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Diferentes tons de Jobim são explorados em novo espetáculo da STUDIO3 Cia. de Dança com a Orquestra e o Coro Acadêmicos da Osesp

São Paulo, por Kleber Patricio

Orquestra Acadêmica da Osesp. Foto: Laura Manfredini.

Pelo terceiro ano consecutivo, a parceria da Studio3 Cia. de Dança com a Orquestra e o Coro Acadêmicos da Osesp traz música e movimento ao palco da Sala São Paulo. De quinta-feira (7/nov) a sábado (9/nov), o público poderá assistir a Outros Toms, espetáculo inédito que propõe uma imersão na obra do criador da Bossa Nova, explorando os diferentes ‘tons’ de Tom Jobim. As três apresentações serão regidas pelo maestro Wagner Polistchuk. Os ingressos são gratuitos e começam a ser distribuídos em 28/out (segunda-feira), ao meio dia, neste link. A apresentação da sexta-feira (8/out) será transmitida ao vivo no YouTube da Osesp.

Com coreografia de Anselmo Zolla, direção cênica de William Pereira e direção musical de Wagner Polistchuk, Outros Toms revela o lado menos conhecido de Antônio Carlos Jobim: o de habilidoso sinfonista e orquestrador. Estruturado em três partes, o projeto conecta sua rica obra musical a paisagens simbólicas do Brasil e a figuras importantes da cultura nacional.

Coro Acadêmico da Osesp. Foto: Laura Manfredini.

A primeira parte do espetáculo é uma alegoria poética da construção de Brasília, entrelaçando a chegada dos candangos, trabalhadores anônimos que ergueram a capital, com a figura visionária de Oscar Niemeyer e o planejamento urbanístico de Lúcio Costa. Esse trecho não apenas representa o nascimento de uma cidade, mas também os sonhos e a coragem que construíram uma nova identidade nacional, embalados por obras como O Planalto deserto e O trabalho e a construção.

Na segunda parte, um trio em cena recria a síntese de Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, com Jobim como compositor da trilha sonora para o filme. O antagonismo entre a espontaneidade de Gabriela e a rigidez moral da beata é coreografado em um diálogo corporal que revela as tensões entre o desejo e a repressão social. Nesse trio, Jobim transforma o cotidiano e a sensualidade do sertão baiano em uma trilha envolvente, criando uma atmosfera que reflete a intensidade emocional e cultural dos personagens.

Studio3, Orquestra e Coro Acadêmicos no espetáculo Francisco(s), em 2023. Foto: Íris Zanetti.

A terceira parte é um tributo a Tom Jobim através da dança. Se todos fossem iguais a você e Saudades do Brasil, obras emblemáticas do compositor, formam essa homenagem coreográfica traduzindo em movimento a sofisticação rítmica e harmônica que o aproximam de Villa-Lobos e de grandes compositores.

A cenografia dinâmica de Outros Toms, composta por pisos que revelam novos volumes, cores e texturas, permite que o cenário dialogue com cada uma das três partes. Assim, o espetáculo revisita a versatilidade da obra de Jobim por meio de uma experiência sensorial completa, onde corpo, som e imagem se entrelaçam em uma celebração artística multifacetada.

“Há mais de 20 anos, na Sala São Paulo, foi apresentado um espetáculo especialíssimo com obras-primas do criador da Bossa Nova no celebrado álbum Symphonic Jobim [Jobim Sinfônico]. Agora, temos a alegria de revistar algumas dessas músicas tão amadas por brasileiros de todas as gerações em um novo espetáculo envolvendo os jovens talentosos da Academia de Música da Osesp e a Studio3 Cia. Dança, parceira da nossa instituição desde 2022. No ano passado, focalizamos a música de Chico Buarque; nesse ano, Tom Jobim. Essa parceria vai se constituindo numa marca de valorização da cultura brasileira por meio da junção da música popular e da dança”, afirma Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Osesp.

Studio3 Cia. de Dança. Foto: Divulgação.

