Representante da Fundação Dorina participou de painel internacional sobre os cuidados com a segurança alimentar e a inclusão de pessoas com deficiência, visando influenciar decisões globais
Rio de Janeiro
Um novo vírus da família Hantaviridae, detectado em morcegos, foi identificado em espécies localizadas na Mata Atlântica brasileira. A descoberta pode ajudar na prevenção e no controle das infecções conhecidas como hantaviroses. A pesquisa, da Fundação Oswaldo Cruz em parceria com as universidades federais do Rio de Janeiro e da Paraíba, foi publicada na quarta (6) em artigo na revista científica ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’. O hantavírus identificado na espécie morcego-de-cauda-curta de Seba (Carollia perspicillata) na Mata Atlântica, provisoriamente chamado de vírus Mamanguape, é um achado inédito no bioma da Mata Atlântica.
Para a identificação genômica da espécie, foram analisadas quase 100 amostras de tecido pulmonar e renal de morcegos capturados na Reserva Biológica de Guaribas, na Paraíba, uma unidade de conservação da Mata Atlântica. Os pesquisadores concluíram que o vírus Mamanguape tem divergências genéticas significativas em relação a outros vírus identificados em morcegos e roedores silvestres, o que provavelmente representa uma nova linhagem de hantavírus.
O estudo alerta para a importância de ampliar os estudos sobre hantavírus transmitidos por morcegos, especialmente na Mata Atlântica, que abriga mais de 60% da população destes mamíferos no Brasil e engloba as principais metrópoles do país. A circulação desses vírus em morcegos associada a fatores como a crescente interação destes animais com o homem e os animais domésticos por alterações ambientais que levam à perda do seu habitat natural podem aumentar a vulnerabilidade da população às hantaviroses.
Hoje, duas doenças se enquadram como hantaviroses: a síndrome cardiopulmonar por hantavírus nas Américas e a febre hemorrágica com síndrome renal na Eurásia. Elas podem variar de doenças febris até quadros mais severos, como a insuficiência respiratória grave, chegando a 70% de letalidade em algumas regiões. “Embora as infecções humanas estejam associadas aos hantavírus transmitidos por roedores, as crescentes descobertas de novos hantavírus em morcegos, com imprevisíveis potenciais patogênicos, aumentam o risco de exposição humana ao vírus”, destaca Patrick Jesus de Souza, autor do artigo e aluno de doutorado no programa de Medicina Tropical da Fiocruz sob a orientação dos pesquisadores Renata Carvalho de Oliveira e André Santos.
De acordo com Souza, a parceria do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses da Fiocruz firmada com o Laboratório de Mamíferos (UFPB) e o Laboratório de Diversidade e Doenças Virais (UFRJ) possibilitará a investigação do novo vírus em novas amostras de morcegos da mesma área, trazendo um panorama mais atual sobre a prevalência desse vírus e a possibilidade do sequenciamento genômico completo. Isto elucidará suas relações de parentesco com outros hantavírus, inclusive os patogênicos ao homem. “A identificação genômica de um novo hantavírus possibilita o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e até mesmo de vacinas que confiram proteção contra estes agentes, além do conhecimento acerca da diversidade viral e de hospedeiros animais, que auxiliarão a vigilância em saúde na adoção de estratégias de prevenção e controle da doença”, conclui o pesquisador da Fiocruz.
(Fonte: Agência Bori)
Entre 2001 e 2022, os estados que estão fora da Amazônia registraram 18.633 casos de malária, com o Espírito Santo liderando em incidência – medida que avalia a frequência da doença em uma população específica. A taxa variou de 0,1 a 2,6 por 100 mil habitantes nos anos estudados. Os dados são de artigo publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical na sexta (8) por cientistas das universidades federais de Pernambuco (UFPE), de Sergipe (UFS), da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) e do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco).
Homens brancos de 20 a 39 anos e com ensino primário somaram a maioria dos casos. Porém, a taxa mais elevada de incidência foi entre a população indígena. Entre 2011 e 2022, a taxa de incidência para a população indígena foi de 26,4 por 100 mil habitantes, contra 1,3 de incidência por 100 mil habitantes para a população branca no mesmo período, por exemplo.
As informações de quantidade de casos e as características da população foram resgatadas na base do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Já a escolha pela região foi motivada pelas taxas de mortalidade. Para se ter uma ideia, segundo estudos anteriores, apesar do conglomerado amazônico concentrar 99% dos casos, a letalidade fora dele pode ser até 40 vezes maior por fatores como demora no diagnóstico e falta de conhecimento dos profissionais de saúde para lidar com uma doença pouco comum nessas regiões.
Quase 14 mil casos – ou seja, três em cada quatro – foram importados de áreas endêmicas, aquelas que registram presença constante do vetor da doença, como a Amazônia. Já 1.980 casos foram autóctones; ou seja, com transmissão local. Espírito Santo, Minas Gerais e Piauí registraram maior risco para casos autóctones.
