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Ressignificação de objetos do cotidiano é tema de exposição na Galeria Virtual SESC/RS

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Galeria virtual – obra geral. Crédito da foto: Marisa Seidel.

A Galeria Virtual SESC/RS convida o público para uma reflexão sobre uma suposta vida útil de objetos e de sujeitos, além de críticas ao capitalismo, à sociedade do consumo desenfreado, à produção incessante de lixo e a despreocupação com estes descartes. A exposição Desk’Artes, disponível no site www.sesc-rs.com.br/galeriavirtual, traz seis obras de Marisa Seidel, de Santa Rosa. Envolvendo objetos como esmaltes, esponjas orgânicas e industriais, cabelos, lâmpadas e cacos de vidros diversos, as instalações propõem a ressignificação de objetos do cotidiano que, quando retirados de seu caráter utilitários, inserem-se em outro espaço: o da arte.

Transpostas para o formato virtual, as obras da artista Marisa Seidel passaram pelas lentes sensíveis de Anderson Farias, que fez a captação das imagens. Todas as instalações estão disponíveis nas versões com e sem trilha sonora e o espaço Material Complementar ou de Apoio traz a descrição de cada obra pelo olhar da artista, exercício de mediação e podcast. Professora de arte formada pela Fundação Educacional Machado de Assis (Fema), Marisa também possui especialização em Arte e Educação pela Uniasselvi e em Arteterapia pela Faveni (ES).

A Galeria Virtual SESC/RS, que tem como objetivo potencializar a relação das artes visuais com diferentes públicos e valorizar os artistas gaúchos, apresenta uma exposição diferente por mês até dezembro. Com abordagens e técnicas diversificadas, cada artista mostra parte de seu acervo compondo uma exposição com audiodescrição e encontros virtuais durante o ano. Como uma galeria física, o espaço virtual contém diversas salas com exposições que ficarão abertas para visitação até o final do ano disponíveis para acesso a qualquer momento.

Mesmo em meio à pandemia, o Sistema Fecomércio-RS/SESC/Senac segue próximo da comunidade gaúcha. Seguindo as recomendações das autoridades e mantendo os cuidados com a saúde de todos, os serviços continuam sendo entregues e fizeram diferença na vida de milhares de pessoas em 2020, que passaram a ter à disposição alternativas virtuais de produtos e serviços. O portal www.pertodevc.com.br segue com programação on-line e gratuita em variadas áreas, como empreendedorismo, educação, esporte, saúde, cultura, lazer e ação social.

Mostra inédita no MAM São Paulo apresenta visões da arte indígena contemporânea

São Paulo, por Kleber Patricio

“Sem título”, da série “Anna Senkamanto, anna komanto – “nosso trabalho, nossa vida”, 2020, Elisclésio Makuxi.

A partir de 4 de setembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo exibe a mostra Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea, coletiva que tem curadoria de Jaider Esbell – artista macuxi convidado da 34ª Bienal. Correalizada entre MAM e Fundação Bienal de São Paulo, a exposição integra a rede de parcerias da 34ª Bienal e conta com assistência curatorial da antropóloga e programadora cultural Paula Berbert, consultoria do professor do departamento de antropologia da FFLCH/USP Pedro Cesarino e realização pelo Edital ProAC Expresso 09/2020.

Moquém designa a tecnologia milenar utilizada pelos povos indígenas para conservar os alimentos após a caça coletiva e facilitar seu transporte até as aldeias. O título da mostra – Moquém_Surarî – também refere-se à narrativa makuxi sobre a transformação do Moquém em uma mulher que, nos tempos antigos, subiu aos céus à procura de seu dono que a havia abandonado. Uma vez no céu, Surarî se transforma na constelação responsável por trazer a chuva, marcando o fim do mundo e o começo de um novo. A tecnologia de moquear é usada então para refletir sobre a troca e transformação de saberes que atravessam diferentes tempos e espaços-trânsitos que constituem os movimentos da arte indígena contemporânea.

Um dos principais objetivos da curadoria é mostrar ao público que existem outras histórias da arte e não tentar encaixar a arte indígena em uma narrativa canônica. “Queremos reproduzir um estilhaçamento da história da arte e mostrar como esse tipo de relação temporal é cronicamente negado no Brasil, intelectuais indígenas foram rechaçados, seja na arte ou pensamento no Brasil”, afirma Jaider Esbell.

“Maldita e desejada”, 2012, Jaider Esbell – 
Acrílica sobre lona, 400 x 400 cm – Acervo Galeria Jaider Esbell de Arte Indígena Contemporânea.

