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Longa “Fogaréu”, de Flávia Neves, estreia na Mostra Panorama do Festival de Berlim

Berlim, por Kleber Patricio

A atriz Bárbara Colen, que interpreta a jovem Fernanda. Imagens: divulgação.

O longa Fogaréu, de Flávia Neves, estreia na Mostra Panorama do Festival de Berlim. Bárbara Colen e Eucir de Souza são os protagonistas do filme, que tem roteiro baseado na história pessoal da diretora e produção da Bananeira Filmes e da MyMama Entertainment.

Na fronteira entre o real e o fantástico, entre o passado colonial e a modernidade avassaladora do agronegócio, a cidade de Goiás é palco do encontro entre a jovem Fernanda e suas secretas raízes. Ela volta para a casa de seu abastado tio após a morte de sua mãe adotiva, a fim de implodir certezas e deixar surgir a dolorosa verdade sobre sua origem.

Sobre a diretora | Flávia Neves estudou Cinema e Literatura na Universidade Federal Fluminense, e Roteiro e Técnica Meisner na EICTV – Escuela Internacional de Cine e TV, em Cuba. Aos 16 anos, dirigiu seu primeiro curta-metragem, Liberdade, exibido no FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental. Atuou também como assistente de direção e produtora em curtas-metragens e documentários para cinema e TV, antes e durante o curso universitário.

A diretora de “Fogaréu”, Flávia Neves.

Em 2019, dirigiu e roteirizou a série Amanajé, o mensageiro do Futuro, exibida na TV Cultura. Fogaréu é seu primeiro longa-metragem de ficção. Atualmente, Flávia desenvolve o seu segundo longa, Tempo do Poder, com o apoio do Ibermedia. Com esse projeto, participou da residência na Cité Internacionale des Arts, em Paris, com bolsa concedida pelo Institut Français e pelo Projeto Paradiso.

Sobre a produtora Bananeira Filmes | Convidada em junho de 2018 para integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, Vania Catani fundou a Bananeira Filmes em 2000 e desde então se tornou uma das mais prestigiadas produtoras de cinema brasileiro. Suas produções já receberam mais de 250 prêmios e foram exibidas em mais de 500 festivais, como Cannes, Veneza, Roterdã e mais outros 60 países.

Ao longo de 21 anos, a Bananeira produziu e coproduziu diversos curtas-metragens e mais de 25 longas, entre os quais estão os premiados Narradores de Javé (2003), de Eliane Caffé; A Festa da Menina Morta (2008), a primeira direção de Matheus Nachtergaele com estreia em Cannes; Feliz Natal (2008), uma parceria de sucesso com o diretor Selton Mello que se repetiu em O Palhaço (2011), visto por mais de 1,5 milhão de espectadores e indicado do Brasil para concorrer a uma vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2012, e em 2017, com O Filme da Minha Vida.

Os filmes Mate-me Por Favor (2015) de Anita Rocha da Silveira, e Zama (2017) da premiada dretora Lucrecia Martel, estrearam no Festival de Veneza. Zama foi indicado ao Sur 2017, o prêmio mais importante do cinema argentino, em 11 categorias, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor direção de arte. O filme também ganhou o Critics’ Choice no Festival de Roterdã em 2018, foi indicado par Melhor Filme Ibero-Americano no Goya 2018 e escolhido para representar a Argentina na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2018. Em 2019, foi classificado como o 9º melhor filme do século pelo jornal britânico The Guardian e o melhor filme latino-americano da década pelo Remezcla.

Entre suas coproduções destacam-se La Playa (Colômbia), El Ardor (Argentina), e Jauja (Argentina), todos com estreia internacional em Cannes, além da sua mais recente coprodução com o México, O Baile dos 41, que ainda será lançado no Brasil.