A pesquisa verificou diminuição nos casos com o passar dos anos. Porém, algumas áreas de ‘baixo risco’ – como partes de Minas Gerais, Piauí e da Bahia – evoluíram para ‘em transição’ ou até mesmo para ‘alto risco’. A incidência de malária também se manteve alta em estados do Centro-Oeste devido à proximidade com a região amazônica, apesar da redução no número de casos ao longo do período estudado.
Rosália Ramos, pesquisadora da UFPE e uma das autoras do estudo, espera que a pesquisa incentive políticas públicas voltadas ao controle da enfermidade e reforce a importância de estratégias com especificidades regionais. Em uma perspectiva mais ampla, a pesquisa também intenciona auxiliar o Plano Nacional de Eliminação da Malária até 2035, lançado há dois anos pelo Ministério da Saúde. A malária é uma doença transmitida pela picada de mosquitos fêmeas do gênero Anopheles, que são os vetores responsáveis pela disseminação do parasita Plasmodium. Somente em 2022, o Brasil registrou mais de 131 mil casos da doença.
Os cientistas agora desejam focar os estudos nos dados relacionados à mortalidade da doença. “Acreditamos que a análise aprofundada nos permitirá entender melhor os fatores que influenciam a letalidade da malária em diferentes contextos, especialmente em áreas onde o acesso a tratamentos pode ser mais limitado”. Além disso, a equipe planeja analisar outras doenças tropicais negligenciadas, como a leishmaniose e a doença de Chagas, que também afetam populações vulneráveis e, muitas vezes, recebem pouca atenção em termos de pesquisa e políticas públicas. “Nosso objetivo é contribuir para a criação de estratégias mais abrangentes de controle e prevenção que possam impactar positivamente a saúde dessas comunidades”, conclui Ramos.
(Fonte: Agência Bori)
Após reunir mais de 100 mil pessoas no entorno do Obelisco do Ibirapuera na edição anterior, em que chegou a apresentar mais de 300 inovações gastronômicas preparadas por mais de 100 chefs, o Smorgasburg, maior festival de gastronomia criativa do mundo, abre inscrições para sua quinta edição, que já tem data confirmada para 19 e 20 de julho de 2025. O evento será no mesmo local e a entrada seguirá sendo gratuita. Os interessados poderão realizar a pré-inscrição via formulário no Instagram oficial do smorgasburgbrasil.
A curadoria para o ano que vem será ainda mais focada em criatividade gastronômica, desenvolvendo-se em três fases: a primeira, de pré-inscrição, que ocorre de 6 a 29 de novembro, validando as candidaturas. Na segunda, a partir de janeiro, os candidatos participarão da nova etapa, o SmorgasLab, quando terão acesso exclusivo a um webinário com o time de curadoria do Smorgas e a um repositório digital recheado de referências criativas internacionais com preparos e apresentações inovadores para servir de inspiração. Após o SmorgasLab, terá início a terceira etapa, quando as inovações desenvolvidas serão submetidas à curadoria, que selecionará os 100 chefs que estarão no Smorgasburg 2025.
A Pipoca, plataforma de impacto cultural para pessoas, marcas e cidades, foi responsável por trazer ao Brasil, em 2019, o Smorgasburg, evento criado em Nova York e realizado em grandes cidades como Miami, Los Angeles, Tóquio, Saitama, Osaka e Toronto. O festival, que já teve como destaques nos anos anteriores o Surf’n’Turf de Wagyu do Koburger, o Taco de Salmão na Fogueira do Damm, o Ramen Burguer, criado pelo Vinil Burger, o Choripolvo, do Notorius Fish e o Cannoli de banana flambada e caramelo de cumaru da Cannoleria Farinha Flor, é famoso por sempre apresentar as inovações na gastronomia criativa, além de propiciar experiências artísticas inesperadas para o público. “Criatividade é o principal ingrediente do Smorgas e a nova etapa SmorgasLAB vai nos ajudar muito a ter uma troca mais rica e mais longa com os chefs para que todos tenham inspiração e disponham de tempo para desenvolver seus maiores sonhos e mesmo pirações gastronômicas que levarão ao Smorgas 2025”, afirma Rogério Zé, head do festival no Brasil.
Inscrições: Período: 6 a 29/11 – Formulário para inscrições e mais informações: smorgasburgbrasil.
Sobre o Pipoca | Criado oficialmente em 2011, o coletivo Pipoca é uma plataforma de impacto cultural para pessoas, marcas e cidades que busca tornar os centros urbanos melhores para se viver. Propõe uma integração genuína entre marcas, arte, pessoas e espaço público. A empresa é o maior hub de carnaval do Brasil, com três unidades de negócio: um dedicado a produção de grandes projetos de carnaval em sociedade com artistas e grupos como Alceu Valença, BaianaSystem, Monobloco, Mariana Aydar, Chico César, Bangalafumenga, Orquestra Voadora e Bloco do Sargento Pimenta; outra unidade, Conexão Carnaval, dedicada ao planejamento, criação e execução de live experience para marcas como Brahma, Guaraná, Engov After, Uber, KWAI, em cidades como Olinda, Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e a terceira unidade, de negócio de Conteúdo e Mídia, sendo criadora de formatos inéditos de cobertura e transmissão do carnaval de rua de artistas para marcas. Além de sua atuação no Carnaval, a Pipoca também é responsável pelo maior festival de gastronomia criativa do país, o Smorgasburg, reunindo mais de 100 mil pessoas em dois dias nas ruas de São Paulo desde 2019.
