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Festa da República Italiana será celebrada pela Osesp no palco da Sala São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: https://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/musica/osesp/.

A música clássica não seria a mesma sem a Itália — de Monteverdi a Berio, passando por Vivaldi, Verdi e Puccini, as obras desses compositores são reverenciadas ao redor do mundo. O estado de São Paulo também não seria o mesmo sem a enorme influência dos incontáveis italianos que aqui desembarcaram entre o final do século XIX e o início do século XX — hoje, acredita-se que 13 milhões de descendentes estejam entre nós (talvez você que me lê agora seja um deles). A Osesp, corpo estável do Governo de São Paulo, convida toda a comunidade para celebrar os 75 anos da Festa da República Italiana em um concerto na Sala São Paulo. O evento, que será transmitido ao vivo no YouTube em 1º de junho, às 20h, contará com a presença do Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, e do Cônsul Geral da Itália em São Paulo, Filippo La Rosa.

A Festa della Repubblica, feriado nacional na Itália (2 de junho), comemora o dia em que o povo foi convocado a votar para decidir a forma de governo que o país teria após o fim da II Guerra Mundial e da queda do Fascismo — a escolha, como o próprio nome diz, foi pelo republicanismo. Para celebrar a data, a nossa Orquestra, com Emmanuele Baldini como regente e solista, recebe a mezzo soprano Luisa Frescesconi e o tenor Giovanni Tristacci em um programa com peças dos italianos Vivaldi, Verdi, Mascagni e Puccini e do brasileiro Carlos Gomes, que adotou o país homenageado como sua segunda pátria. Emmanuele é de Trieste, cidade próxima ao mar Adriático; Luisa tem dupla cidadania — sua família é de uma comuna chamada Cordignano, próxima a Veneza, e Giovanni é descente de imigrantes italianos que vieram para o Rio Grande do Sul em 1875.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp | Criada em 1954, é uma das mais importantes orquestras da América Latina. Desde 2020, tem o suíço Thierry Fischer como diretor musical e regente titular, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop, que agora é Regente de Honra. Em 2016, a Osesp esteve nos principais festivais da Europa e, em 2019, realizou turnê pela China. No mesmo ano, estreou projeto em parceria com o Carnegie Hall, com a Nona Sinfonia de Beethoven cantada ineditamente em português. Em 2018, a gravação das Sinfonias de Villa-Lobos, regidas por Isaac Karabtchevsky, recebeu o Grande Prêmio da Revista Concerto e o Prêmio da Música Brasileira.

Emmanuele Baldini | Spalla da Osesp desde 2005 e Primeiro Violino do Quarteto Osesp desde 2008, o italiano de Trieste formou-se no Conservatório de Genebra, aperfeiçoando-se em Berlim e Salzburgo. Mais recentemente, sua dedicação à regência o levou a se aprimorar com Isaac Karabtchevsky e Frank Shipway. Como regente, destacam-se concertos no Teatro Colón, de Buenos Aires, no Teatro del Sodre, de Montevidéu, da própria Osesp e apresentações com as principais orquestras da América Latina. De 2017 a 2020 foi diretor musical da Orquestra de Câmara de Valdivia, no Chile, e é diretor artístico da Orquestra de Câmara Sphaera Mundi, de Porto Alegre.

Luisa Francesconi | A mezzo soprano nasceu em Brasília e estudou canto lírico em Milão com Rita Patané. Colaborou com teatros como os de Palermo, Torino, Lisboa, México, Buenos Aires, Montevidéu e os principais brasileiros. Atua tanto no repertório de ópera, quanto no repertório de concerto e já se apresentou junto à Osesp em diversas ocasiões.

Giovanni Tristacci | O tenor gaúcho estudou no Brasil e na Europa com nomes como Eduardo Alvares, Isabel Maresca e José van Dam, e em escolas como a Chapelle Musicale Reine Elizabeth, na Bélgica. É presença constante nas temporadas dos Teatros de Ópera brasileiros, como os theatros Municipais do Rio de Janeiro e São Paulo, e o Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

PROGRAMA

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp

Emmanuele Baldini – regente e violino

Luisa Francesconi – mezzo soprano

Giovanni Tristacci – tenor

Francisco Manuel da Silva | Hino Nacional Brasileiro

Michele Novaro | Hino da Itália

Antonio Vivaldi | As Quatro Estações, Op. 8: Verão

Giuseppe Verdi | La Forza del Destino: Abertura

Giuseppe Verdi | Don Carlo: “Nel giardino del bello

Pietro Mascagni | Cavalleria Rusticana: Intermezzo

Giacomo Puccini | La Bohème: ‘Che gelida manina’

Antonio Carlos Gomes | Il Guarany: “Sento una forza indomita”

Antonio Carlos Gomes | Lo Schiavo: Alvorada.