Em 2021, estreou mundialmente Medusa, sua segunda produção com a diretora Anita Rocha da Silveira, na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes. Também foi exibido no Festival de Toronto; Festival de Guadalajara, onde recebeu o prêmio Maguey de melhor interpretação para Lara Tremouroux; Festival de Milano, onde ganhou o prêmio do público; Festival de Catalunya, onde ganhou o prêmio Queer Kong, e Melhor Direção, na competição Novas Visões; no Brasil, estreou na Mostra Internacional de São Paulo e, em seguida, no Festival do Rio, onde ganhou os prêmios de melhor atriz coadjuvante para Lara Tremouroux, Melhor Direção e o grande prêmio da noite Melhor Longa-Metragem Ficção.

A Bananeira finaliza no momento O Filme do Tênis, documentário sobre o primeiro disco solo do cantor mineiro Lô Borges, dirigido por Rodrigo de Oliveira e Vânia Catani; Fogaréu, estreia da diretora Flávia Neves, em coprodução com a Blue Monday (França) e selecionado pela CNC; Serial Kelly, dirigido por René Guerra e protagonizado por Gaby Amarantos e a série documental Adriano Imperador, original Paramount+ sobre o ícone da nação rubro-negra.

Além disso, desenvolve Incondicional – O Mito da Maternidade, documentário da Patrícia Froes; Super Poderes, de Anne Pinheiro Guimarães, Musa, de Mônica Demes e Casa Assassinada, de José Luiz Villamarim.

FOGARÉU

Brasil, 2022, 100min, cor

Direção: Flávia Neves

Roteiro: Flávia Neves e Melanie Dimantas

Fotografia: Luciana Basseggio

Montagem: Will Domingos

Produção Executiva: Tarcila Jacob, Elaine Azevedo e Silva

Produção: Bananeira Filmes, Mymama, Blue Monday Produtions, Caliandra Filmes, Kam Filmes, Canal Brasil

Elenco: Bárbara Colen (Fernanda), Nena Inoue (Mocinha), Eucir de Souza (Antônio), Fernanda Vianna (Arlette), Vilminha Chaves (Joana), Kelly Crifer (Tereza), Timothy Wilson (Ezequiel), Fernanda Pimenta (Paula), Allan Jacinto Santana (Pedro), Typyire Ãwa (Cacique)

Distribuição Brasil: ArtHouse.

(Fonte: Trombone Comunica)

Livro mostra acordo entre judeus e partido nazista para salvar vidas antes do Holocausto

São Paulo, por Kleber Patricio

Anos antes do início do Holocausto, um acordo foi firmado entre líderes do movimento sionista e a alta cúpula do Terceiro Reich, logo que Hitler tomou o poder na Alemanha, em janeiro de 1933, impedindo que os judeus alemães fossem completamente dizimados em menos de uma década. Essa história, pouco divulgada, é conhecida sob o codinome Haavara, e é contada em Haavara: O Acordo de Transferência, livro do jornalista judeu norte-americano Edwin Black, autor do best-seller IBM e o Holocausto. Trata-se de um dos maiores marcos dentre os estudos sobre o holocausto já publicados no Brasil, visto que é a primeira tradução para uma língua não inglesa, tamanha é a polêmica envolvendo essa história. A responsável pela publicação é a Idea Editora, casa editorial de médio porte localizada em Bauru, interior do estado de São Paulo, que lançou outro livro do autor em 2018: Conexão Nazista: a História Revelada da Colaboração de Grandes Corporações Americanas com o Holocausto e a Alemanha de Hitler.

Em Haavara: O Acordo de Transferência, Edwin Black revela que, em 7 de agosto de 1933, os líderes sionistas concluíram um pacto secreto e controverso com o Terceiro Reich, que, em suas várias formas, transferiu cerca de 60 mil judeus e mais de 1 bilhão e 500 milhões de dólares (em valores atuais) para a Palestina Judaica. Em troca, os sionistas cessariam o boicote econômico mundial antinazista que ameaçava derrubar o regime de Hitler em seu primeiro ano. No final, o Acordo Haavara salvou vidas, resgatou bens e foi a base para a criação da infraestrutura do que viria a ser o Estado de Israel. Dessa forma, este estudo revolucionário e seminal nos traz novas perspectivas sobre o que realmente aconteceu durante o período que precedeu a Segunda Guerra Mundial e nos revela fatos de suma importância sobre um dos acontecimentos mais significativos que precederam o maior desastre político-militar de todos os tempos.