(Com Ricardo Oliveira/Agência Lema)
O Museu de Arte Moderna de São Paulo está apresentando o 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, exposição com curadoria de Germano Dushá e Thiago de Paula Souza e curadoria-adjunta de Ariana Nuala cujo título evoca a ideia de um ‘calor-limite’ onde tudo se transforma, fazendo referência às condições climáticas e metafísicas intensas que desafiam e conduzem a processos inevitáveis de transmutação. Nesta edição, a mostra bienal do MAM apresenta 34 artistas de 16 estados brasileiros. Acesse aqui mais informações sobre a lista de artistas.
Em função da reforma da marquise do Parque Ibirapuera no trecho em que o MAM está sediado, esta edição do Panorama será apresentada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, instituição parceira e que divide uma mesma origem com o MAM. A exposição vai ocupar partes do térreo e o terceiro andar do MAC USP com mais de 130 obras, sendo 79 inéditas, realizadas para o 38º Panorama. “Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com as instituições do eixo cultural do Parque Ibirapuera. Realizar o 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no MAC, além de uma aproximação histórica entre as duas instituições, é um momento de integração e soma de esforços em benefício da arte”, comentam Elizabeth Machado e Cauê Alves, respectivamente presidente e curador-chefe do MAM.
Para José Lira, diretor do MAC USP, “é com grande satisfação que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo abre suas portas ao 38o Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Parcerias institucionais para realização de exposições, eventos e acordos de cooperação sempre fizeram parte da história do MAC USP, e, desde 2018, quando da coincidência entre os 55 anos do MAC e os 70 anos do MAM, a aproximação entre os dois museus se intensificou.”Mil graus
A proposta curatorial do 38º Panorama da Arte Brasileira é elaborar criticamente a realidade atual do Brasil sob a noção de calor-limite — conceito que alude à uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética.
A pesquisa da curadoria foi norteada a partir de cinco eixos temáticos: Ecologia geral, Territórios originários, Chumbo tropical, Corpo-aparelhagem e Transes e travessias. Os eixos não funcionam como núcleo ou segmentos da exposição, mas sim como fios condutores que instigam reflexões e leituras traçando possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.
Em Ecologia geral, são destacadas noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de interconectividade total. Já em Territórios originários, estão narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Chumbo tropical, por sua vez, trará leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil colocando em xeque aspectos centrais da identidade nacional.Corpo-aparelhagem é a linha que busca evidenciar intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações, enquanto Transes e travessias aborda conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais.
As obras
O corpo formado por 34 artistas e coletivos apresenta obras que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais e utilizam tanto tecnologia avançada quanto materiais orgânicos, como o barro.
Advânio Lessa construiu uma série inédita de esculturas que aludem a uma rede formada por diferentes polos e conectadas em diferentes espaços: o MAC USP, o Museu Afro Brasil Emanuel Araujo, o Caserê e a UMAPAZ. Adriano Amaral criou uma instalação comissionada para o térreo do MAC USP, a obra Cabeça-d’água (2024), uma estrutura arquitetônica, espécie de cápsula octogonal que traz em suas paredes peças inéditas da série Pinturas protéticas (2022).Ana Clara Tito apresenta uma instalação comissionada que ocupa o piso do campo expositivo com uma composição de peças em diferentes escalas, como uma ecologia rizomática. Com a obra comissionada Ascendendo o silêncio (2024), Antonio Tarsis toma o centro de uma das alas do campo expositivo.
Davi Pontes apresenta um trabalho comissionado no qual segue elaborações anteriores, envolvendo a criação de um repertório em conjunto com uma dupla de performers. Um registro documental inédito do centro espiritual e das obras de Dona Romana, líder espiritual da Serra de Natividade, uma das cidades mais antigas do Tocantins, será exibido em larga escala no campo expositivo.
Com duas obras inéditas, frutos de processos anteriores, mas que culminaram em projetos comissionados para o 38º Panorama, Frederico Filippi aborda a colisão e o atrito como ferramentas conceituais para reelaborar criticamente o imaginário social do Brasil e da América do Sul sob as marcas indeléveis do capitalismo avançado. Gabriel Massan apresenta um novo desdobramento de sua obra Baile do terror (2022-2024), no qual traça um paralelo entre a escalada de tensões e violências em âmbito global e os traumas da ‘guerra às drogas’ no eixo Rio-São Paulo.Ivan Campos apresenta a obra que marcou sua trajetória como seu projeto mais desafiador: uma pintura sem título (2008 – 2010) de sete metros horizontais que levou um ano para ser concluída e traz os principais aspectos de sua obra. Em tons de verde e azul, o artista dá vida a uma selva intrincada onde tudo está em movimento.
Falecido durante a concepção do 38º Panorama, Jayme Fygura é o único artista não vivo a compor a exposição e sua participação é uma homenagem à sua trajetória e à sua obra, que combina a pintura com a tradição da escultura em metal, da poesia marginal, do rock e das denúncias de opressões cotidianas.