Moquém_Surarî apresenta trabalhos de 34 artistas indígenas dos povos Baniwa, Guarani Mbya, Huni Kuin, Krenak, Karipuna, Lakota, Makuxi, Marubo, Pataxó, Patamona, Taurepang, Tapirapé, Tikmũ’ũn_Maxakali, Tukano, Wapichana, Xakriabá, Xirixana e Yanomami. Segundo Esbell, são obras que corporificam transformações, traduções visuais das cosmovisões e narrativas do corpo de artistas, presentificando a profundidade temporal que fundamenta suas práticas. “As obras atestam que o tempo da arte indígena contemporânea não é refém do passado. A ancestralidade é mobilizada no agora, reconfigurando posições enunciativas e relações de poder para produzir outras formas de encontro entre mundos não fundamentados nos extrativismos coloniais”, reflete Cesarino.

O público vai se deparar com obras em suportes diversos. Há desde desenhos criados por artistas como Ailton Krenak – emblemático líder indígena, escritor e filósofo –, Joseca Yanomami, Rivaldo Tapirapé e Yaka Huni Kuin; tecelagens de Bernaldina José Pedro; esculturas de Dalzira Xakriabá e Nei Xakriabá; fotografias de Sueli Maxakali e Arissana Pataxó; vídeo de Denilson Baniwa; gravura de Gustavo Caboco; pinturas de Carmésia Emiliano, Diogo Lima e Jaider Esbell, dentre outros.

Trata-se de um corpo artístico diverso, que une artistas de Roraima que refletem sobre os efeitos políticos e territoriais das invasões pecuárias da região, passando por outros artistas indígenas contemporâneos conhecidos no circuito das artes visuais ocidentais, até artistas que não têm relação com o mercado de arte contemporânea, mestres das práticas xamânicas, como pajés. “São obras que mostram o que são os regimes visuais indígenas, de existências milenares e dos quais a arte indígena contemporânea é tributária”, explica Berbert.

Elisclésio Makuxi – “Sem título”, da série “Anna Senkamanto, anna komanto – nosso trabalho, nossa vida”, 2020 – posca sobre papel, 29,7 X 42 cm.

Segundo Cauê Alves, curador-chefe do MAM, “a presença dessa exposição na programação do Museu de Arte Moderna de São Paulo indica uma postura institucional que desconstrói pressupostos coloniais. Moquém_Surarî inaugura um diálogo direto com artistas indígenas que permitirá que o MAM repense e amplie sua política de aquisição de acervo, incluindo grupos étnicos sub-representados ou negligenciados ao longo da história”. E completa: “as narrativas dos descendentes de Makunaimî contadas por eles mesmos certamente abrem outras perspectivas para além daquelas imaginadas pelos artistas e intelectuais modernistas centrais para fundação do MAM”.

“A mostra Moquém_Surarî não apenas amplia a visibilidade da arte indígena contemporânea, como também sinaliza o interesse do MAM em valorizar a cultura de povos ancestrais que nos últimos 500 anos tem tido sua existência ameaçada”, comenta Elizabeth Machado, presidente do museu.

Sobre o curador | Nascido na região hoje demarcada como a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Jaider Esbell está entre as figuras centrais do movimento de consolidação da arte indígena contemporânea no Brasil e atua de forma múltipla e interdisciplinar, desempenhando funções de artista, curador, escritor, educador, ativista, promotor e catalisador cultural.

Programação | Além da exposição na sede do MAM, a mostra contará com uma série de depoimentos inéditos em vídeo de sete artistas de Roraima, que serão divulgados ao longo do período expositivo nos canais digitais do museu, como também ampla programação educativa, que contará com oficinas e lives com os artistas sobre assuntos como arte e xamanismo, povos indígenas e a história da arte no Brasil e a força das mulheres indígenas nas artes.

Catálogo | Próximo do encerramento da exposição, será lançado um catálogo que reúne textos críticos e ensaios de artistas.