Studio3 Cia. de Dança | A Studio3 Cia. de Dança é uma companhia brasileira de dança que tem representado o País no mundo todo em eventos significativos no cenário da dança em cidades como Milão, na Itália, Paris, Lyon e Biarritz, na França, Regensburg, na Alemanha, Lisboa e Porto, em Portugal, e também nos palcos do Brasil. A criação da Studio3 Cia. de Dança representa a consolidação de um trabalho artístico cuidadosamente preparado pelo seu coreógrafo e diretor artístico Anselmo Zolla, sob a direção geral de Evelyn Baruque. Criada em 2005, a companhia hoje conta com 16 intérpretes em seu elenco, provenientes de diversas formações e origens profissionais.

Orquestra Acadêmica da Osesp | A dificuldade em encontrar novos músicos para orquestras brasileiras fez com que fosse criada, em 2006, a Classe de Instrumentos da Academia de Música da Osesp — inteiramente gratuita e com bolsas de estudo. Na Academia, os jovens participam do cotidiano do grupo profissional e recebem educação teórica, artística e instrumental. Hoje, vários dos alunos que lá passaram ocupam cadeiras nas principais orquestras do país, quatro deles na própria Osesp. Em 2021, as classes de Instrumento e Canto foram reconhecidas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo como Curso Técnico. A Orquestra Acadêmica é formada pelos atuais estudantes, alguns de seus professores e também por ex-alunos.

Coro Acadêmico da Osesp | Criado em 2013 com o objetivo de formar profissionalmente jovens cantores, o Coro Acadêmico é composto pelos alunos da Classe de Canto da Academia de Música da Osesp sob direção de Marcos Thadeu. Oferece experiência de prática coral, conhecimento de repertório sinfônico para coro e orientação em técnica vocal, prosódia e dicção, além da vivência no cotidiano de um coro profissional, fazendo apresentações junto ao Coro da Osesp.

Wagner Polistchuk
Wagner Polistchuk é trombone solista da Osesp, desde 1986, e também professor de regência de sua Academia de Música. Foi regente principal da Orquestra Sinfônica da USP entre 2012 e 2014, diretor artístico da Camerata Antiqua de Curitiba de 2009 a 2011, regente adjunto da Sinfônica de Santo André e também diretor artístico e regente titular da Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina. Tem se apresentado à frente de importantes orquestras brasileiras e também no exterior, como as Sinfônicas de Mendoza e Nacional de Lima, a Hermitage Orchester, a Sinfónica de la UANL e a Filarmônica de Kielce. Especializou-se como solista de trombone com Branimir Slokar, na Alemanha. Dentre as distinções recebidas ao longo de sua carreira estão o V Concurso Latino-Americano de Regência Orquestral [1998], o Concurso Internacional de Regência Prix Credit Suisse, em Grenchen, na Suíça [2002] e o Concurso para Jovens Regentes Eleazar de Carvalho [2002].

PROGRAMA

OUTROS TOMs

STUDIO3 CIA. DE DANÇA
ORQUESTRA ACADÊMICA DA OSESP
CORO ACADÊMICO DA OSESP
WAGNER POLISTCHUK
regente

Obras de Tom Jobim com arranjos originais de Claus Ogerman, Nelson Riddle, Eumir Deodato e do próprio Jobim.

Abertura

PARTE 1
O planalto deserto
O homem
A chegada dos candangos
O trabalho e a construção
Gabriela

PARTE 2
Canta, canta mais
Meu amigo Radamés

TRANSIÇÃO
Prelúdio

PARTE 3
Se todos fossem iguais a você
Saudades do Brasil
Sabiá

FICHA TÉCNICA

OUTROS TOMs com a Studio3 Cia. de Dança e a Orquestra e o Coro Acadêmicos da Osesp
Concepção: Anselmo Zolla e William Pereira
Direção coreográfica: Anselmo Zolla
Direção teatral: William Pereira
Direção musical: Wagner Polistchuk
Figurinos: Fabio Namatame
Cenografia: Renata Pati e Juliana Antunes
Coreografias: Anselmo Zolla e elenco de intérpretes criadores
Desenho de luz: Caetano Vilela
Ensaiadora: Liris do Lago
Bailarinos: Alexandre Nascimento, André Grippi, André Neri, Dilênia Reis, Fernando Rocha, Irupé Sarmiento, Jefferson Damasceno, Joaquim Tomé, Kauê Ribeiro, Kênia Genaro, Malki Pinsang, Mara Mesquita, Naia Rosa e Vera Lafer.
Orquestra Acadêmica da Osesp
Coro Acadêmico da Osesp
, sob direção de Marcos Thadeu.