Publicado originalmente em 1984 nos Estados Unidos, o livro ganhou uma versão comemorativa em 2009, que trouxe ainda mais leitores e destaques na mídia para fatos então esquecidos sobre esse período da história. Esta edição lançada agora no Brasil conta ainda com o posfácio de Abraham Foxman, advogado, escritor, líder judaico, ativista norte-americano e diretor emérito nacional da Liga Antidifamação, ONG judaica internacional com sede nos Estados Unidos. No texto, ele aponta que “Os inimigos do povo judeu e da nação judaica sempre afirmarão que os sionistas usaram o Acordo Haavara somente para promover a emigração. Somente para construir um Estado. Esse é o pretexto fácil para aqueles que não viram a cor do sangue judeu sendo derramado. Mas nós vimos. As pessoas que estiveram lá sabem muito bem o que aconteceu. E graças a esta obra de referência, as gerações futuras também saberão o que as vítimas daqueles dias, por fim, descobriram de um modo tão doloroso”.

Por meio de um trabalho de pesquisa minucioso e de grande perspicácia de Edwin Black, Haavara: O Acordo de Transferência traz novas perspectivas sobre esse importantíssimo e até então pouco estudado e divulgado fato que precedeu a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Trata-se de uma obra extremamente bem documentada e fundamental para mostrar como um povo usou de sua inteligência e influência no mundo para garantir a própria sobrevivência perante o preconceito e o racismo do regime nazista.

Sobre o autor | Edwin Black é um autor premiado e jornalista investigativo. Muitas de suas obras foram best-sellers do New York Times. Seus 11 livros foram publicados em 14 idiomas e em 190 países. Também possui artigos, publicados em jornais e revistas, que estão entre os mais lidos nos Estados Unidos, Europa e Israel. Com a marca de mais de dois milhões de livros impressos, seu trabalho tem como tema principal a denúncia sobre o genocídio e o ódio aos judeus, a criminalidade e a corrupção corporativa, a má administração governamental, a fraude acadêmica, o abuso filantrópico, a dependência do petróleo, as fontes de energia alternativas e as investigações históricas. Seus editores o indicaram quatorze vezes para concorrer ao prêmio Pulitzer, tendo recebido recentemente uma série de premiações no ramo editorial. Sua obra mais conhecida é IBM e o Holocausto. Pela Idea Editora, também publicou Conexão Nazista: a História Revelada da Colaboração de Grandes Corporações Americanas com o Holocausto e a Alemanha de Hitler.

Serviço:

Livro Haavara: O Acordo de Transferência

Autor: Edwin Black

Editora: Idea Editora

Páginas: 704

Preço: R$149,90.

(Fonte: Agência Aspas e Vírgulas)

Rio de Janeiro recebe exposição “O Jardim das Maravilhas de Miró”

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Exposição “O Jardim das Maravilhas de Miró” chega ao Rio de Janeiro. Fotos: divulgação.

Um passeio sensorial pelo universo de Joan Miró será aberto aos cariocas no próximo dia 19. Pela primeira vez no Rio de Janeiro, depois de virar sucesso de público em São Paulo, a exposição O Jardim das Maravilhas de Miró chega ao shopping Rio Design Barra com obras nunca antes vistas na cidade: 20 litografias e 22 impressões de uma coleção particular estarão em ambientes pensados para criar encantamento. O percurso é uma experiência imersiva pela imaginação de um dos mais notáveis artistas do século XX.

Com produção assinada pela YDreams Global, também em sua estreia no Rio de Janeiro, realização do Museu a Céu Aberto e curadoria de Karina Israel, Aline Sultani e Paulo Solano, a mostra atualiza a forma de explorar a obra de Joan Miró, que não era tema de exposições na cidade há sete anos. Em O Jardim das Maravilhas de Miró, o imaginário do pintor catalão não está apenas em seus trabalhos originais, mas também em um percurso onde os visitantes descobrem como as esferas, cones, quadrados e linhas do pintor catalão se transformam em animais. Podem também criar seus próprios pássaros e borboletas usando o processo criativo do artista em mesas interativas e ainda fazer um autorretrato surrealista com sobreposições de imagens de Miró, entre outras atrações.