Lista completa de artistas

Ailton Krenak | Amazoner Arawak | Antonio Brasil Marubo | Arissana Pataxó | Armando Mariano Marubo | Bartô | Bernaldina José Pedro | Bu’ú Kennedy | Carlos Papá | Carmézia Emiliano | Charles Gabriel | Daiara Tukano | Dalzira Xakriabá | Davi Kopenawa | Denilson Baniwa | Diogo Lima | Elisclésio Makuxi | Fanor Xirixana | Gustavo Caboco | Isael Maxakali

Isaiais Miliano | Jaider Esbell | Joseca Yanomami | Luiz Matheus | MAHKU | Mario Flores Taurepang | Nei Leite Xakriabá | Paulino Joaquim Marubo | Rita Sales Huni Kuin | Rivaldo Tapyrapé | Sueli Maxakali | Vernon Foster | Yaka Huni Kuin | Yermollay Caripoune

Sueli Maxakali – “Tartaruga”, série “Yãmiy/homem-espírito”, 2009 – Fotografia sobre papel algodão, 26,7 x 40 cm – Acervo da artista.

Sobre o MAM São Paulo | Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público e sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Sobre a 34ª Bienal de São Paulo | Com curadoria geral de Jacopo Crivelli Visconti, a 34ª Bienal – Faz escuro mas eu canto, iniciada em fevereiro de 2020, vem se desdobrando no espaço e no tempo com programação tanto física quanto on-line e culminará na mostra coletiva que vai ocupar todo o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, a partir de setembro de 2021, simultaneamente à realização de dezenas de exposições individuais em instituições parceiras na cidade de São Paulo.

Serviço:

Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo

Curadoria: Jaider Esbell

Assistência de curadoria: Paula Berbert

Consultoria: Pedro Cesarino

Período expositivo: 4 de setembro a 28 de novembro

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Telefone: (11) 5085-1300

Ingresso: Entrada gratuita, com contribuição sugerida. Agendamento prévio necessário.

Ingressos disponibilizados online https://www.mam.org.br/ingresso

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

https://www.mam.org.br/MAMoficial

https://www.instagram.com/MAMoficial

https://www.twitter.com/MAMoficial

https://www.facebook.com/MAMoficial

https://www.youtube.com/MAMoficial

34ª Bienal de São Paulo

Período: de 4 de setembro a 5 de dezembro de 2021

Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera

Entrada gratuita

Equipe curatorial

Curador geral: Jacopo Crivelli Visconti

Curador adjunto: Paulo Miyada

Curadores convidados: Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez

Editora convidada: Elvira Dyangani Ose, em colaboração com The Showroom, London

https://www.34.bienal.org.br.

Novo website do Instituto Bardi/Casa de Vidro conecta vida e obra dos Bardi com o mundo

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Francisco de Albuquerque.

O novo website do Instituto Bardi insere na realidade contemporânea digital a instituição fundada em 1990 por Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi. A plataforma é uma janela e atualiza as possibilidades de interpretação e interação com o mundo e as novas gerações. O website é um projeto de pesquisa interna de mais de dois anos de trabalho e compila pela primeira vez uma retrospectiva das atividades culturais do Instituto Bardi realizadas até hoje, enaltecendo o trabalho de todas as pessoas que têm participado no Instituto nos seus 30 anos de vida. Pela primeira vez, um website do Instituto se torna fonte de informação direta sobre a vida e obra de Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, compilando a bibliografia, mapeando a obra, dando informação das dúvidas frequentes e compilando todas as publicações feitas pelo Instituto.

Além da retrospectiva de todas as atividades culturais dentro da Casa de Vidro, o website coloca todas as participações do seu acervo no mundo. O acervo é pilar fundamental do Instituto e, desta forma, consolida sua importância mostrando a vida ativa do legado que hoje o Instituto cuida e administra. O acervo interage com curadores, editores e pesquisadores de todos os cantos do planeta e tem, desde sua inauguração, participado de mais de 200 exposições

O Acervo ganha página própria também como ferramenta de pesquisa, melhorando sua versão anterior, facilitando a pesquisa dos mais de 8000 desenhos de Lina Bo Bardi e conta também com o histórico da sua conformação e uma página direta para as solicitações de imagens, pesquisa, certificações e empréstimos direto no site o que ajudará na organização das solicitações agilizando o atendimento e, desta forma, mantendo o Instituto Bardi um acervo de arquitetura privado pioneiro. O novo website atualiza a linguagem gráfica do Instituto Bardi – formalmente lançando seu logotipo e misturando o rico acervo de imagens históricas com vídeos e imagens novas criadas especificamente para a plataforma e que dão uma cara sólida e contemporânea.

Ainda mais, a www inclui todas as reedições realizadas, direcionando às páginas dos parceiros que produzem o mobiliário, luminárias e peças de Lina Bo Bardi. E a primeira loja online do Instituto, com livros e mais uma novidade: na loja é possível comprar as cadeiras de Lina em 3D para arquitet@s colocarem nas ilustrações de desenhos.