Serviço:

7 de novembro, quinta-feira, 20h30
8 de novembro, sexta-feira, 20h30 — Concerto Digital
9 de novembro, sábado, 15h00
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Gratuito

Bilheteria (INTI): neste link | (11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h
Estacionamento: R$35,00 (noturno e sábado à tarde) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência, 33 para idosos

A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura

Acompanhe a Osesp: Site | Instagram | YouTube | Facebook | TikTok | LinkedIn.

(Fonte: Com Pedro Fuini/Fundação Osesp)

Coletivo Pedra Rubra apresenta ‘Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas’ no Centro Cultural da Diversidade

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Gunmar Vargas.

Nos dias 23, 25, 26 e 27 de outubro de 2024, quarta-feira, sexta-feira e sábado, às 20h30, domingo às 19h, com entrada gratuita, o Coletivo Pedra Rubra (@coletivopedrarubra) realiza apresentações da temporada de reestreia do espetáculo teatral Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas no Centro Cultural da Diversidade, na Zona Oeste de São Paulo (SP). A apresentação do dia 25 de outubro conta ainda com Tradução em Libras.

O espetáculo narra as histórias de vida de três mulheres que vivem em décadas distintas, demarcando as nuances do tempo e da época em que cada uma delas está inserida. Até que um dia, ao quebrar as barreiras do tempo cronológico, elas se cruzam e acabam percebendo que, independentemente do tempo em que se vive, todas as mulheres ainda caminham sob ‘olhos sociais’ que ditam seus corpos, suas escolhas e suas atitudes. E seguem engolindo, em doses homeopáticas, toda a dor que carrega uma mulher.

Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas retrata as opressões, abusos e violências que as mulheres sofrem no seu dia-a-dia através da linha do tempo traçada entre os anos de 1949, 1989 e 2024. As dores e sofrimentos dessas mulheres são representadas também por pequenas doses que, poeticamente, gotejam no palco ao longo de todo o espetáculo, até o momento que essas doses aumentam gradativamente. Dentre tantos sofrimentos e dores, as personagens cometem ações extremas consideradas imorais e/ou ilegais. Em razão disso, durante todo o espetáculo, essas mulheres são julgadas, seja pelo seu comportamento ou por suas atitudes, e o público oscila no exercício dos papéis de júri e espectador.

As ações fazem parte do projeto Mulheres do Corre – Das Lutas Inglórias Nasce o Sol de Todo Dia do Coletivo Pedra Rubra, contemplado na 42ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura, com o qual o grupo celebra dez anos.

O objetivo do projeto é pesquisar e criar sobre essas ‘mulheres do corre’* partindo da pergunta “O que é ser uma mulher periferia na sociedade atual?”, sendo este também o ponto de partida para o processo de criação e pesquisa do experimento cênico.

“Compreendemos que as ‘mulheres do corre’ são aquelas que vivem na margem, longe das regiões centrais e que trabalham, pagam conta, cuidam de filhos, da casa. Mulheres que têm seus próprios corpos e histórias como exemplos de resistência; a sua vida é uma luta diária, uma busca constante de se manter viva mesmo com tantos desafios e discriminações”, comenta o coletivo. Buscando evidenciar os caminhos que essas mulheres percorrem, aquilo que atravessa seus corpos, suas vozes e pensamentos, o grupo optou por se afastar de referências eurocêntricas e de mulheres burguesas, para aprofundar o olhar para a verdadeira realidade das mulheres da periferia.