A exposição é livremente inspirada na obra literária Maravilhas com Variações Acrósticas no Jardim de Miró, escrita em 1927 pelo poeta espanhol Rafael Alberti em homenagem a Joan e sua esposa Pilar. Na série de poesias, o amigo e conterrâneo de Miró imagina uma viagem do casal a um jardim imaginário cheio de estrelas, flores, plantas exóticas e pequenos bichos. Miró gostava de comparar a sua profissão de artista com a de um jardineiro: aquele que cuida e experimenta para melhor criar. Com obras reconhecidas em todo o mundo pelos conceitos de Surrealismo, Cubismo e Fauvismo, Miró agora dá aos convidados a oportunidade de experimentar suas cores, traços firmes e símbolos caligráficos em uma nova linguagem.

A experiência | Ao iniciar a visitação, o espaço Observatório das Obras traz os poemas e litografias originais da coleção particular Maravilhas com variações acrosticas no Jardim de Miró, composta por Rafael Alberti e ilustrada por Joan Miró. A obra é composta por: 7 litografias de 49,5 x 71 cm; 13 litografias de 49,5 x 35,5 cm; 22 impressões, sendo poesias e folha de rosto com 49,5 x 71 cm; Caixa e capa: litografia sobre tecido.

Horto das Formas apresenta um jardim cenográfico estilizado que revela formas inspirada em plantas e animais em suas cercas. Em cada ponto imersivo, os visitantes descobrem como as formas que podem ser entendidas inicialmente como esferas, cones, cilindros, quadrados e linhas, entre outros, acabando se transformando em centopeias, flores, pássaros, borboletas.

– A área Fonte das Cores, o visitante pode brincar misturando cores numa fonte interativa que reage a posição sobre as marcas com as principais cores utilizadas por Miró.

– O ambiente Sintonia com o Cosmos é baseada na frase Creio que meu trabalho vai transportar você a um mundo de real irreabilidade, escrita por Joan Miró ao comerciante de arte Pierre Matisse. O local reserva uma área lúdica para os visitantes refletirem sobre de onde vêm as ideias para a criação? Do início, do nascimento, da morte, que questionamentos e sentimentos despertam a imaginação e mobilizam o processo criativo do artista.

Infinito Criativo traz como referência e inspiração as inúmeras criaturas que existem neste jardim fabuloso, concebidas através de formas, traços e cores. Em mesas interativas, os visitantes são convidados a criarem novas figuras, que serão exibidas em um painel digital.

– No Farol do Mundo, o visitante poderá fazer o seu autorretrato com sobreposição de imagens e compartilhar nas redes sociais. Nesta área ainda e finalizando a mostra, um ponto instagramável convida o visitante a exercitar a visão do artista, em lugar colorido e repleto de mobiles que permitirá ao público encontrar o melhor ângulo para criar a sua própria visão surrealista da exposição.

** Todos os visitantes serão orientados pelos monitores a higienizar as mãos antes e depois de cada interação. Será disponibilizado um totem de álcool em gel.

Sobre Joan Miró | Um dos maiores expoentes da arte mundial, Joan Miró nasceu em Barcelona em 1893 e viveu até os 90 anos. A partir do Surrealismo, do Cubismo e do Fauvismo, Miró criou sua própria linguagem artística conhecida pela espontaneidade e pelo experimentalismo. Ansiava por traduzir a leveza e a originalidade que via nas coisas, cores e formas ao seu redor. Com seu olhar de criança e traço firme, o pintor, gravador, escultor e ceramista buscou retratar o mundo com essa visão aberta e quase primitiva, filtrada, porém pela inteligência de um homem maduro do século XX.