A colaboração entre Jonas Van e Juno B. resultou na videoinstalação imersiva Visage (2024), uma experiência ambiental envolvente que combina esculturas e mobiliários feitos com peças automobilísticas, luz, som e vídeo. José Adário dos Santos traz ao 38º Panorama um conjunto de esculturas que se referem a divindades e entidades das religiões de matriz africana, como Ogum Oniré, Oxossi Odé, Agué, Padilha e Exu, e Joseca Mokahesi Yanomami apresenta dez obras inéditas.Lais Amaral participa com duas pinturas da série Como um zumbido estrelar, um pássaro no fundo do ouvido, Sem título I e Sem título II, ambas de 2024, enquanto Labō e Rafaela Kennedy apresentam uma série de fotografias em que mergulham no entrelaçamento entre fenômenos naturais e cenários urbanos do Norte do Brasil.
Lucas Arruda exibe uma série de pinturas que sugerem um espaço entre o real e o imaginário, com paisagens que caminham entre o figurativo e o abstrato. Com uma obra comissionada, Marcus Deusdedit desdobra sua investigação sobre a edição de objetos, reformulando um equipamento de exercício físico para discutir questões sociais e políticas.
Marina Woisky apresenta uma instalação formada por uma série de peças inéditas, nas quais toma como ponto de partida as ilustrações científicas e representações idealizadas, que combinam diferentes eras e regiões para demonstrar o movimento ou a evolução da vida biológica na superfície terrestre.Maria Lira Marques leva uma série com mais de dez desenhos sobre pedras e Marlene Almeida apresenta duas obras com dinâmicas distintas: Derrame (2024), uma instalação inédita feita com recortes de algodão cru tingidos com pigmentos originários do basalto e rocha vulcânica, e Tempo voraz II (2012), obra em que a artista reflete sobre questões existenciais diante da fugacidade da vida. O grupo MEXA traz, em apresentação única, a peça inédita no Brasil A Última Ceia (2024).
Mestre Nado, como ficou conhecido Aguinaldo da Silva, apresenta três obras inéditas, esculturas de grande escala — raras na sua produção — que parecem espécies de torres de sopro remetendo a instrumentos como a gaita de foles. Melissa de Oliveira apresenta duas obras ligadas a suas vivências no universo do ‘grau’. As imagens, produzidas com conhecidos e familiares, retratam a prática de empinar moto em manobras exibicionistas e arriscadas.
Noara Quintana exibe duas obras inéditas comissionadas para o 38º Panorama. A primeira, Satélite esqueleto âmbar (2024), da série Futuro fóssil, configura uma reprodução de um objeto espacial gravitando sobre o campo expositivo. Na segunda obra, intitulada Gengiva de fogo (2024), uma grande massa rubra e disforme paira sobre nossas cabeças. Rafael RG apresenta duas obras comissionadas que se conectam e se complementam em suas naturezas: uma objetual e outra performática. Em uma delas, De quando o céu e o chão eram a mesma coisa (2024), o artista resgata grafias imemoriais inspiradas na observação do céu.Rebeca Carapiá apresenta uma grande peça comissionada para a exposição que remete tanto a uma escrita urbana quanto a códigos de outros tempos. Solange Pessoa traz à exposição uma constelação de quase uma dúzia de esculturas de pedra-sabão e um conjunto composto por três peças de cerâmica e lã (2019-2024), que remetem a fragmentos de rochas escuras, que guardam a potência de tempos imemoriais.
O povo Akroá Gamella, em colaboração com Gê Viana e Thiago Martins de Melo, participa sob o nome de Rop Cateh – Alma pintada em Terra de Encantaria dos Akroá Gamella e exibe um grande painel multimídia que expressa a identidade e espiritualidade articuladas pela comunidade. Com um conjunto de vinte esferas cerâmicas com marcações gráficas feitas com óxido de ferro, Sallisa Rosa dá vida a seu exercício contínuo de vínculos com a terra e os territórios.
Paulo Nimer Pjota apresenta uma obra inédita, em cinco telas, na qual cria um mar de chamas atravessado por raios de sol difusos em que animais e seres fantásticos se misturam a lendas e elementos da natureza-morta de diferentes culturas. Paulo Pires participa com quatro obras que denotam seu estilo e, simultaneamente, a versatilidade de suas composições. Entre os trabalhos, estão a escultura de grande formato Os desejos da pedra (2023 -2024) e O namoro da pedra (2021).A Tropa do Gurilouko, uma turma de ‘bate-bolas’ criada em 2023 no bairro carioca de Campo Grande, marca sua presença no 38º Panorama por meio da indumentária criada para o Carnaval de 2024 e de uma saída do grupo por São Paulo, nas imediações do MAC USP e do Parque Ibirapuera.
Zahỳ Tentehar apresenta sua pesquisa mais recente por meio da videoperformance Ureipy (Máquina Ancestral) (2023) e Zimar, como é chamado Eusimar Meireles Gomes, apresenta uma série de máscaras oriundas de sua ligação com a Bumba meu boi — manifestação cultural de maior importância na região onde vive, a Baixada Maranhense.