Informações: www.instagram.com/coletivopedrarubra/ e www.facebook.com/coletivopedrarubra

Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=peRDPEptEuc

Ficha Técnica – Criação, encenação, direção e dramaturgia: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Elenco: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Voz em off: Bruno Trindade. Criação de Trilha Sonora: Yuri Christoforo. Arranjo Tranças Trançados: Welligton Benardo e Jéssica Evangelista. Figurinista: Laura Alves. Designer de Luz: Rodrigo Pivetti. Cenário: Juliana Aguiar. Produção: Coletivo Pedra Rubra. Produtoras: Beliza Trindade e Priscila Lopes. Assistente de produção: Juliana Aguiar. Assessoria de imprensa: Luciana Gandelini. Fotos: Gunnar Vargas. Identidade visual: Bartira Trindade.

Serviço:

Reestreia do espetáculo Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas, com Coletivo Pedra Rubra 

Quando: 23, 25, 26 e 27 de outubro de 2024 | quarta-feira, sexta-feira e sábado às 20h30, domingo às 19h

Onde: Centro Cultural da Diversidade – Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi – Zona Oeste – São Paulo (SP)

Sinopse: O espetáculo conta a história de três mulheres que vivem em décadas distintas – 1949, 1989 e 2024. Diante de um tribunal, as personagens vão vivendo suas histórias ao mesmo tempo que respondem a um julgamento, traçando questionamentos e reflexões acerca da posição da mulher na sociedade.

Duração: 50 minutos

Grátis

Classificação: acima de 14 anos

Capacidade: 186 lugares

Acessibilidade: não

Tradução em Libras na apresentação do dia 25 de outubro

Não possui estacionamento.

(Fonte: Com Luciana Gandelini Assessoria de Imprensa)

Galerias Marilia Razuk e Almeida & Dale apresentam esculturas de Amilcar de Castro no Programa Público de Art Basel Paris 2024

Paris, por Kleber Patricio

Obras de Almicar de Castro nos jardins do Domaine National du Palais-Royal, em Paris. Foto: Divulgação.

As galerias Marilia Razuk e Almeida & Dale se unem para apresentar esculturas do artista mineiro Amilcar de Castro (1920–2002) nos jardins do Domaine National du Palais-Royal, em Paris, como parte do Programa Público de Art Basel Paris 2024. As esculturas, da série ‘Corte e dobra’ (1980-1990), estarão expostas de 15 a 26 de outubro de 2024. A feira, em si, acontece entre 18 e 20 de outubro de 2024, no Grand Palais.

A estética de Amilcar de Castro revela uma busca constante pela essência das formas e pela interação orgânica entre o material e o espaço. Seu processo criativo parte do princípio da economia de meios, privilegiando a simplicidade estrutural e a clareza na composição. As esculturas de Castro exploram a tensão entre o peso e a leveza, o cheio e o vazio, o permanente e o efêmero. A ausência de soldas em suas obras enfatiza a integridade do material e a habilidade do artista de extrair a dinâmica espacial a partir de uma única peça de metal.

Amilcar de Castro trabalhou com a resistência e a maleabilidade do ferro, criando obras que, apesar da aparente simplicidade, revelam uma complexa interação com a luz, a sombra e o ambiente. Sua paleta material se estende para incluir o aço inoxidável e o cobre, explorando suas propriedades reflexivas e texturais. Os cortes e dobras em suas esculturas não são apenas métodos de construção, mas também gestos artísticos que conferem ritmo e movimento às peças estáticas.

Feiras

Em 2024, a Galeria Marilia Razuk já participou das feiras ArtRio – Setor Solo; Rotas Brasileiras, no Espaço ARCA, e da SP-Arte, no Pavilhão Bienal, ambas em São Paulo. A última do ano será em Art Basel Miami (4-8 de dezembro) – Setor Nova.

Em 2023, a Galeria Marilia Razuk participou de seis feiras, sendo três no exterior, dando sequência ao projeto de internacionalização dos seus artistas. Foram elas, Art Basel Miami Beach, no setor Survey, com obras do artista brasileiro José Leonilson (1957–1993); Artissima, em Torino, foi apresentado o solo project Liuba (1923–2005) no setor BackTo The Future, curado pelo italiano Francesco Manacorda e alemã Defne Ayas; ArtRio foi apresentada uma seleção de obras que mostra a diversidade poética dos artistas representados pela galeria; The Armory Show foi apresentado com obras de Zé Carlos Garcia em parceria com o Instituto de Visión, que apresentou obras de Abel Rodriguez, e, na ArPa, foi revelado projeto solo do artista José Bechara e também na SPArte.

