Tratamento minimamente invasivo tem sido estudado há anos e foi detalhadamente abordado na revista Epilepsia, uma das principais publicações na área
São Paulo
Ao revisar trabalhos que consideraram os aspectos físicos, mentais e sociais de pacientes que foram internados por Covid-19, pesquisadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, observaram que impacto negativo da internação persiste meses após a alta hospitalar em até 51% dos pacientes — afetando mais mulheres e idosos com comorbidades. O estudo está publicado na edição de segunda (28) da “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”.
A revisão de literatura foi feita a partir da busca de informações nas seis principais bases de dados científicos da área (MEDLINE, EMBASE, CINAHL, Web of Science, LILACS e Scopus), considerando estudos sobre qualidade de vida e o bem-estar social de pacientes afetados após a internação por Covid-19 publicados de 2020 a 2022. Dos mais de três mil artigos encontrados, 24 foram selecionados para análise, já que consideraram os aspectos físicos, mentais e sociais dos pacientes. Um dos dados observados é que os sintomas da Covid-19 geralmente costumam persistir por mais de 30 dias após a alta médica.
“A literatura nos mostra que a qualidade de vida no paciente pós-Covid-19 está comprometida tanto nos aspectos físicos como mentais, principalmente pela presença de dor, desconforto, ansiedade e depressão. Cerca de 15% a 51% dos pacientes hospitalizados apresentaram pior qualidade de vida após meses da alta hospitalar, independentemente da gravidade da doença no momento da admissão”, destaca um dos autores do estudo, Henrique Silveira Costa.
Os estudos mostram que, apesar de os homens apresentarem taxas mais altas de gravidade e letalidade da doença, são as mulheres e os idosos que apresentam pior qualidade de vida pós-alta. Os efeitos da chamada Covid longa também são mais presentes entre os que mais necessitaram de ventilação mecânica invasiva e cuidados intensivos. Outros fatores para pior qualidade de vida incluíram a presença e o número de comorbidades, índice de massa corporal elevado, histórico de tabagismo e desemprego.
“Essa pesquisa é relevante para o momento em que a gente está vivendo, pois revela que os fatores clínicos, atrelados ao demográfico e ao de estilo de vida podem estar associados à qualidade de vida do paciente após a hospitalização. Dessa forma é possível desenvolver estratégias individualizadas no manejo clínico do paciente acometido pela Covid-19 com o intuito de melhorar a sua qualidade de vida”, finaliza o professor Costa.
(Fonte: Agência Bori)
Estreiam no SescTV os documentários “Holocausto Brasileiro” e “Crianças Autistas”. Os filmes vão ao ar a partir das 23h do dia 1 de abril, e também estarão disponíveis sob demanda no site do canal a partir desta data.
Dirigido por Armando Mendz e Daniela Arbex, autora de livro homônimo laureado com Prêmios Jabuti e APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) na categoria de melhor livro-reportagem, “Holocausto Brasileiro” retrata a trajetória de pacientes maltratados e torturados no Hospital Colônia de Barbacena – história conhecida como genocídio brasileiro. Fundado em 1903 para tratar de pessoas com tuberculose e problemas psiquiátricos, o hospital passou a receber as pessoas que não eram benquistas pela sociedade: prostitutas, alcoólatras, pobres e homossexuais. Foi fechado no fim da década de 80, após mais de 60 mil mortes decorrentes de tortura, violações de direitos, fome e esquecimento.
Na sequência de Holocausto Brasileiro, o canal exibe “Crianças Autistas”, de Lucila Meirelles. Trata-se de um documentário sobre crianças com autismo, em que a cineasta utiliza o silêncio, olhares e o movimento que integram a linguagem vivenciada por elas para apresentar uma cidade sob esta perspectiva.