Projeto expográfico
Nesta edição em que, pela primeira vez, o Panorama da Arte Brasileira acontece fora da sede do MAM, o projeto expográfico assinado pelo arquiteto Alberto Rheingantz foi repensado e adaptado para os espaços do MAC USP. O objetivo foi assimilar tanto os conceitos curatoriais quanto as questões visuais e formais das obras em exposição. A adaptação envolveu o desafio de conectar os pavimentos do MAC que recebem o 38º Panorama – parte do térreo e todo o terceiro andar – espaços não contíguos, o que levou à adoção de três partidos expográficos principais.
O primeiro partido é a ocupação espelhada entre as alas A e B do edifício com elementos que se complementam em cada uma. O segundo é o uso de painéis metálicos como base estrutural, permitindo variações de combinações e materiais em suas superfícies. Por fim, o terceiro partido envolve a instalação de obras comissionadas em locais estratégicos, incluindo sob a marquise de entrada e em áreas específicas do museu.Para ampliar suas formas de uso e flexionar as possibilidades de exibição das obras bidimensionais, foi definida uma cartela de materiais para as superfícies expositivas e foram consideradas opções para estruturas complementares aos painéis principais, desempenhando a função de ‘próteses’ que transformam sua configuração original. Há, também, dispositivos expográficos e mobiliários feitos com metal e madeira desenhados para atender diversas demandas específicas.
Programação pública | Tradicionalmente, o Panorama da Arte Brasileira promove uma série de atividades abertas ao público. São ativações de obras e apresentações de performances, conversas com curadores, visitas mediadas com educadores do MAM e outras ações educativas. A agenda é divulgada mensalmente no site e redes sociais do MAM.
Projetos especiais
A proposta do 38º Panorama da Arte Brasileira envolve uma série de projetos especiais, são desdobramentos da conceituação de Mil graus em diferentes plataformas e linguagens.
O ambiente 3D, que estará acessível de forma gratuita a partir de 18 de novembro, visa ampliar o alcance da mostra e criar um espaço de experimentação curatorial. A ideia não é reproduzir no digital os espaços da exposição física, mas sim trazer um espaço imaginado pelos curadores e proporcionar uma experiência imersiva, que desafia a percepção da materialidade e reflete criticamente sobre a integração das infraestruturas digitais no que entendemos como ‘mundo real’. Composta por obras digitais e representações tridimensionais de criações físicas de alguns dos artistas participantes, reúne vídeos, objetos 3D e sons que formam um espaço de interação. Os visitantes podem navegar livremente, explorando novos imaginários e conexões que questionam as convenções tradicionais de produção e interpretação de imagens no campo artístico. A proposta também reflete o dinamismo e a criatividade cibernética do Brasil contemporâneo.
Disponível nos principais tocadores, o podcast Mil graus apresenta, em seis episódios, os temas abordados no 38º Panorama da Arte Brasileira e contar a história de alguns dos coletivos e artistas que integram esta edição da mostra bienal do MAM. O objetivo é apresentar histórias e discussões sobre arte com temas atuais, mostrando como elas refletem questões sociais, políticas e culturais da contemporaneidade.
Em uma série de cinco episódios disponível nas redes sociais do MAM, o público pode conhecer mais a prática artística e o ateliê de Advânio Lessa, Adriano Amaral, Marina Woisky, Marlene Almeida e Zimar. A série revela conexões singulares entre os processos e os territórios em que cada um dos artistas vive e trabalha.
Em uma colaboração inédita com a Hang Loose, o MAM lança uma linha de produtos do 38º Panorama. Saiba mais aqui. Mais detalhes sobre cada projeto serão divulgados em breve.
Artistas
Adriano Amaral (SP) Marlene Almeida (PB)
Advânio Lessa (MG) Melissa de Oliveira (RJ)
Ana Clara Tito (RJ) Mestre Nado (PE)
Antonio Tarsis (BA) MEXA (SP)
Davi Pontes (RJ) Noara Quintana (SC)
Dona Romana (TO) Paulo Nimer Pjota (SP)
Frederico Filippi (SP) Paulo Pires (MT)
Gabriel Massan (RJ) Rafael RG (SP)
Ivan Campos (AC) Rebeca Carapiá (BA)
Jayme Fygura (BA) Rop Cateh – Alma pintada em
Jonas Van & Juno B. (CE) Terra de Encantaria dos
José Adário dos Santos (BA) Akroá Gamella (em
Joseca Mokahesi Yanomami (RR) colaboração com Gê Viana
Labō (PA) & Rafaela Kennedy (AM) e Thiago Martins de Melo) (MA)
Laís Amaral (RJ) Sallisa Rosa (GO)
Lucas Arruda (SP) Solange Pessoa (MG)
Marcus Deusdedit (MG) Tropa do Gurilouko (RJ)
Maria Lira Marques (MG) Zahỳ Tentehar (MA)
Marina Woisky (SP) Zimar (MA)
Sobre o Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo | A série de mostras Panorama da Arte Brasileira foi iniciada em 1969 e coincidiu com a instalação do MAM São Paulo em sua sede na marquise do Parque do Ibirapuera. As primeiras edições do Panorama marcaram a história do museu por terem contribuído direta e efetivamente na formação de seu acervo de arte contemporânea. Ao longo das 37 mostras já realizadas, o Panorama do MAM buscou estabelecer diálogos produtivos com diferentes noções sobre a produção artística brasileira, nossa história, cultura e sociedade. Realizado a cada dois anos, sempre produz novas reflexões acerca dos debates mais urgentes da contemporaneidade brasileira.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. O MAM tem uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abriga obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Serviço:
38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus
Curadoria: Germano Dushá, Thiago de Paula Souza
Curadoria-adjunta: Ariana Nuala
Período expositivo: 5 de outubro de 2024 a 26 de janeiro de 2025
Realização: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Exibição em: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC USP
Locais: térreo e terceiro andar
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 21h
Gratuito
Mais informações em mam.org.br/38panorama | comunicacao@mam.org.br.