Serviço:

Festa da República Italiana com a Osesp, na Sala São Paulo

1º de junho, terça-feira, às 20h

Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16

Taxa de ocupação limite: 440 lugares

Recomendação etária: 7 anos

Ingressos: R$50,00* (valor inteiro)

Bilheteria (INTI): https://osesp.byinti.com/

(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h

Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.

Estacionamento: R$28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para portadores de necessidades especiais; 33 para idosos.

* Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos, pessoas com deficiências com até um acompanhante e servidores da Educação das redes estadual e municipal têm desconto de 50%, mediante comprovação em todas as atividades.

Chef brasiliense lança série de lives “Mestres pelo Brasil” em junho

Brasília, por Kleber Patricio

Fotos: Marília Lima.

O Brasil é um país repleto de culturas, crenças e vivências distintas, o que influencia diretamente na gastronomia de cada região. Após sua experiência no programa Mestre do Sabor, a chef Leninha Camargo embarca em mais um novo projeto: explorar ainda mais a sua experiência na gastronomia e nos produtos de origem brasileira, por meio de uma série de lives que exploram a diversidade gastronômica do nosso país. As lives, que começam no dia 2 de junho, serão promovidas no Instagram da chef e contam com a participação dos ex-participantes do Mestre do Sabor e também do reality Masterchef.

O intuito das lives é trazer para o público bate-papos sobre as mais variadas culturas gastronômicas de todo país, levantando a bandeira que a chef carrega, que é a supervalorização da gastronomia brasileira e dos produtos da terra, assim como o resgate das culturas de cada região e dos pequenos produtores, principalmente do cerrado. “Quero mostrar a qualidade e excelência da gastronomia brasileira, ressaltando sempre os ingredientes típicos daqui. Nosso país tem uma diversidade imensa de produtos e misturas e precisamos explorá-la”, destaca Leninha.

Nas lives, os chefs irão preparar ao vivo receitas fáceis e com produtos acessíveis, além do preparo detalhado de cada prato. A chef informará previamente em suas redes os ingredientes que serão utilizados em cada preparo, para que o público possa comprar e participar da dinâmica durante a transmissão. Para esse projeto, Leninha Camargo conta com convidados ilustres – chefs renomados de todo o país, que na sua maioria, comandam caçarolas por todo o Brasil, além de serem todos ex-participantes de realitys de gastronomia, como Mestre do Sabor e Masterchef.

Para iniciar o projeto, o primeiro convidado será o finalista do Mestre do Sabor Junior Marinho, de Goiânia, que conquistou o Brasil inteiro por sua simpatia e sorriso cativante e irá preparar um prato da chamada “cozinha afetiva” ao vivo. Outros grandes nomes que irão compor o time de Leninha nas lives serão os chefs Marcelo Cotrim, Moacyr Santana, Lui Veronese, Arthur Pendragon, Serginho Jucá, Francisco Pinheiro, Roberto Neves e Janete Borges, entre outros.

Quem fará o encerramento será o chef Thiago Chagas, enriquecendo a todos com o tema Nordeste no Prato. “Fiz uma seleção difícil para compor esse grupo de chefs que participarão das lives, pois no nosso país possuímos grandes talentos na gastronomia, mas acredito que fiz uma excelente escolha, pois cada um trará os sabores e a sua vasta experiência de cada região do nosso Brasil”, completa a chef.

