade”, afirma Fernanda Maia, diretora cênica da peça.

Como complemento da programação, haverá uma exposição gratuita em homenagem ao Plínio Marcos, na Praça das Artes, entre os dias 8 de abril e 8 de maio. A mostra exibirá painéis, manuscritos, reproduções de matérias em jornais, fotografias – fragmentos da trajetória atribulada ao dramaturgo, incluindo um embate com a censura da ditadura militar.

Serviço:

“Navalha na Carne”

De Leonardo Martinelli

Ópera em ato único a partir da peça de teatro de Plínio Marcos.

Orquestra Sinfônica Municipal

Coro Lírico

Roberto Minczuk, direção musical e regência

Fernanda Maia, direção cênica

Luisa Francesconi, Neusa Sueli

Fernando Portari, Vado

Homero Velho, Veludo

Bruno Anselmo, cenografia

Fran Barros, iluminação

João Pimenta, figurino

“Homens de Papel”

De Elodie Bouny

Ópera em dois atos a partir do texto de Plínio Marcos adaptado por Hugo Possolo.

Orquestra Sinfônica Municipal

Coro Lírico

Roberto Minczuk, direção musical e regência

Zé Henrique De Paula, direção cênica

Solistas do Coro Lírico

Bruno Anselmo, cenografia

João Pimenta, figurino

Ingressos R$30,00 a R$120,00

Classificação 12 anos

Duração total aproximadamente 3 horas (com intervalo).

Exposição Plínio Marcos – Teatrólogo Brasileiro

8 ABR a 8 MAI – abertura, às 18h

Segunda a sexta – 10h às 19h

Sábado – 10h às 16h

Sala de Exposição – Praça das Artes

Grátis.

(Fonte: Approach Comunicação)

Mudanças climáticas afetam crescimento e qualidade da madeira de plantios florestais na Amazônia

Amazônia, por Kleber Patricio

Foto: Sarangib/Unsplash.

As mudanças climáticas têm impacto direto no crescimento das árvores e na qualidade da madeira de plantios florestais. Em estudo publicado na segunda (28) na revista “Acta Botânica Brasilica”, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em parceria com a Teak Resources Company (TRC), apontam uma mudança na dinâmica de crescimento, no período de manutenção de folhas e, consequentemente, na largura dos anéis de crescimento de árvores da espécie Tectona grandis em plantios na Amazônia durante o efeito El Niño.

O estudo foi realizado na região sudeste do estado do Pará, em 12 plantações de Tectona grandi, ao longo de 12 anos (2007-2018). Cada plantação ocupa, em média, 30 hectares. Para alcançar os resultados, os pesquisadores associaram o índice de vegetação (NDVI – Normalized Difference Vegetation Index), obtido através de imagem de satélite, com a dendocronologia, que estuda a datação dos anéis de crescimento das árvores.

Os pesquisadores estabeleceram correlação entre as variáveis climáticas e sua duração com a largura do anel de crescimento das árvores antes e após o El Niño. As árvores naturalmente possuem períodos de maior crescimento, quando o índice de vegetação varia. Isto ocorre nas diferentes estações do ano, durante os períodos de chuva e de seca. Porém, o estudo mostra que na ocorrência de El Niño esse período de crescimento é reduzido.

“O estudo demonstrou que essas alterações do clima afetam diretamente o crescimento das árvores”, aponta João Vicente Latorraca, co-autor do estudo. O cientista também destaca que as alterações na madeira impactam diretamente o comércio. “A lógica é menos madeira, menos capital. A espécie Tectona grandis possui um viés comercial, então precisamos levar em conta o impacto nesse setor”, comenta.

A pesquisa, que propõe pela primeira vez a relação entre dados dendocronológicos com índices de vegetação para o estudo dessa espécie plantada na região amazônica, chama a atenção para os efeitos das mudanças climáticas em longo prazo. “Diante das pressões que as florestas nativas vêm sofrendo, os plantios florestais ocuparam espaço na cadeia produtiva de produtos florestais. Assim, a relevância do nosso estudo é alertar para sociedade os impactos que as mudanças climáticas têm na produtividade de plantios florestais na Amazônia”, explica o cientista Fábio Henrique Della Justina do Carmo, também autor do estudo. “Além disso, a pesquisa apresenta a possibilidade de uso de ferramentas do sensoriamento remoto, com aquisição de dados de forma rápida e menos onerosa, para predição do crescimento da espécie estudada”, complementa.

(Fonte: Agência Bori)