SOBRE O SESCTV | O SescTV é um canal de difusão cultural do SESC em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do SESC para todo o Brasil. Sua programação é constituída por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com variadas expressões da música e da dança contemporânea. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira em conexão com temas universais. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras linguagens artísticas também estão presentes na programação. Conheça o acervo no site.
“Holocausto Brasileiro”
Direção: Daniela Arbex e Armando Mendz
Documentário. Brasil, 2016, 90 min.
14 anos
Sob demanda: 1/4
TV Linear: Sexta, 1/4, 23h; Terça, 5/4, 1h
“Crianças Autistas”
Direção: Lucila Meirelles
Brasil, 1989, 11 min.
Livre
Sob demanda: 1/4
TV Linear: Sábado, 2/4, 0h30; Terça, 5/4, 2h30
Para sintonizar o SescTV:
Canal 128, da Oi TV ou consulte a operadora
Também disponível online
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(Fonte: Agência Lema)
Em uma revista feita a uma trabalhadora negra, o cachorro do patrão arranca seu braço – a partir deste mote foi criado “Galpão de Espera”, trabalho vencedor do Edital 6ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo. O dramaturgo Allan da Rosa se baseou em estruturas históricas de miséria, aniquilamento, desespero e ausência do país em relação aos povos pretos para mostrar como chegamos, muitas vezes, a um ambiente contemporâneo que parece indicar apenas saídas individuais ou a oferta incessante de si mesmos como produtos na vitrine, deixando de lado, em suas palavras, “uma das maiores forças ancestrais que temos que é a solidariedade, além da coragem de lidar com nossa própria complexidade”. A estreia acontece na terça-feira, dia 29 de março, e segue em cartaz em temporada curtíssima até o domingo, 3 de abril, no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000, Vergueiro, São Paulo, SP).
Cinco personagens negras circulam em torno desse galpão misterioso: é uma agência de empregos, um lugar de trabalho ilegal ou uma senzala? “O personagem principal dessa história é o galpão”, frisa a diretora. A partir de onde e de quem faz a pergunta, o público é convidado a redirecionar o olhar em relação à peça e à estrutura do espaço.
O incidente inicial trágico perpassa os três atos da peça em que os diálogos apresentam as fomes, os segredos e os labirintos de cada um na cena. Donilton (William Simplicio), o patrão, dono do cachorro, que dominou as regras capitalistas; Dona Caruncha (Mawusi Tuani), a anciã que é cuidadora de todos, terna e vingativa; Ascendina (Isamara Castilho), a jovem que lida com o novo corpo mutilado e quer ascender socialmente; Fu (Jojo Brow-nie Souza), com suas perguntas cristalinas e cortantes, que foi educada para o luxo mas vive atolada na precariedade; Expedito (Filipe Roseno), ex-peão que desafia qualquer moral para aprender as regras e golpes do jogo do dinheiro.
“As artes negras hoje passam por um momento especial diante de tanto assédio e da hipocrisia da sociedade brasileira. São solicitadas e produzidas pencas de obras previsíveis e maniqueístas em nome de uma suposta representatividade, guiada por pura mercadologia ou por ‘likes e seguidores’. Isso passa longe da profundidade de muitas questões ferventes cotidianas e de nossas habilidades ancestrais em lidar com contradições”, diz Allan da Rosa.
A diretora Ivy Souza fez a si mesma algumas perguntas para conduzir os atores e as atrizes em seus papéis. “As personagens querem falar sobre como e em qual tempo eles se movimentam, tentando descobrir suas possibilidades reais de ação dentro de suas trajetórias: eles têm possibilidades de escolha? A partir de qual ética? Essas personagens estão no mesmo lugar de competição quando comparados com toda a sociedade? Então as perguntas não podem ser as mesmas”, reflete a diretora.
Para ela, a peça traz o desafio de ter como tema principal a violência. “A ameaça se apresenta diferentemente para cada tipo de corpo. Essa peça fala sobre rastros de barbaridade colonial, espiral e contínua, na manutenção das estruturas de poder”, diz Ivy.