(Com Anne Tavares/MAM São Paulo)
A Galatea encerra o calendário de 2024 ocupando seus dois espaços em São Paulo com exposições que celebram a produção artística nordestina: Francisco Galeno: o Piauí é aqui — o Piauí não é aqui, na Oscar Freire, e Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho, no espaço da Padre João Manuel.
A primeira, com abertura marcada para o dia 12 de novembro, na Oscar Freire, apresenta um conjunto de 44 obras do artista Francisco Galeno, que ao longo de sua carreira explorou múltiplas técnicas, como a pintura e escultura em madeira, além da ressignificação de objetos do cotidiano. E, no dia 27 de novembro, na sede da Padre João Manuel, a Galeria traz de seu programa de Salvador a mostra Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho, com a iniciativa de inverter a dinâmica de itinerância de exposições do eixo sudestino, que normalmente partem de São Paulo para outras regiões do Brasil.
Com texto crítico do pesquisador e curador Leno Veras, a primeira mostra apresenta trabalhos de Francisco Galeno (Parnaíba, PI, 1957). Produzindo há mais de quatro décadas, o artista construiu o seu vocabulário visual a partir do cruzamento entre as vivências da sua infância no Delta do Parnaíba, no Piauí, e o imaginário modernista de Brasília, para onde a sua família se mudou quando ele tinha 8 anos. Em 1969, instalaram-se em Brazlândia, cidade nos arredores da capital federal, lugar em que Galeno se iniciou enquanto artista e mantém ateliê até hoje. Atualmente, ele vive e trabalha entre Brazlândia e Parnaíba, onde também possui ateliê.As obras de Galeno conjugam tanto o interesse geométrico que aprendeu em Brasília, com as linhas da arquitetura e as obras de mestres como Alfredo Volpi, Athos Bulcão e Rubem Valentim, quanto um caráter lírico e lúdico ao trazer símbolos da sua infância, dos brinquedos e dos objetos que o cercavam, como as bolas de gude e de futebol, os carretéis da sua mãe rendeira e os anzóis e a madeira do seu pai pescador e marceneiro.
No texto crítico escrito para a exposição, o curador Leno Veras comenta: “Para além de suas temáticas figurativas, nas quais amalgamam-se objetos emergentes do desenho industrial — com forte presença no cotidiano das populações interioranas, como a lamparina (que, em uma de suas obras, desconstrói como que em um projeto técnico ao revés) — e artefatos concebidos por manufatura familiar, como os brinquedos de madeira, suas representações arquitetônico-urbanísticas também dão a ver que o pensamento construtivo é uma linha constante de sua expressão plástica, encontrado, inclusive, na forma concreta que assumem seus assemblages ao emular mobiliários familiares, tal qual gaveteiros de memórias, e histórias que transbordam de seu território originário para um novo quadro, quadrado fincado em meio ao mapa: a capital federal — a moderna Brasília.”
Tomás Toledo, sócio-fundador da Galetea, destaca alguns aspectos fundamentais da mostra: “Galeno é um artista que trabalha muito com o universo da cultura popular, dos artesãos, dos brinquedos manufaturados, dos objetos do cotidiano de quando era criança — como a lamparina de querosene —, das pinturas presentes em feiras de rua, além de beber de uma geometria vernacular também explorada por artistas como Montez Magno, que mostramos recentemente. A sua pintura é tanto lírica quanto organizada pelo rigor construtivista e pela geometria da arte popular nordestina.”Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho marca a estreia dos artistas baianos em São Paulo em uma individual que conta com dois núcleos expositivos distintos: no primeiro, um conjunto de 30 fotografias de Bauer Sá, produzidas entre os anos 1990 e 2000, que exploram a ancestralidade afro-brasileira por meio de temáticas raciais e divindades africanas; no segundo, a primeira exposição individual de Gilberto Filho, apresentando esculturas em madeira que datam desde 1992 até o presente e retratam cidades utópicas e modernas nascidas da imaginação do artista.
A mostra, que conta com curadoria de Tomás Toledo e Alana Silveira, esteve em cartaz na Galatea Salvador no período de julho a setembro de 2024. Tanto Bauer Sá quanto Gilberto Filho também fizeram parte da exposição Cais, que inaugurou a sede em Salvador.