Dentro do web será possível ver o trabalho dos mediadores/educadores, a visita de arquitetos, curadores, pesquisadores e personagens reconhecidos da cultura contemporânea internacional que visitam a Casa de Vidro. Pela primeira vez, se colocam as plantas arquitetônicas da casa, a possibilidade de seu aluguel para apoiar financeiramente e uma retrospectiva dos eventos realizados nos últimos anos.

Este projeto digital é fruto do esforço do Instituto Bardi na gestão do diretor executivo Waldick Jatobá. O projeto foi desenvolvido, desenhado e coordenado pela arquiteta e diretora cultural Sol Camacho com o apoio do Conselho como parte da última etapa do projeto do Plano de Gestão e Conservação patrocinado pelo projeto Keeping It Modern, da Getty Foundation.

Créditos completos:

Website

https://portal.institutobardi.org/

Coordenação do Conselho

Alberto Mayer – Vice-presidente

Diretor Executivo

Waldick Jatobá

Direção Artística e Coordenação

Sol Camacho – Diretora Cultural

Design website

Colaboração: Julia UK + Sol Camacho + Luiza Nadalutti

Design logo

Colaboração: Camila Bossolan + Sol Camacho

Equipe executiva

Sol Camacho

Luiza Nadalutti

Sofia Venetucci

Luiza Souza (estagiária)

Imagens

Acervo Instituto Bardi ou conforme indicação na imagem

Ensaio audiovisual das capas

Yghor Boy

Apoio equipe Instituto Bardi

Carolina Tatani, Daniel Espirula, Sofia Marchetti, Adriel Visoto

Voluntários Acervo

Diogo Horvath, Daisy Almeida

Programação

Hous 360

Divulgação

Compor Comunicação.

Nelson Motta entrevista Marisa Monte em programa original do Amazon Music

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Cortesia do Amazon Music/Julia Assis.

Pela primeira vez, o jornalista Nelson Motta entrevista a cantora Marisa Monte em um programa original do Amazon Music. Curiosamente, esse encontro não havia saído do papel, por mais que o produtor musical seja reconhecido como um dos maiores responsáveis pelo lançamento da carreira da artista após ter dirigido seu primeiro show profissional, em 1987. A conversa está disponível em vídeo no aplicativo e no canal do Amazon Music no YouTube.

“Quando encontro para conversar com o Nelsinho, o tempo é sempre curto e os assuntos, infinitos. Ele diz que é um homem de sorte, mas sorte é de quem tem ele por perto”, afirma Marisa depois da entrevista.

Durante a conversa, que durou cerca de uma hora, Marisa e Motta conversam sobre diversos temas, como carreira, filhos e visões de mundo. A cantora e compositora também revela o que está por trás de seu mais recente álbum, intitulado Portas. Além disso, Marisa contou curiosidades sobre sua vida e o mundo da música, como momentos vividos com Tim Maia e a parceria criada com Chiquinho Brown, filho de seu amigo e também companheiro de profissão, Carlinhos Brown.

“Estamos vivendo um momento de muita dificuldade, angústia e incerteza. Eu queria oferecer – com o trabalho recém-lançado – um contraponto a isso. Parece que não, mas vai melhorar. Se você pegar uma curva de tempo de 50 anos, para a ciência, as mulheres, os LGBTs e negros, o mundo está melhor. Nesse momento de retração conservadora que estamos vivendo, temos de ficar atentos. Mas eu vejo que vai ter um momento em que iremos avançar. São ciclos da vida. Depois da tempestade, vêm a calmaria e a bonança”, declara Marisa.

Esta entrevista em vídeo é a primeira de uma série que Nelson Motta conduzirá e estará disponível exclusivamente no Amazon Music.

A evolução no uso do canabidiol em doenças do cérebro

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem de Erin Stone por Pixabay.

Há alguns anos, as leis que permitem o uso do canabidiol (CBD) para fins medicinais vêm avançando no Brasil. Desde dezembro de 2019, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a regulamentação de produtos à base de cannabis sob prescrição médica. Em julho deste ano, inclusive, o primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no país chegou às farmácias. Entretanto, os estudos mundiais acerca do derivado da maconha como tratamento, apesar de polêmicos, são muito mais antigos – seu uso na medicina, aliás, é estudado em inúmeras especialidades, como a neurologia.