Direção e elenco estiveram unidos na criação – que tem a fisicalidade como forte elemento cênico – em uma colaboração que também contou com Lucas Brandão e sua pesquisa sobre Body Mind Center, o corpo e a mente integrados a partir do deslocamento. E também Clayton Nascimento com seu olhar de interpretação e jogo dramático a partir da própria natureza e identidade dos atores. “Isso tem a ver com o meu pensamento de perceber o movimento como rastro de trajetórias dessas personagens que estão presas nesse galpão e dessa estrutura que os oprime cotidianamente”, completa a diretora.
Sinopse curta | O cão de um patrão arranca o braço de uma entregadora de marmitas. Isso desata contradições, fomes e dilemas de cinco personagens negras por prestígio, renda, sobrevivência e integração no mercado de trabalho.
Ivy Souza
Atriz, performer e diretora. Formada pela Escola de Arte Dramática é integrante do E quem é gosta?, grupo que circula com o espetáculo “Isto é um negro?”. Dirigiu o espetáculo “Mato Cheio da Carcaça de Poéticas Negras”. No cinema, participou de “A felicidade delas”, de Carol Rodrigues, “A passagem do Cometa”, direção de Juliana Rojas; “Helen”, de André Meirelles Collazzo, “Mar de Dentro”, de Dainara Toffoli, “A Sombra do Pai”, de Gabriela Amaral, e “Boas Maneiras”, de Marco Dutra e Juliana Rojas. Na TV, interpretou Nina Simone, no especial “Falas Negras”, dirigido por Lázaro Ramos.
Allan da Rosa
Escritor de Ficção e Teatro. Compôs peças teatrais com companhias de diversos estados brasileiros. É angoleiro, historiador, mestre e doutor em Cultura e Educação. Pesquisa estéticas e políticas negras. Já coordenou cursos, seminários e publicações referentes às obras e trajetórias de Jorge Ben, James Baldwin, Muniz Sodré e Itamar Assumpção, entre outros artistas. Produziu e apresentou os programas “À Beira da Palavra” e “Nas Ruas da Literatura”, pela Rádio USP FM, entrevistando e apresentando autorias da diáspora afro-atlântica. É autor de obras teóricas e ensaios como “Águas de Homens Pretos: Imaginário, Cisma e Cotidiano Ancestral em São Paulo” e “Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem”. Como editor, criou o clássico selo Edições Toró no princípio do Movimento de Literatura Periférica de SP, publicando vári@s autor@s. Apresentou oficinas, conferências, recitais e cursos em todas as regiões do Brasil e em universidades, bibliotecas e centros comunitários de Moçambique, Cuba, México, EUA, Colômbia, Argentina e Bolívia.
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: Allan da Rosa
Direção: Ivy Souza
Assistência de Direção: Clayton Nascimento
Preparação de Elenco: Lucas Brandão
Elenco: William Simplício | Mawusi Tulani | Filipe Roseno | Isamara Castilho | Jojo Brow-nie Souza | Rodrigo de Odé
Direção de Produção: Corpo Rastreado
Produção Executiva: Gabs Ambròzia
Produção: Ivy Souza
Foto e Vídeo: Noelia Nájera
Criação de luz: Lucas Brandão
Trilha Sonora: Cibele Appes
Assistência Trilha Sonora: Paula Matta
Figurino: Renan Soares
Cenógrafo: Julio Dojcsar
Operação de Som: Alírio Assunção
Montagem de Luz: Dida Genofre
Operação de luz: Dida Genofre e Lucas Brandão
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Agradecimentos: Mirella Façanha
FICHA TÉCNICA Redes Sociais
Dramaturgia: @darosaallan
Direção: @ivysouz
Ass de Direção: @clay.nascimento
Prep. Elenco e Criação de luz: @luca_s_brandao
Elenco: @will_simplis | @mawusi_tulani | @firoseno | @castilhosisa | @soudajojo | @supermente_black
Direção de Produção: @corporastreado
Produção Executiva: @gabsambrozia
Produção: @ivysouz
Foto e Vídeo: @noenajera_
Trilha Sonora: @cibeleappes
Ass Trilha Sonora: Paula Matta
Figurino: @renansoares.br
Cenógrafo: @julio.dojcsar
Op Som: @alirioassuncao
Montagem de luz: @didagenofre
Op Luz: @didagenofre @luca_s_brandao
Assessoria Imprensa: @canal_aberto.