O texto crítico é assinado pelo artista e curador Ayrson Heráclito, reconhecido por seu trabalho que aborda a cultura afro-brasileira e suas conexões históricas, e pelo escritor e historiador Beto Heráclito. Eles destacam que os trabalhos de Bauer e Gilberto, de naturezas distintas, dão a ver diferentes facetas do conceito de afrofuturismo: “A exposição Bahia Afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho, ao promover o diálogo entre dois artistas negros com poéticas distintas, busca apresentar diferentes abordagens dessa nova estética, comprometida com o ativismo negro. As linguagens eleitas pelos artistas — a fotografia e a escultura — servem como estratégia para experimentação de conceitos como a corporeidade e a espacialidade em perspectiva afirmativa e afrocentrada”.Tomás Toledo comenta, ainda, que a abertura da individual de Francisco Galeno e a itinerância da exposição Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho em São Paulo refletem um dos pilares do programa da galeria: “As duas exposições que abrirão neste mês na Galatea em São Paulo, a do Galeno e a Bahia afrofuturista, são desdobramentos da chegada da Galatea em Salvador, fomentando o trânsito de conhecimentos, práticas, vozes e artistas do Nordeste para o Sudeste a partir das pesquisas desenvolvidas na capital baiana.”
Sobre Francisco Galeno
Francisco Galeno (Parnaíba, PI, 1957) nasceu na região do Delta do Parnaíba, no Piauí. Em 1965, desembarcou com a família em Brasília após seu pai começar a trabalhar na empresa de engenharia e construção Serveng Civilsan. Em 1969, se instalaram em Brazlândia, cidade nos arredores da capital federal onde Galeno se iniciou enquanto artista e mantém ateliê até hoje. O talento para a arte foi transmitido de geração em geração na sua família, que era composta por artesãos. O bisavô era mestre carpina, nome dado a quem produz canoas, e o avô, vaqueiro, produzia peças de couro, como gibão, arreios e selas para montaria. A mãe era costureira e rendeira e seu pai foi pescador e fabricava canoas.
Desde muito jovem Galeno se interessou pela expressão artística, estudando música e teatro antes de se concentrar no campo das artes visuais, começando pela pintura e expandido para obras tridimensionais. Em 1977, frequentou o ateliê-escola do pintor Moreira Azevedo, artista português radicado em Brasília. Em 1978, realizou um curso livre de pintura com Maria Pacca no Centro de Criatividade da Fundação Cultural do DF sob a direção de Luiz Áquila. Mas, para além dos estudos formais, o artista reivindica o aprendizado advindo do contato com os artesãos que o cercavam, com a paisagem e os objetos da sua infância e com a cidade de Brasília. Foi essa mescla que possibilitou o alcance de uma autenticidade no seu trabalho: carretéis, anzóis, pipas e latas de sardinha ora são depurados em linhas e formas geométricas para entrar na sua pintura, ora são apropriados em sua condição de objeto, sendo rearranjados de forma lírica e lúdica para compor uma obra escultórica.
Desde 2012, Francisco Galeno mantém residência e ateliê em Paranaíba, dividindo-se entre sua cidade natal e Brazlândia. Produzindo continuamente há mais de quatro décadas, em seu currículo somam-se exposições nacionais e internacionais, tais como Brasília, a arte da democracia (Coletiva, FGV Arte, Rio de Janeiro, 2024); Galeno, uma nova direção – Estripulias (Individual, Museu Nacional dos Correios, Brasília, 2014); Monumental — Arte na Marina da Glória (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016); Francisco Galeno (Individual, Galerie Debret, Paris, 2002) e Viva Brasil Viva (Coletiva, Liljevalchs Konsthall, Estocolmo, 1991), entre outras. Em 2009, Galeno finalizou, a convite do Iphan, o painel que ocupa o altar da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, onde outrora houve uma pintura de Volpi apagada pelo militares na década de 1960. Suas obras fazem parte de diversas coleções permanentes, tais como: Museu de Arte de Brasília – MAB, Brasília; Palácio do Itamaraty, Brasília; Museu de Arte Contemporânea – MAC Niterói, Rio de Janeiro; e Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, Rio de Janeiro.Sobre Bauer Sá
Bauer Sá nasceu em Salvador, em 1950, cidade em que vive e toma como laboratório de criação para sua produção em fotografia. Formou-se artisticamente a partir da convivência com o seu pai, Armando Sá — um grande pioneiro da fotografia negra baiana — e dos mais de 10 anos em que trabalhou em seu estúdio e laboratório, exercitando tanto o olhar quanto a prática da revelação fotográfica. Desde 1975, atua como fotógrafo documental e jornalístico colaborando com veículos nacionais e internacionais. Seu trabalho autoral, com uma assinatura estética bastante singular, é uma das grandes facetas da fotografia baiana contemporânea e figura em acervos como Coleção Pirelli/MASP de Fotografia, Museu Afro Brasil, Museu da Fotografia Fortaleza, Museu de Arte Moderna da Bahia e Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira.