Sobre Rafael Alberti Rafael Alberti (1902-1999) | Foi um poeta e dramaturgo espanhol que pertenceu, junto com García Lorca, ao grupo andaluz da geração de 1927. Das terras andaluzas trouxe o elemento popular, buscando neles uma razão para sua arte. Muito jovem mudou-se para Madri para dedicar-se à sua primeira vocação, a pintura. O amor pela poesia veio durante a convalescença de uma doença pulmonar. Foi vencedor em 1925 do prêmio Nacional de Literatura espanhol por seu primeiro livro, Marinero en Tierra. Considerado um dos maiores literatos da chamada “Idade de Prata” da literatura espanhola, recebeu diversas honrarias ao longo de sua vida, entre as quais a alta láurea do Prêmio Cervantes em 1983.

Protocolos de segurança e saúde | Para zelar pela segurança e saúde de seu público e funcionários será obrigatório o uso de máscaras; dispenses de álcool em gel estarão disponíveis.

O Jardim das Maravilhas de Miró

19 de janeiro a 20 de março

Onde: Shopping Rio Design Barra da Tijuca

Funcionamento:

Segunda – Fechado

Terça a sexta – 12h às 21h

Sábado – 10h às 22h

Domingo e Feriado – 11h às 20h

*Será necessária a apresentação da a carteira de vacinação contra a Covid-19 a todos os clientes maiores de 18 anos

Compra de ingresso

SYMPLA

Ingressos:

R$60,00 (inteira)

R$30,00 (meia-entrada)

Crianças de até 1 anos e 11 meses não pagam ingresso.

A partir dos 2 anos, pagam meia entrada e, a partir dos 12 anos, é necessária a apresentação de RG e carteirinha de estudante para o pagamento da meia.

Meia entrada para:

– Estudantes

– Maiores de 60 anos

Classificação: Livre.

(Fonte: Multifato)

Livros: Tom Cardoso resgata a intimidade de Nara Leão, uma mulher que revolucionou a cultura brasileira

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Nara Leão certamente foi uma das artistas mais importantes e influentes da cultura brasileira; não só pela sua obra, mas pelo que representou para a mulher e a sociedade como um todo. Filha caçula de Dr. Jairo e dona Tinoca e irmã da modelo e famosa personagem da cena carioca Danuza, a jovem tímida, quieta e cheia de neuroses ficou marcada na história como uma das mais produtivas intérpretes da MPB dos agitados anos 1960 aos 1980, além de ser responsável por definir os costumes e a expressão política da época. A cantora faria 80 anos na próxima quarta-feira, 19/1, e ganhou série documental no Globoplay, O canto livre de Nara Leão, em homenagem à data. Na biografia Ninguém pode com Nara Leão, Tom Cardoso reconstrói a vida da artista que participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960, que, tratada como ‘café com leite’ pela patota que se reunia no apartamento da família em Copacabana, deixou a bossa nova para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo e foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente contra a ditadura militar.

Na biografia, que traz prefácio de Tárik de Souza, um dos mais respeitados críticos da MPB, Tom apresenta passagens da infância de Nara marcadas pela angústia e reclusão, detalhes da inimizade com Elis Regina, dos famosos encontros no apartamento da Av. Atlântica, onde a bossa nova ganhou corpo, cara e nome, do relacionamento com Ronaldo Bôscoli, da amizade com figuras como Vinicius de Moraes, Roberto Menescal e Ferreira Gullar, por quem nutria admiração mutua e teve um affair. No livro, Tom relata que Nara inclusive chegou a sugerir que ele largasse a mulher e os filhos e viajasse com ela pelo Brasil.

À frente de seu tempo, Nara foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade, e a obra Opinião de Nara, lançada sete meses após o Golpe de 1964, foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Além disso, Nara foi a primeira do segmento a atacar diretamente o regime ao afirmar em entrevista ao Diário de Notícias que “o Exército não servia para nada” e que “podiam entender de canhão e metralhadora, mas não pescavam nada de política”.

O livro também acompanha o relacionamento de Nara com o cineasta Cacá Diegues, na época em que se aproximou do CPC e dos expoentes do Cinema Novo. Ele foi o responsável por apresentar a ela um outro mundo musical, fazendo-a se impressionar com artistas como Carmen Miranda, Ary Barroso e Luiz Gonzaga. Ela e Cacá se casaram em cerimônia íntima e recebendo convidados como Danuza e Samuel Wainer, Chico Buarque e Marieta Severo, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Aloysio de Oliveira e Flávio Rangel. Foi também com o cineasta que Nara se exilou na França e teve dois filhos, Isabel e Francisco.