Serviço:
Galpão de Espera
De 29/3 a 3/4
Terça a sábado, às 21h; domingo, às 20h
Duração: 120min | Classificação: 16 anos
Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1000, Vergueiro, São Paulo, SP
Telefone: 3397-4000
Lotação: 224 lugares
R$30,00 | R$15,00 (meia)
Vendas na bilheteria com duas horas de antecedência
Será necessário apresentar o comprovante de vacinação da Covid-19 com no mínimo duas doses.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)
O impacto da humanidade sobre a Terra, a Masculinidade, o Patriarcado, a Invisibilidade das pessoas e a relação entre eles se encontram na exposição “Em se pisando tudo dá”, individual do artista Milton Blaser que será aberta no dia 26 de março, às 13h, na galeria Casagaleria Oficina de Arte, em São Paulo. Além disso, a mostra também se encontra em formato on-line. O título “Em se pisando tudo dá” remete a Pero Vaz de Caminha, que foi de uma época com total prevalência do Patriarcado, época que se origina uma visão de mundo que resultou no modernismo e antropoceno. E a expografia terá três pilares: as instalações “Prensa” e “Tiranias”, as colagens digitais da série Antropogenia, uma intervenção na parede lateral de tijolos entre as duas salas reforçando a invisibilidade das pessoas e uma intervenção radical e ousada no teto da galeria repercutindo na estrutura da galeria.
“A mostra foca na inter-relação das questões do Antropoceno, o Patriarcado e a Masculinidade e na Invisibilidade das pessoas, que atuam degradando tanto a natureza e o meio ambiente, como também e simultaneamente, as relações entre homens e mulheres de todas as etnias, idades e nacionalidades. São os invisíveis”, define o artista.
A mostra tem curadoria e texto crítico de Loly Demercian com participação especial e texto do consultor em diversidade e inclusão Humberto Baltar relatando a sua experiência pessoal como vítima das consequências da ação combinada do antropoceno e da masculinidade apontadas pelo artista. Baltar estará presente para uma conversa sobre o tema e as obras junto ao artista e à curadora no dia 26 às 14h. Lives estão programadas para acontecer durante o período da exposição.
Na intervenção no teto da galeria, Blaser encena uma reconexão ousada com os elementos e ciclos da natureza, quebrando-o e expondo as obras aos elementos naturais. Esta quebra do teto da galeria exatamente sobre a obra propondo a entrada de um foco de luz natural e permanente, iluminando naturalmente a obra, representa um rasgo de revolta do ser humano urbano em direção ao cosmos, remetendo às questões das mudanças climáticas que atravessam o planeta e que permeiam o Antropoceno, assim como as relações da construção e destruição do entulho do teto presente na expografia, que se relaciona com os pisos usados na obra.
A proposta da obra “Prensa” é trabalhar as vertentes Antropoceno, o Patriarcado, a Masculinidade e a Invisibilidade das pessoas. O Antropoceno está nos pisos usados e mostrados nos seus versos, representação simbólica da destruição do ecossistema, mapas de áreas devastadas, territórios invadidos, queimadas, mudanças climáticas, rios poluídos, barragens que se rompem. Essas questões remetem aos materiais utilizados nos pisos, como barro, vidro, areia, que também foram coletados na natureza, trabalhados pelo homem e trazem a memória histórica do seu uso e a própria devastação do meio ambiente para produzi-los.