Sobre a Galeria

A Galeria Marilia Razuk, inaugurada em 1992, tem o objetivo principal de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea de artistas consagrados e emergentes. Dirigida por Marilia Razuk, a galeria busca uma diversidade criativa de qualidade apresentando um programa de aproximadamente dez exposições anuais, coletivas e individuais, de artistas brasileiros e internacionais, assim como mostras idealizadas por curadores convidados.

Com a participação frequente em feiras nacionais e internacionais como SP-Arte, Artissima, Art Basel, Art Basel Miami Beach, Frieze NY, Frieze London, ARCO e Zona Maco, a galeria promove um intercâmbio cultural que permite que seus artistas estejam continuamente divulgando o seu trabalho e, também, presentes em importantes coleções e mostras no Brasil e no exterior.

Serviço:

Galeria Marilia Razuk e Galeria Almeida & Dale

Esculturas de Amilcar de Castro (1920–2002)

Art Basel Paris (15 a 26 de outubro de 2024) – Programa Público

https://www.artbasel.com/

https://www.galeriamariliarazuk.com.br

www.instagram.com/galeriamariliarazuk/.

(Fonte: Com Erico Marmiroli/Marmiroli Comunicação)

Café da Chapada Diamantina (BA) é a mais nova Indicação Geográfica brasileira

Chapada Diamantina, por Kleber Patricio

Foto: JSB Co./Unsplash+.

O primeiro reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) por Denominação de Origem do estado da Bahia foi anunciado na terça-feira (15). O selo foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) ao café produzido na região da Chapada Diamantina, que é composta por 24 municípios. De acordo com a instituição, fatores humanos e ambientais do local fazem a bebida ter um sabor e propriedades únicas – encorpada, adocicada, com acidez cítrica, notas de nozes e chocolate, além de final prolongado. A partir de agora, os produtores locais se juntam a outras 15 IGs do produto no país.

Atualmente, a Bahia possui cinco Indicações Geográficas, todas elas de Procedência (IP): Sul da Bahia (amêndoas de cacau), Região Oeste da Bahia (café), Microrregião Abaíra (cachaça), Vale Submédio São Francisco (uvas e mangas) e Vale do São Francisco (vinhos e espumantes). Com registro do café da Chapada Diamantina, já são 130 IGs reconhecidas no Brasil, sendo 91 de Indicação de Procedência e 39 por Denominação de Origem (29 nacionais e 10 estrangeiras).

“Assim como as IG já vêm fortalecendo a reputação e a abertura de novos mercados, essa Denominação de Origem será um marco para a região da Chapada Diamantina. Os produtores serão protagonistas de uma nova etapa de desenvolvimento local, com base nos diferenciais da bebida”, destaca a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht. “Eles beberão da mesma fonte que já temos trilhado com outras 14 regiões que já estão consolidadas, inclusive algumas acessando o mercado internacional”, completou.

As Indicações Geográficas citadas pela Hulda se reuniram por meio do Instituto das Regiões Produtoras de Café do Brasil com Indicação Geográfica (IGs). A iniciativa é resultado do encontro dessas associações no projeto Digitalização das IGs de Café, plataforma que está sendo desenvolvida com o apoio do Sebrae, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Instituto CNA.

Especificações

Tadeane Pires Matos, presidente da Aliança de Cafeicultores da Chapada Diamantina. Foto: divulgação.

O estudo Café da Chapada Diamantina, Bahia: qualidade da bebida e relações com o meio ambiente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) foi a base para o reconhecimento da Indicação Geográfica. O texto aponta que o manejo pós-colheita e o saber-fazer local são as variáveis humanas relacionadas com a qualidade do café. Isto porque quase toda a colheita é realizada de forma manual. Além disso, a altitude, a temperatura e a orientação da encosta em que o cafezal se desenvolve são variáveis ambientais que imprimem um sabor diferenciado ao produto.