Nara morreu por conta de um tumor no cérebro na manhã de quarta-feira do dia 7 de junho de 1989, aos 47 anos, e deixou um legado que extrapolou o cenário musical na época em que viveu. “Amo Nara Leão. Nara e Narinha. Essa mulher sabe tudo do Brasil 1964. Essa mulher é a primeira mulher brasileira. Essa mulher não tem tempo a perder. Atenção: ninguém pode com Nara Leão”, escreveu Glauber Rocha em uma carta enviada a Cacá Diegues no período do exílio.

Por que ninguém podia com Nara Leão?

1 – A despeito do ar de desencanto e da quase displicência, Nara participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960 – e saiu de todos eles sem se despedir.

2 – Ela foi a primeira artista de sua geração a ridicularizar a passeata contra a guitarra elétrica, liderada por Elis Regina e Geraldo Vandré e endossada por Gilberto Gil.

3 – Filha de um advogado excêntrico, fez tudo que uma pré-adolescente de classe média alta carioca nos anos 1950 jamais sonhou fazer, como ir ao cinema, ao teatro e ter aulas de violão com um professor negro.

4 – Ela foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade.

5 – Tratada como bibelô pelos machos alfa da bossa nova, deixou o movimento para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo.

6 – No disco de estreia, recusou-se a pegar carona no sucesso da bossa nova e gravou um disco com sambas de Cartola, Zé Kéti e Nelson Cavaquinho.

7 – Apesar da decisão de dar um caráter mais político ao disco de estreia, tendo como fio condutor um gênero que estava associado diretamente às massas, ela se recusou a gravar uma letra machista de Cartola.

8 – Lançado sete meses após o Golpe de 1964, Opinião de Nara foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Sem rodeios, sem metáforas. Um disco-manifesto, inserido no contexto político-social e em sintonia com o que se ouvia nas favelas do Rio, marginalizadas e discriminadas pela política higienista do governador Carlos Lacerda.

9 – O demolidor segundo disco serviu de inspiração para um dos mais revolucionários espetáculos musicais da história do país: o Opinião.

10 – Foi ela, em pesquisa musical pelo Brasil, quem abriu as portas do Sudeste para os talentos do Teatro Vila Velha, Caetano, Gil, Gal e Bethânia – essa última, com 17 anos, foi convocada para substituí-la no show Opinião.

11- Foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente e de forma mais contundente contra a ditadura militar, ao afirmar, em 1966, que o “Exército não servia para nada”.

12- Ao ver nascer a expressão Esquerda Narista, ela, que sempre rejeitou ser porta-voz de qualquer coisa, decidiu gravar, só por provocação, uma singela marchinha de um compositor iniciante que mal abria a boca: Chico Buarque.

13 – Atendendo a um pedido de Nara, Chico compôs Com Açúcar, Com Afeto, a primeira de muitas canções em que a mulher assume a narrativa na primeira pessoa. Preso aos preceitos machistas da época, Chico recusou-se a interpretá-la, passando a tarefa para a cantora Jane Moraes. Nara, sempre na vanguarda, achou a atitude ridícula.

14 – Primeira artista da MPB a gravar no mesmo disco Ernesto Nazareth e Lamartine Babo, Villa-Lobos e Custódio Mesquita, Nara nasceu tropicalista antes do movimento existir – e ser gestado com a sua ajuda.

15 – Presidente do júri da polêmica e histórica edição do FIC 1972, o festival que revelou Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Walter Franco, pediu demissão por não aceitar a ingerência dos militares.

16 – Cansada de tudo e de todos, decidiu dar um tempo, no auge da carreira: “Uma hora eu sou a musa da bossa nova, outra a cantora de protesto e ainda tem essa coisa ridícula do joelho. Então me recuso a virar um sabonete e vou dar uma parada”.