O Patriarcado é exercido historicamente e dominantemente por homens brancos, cis, héteros que determinaram e determinam em escala mundial as ações que provocaram a predação voraz do meio ambiente há décadas e que causou essa nova nomenclatura Antropoceno. Não há preocupação com os bilhões de pessoas no planeta consideradas invisíveis aos seus olhos. É a dominância masculina patriarcal em sua amplitude, agindo inconsequentemente, devastando o planeta.
As pessoas invisíveis e anônimas estão representadas na instalação com imagens em preto e branco, sombrias e sem sorrisos, sinalizando o sofrimento advindo do Antropoceno. As três questões, Antropoceno, Patriarcado e a Masculinidade e Invisibilidade, permeiam a obra “Prensa”, trazendo à reflexão do espectador sua posição no complexo sistema em que vive, se alimenta, habita e consome.
Já a proposta da obra “Tiranias” é reforçar a temática do Patriarcado e da dominância da masculinidade, aprofundando a representação simbólica da potência masculina presentes no cotidiano das decisões que afetam de forma danosa e nociva as mulheres, os próprios homens, a população e o planeta, tendo como resultado o Antropoceno.
A simulação com colagens digitais da série Antropogenia transmuta em imagens como o capitalismo global levou o mundo à beira de uma crise ambiental irreversível, inaugurando a era do Antropoceno, época geológica marcada por profundas alterações na Terra devido à atividade humana, com predominância histórica do Patriarcado, que impõe uma heteronormatividade, que por sua vez é um comportamento catalisador da era do Antropoceno.
“As consequências do capitalismo global, cuja força motriz foi o Patriarcado, levou o mundo à beira de uma crise ambiental irreversível, inaugurando a era do Antropoceno, época geológica marcada por profundas alterações na terra devido à atividade humana, repercutindo vigorosamente sobre todos nós: os invisíveis, os desimportantes, os anônimos”, enfatiza o artista. O projeto expositivo como um todo, busca envolver e alertar o espectador sobre a relação entre esses dois conceitos para que juntos possam ser combatidos.
“A possibilidade de se ver em obras de arte ainda é raridade na vivência de homens pretos. Embora no Brasil o Patriarcado seja a força motriz que impulsiona todas as esferas de poder, as masculinidades e paternidades pretas permanecem à margem dessa realidade. O apagamento e a invisibilização dos homens pretos os colocam num lugar de constante busca por ressignificação e reconhecimento, passando muitas vezes até mesmo pela reprodução de padrões nocivos, tóxicos e agressivos na busca por um lugar social que os atribua o papel de dominantes, potentes ou poderosos”, afirma Baltar.
Segundo o consultor, essa experiência de invisibilização é também comum às mulheres, aos povos originários, ao meio ambiente, às colônias e a tudo e todos que não são o marco zero do Patriarcado. “O trabalho do Milton aponta o que acontece com essa visão de mundo em que há um ideal e todo resto é vítima”, garante.
Baltar aponta que as obras da exposição “Em se pisando tudo dá” abordam essa inquietude e anseio de sujeitos marginalizados e invisibilizados de forma sutil e ainda assim contundente. “Senti-me convidado pelo artista a me envolver ainda mais na luta pelo mundo inclusivo, plural e diverso que eu quero deixar para o meu filho e todos os que vierem depois”, afirmou.
Mostra individual “Em se pisando tudo dá”
Abertura: dia 26 de março, das 13h às 18h
Local: Casagaleria Oficina de Arte – Rua Fradique Coutinho, 1216, Vila Madalena, São Paulo/SP. Telefone (11) 3841-9620
Horário de visitação: de 26/3/22 até o dia 23/4/22, das 13h às 19h de terça a sexta e, aos sábados, das 13h às 17h
Entrada gratuita.