Cronograma das lives

Live 1 – Prato da cozinha afetiva – Convidado: Júnior Marinho

Data e horário: 2/6 às 21h

Live 2 – Como gerar conteúdo com receitas criativas? – Convidado: Marcelo Cotrim

Data e horário: 3/6 às 21h

Live 3 – Sabores da cozinha baiana – Convidado: Moacyr Santana

Data e horário: 4/6 às 21h

Live 4 – As Riquezas do Bioma do Cerrado – Convidado: Luiz Veronese

Data e horário: 7/6 às 21h

Live 5 – Os Sabores do Bioma Baiano – Convidado: Arthur Pendragon

Data e horário: 8/6 às 21h

Live 6 – Cores, Texturas, Aromas e Sabores – Convidado: Serginho Jucá

Data e horário: 9/6 às 21h

Live 7 – Verdadeira Cozinha Sentimental – Convidado: Francisco Pinheiro

Data e horário: 10/6 às 21h

Live 8 – Amazônia na Panela – Convidado: Roberto Neves

Data e horário: 12/6 às 21h

Live 9  – Charcutaria do Mar – Convidada: Janete Borges

Data e horário: 14/6 às 21h

Live 10 – As Riquezas Sergipanas – Convidada: Seichele Barboza

Data e horário: 15/6 às 21h

Live 11 – Yakissoba em releitura – Convidado: Vinicius Rossignoli

Data e horário: 16/6 às 21h

Live 12 – Os Sabores Pernambucanos – Convidada: Gi Nacarato

Data e horário: 17/6 às 21h

Live 13 – Frutos do mar na brasa – Convidado: André Boratto

Data e horário: 18/6 às 21h

Live 14 – Cozinha de Sentimento – Convidado: André Barros

Data e horário: 21/6 às 21h

Live 15 – Ascensão da gastronomia: de hobby a profissão – Convidado: Thiago Gatto

Data e horário: 22/6 às 21h

Live 16 – Preparação do Maria Izabel – Convidado: Renan Corrêa

Data e horário: 23/6 às 21h

Live 17 – Cores, Texturas, Aromas e Sabores do Bioma Amazônico – Convidado: Guto Medeiros

Data e horário: 24/6 às 21h

Live 18 – Cultura dos quilombolas – Convidada: Aline Guedes

Data e horário: 28/6 às 21h

Live 19 – Nordeste no Prato – Convidado: Thiago Chagas

Data e horário: 30/6 às 21h.

Sobre Leninha Camargo | Com formação na Itália, na conceituada Accademia Italiana della Cucina, mestrado em segurança alimentar na Universidade de Brasília (UnB) e especialista em azeites, a chef Leninha Camargo atua há cerca de 20 anos na capital e atualmente comanda o espaço de eventos Orpheum e o Empório Chef Leninha Camargo, localizados em Brasília, além de participar da última edição do programa Mestre do Sabor. Empreendedora criativa e inquieta, Leninha também desenvolve diversos projetos ligados à gastronomia, como o Vinho e Música; o programa Na Ilha com a Chef, que será lançado no final de maio e projetos para a indústria de alimentos, além de lives com chefs de todo o Brasil.

Nova edição do #MirantedaCasa debate história e memória no documentário brasileiro

São Paulo, por Kleber Patricio

Frame de “Os Arrependidos”, de Ricardo Calil. Crédito: divulgação.

O #MirantedaCasa, programa de lives do Educativo da Casa de Cultura do Parque, convida o público a participar de sua nova edição sobre história e memória no documentário brasileiro, no dia 28 de maio, junto aos documentaristas Daniel Santiago, Ricardo Calil e Armando Antenore. A conversa, mediada por Gabriel Campos, acontece às 17h, no YouTube e Facebook da Casa.

O encontro tem como foco o filme vencedor do Festival É Tudo Verdade deste ano, Os Arrependidos, de Ricardo Calil e Armando Antenore. O longa retoma um momento chave da história nacional que ainda paira sobre os nossos dias: a Ditadura Militar. A conversa também discute o panorama dos filmes que participaram do festival esse ano, a recepção dos documentários exibidos em formato on-line e a situação crítica da memória cinematográfica brasileira com o fechamento da Cinemateca.

Para enriquecer o debate, uma série de filmes serão citados e analisados; entre eles Coração do Brasil e Família Alcântara, ambos de Daniel Santiago, (o último com direção conjunta de Lilian Solá Santiago) que contam e registram – sob outra perspectiva – a vida social do país e sua relação com o passado. Cine Marrocos, de Ricardo Calil, narra o dia a dia de ocupantes do famoso cinema no centro paulistano.

O diretor Ricardo Calil. Foto: divulgação.

Sobre Ricardo Calil | Codiretor do documentário Os Arrependidos (com Armando Antenore), vencedor do É Tudo Verdade 2021, e diretor de Cine Marrocos (2018), vencedor do É Tudo Verdade 2019 e premiado em Guadalajara (México) e DokLeipzig (Alemanha). Codirigiu, com Mônica Almeida e Gian Carlo Bellotti, a série Em Nome de Deus (2020), sobre o médium João de Deus, e o documentário musical Arnaldo, Sessenta (2020), ambos para o Globoplay. É codiretor, com Renato Terra, dos documentários Uma Noite em 67 (2010), Eu Sou Carlos Imperial (2016) e Narciso em Férias (2020) e da série Noites de Festival (2020); coautor do livro Uma Noite em 67 (Ed. Planeta), também com Terra; roteirista do programa Conversa com Bial; foi crítico de cinema da Folha de S. Paulo e do site NoMínimo.