Por sua vez, em estudo conduzido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a análise química demonstrou maiores teores de ácidos orgânicos e clorogênicos e, principalmente, de lipídeos, nos cafés da Chapada Diamantina, demonstrando um perfil químico característico, que os distingue de amostras provenientes de outras regiões da Bahia e do Brasil.

Território privilegiado

Tadeane Pires Matos é agrônoma e trabalha na Fazenda que leva o nome de sua família, em Mucugê (BA). Ela também desempenha a função de presidente da Aliança de Cafeicultores da Chapada Diamantina. A produtora ressalta o potencial que a certificação pode proporcionar para a região. “Esse selo garante para o nosso café produzido aqui, nesse pedacinho do paraíso que é a Chapada Diamantina, um grande reconhecimento. Além de ser um lugar exuberante de natureza, a Chapada é exuberante também em produção agrícola e nós, pequenos agricultores, podemos dizer que produzimos um dos melhores cafés do mundo”, destacou.

Ela conta que o Sebrae vem atuando junto à associação há seis anos até que a Indicação Geográfica fosse concretizada. “Foi um trabalho de incentivo, de fomento junto com as prefeituras dos municípios produtores de café. Creio que se inicia agora um tempo de muitas coisas positivas, de muito progresso, de muita valorização do nosso produto”, comentou.

Plataforma Digitalização das IGs

Em breve, a ferramenta vai reunir as informações sobre os sabores e as características singulares dos cafés especiais com origem controlada: procedência, aroma, cultura, terroir, qualidade, região de produção, se o produtor tem preocupações sociais e ambientais, além de possibilitar a rastreabilidade dos produtos. A empresa Agtrace foi a empresa selecionada para desenvolver o sistema da plataforma de rastreabilidade das IGs de café.

Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora.

O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

(Fonte: Com Marcia Lopes/Máquina Cohn & Wolfe)

Exposição ‘Brasis – Arte e Pensamento Negro’ lança luz sobre atividades dos agentes de limpeza que atuam no Centro Cultural Sesc Quintandinha

Petrópolis, por Kleber Patricio

Obra processual site specific da artista Charlene Bicalho lança luz as atividades dos agentes de limpeza que atuam no Centro Cultural Sesc Quintandinha, em Petrópolis (RJ), durante a exposição Brasis – Arte e Pensamento Negro. Fotos: Divulgação.

Uma equipe é a responsável pela limpeza de um icônico ponto turístico da cidade serrana de Petrópolis (RJ). Com fachada em estilo normando-francês, e o interior decorado com base em cenários da Hollywood antiga, o recém-inaugurado Centro Cultural Sesc Quitandinha ocupa as instalações de um edifício construído na década de 1940 para ser um hotel-cassino.

Cada detalhe do ‘palácio’ projetado por Luis Fossati e Alfredo Baeta Neves, foi pensado para impressionar os visitantes – entre eles Walt Disney e Carmen Miranda – e expressar luxo e suntuosidade. Somente a cúpula do Salão Azul, que possui 30 m de altura e 50 m de diâmetro, é a segunda maior do mundo, atrás apenas da cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Muitos lustres e um piso extremamente brilhante, em formato de losangos nas cores preto e branco, foram escolhidos pela famosa cenógrafa Dorothy Draper, que elegeu elementos exuberantes na decoração, como espelhos e muitas referências ao mar, animais e florestas brasileiras. “Cada detalhe deste, hoje, espaço cultural é cuidado e higienizado por funcionários terceirizados que atuam diariamente para garantir o bem-estar de quem trabalha e/ou visita o ponto turístico”, explica a artista mineira Charlene Bicalho, participante da exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, que ocupa, até o dia 27 de outubro, o Sesc Quitandinha. A exposição é a mais abrangente mostra dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país e dá visibilidade (por intermédio da obra processual de Bicalho) à equipe, que ao realizar a limpeza do local, torna possível o funcionamento pleno da instituição.