Sobre Milton Blaser
É artista visual graduado pelo Centro Universitário Belas Artes em licenciatura Desenho e Plástica. Participou por mais de dois anos do grupo de acompanhamento de projetos com os artistas Carla Chaim, Nino Cais e Marcelo Amorim no Hermes Artes Visuais e do grupo de estudos de produção de arte contemporânea com o curador Paulo Miyada e o artista Pedro França no Instituto Tomie Ohtake. Participou também da Clínica de Projetos do Ateliê 397.
Já expos individualmente na Casagaleria em 2019 e no Senac Jabaquara em 2018. Participou de vários salões e coletivas na Oficina Cultural Oswald de Andrade, Galeria LAMB Arts/Hermes Artes Visuais, Salão de Artes Plásticas Praia Grande, Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Clínica Geral Gran Finale Ateliê 397.
Foi premiado com medalha de ouro em Pintura com o trabalho Monge no VI Salão Internacional SINAP/AIAP. Fez cursos de Antropoceno e Natureza no Paço da Artes, na Fundação Bienal durante a 34ª Bienal, Laboratório de Aplicabilidades e palestras de Arte e Psicanálise no Adelina Instituto. Participou do grupo de estudos Filosofia na Arte Contemporânea com professores da PUC-SP e do curso “O Desenho e outros crimes do desejo” na Escola Entrópica do Instituto Tomie Ohtake, com Cadu.
Sobre a Casagaleria e Oficina de Arte Loly Demercian | Desde 2004 estabeleceu-se como uma alternativa comercial. Dedicada à arte contemporânea, vem se consolidando como um espaço de exibição e produção de conteúdo, articulando exposições, projetos culturais, workshops, revista digital e programas públicos gratuitos, envolvendo artistas em diversos estágios da carreira. Incentivando e orientando novas ideias e projetos desenvolvidos por artistas emergentes ou já estabelecidos.
Sobre Loly Demercian | Graduada em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1987), graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2003), especializada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) em 2004 e mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2010).
Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é membro do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Criação nas Mídias (CCM) da PUC/SP, coordenado pela Prof. Dra. Lúcia Leão. É curadora independente e proprietária do Centro cultural Casagaleria e Oficina de Arte Loly Demercian. Tem experiência na área de arte/educação, história da arte e curadoria, atuando principalmente nos temas: curadoria de arte, processos artísticos, arte contemporânea, novas mídias e filosofia contemporânea.
Realizou mais de 32 exposições em artes visuais e projetos culturais. Autora dos livros: “Arte/Educação no Ensino Médio: Um estudo sobre a utilização das novas mídias”, 2014; “Diálogos Possíveis: o tempo e a duração na videoinstalação” (Coord. Regina Giora), 2010.
(Fonte: Betini Comunicação)
Por meio de iniciativas de manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade, os povos indígenas Apurinã, Paumari, Jamamadi e Deni, que vivem em 6 terras indígenas no sul e sudoeste do Amazonas, contribuíram, em 2021, para a conservação de um estoque de carbono equivalente a 114 milhões de árvores em pé. É o que mostra o relatório de quantificação de carbono das atividades do projeto Raízes do Purus, que apoia o manejo sustentável de pirarucu, castanha, copaíba e açaí, e implementação de Sistemas Agroflorestais nestes territórios com patrocínio da Petrobras.
O documento, elaborado com o objetivo de avaliar as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) promovidas pelo projeto durante o ano passado, comprova a eficácia destas iniciativas para a proteção de terras indígenas e para a mitigação da mudança climática. Estudos científicos desenvolvidos por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) mostram que, em média, uma floresta madura de terra firme captura algo em torno de 500 quilos a 1 tonelada de carbono por hectare.