Sobre Armando Antenore | Iniciou a carreira em 1987. Trabalhou na Folha de S. Paulo por 12 anos como repórter e repórter especial. Também exerceu as funções de repórter e editor nas revistas Saúde!, Jovem Pan e Vip. Entre agosto de 2005 e julho de 2013, foi editor-sênior e redator-chefe da revista Bravo!, na editora Abril. Depois, virou repórter especial da Abril, onde permaneceu até novembro de 2014. Nessa função, fez matérias para as revistas Claudia e Playboy. Em 2015, atuou como diretor da Bella, editora especializada em livros de não ficção. Desde 2016, é editor e repórter da revista Piauí. Em 2018 e 2019, ficou entre os dez indicados ao Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo na categoria “texto”. O prêmio é concedido pela Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, que se localiza em Cartagena das Índias, na Colômbia. De 1999 a 2009, foi um dos coordenadores da Associação de Incentivo às Comunicações Papel Jornal, que ajudou a implantar. É autor dos livros infantis Júlia e Coió, Rita Distraída e Sorri, Lia!, lançados no Brasil pelo grupo espanhol SM. Em 2014, o Ministério da Educação escolheu Sorri, Lia! para fazer parte do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), programa que distribui livros em escolas públicas do país inteiro.

Sobre Daniel Santiago | Autodidata, o produtor e documentarista Daniel Solá Santiago possui larga experiência na área audiovisual. Participação em produções de filmes de longa-metragem, tais como Eles não Usam Black-Tie, Pixote, Carandiru e The Emerald Forest, entre outros. Dirigiu e produziu os documentários de longa-metragem Família Alcântara e Coração do Brasil. Finaliza os documentários Ecos do Teatro Experimental do Negro e Memória Possível. É presidente da Apaci – Associação Paulista de Cineastas no biênio 2020/2021.

Frame de “Uma Noite em 67”, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil. Crédito: Wilson Santos/CPDoc/JB.

Sobre o #MirantedaCasa | Programa do Educativo da Casa de Cultura do Parque, o #MirantedaCasa convida personalidades da cena contemporânea para debater assuntos que instigam a pensar o novo na História e na Cultura. Mediada por Gabriel Campos, a conversa é pontuada por leituras de trechos literários que precedem às perguntas – são provocações poéticas que caracterizam o programa. É um lugar de escuta, que estimula o debate, exercita e excita a memória, buscando alternativas para sair do lugar-comum olhando para o futuro. O saber é faísca e pólvora.

Sobre a Casa de Cultura do Parque | A Casa de Cultura do Parque, localizada em frente ao Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, é um espaço plural que busca estimular reflexões sobre a agenda contemporânea, promovendo uma gama de atividades culturais e educativas que incluem exposições de arte, shows, palestras, cursos e oficinas.

A Casa de Cultura do Parque tem como parceiro institucional o Instituto de Cultura Contemporânea – ICCo, uma oSCIP sem fins lucrativos. As duas iniciativas, de natureza socioeducativa, compartilham a mesma missão de ampliar a compreensão e a apreciação da arte e do conhecimento.

Serviço:

#MirantedaCasa sobre história e memória no documentário brasileiro

Live: 28 de maio, sexta-feira, às 17h

Participantes: Daniel Santiago, Ricardo Calil e Armando Antenore

Onde: Facebook e YouTube da Casa de Cultura do Parque.

Refugiados idosos estão sob alto risco de exclusão enquanto Covid-19 continua a atingir as Américas

Genebra, por Kleber Patricio

Mulheres venezuelanas da comunidade de refugiados indígenas Warao produzem artesanato em Manaus (AM). Foto: Felipe Irnaldo/ACNUR.

O ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e a HelpAge International alertaram ontem (26) que a pandemia da Covid-19 está colocando em risco pessoas idosas que se deslocam pela América Latina, prejudicando seu bem-estar e limitando seu acesso a direitos e serviços essenciais.

Uma avaliação conjunta na Colômbia, Equador, El Salvador, Honduras e Peru revelou que a pandemia está exacerbando as ameaças pré-existentes à saúde física e mental, nutrição, autonomia financeira e situação legal de refugiados idosos e pessoas idosas em deslocamento. Metade dos entrevistados descreveu ter sofrido discriminação, enquanto um número preocupante descreveu incidentes de abusos. “Há muito tempo, pessoas idosas em situação de deslocamento forçado se deparam com abandono e proteção insuficiente. Sua plena inclusão nas respostas nacionais à pandemia, inclusive nos planos de vacinação da Covid-19, é fundamental para garantir sua dignidade e direitos”, afirma Jose Samaniego, diretor do Escritório Regional do ACNUR para as Américas.