Porém, há muita publicidade em torno do CBD, além de dúvidas sobre como ele pode, de fato, ajuda no tratamento de doenças diversas. Para falar sobre o uso do canabidiol e seus benefícios no tratamento de algumas doenças neurológicas, o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), elencou alguns temas que costumam gerar dúvidas:

1 – Há hipóteses de que os efeitos do CBD podem auxiliar na redução de inflamações no cérebro | O Dr. Marcelo Valadares explica que parece haver evidência, de acordo com alguns estudos, de que a substância pode auxiliar no tratamento de pacientes com transtornos e doenças neurológicas. Nessas pesquisas, há evidências de que o principal efeito do CBD no cérebro é a redução de inflamação, que está relacionada a doenças como Alzheimer, ansiedade, depressão e epilepsia, entre outras.

2 – O canabidiol é um tratamento viável para dores crônicas | Um estudo da The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids, nos Estados Unidos, revelou que o alívio de dores crônicas é a condição mais comum citada pelos pacientes em relação ao uso do CBD medicinal. Estudos também mostram a presença de receptores canabinóides na medula espinhal, no sistema límbico, que é regulador das emoções, no hipocampo, na medula espinhal e no hipocampo, relacionado às memórias. Segundo o neurocirurgião, o uso do canabidiol em pacientes com dor crônica intensa mostra benefícios significativos, pois a cannabis tem ação direta no mecanismo central de dor. O Dr. Marcelo Valadares, inclusive, já teve relatos de bons resultados entre seus pacientes. “É um valioso recurso quando as primeiras linhas de tratamento não se mostram benéficas ou apresentam efeitos colaterais indesejáveis”, ressalta.

3 – No Brasil, o uso de medicamentos à base de CBD para dores neuropáticas é permitido, mas esse não é um tratamento tão acessível | No país, os medicamentos à base de canabinóides podem ser indicados para tratamentos de dores neuropáticas crônicas; porém, com uma receita especial e preenchimento de um formulário pelo médico responsável. É importante lembrar que os medicamentos são de alto custo e difícil acesso.

4 – O CBD pode ser um complemento no tratamento para a dor de pacientes com Parkinson | Estudos mostraram melhorias na qualidade de vida de pacientes com a Doença de Parkinson. Entretanto, há controvérsias em relação às melhorias nas funções motoras. O médico, especialista em tratamento de doenças neurodegenerativas, afirma que alguns estudos mostram evidências, mas ainda são preliminares. Entretanto, o neurocirurgião afirma que é possível considerar o canabidiol para casos de dor crônica relacionada à Doença de Parkinson.

5 – Pesquisas sobre o uso de CBD para retardar a progressão do Alzheimer são promissoras | O Dr. Marcelo Valadares explica que há, ainda, estudos sobre o uso da cannabis medicinal para o tratamento de pacientes com Alzheimer. De acordo com o médico, há limitações medicamentosas tanto para minimizar os sintomas, quanto para retardar a progressão do Alzheimer neste momento, o que enfatiza a necessidade de desenvolver mais pesquisas e viabilizar novas opções de tratamento. “Na literatura, estas pesquisas mostram-se promissoras, mas são necessárias mais avaliações acerca do tema”, diz o médico.

6 – No caso da epilepsia, o canabidiol pode ser um substituto dos medicamentos tradicionais | Casos de epilepsia, muitas vezes, são de difícil controle, como explica o neurocirurgião Marcelo Valadares. Um trabalho publicado no periódico médico The New England Journal of Medicine com pacientes que possuem a síndrome de Dravet mostra que a média de crises convulsivas por mês diminuiu de 12 para 6 após o uso da solução oral de canabidiol. O Dr. Valadares enfatiza, ainda, que existem evidências sólidas especialmente no caso de crianças.

7 – Em quadros de insônia, o canabidiol é recomendado | Pesquisas apontam que os canabinóides são bem-sucedidos na melhora da qualidade do sono em geral e podem ser uma alternativa aos tradicionais medicamentos usados para dormir, que podem gerar dependência e uma série de efeitos colaterais. Inclusive, o uso da cannabis tem sido estudado em pacientes com Estresse Pós-Traumático que sofrem com distúrbios do sono.

O neurocirurgião Dr. Marcelo Valadares. Foto: divulgação.

Sobre o Dr. Marcelo Valadares | Dr. Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein. A Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação, sendo que o neurocirurgião trabalha em São Paulo e em Campinas. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento e cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor.

O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.

No setor público, recriou a divisão de Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep Brain Stimulation – Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição. Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado à Neurologia.

Mais informações:

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Instagram: @drmarcelovaladares

Facebook: facebook.com/drmarcelovaladares.