O estudo analisou 246 mil hectares de florestas onde ocorrem as atividades de manejo apoiadas pelo Raízes do Purus. “A ideia foi quantificar as emissões de gases efeito estufa que foram evitadas pelas ações de conservação do projeto, desenvolvidas por meio de vigilância, monitoramento territorial e proteção de ambientes aquáticos que são manejados. Esse conjunto de formação subsidia a avaliação de como está a saúde da região e da floresta e o quanto essas atividades contribuem para o benefício do clima”, afirma o autor do relatório e especialista em clima e ambiente Rogério Ribeiro Marinho, da Universidade Federal do Amazonas.
O relatório estima, ainda, que durante os quatro anos em que o projeto será executado, entre 2021 e 2024, sejam removidos da atmosfera mais de 1 milhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). O projeto contribui de forma direta e indireta na conservação de mais de 2,3 milhões de hectares de floresta amazônica.
Os valores utilizados como referência para o relatório de quantificação de carbono do Raízes do Purus foram baseados em dados georreferenciados (imagens de satélite e mapas temáticos), séries estatísticas e informações de literatura científica, seguindo as recomendações do Guia de Quantificação de Carbono de Projetos Socioambientais e as definições do Padrão VCS/VERRA (verified carbon standard).
Uso sustentável da floresta contribui para o aumento do estoque do carbono
O manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade, uma das principais estratégias do projeto Raízes do Purus, tem se mostrado um excelente aliado da conservação das terras indígenas. Isso porque toda a iniciativa deste tipo depende, em primeiro lugar, da organização coletiva das comunidades para vigiar seus territórios. “O manejo possibilitou que os povos indígenas envolvidos no projeto retomassem o controle sobre suas terras, impedindo atividades predatórias e expulsando invasores, com a vigilância feita pelas próprias comunidades”, explica Leonardo Kurihara, coordenador do Raízes do Purus.
Com sistemas de vigilância comunitários bem estruturados e comunidades engajadas na proteção dos territórios, os povos indígenas apoiados pelo Raízes do Purus estão conseguindo evitar o desmatamento dentro das terras indígenas, que tornam-se grandes reservas de carbono e contribuem de forma importante para reduzir os impactos da mudança climática. Entre os anos de 2015 e 2020, a taxa de desmatamento na região do entorno destas terras indígenas foi de 502 hectares por ano, resultando em um volume médio de 235 mil toneladas de carbono emitidos para a atmosfera por ano.
O projeto desenvolve, junto com as comunidades, ações para garantir que as populações das terras indígenas tenham condições de manter a floresta em pé. “O desmatamento e as queimadas são as principais formas de agravar o aquecimento global e os efeitos dos gases de efeito estufa na atmosfera. As florestas costumam ser desmatadas com fogo, o que libera grandes quantidades de gás carbônico e reduz o número de árvores disponíveis para absorvê-lo por meio da fotossíntese. Então, quanto maior o número de árvores saudáveis em pé, maior será a quantidade de carbono armazenado na floresta e a sua capacidade de absorver o carbono da atmosfera. A coleta de castanha, o manejo do pirarucu, as atividades produtivas de maneira sustentável, todas elas dependem da floresta viva”, explica Gustavo Silveira, coordenador técnico da OPAN.
Sobre o Raízes do Purus | O projeto Raízes do Purus é uma iniciativa da OPAN com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, que visa a contribuir para a conservação da biodiversidade no sudoeste e sul do Amazonas, fortalecendo iniciativas de gestão e o uso sustentável dos recursos naturais das terras indígenas Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, Caititu, Paumari do Lago Manissuã, Paumari do Lago Paricá, Paumari do Cuniuá e Banawa, na bacia do rio Purus, e Deni e Kanamari, no rio Juruá. www.raizesdopurus.com.br
Sobre a OPAN | A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Nos últimos anos, suas equipes vêm trabalhando em parceria com povos indígenas no Amazonas e em Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas para a garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e no fortalecimento das culturas indígenas.
(Fonte: De Propósito Comunicação de Causas)