O relatório Uma reivindicação pela dignidade: Envelhecer em movimento pode ser lido em https://ageingonthemove.org/. Clique aqui para acessar o texto completo no site oficial do ACNUR.

Exclusão digital afetou acesso ao auxílio emergencial das classes D e E na pandemia

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Marcello Casal Jr./Unsplash.

Muitos brasileiros não conseguiram receber o auxílio emergencial oferecido durante a pandemia de Covid-19 devido à exclusão digital, revela um estudo do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGVcemif). A falta de habilidade para lidar com dispositivos digitais e as limitações de acesso à internet foram algumas das barreiras encontradas por esses trabalhadores para conseguir o auxílio, que voltou a ser pago no mês de abril de 2021, após interrupção de três meses.

O relatório, antecipado à Bori, mostra, ainda, que trabalhadores das classes D e E foram mais afetados pela exclusão digital com relação ao auxílio. Lauro Gonzalez, coordenador do FGVcemif, lembra que um em cada quatro brasileiros ainda não utiliza a internet, proporção que representa aproximadamente 47 milhões de pessoas. A maior parte está nas classes D e E. “Isso acaba sendo um problema, já que as pessoas dessas classes são justamente aquelas que estão em maior condição de vulnerabilidade social e precisam de políticas de transferência de renda”, destaca González, que é um dos autores do estudo.

Tendo como base os dados secundários da segunda edição do painel TIC Covid-19, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), os pesquisadores aplicaram um questionário com usuários de internet com mais de 16 anos de todas as regiões do país entre junho e setembro de 2020. Dentre estes entrevistados, 38% afirmaram ter conseguido receber o auxílio emergencial. Outros 20% tiveram suas solicitações negadas, ou seja, não receberam o auxílio emergencial. Considerando apenas a porção de pessoas das classes D e E, a porcentagem dos que tentaram solicitar, mas não conseguiram sobe para 23%.

Entre os motivos para o não recebimento do auxílio, são apontados tanto barreiras tecnológicas como barreiras cognitivas, como a falta de habilidade de manuseio do aplicativo do programa do auxílio emergencial, disponibilizado pela Caixa. No primeiro grupo estão dificuldades como não ter um celular, não ter um espaço de armazenamento suficiente para baixar ou armazenar o aplicativo e não ter acesso à internet no aparelho. Com relação ao manuseio, temos a falta de habilidade dos solicitantes em baixar e utilizar o aplicativo para a solicitação do benefício.

Exclusão digital com relação ao auxílio é mais forte nas classes D e E | A falta de acesso a um celular é um motivo que afetou quase três vezes mais usuários das classes D e E na comparação com o total dos solicitantes que tentaram pedir, mas não receberam o auxílio emergencial do governo federal. “Cerca de 20% dos usuários de internet das classes D e E apontam indisponibilidade do celular como uma das razões para não conseguir o benefício”, reforça Gonzalez.

As limitações no acesso à internet, que afetaram 9% do total de solicitantes, também são bem piores para os usuários das classes D e E, cujo número alcança 22%. Dificuldades pessoais no download do aplicativo para celular da Caixa também aparecem com porcentagem duas vezes maior nas classes D e E (18%) do que o informado pelo total de entrevistados (9%). Ainda, 28% dos usuários destas classes relataram falta de habilidade em utilizar o aplicativo após tê-lo baixado em um aparelho celular, contra 12% do total dos entrevistados.

Diante destes dados, os autores frisam que é fundamental que a disponibilização do auxílio emergencial, que é voltado para a população mais afetada pela pandemia da Covid-19, seja realizada em interfaces amigáveis, intuitivas e alinhadas às especificidades dos dispositivos móveis destes usuários. “A formulação e implementação de políticas públicas precisa levar em consideração a realidade da baixa renda no uso de tecnologias sob pena de não atingir seus objetivos ou promover mudanças ‘para pior’”, alertam os autores do estudo. Além disso, os autores ressaltam a importância do papel das prefeituras e profissionais que atuam em nível local, em contato direto com os usuários dos serviços de assistência social, que podem ajudá-los a manusear o aplicativo.

Apesar de reconhecerem o papel da Caixa na implementação do auxílio emergencial, os pesquisadores se mostram especialmente preocupados com o fato dos aplicativos escancararem a desigualdade socioeconômica do Brasil com relação ao acesso a tecnologias. “A despeito dos progressos inesperados em meio à pandemia, a inclusão digital continua sendo uma promessa para as classes D e E”, concluem.

(Fonte: Agência Bori)