“Em uma cidade que costuma ser lembrada por seu passado imperial e imigração europeia, poder ‘reposicionar’, mesmo que temporariamente, o papel de atuação destas pessoas dentro de um espaço turístico e cultural é de grande importância”, comenta a artista, que entrevistou todos os funcionários da limpeza para entender o tipo de relacionamento que estes mantêm com a programação cultural que eles apoiam e com a instituição em que atuam. “Os agentes de limpeza em instituições culturais estão por toda parte, principalmente os terceirizados. São eles os primeiros a chegar e os últimos a irem embora. São eles que possuem as chaves e têm todos os acessos de um equipamento como este, mas raras vezes são convidados para uma abertura de exposição, por exemplo, ou para um jantar que celebre o trabalho que realizam. Quando estão em uma situação de abertura ou comemoração, estão sempre trabalhando”, explica.

“É um sonho que a gente tem aqui dentro, todas as pessoas têm, de querer aparecer, de querer ter um lugarzinho a mais, uma visibilidade a mais”, comenta Guilherme Motta, de 18 anos, entrevistado por Charlene. “Minha prática site specific oscila entre a busca do material e o imaterial; o primeiro, geralmente encontro na estrutura de poder alicerçada na arquitetura e, o segundo, na água do hálito das ditas minorias brasileiras, nos saberes e movimentos subalternizados”, comenta Charlene, uniformizada com a mesma cor das vestimentas dos funcionários responsáveis pela limpeza no Centro Cultural Sesc Quitandinha enquanto realiza os diálogos.

“Eu penso hoje que esse trabalho tensiona um ponto fundamental numa cena institucional brasileira, nas discussões raciais. Sabemos que nós, pessoas negras, sempre ocupamos lugares, digamos, subalternizados numa instituição e exercendo profissões dignas, que por anos a fio nós exercemos, nossas famílias exerceram, nossos ancestrais também exerceram. O Brasil, ele é, obviamente, desigual em relação a esse assunto, que é o trabalho”, explica um dos curadores da mostra, Marcelo Campos.

“É importante ressaltar que estas pessoas estão aqui, ocupam este espaço e sem o trabalho que realizam, seria impossível manter este piso tão reluzente e o brilho da estrela do salão principal deste palácio não existiria”, completa Charlene, ressaltando que os funcionários terceirizados que cuidam de manutenção, como os da limpeza, não são um grupo minoritário no Brasil; ao contrário, são a maioria da população. “Aqui em Petrópolis temos homens e mulheres afrodescendentes. Profissionais, alguns jovens e outros mais velhos, que fazem parte deste cenário do mundo das artes em nosso país”, finaliza a artista, que também pode ser vista no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) até junho realizando uma vídeo-performance na exposição Amefricana, da premiada Rosana Paulino.

Durante a exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, o trabalho comissionado de Charlene Bicalho ocupa todo o Sesc Quitandinha, como uma grande constelação.  São intervenções artísticas que vão desde 80 cavaletes de sinalização de ‘limpeza em andamento’ (com frases de autoria dos trabalhadores que os manejam impressas em sua estrutura), um tríptico de fotografias, vídeos que serão exibidos nos televisores responsáveis pela divulgação da programação e em instalações espalhadas por toda parte.

Segundo dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) a terceirização é motivo para aumento da precarização das condições de trabalho, ocasionando acidentes, desenvolvimento de doenças laborais, redução de salários e enfraquecimento sindical. Ainda segundo o relatório, em pesquisa do ano de 2013, setores tipicamente terceirizados remuneram com salários em média 24,7% menores que setores tipicamente contratantes e ainda apresentam uma carga horária média de trabalho 7,5% maior, com taxa de rotatividade igual ao dobro. O setor de limpeza e conservação é um dos mais vulneráveis à terceirização.