17 – Decidida a estudar Psicologia na PUC, por um bom tempo não foi reconhecida pelos colegas de classe, dez anos mais novos.

18 – De volta aos estúdios, decidiu gravar um disco inteiramente dedicado ao cancioneiro de Roberto e Erasmo, ainda vistos como artistas menores por alguns medalhões da MPB.

19 – No fim da década de 1970, rodou o país numa perua Kombi, fazendo shows nos rincões do Brasil ao lado de uma nova e renovadora turma do choro carioca; entre eles, o violonista Raphael Rabello, de 15 anos.

20 – Diagnosticada com um tumor no cérebro que lhe impôs uma série de complicações, nunca deixou de produzir compulsivamente, gravando praticamente um disco autoral por ano.

Sobre o autor | Tom Cardoso, nascido no Rio de Janeiro, é jornalista com vasta passagem pela imprensa paulistana. Autor, entre outras obras, das biografias do jornalista Tarso de Castro, do jogador Sócrates e do político Sérgio Cabral, foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012 com o livro-reportagem O cofre do Dr. Rui, que narra o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, em 1969, comandado pela VAR-Palmares.

FICHA TÉCNICA

Título: Ninguém pode com Nara Leão – uma biografia

Autor: Tom Cardoso

240 páginas

Livro físico: R$49,90

E-book: R$30,90

Editora Planeta.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | Editora Planeta)

Projeto Pescar inicia 13ª turma em Santa Cruz do Sul

Santa Cruz do Sul, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/website Projeto Pescar.

Realizado desde 2010, o Projeto Pescar já qualificou 170 jovens, propiciando formação gratuita sócio profissionalizante para estudantes do ensino médio, de baixa renda, com o objetivo de ampliar as oportunidades no mundo do trabalho e para o exercício da cidadania. O Projeto Pescar e sua rede colaborativa atuam há 45 anos e estão presentes em cinco países, sendo a Mercur uma das empresas apoiadoras institucionais. No Brasil, cerca de 33 mil jovens já tiveram a oportunidade de participar da qualificação.

Desde 2020, o Projeto passou por adaptações devido a Pandemia da Covid-19 e, para que todos tivessem as condições de participar, passou a ter os encontros de forma remota. Neste ano, com o avanço da vacinação e a reabertura dos espaços de sociabilização e educação, a qualificação retomará os encontros presenciais seguindo todos os protocolos estabelecidos pela legislação vigente. As atividades acontecem no período da tarde e iniciaram no dia 17 de janeiro com previsão de encerramento em 2 de dezembro de 2022.

O curso Serviços de Comércio, disponibilizado na Mercur, tem uma carga horária total de 800h, sendo composto 60% com conteúdo de Desenvolvimento Pessoal e Cidadania e 40% da carga horária se refere ao desenvolvimento de conhecimentos técnicos que podem estar relacionados à área de atuação da organização parceira. Nesse sentido, Adriana Isamar Boer, coordenadora do Projeto Pescar na Mercur, afirma que “os participantes saem qualificados para desempenhar todas as atividades do comércio, desde atendimento a atividades em grupo, vendas, logística e cuidados com meio ambiente, entre outros” e acrescenta: “Acredito que o principal diferencial seja o jovem se reconhecer como sujeito, saber identificar as suas habilidades e competências para poder desenvolver-se melhor. Entender as relações de trabalho, conhecer direitos e deveres e poder fazer as suas escolhas”.

Para saber mais sobre o Projeto Pescar acesse www.projetopescar.org.br.

Serviço:

Projeto Pescar – Mercur e Fundação Projeto Pescar

Período: Início em 17 de janeiro até 2 de dezembro de 2022

Para quem: jovens de baixa renda

Como: Encontros presenciais, no turno da tarde, com uma carga horária de 800h, sendo composto 60% da carga horária com conteúdo de Desenvolvimento Pessoal e Cidadania e 40% da carga horária se referem ao desenvolvimento de conhecimentos técnicos, que podem estar relacionados à área de atuação da organização parceira.

(Fonte: Engaje! Comunicação)