As fotografias de Bauer Sá são composições conceituais e poéticas que articulam em imagens a ancestralidade e a cultura afro-brasileira, com grande enfoque para as divindades africanas e para temas sociais incontornáveis entre as populações negras, como o racismo. São imagens meticulosamente construídas e moldadas por meio de cenas ensaiadas e dirigidas em que ora um homem, ora uma mulher, sempre negros, interagem com objetos e elementos da natureza, comunicando-se com o espectador por meio de olhares e poses dramatizadas pela luz e sombra da fotografia analógica branca e preta.
Entre as exposições que participou, destacam-se 17º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte (1985, Belo Horizonte); Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro (Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, 1994; Espaço Cultural 508 Sul, Brasília, 1995); A Hidden View: Images of Bahia, Brazil (Concourse Gallery – Barbican Centre, Londres, 1994); Novas Travessias: New Directions in Brazilian Photography (The Photographer’s Gallery, Londres, 1996) e Brasil + 500 — Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma. (Fundação Bienal, São Paulo, 2000; Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2000); Réplica e Rebeldia: Artistas de Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique (Museu Nacional de Arte de Maputo, Maputo, Moçambique, 2006; Centro Cultural Português, Luanda, Angola, 2006; Museu de Arte Moderna da Bahia — MAM Bahia, Salvador, 2006; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro — Mam Rio, Rio de Janeiro, 2006; Centro Cultural Banco do Brasil — CCBB Brasília, Brasília, 2007; Palácio Cultura Ildo Lobo, Praia, Cabo Verde, 2007); Coleção Pirelli/MASP de Fotografia – 18ª edição (Museu de Arte de São Paulo — MASP, São Paulo, 2010), Axé Bahia: The Power Of Art In An Afro-Brazilian Metropolis (The Fowler Museum, Los Angeles, USA, 2018) e Histórias afro-atlânticas (Museu de Arte de São Paulo — MASP, São Paulo, 2018), entre outras. Sua obra faz parte de diversas coleções permanentes, tais como Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira — MUNCAB, Salvador; Museu de Arte Moderna da Bahia — MAM Bahia, Salvador; Museu Afro Brasil, São Paul; Coleção Pireli/MASP, São Paulo; e Museu da Fotografia, Fortaleza.
Sobre Gilberto Filho
Nascido na cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, em 12 de novembro de 1953, Gilberto Dias Barbosa Filho é filho de Elza Oliveira Barbosa e Gilberto Dias Barbosa. A sua mãe trabalhava na fabricação de charutos, enquanto seu pai era marceneiro. Ele é casado com Zilma Nascimento Pessoa, professora; a filha do casal, Jamile Pessoa Barbosa, também é professora.
Gilberto comumente utiliza em suas esculturas madeiras como pau d’arco, sucupira, angelim e louro, que são cortadas, entalhadas e montadas com o auxílio de formões, serrotes e martelos. Os blocos resultantes harmonizam formas, cores e tamanhos que chegam a 2,5 m de altura.
Para o escultor, “a madeira conduz o processo de criação, ela revela como a obra será realizada, é um gatilho para desenvolver a criatividade”. Ele faz questão de enfatizar o papel da imaginação na construção de sua arte: “Não faço cópias de prédios, mas utilizo a imaginação e a beleza da madeira para esculpir as minhas peças”. Diz também que seu processo é lento, dura meses até finalizar uma escultura (Entrevista, 9 mar. 2022).
Sobre a Galatea
Sob o comando dos sócios Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo, a Galatea conta com dois espaços vizinhos na cidade de São Paulo: a unidade localizada na Rua Oscar Freire, 379 e a nova unidade localizada na Rua Padre João Manoel, 808. A galeria também tem uma sede em Salvador, na Rua Chile, 22, no centro histórico da capital baiana.
A Galatea surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin, que foi sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis, e Tomás Toledo, curador que contribuiu para a histórica renovação institucional do MASP, saindo em 2022 como curador-chefe.
Com foco na arte brasileira moderna e contemporânea, trabalha e comercializa tanto nomes consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Idealizada com o propósito de valorizar as relações que dão vida à arte, a galeria surge no mercado para reinventar e aprofundar as conexões entre artistas, galeristas e colecionadores.
Serviço:
Exposição Francisco Galeno: o Piauí é aqui — o Piauí não é aqui
Local: Galatea
Endereço: Rua Oscar Freire, 379 – Jardins, São Paulo – SP
Abertura: 12 de novembro | 18h às 21h
Período expositivo: 12 de novembro a 25 de janeiro de 2025
Horário de funcionamento: Segunda à quinta das 10h às 19h | Sexta das 10h às 18h | Sábado das 11h às 17h
Mais informações: https://www.galatea.art/
Instagram: @galatea.art.
Exposição Bahia Afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho
Local: Galatea
Endereço: Rua Padre João Manuel, 808 – Jardins, São Paulo – SP
Abertura: 27 de novembro
Período expositivo: 27 de novembro a 25 de janeiro de 2025
Horário de funcionamento: segunda a quinta das 10h às 19h | sexta das 10h às 18h; sábado das 11h às 17h
Mais informações: https://www.galatea.art/
Instagram: @galatea.art.
(Com Edgard Silveira/A4&Holofote Comunicação)