Serviço:

Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro

Centro Cultural Sesc Quitandinha

Até 27 de outubro

Endereço: Av. Joaquim Rolla, nº 2, Petrópolis – RJ
Horário de funcionamento: terça a domingo e feriados, das 10h às 17h

Para saber mais sobre Charlene Bicalho: https://www.premiopipa.com/charlene-bicalho/

Sobre a exposição | A centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares. Essa é uma das principais premissas que norteiam o processo curatorial da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país. A exposição apresentará ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas pretos de todo o Brasil, trazendo ao público uma produção artística diversa e potente, porém, historicamente invisibilizada.

Sobre os curadores:

Igor Simões

É doutor em Artes Visuais-História, Teoria e Crítica da Arte-PPGAV-UFRGS e Professor Adjunto de História, Teoria e Crítica da arte e Metodologia e Prática do ensino da arte (UERGS). Foi Curador adjunto da Bienal 12 (Bienal do Mercosul – Curadoria do educativo). É membro do comitê de curadoria da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap), do Núcleo Educativo UERGS-MARGS e do comitê de acervo do Museu de Arte do RS-MARGS. Trabalha com as articulações entre exposição, montagem fílmica, histórias da arte e racialização na arte brasileira e visibilidade de sujeitos negros nas artes visuais. É autor da Tese Montagem Fílmica e exposição: Vozes Negras no Cubo Branco da Arte Brasileira e Membro do Flume – Grupo de Pesquisa em Educação e Artes Visuais. Tem mantido atividades na área de formação e debate sobre arte brasileira e racialização em instituições como MASP, Instituto Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles e MAC/USP. Atualmente é curador do projeto Dos Brasis- Arte e Pensamento Negro do Sesc.

Lorraine Mendes

Lorraine Mendes é graduada em Artes e Design pela UFJF, mestra em História pela mesma instituição e atualmente é doutoranda em História e Crítica da Arte no PPGAV-UFRJ, onde desenvolve sua pesquisa sobre as representações do negro e da negritude na história da arte branco-brasileira e os projetos de Nação, realizando uma revisão do arquivo de imagens que formam a ideia de Brasil a partir da agência poética negra contemporânea. Inicia-se na docência no ano de 2017, tendo sido professora substituta do Departamento de Teoria e História da Arte da EBA-UFRJ entre 2019 e 2021. Tem realizado curadorias em feiras, galerias e instituições de arte nacionais e internacionais como desdobramentos de sua pesquisa.

Marcelo Campos

Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Professor Associado do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Curador Chefe do Museu de Arte do Rio. Foi diretor da Casa França-Brasil, entre 2016 e 2017. Foi professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Membro dos conselhos dos Museus Paço Imperial (RJ) e Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e internacionais. Em 2016, lança Escultura Contemporânea no Brasil: reflexões em dez percursos. Salvador: Editora Caramurê, incluindo parte significativa da produção moderna e contemporânea brasileira, em um levantamento de mais de 90 artistas. Realiza curadoria de exposições, desde 2004, em diversas instituições no Brasil, com mais de cem curadorias até o momento, dentre as quais, destacam-se Sertão Contemporâneo, na Caixa Cultural, em 2008, Rio de Janeiro e Salvador; Efrain Almeida: Uma pausa em pleno vôo, no MAM/BA, em 2016 e Bispo do Rosário, um canto, dois sertões, no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, em 2015. Além da produção citada, as matrizes africanas e afro-brasileiras são pesquisadas em exposições, como, Orixás, Casa França Brasil, 2016; O Rio do Samba: resistência e reinvenção, Museu de Arte do Rio (MAR), 2018, Casa Carioca, MAR, 2020, Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio (MAR), 2021 e Um defeito de Cor, MAR, 2022. Além das citadas, curou as exposições individuais de Aline Motta, Mulambö, Bqueer, Ayrson Heráclito no Museu de Arte do Rio (MAR). Em 2018, uma grande exposição atualizou o mapeamento da região Nordeste, incluindo pesquisa e trabalho de campo em todos os estados da região, junto com os curadores Clarissa Diniz e Bitú Cassundé, resultando numa mostra de grande porte no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. Atualmente, coordena pesquisas sobre artistas afrodescendentes no Projeto de extensão, Arte e Afrobrasilidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

(Fonte: Com Larissa Gallep)