Sucen, que monitorava o comportamento do inseto no Estado, foi extinta em 2020 e seus laboratórios, até hoje, não foram incluídos na organização administrativa do Estado, comprometendo pesquisas e controle de doenças
São Paulo
O desempenho do estudante que está nos últimos anos do ensino fundamental é influenciado pelo contexto escolar e familiar ao qual ele está inserido. Além disso, há forte correlação entre a sensação de pertencimento à escola e o suporte emocional da família com o aprendizado demonstrado pelo aluno em matemática, leitura e ciências. Esta é a conclusão de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em estudo publicado na revista Psico-USF.
Para chegar a este resultado, os autores utilizaram a base de dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2015. A partir dela, eles obtiveram os relatos de 23.141 alunos, dos 27 estados brasileiros, matriculados no ensino fundamental, a maioria em escolas estaduais, com faixa etária de 15 a 16 anos. O objetivo foi analisar o potencial impacto da relação do estudante com a escola e a família nos escores de desempenho em matemática, leitura e ciências.
O trabalho mostra que a qualidade do suporte dos pais reflete em como o estudante se sente na escola e, possivelmente, na sua concentração ao fazer avaliações escolares. A autora principal do estudo, Mayra Antonelli Ponti, da USP, observa que os ambientes escolar e familiar são muito importantes para o desempenho dos estudantes e reitera a necessidade de essas dimensões serem alvo de políticas públicas na área da educação. “É fundamental haver um olhar contextualizado e integral para o jovem de tal forma que garanta um desenvolvimento saudável e um aprendizado efetivo”, afirma. De acordo com a pesquisadora, os aspectos sociais devem ser levados em consideração ao se analisar o cenário da educação. “Com apoio familiar e se sentindo pertencente a um grupo, como no caso da escola, o aluno terá maior potencial de direcionar suas energias para os estudos e a se empenhar de maneira mais intensa a propósitos que são compartilhados com os familiares, professores e colegas”, observa.
Mayra Antonelli Ponti explica que são necessárias mais e profundas investigações sobre os anos finais do ensino fundamental dos alunos brasileiros para que se possam identificar quais são os principais gargalos no ensino oferecido para esta faixa etária. “Não está claro o motivo de essa etapa não ter um resultado satisfatório, com altas taxas de abandono e evasão escolar”. A pesquisadora acredita que provavelmente diversos aspectos estejam relacionados ao problema.
Para a pesquisadora Patricia Ferreira Monticelli, coautora do estudo, modificar esse cenário passa por fortalecer políticas públicas focadas na qualidade de vida dos cuidadores dos estudantes, principalmente as mulheres. “Sendo o ambiente familiar importante para o desempenho escolar dos jovens, as mães, que acabam mais sobrecarregadas com essa tarefa, precisam ter condições para apoiar, conversar e acompanhar os filhos”, comenta.
Como reflexo da pandemia, o pertencimento à escola pode ter outras interpretações por causa do ensino remoto. Configurações do ambiente doméstico e do suporte que a família poderia dar aos filhos no período pré-pandemia podem ter se modificado devido a possíveis perdas financeiras da família e a necessidade de readequação completa da rotina dos lares brasileiros. Isso sem contar com os índices de evasão que poderão vir desses anos de pandemia, reforça Mayra, o que pode resultar em estudantes que nem ao menos chegarão a finalizar o ciclo do ensino fundamental.
(Fonte: Agência Bori).
O Queijo Minas é um dos queijos brasileiros mais conhecidos, mas a produção brasileira de queijos possui outros tipos que também são uma delícia. Além do Queijo Minas Padrão, de sabor suave, macio e ideal para acompanhar o pãozinho no café da manhã, há o Queijo Minas Frescal, que é leve, suave e molinho, recomendado para sanduíches e até mesmo doces como o Romeu e Julieta. Já o Queijo Meia Cura, um clássico mineiro e principal ingrediente do pão de queijo, possui um sabor marcante e levemente ácido, podendo ser consumido até mesmo in natura, acompanhado de um cafezinho.
O Queijo Coalho, típico do Nordeste, pode ser consumido em fatias, ralado, assado ou frito, além de ser um item obrigatório no churrasco. Seu maior destaque é ser um dos pouquíssimos queijos no mundo que podem ser aquecidos sem derreter, tornando-se crocante por fora e macio por dentro.
Outra opção saborosa é o Queijo Prato Esférico, que foi desenvolvido por imigrantes dinamarqueses no Brasil em meados dos anos 1920. É um queijo suave, frutado e ligeiramente adocicado, que pode ser saboreado puro ou em lanches e sanduíches quentes ou frios.
Há também o Queijo Reino, que tem uma história bem interessante. Durante o Brasil Colonial, a família real portuguesa trazia da Europa o Queijo Tipo Edam. Ele era transportado dentro de barris que, em viagens anteriores, eram utilizados para armazenar vinho. Como essa viagem era feita por navios, o queijo passava meses dentro dos barris, o que acabava alterando sua maturação, sabor e textura, além da casca, que ficava avermelhada por causa da coloração do vinho. No fim da jornada, o queijo passava por tantas transformações que acabava se tornando outro, o queijo “do Reino” de Portugal, como ficou conhecido na época. Com sabor pronunciado e picante, possui uma textura firme, que derrete fácil na boca, além de combinar com o vinho tinto.
Uma dica para quem quer descobrir mais curiosidades sobre queijos é a Escola do Queijo, um projeto da Tirolez no Youtube que visa tornar consumidores em especialistas em queijos. Sobre este tema, há uma videoaula completa, cheia de detalhes. o canal da Tirolez pode ser acessado no YouTube ou no site.
Uma outra dica muito especial é o site da Fazenda Atalaia, em Amparo/SP. O canal oferece oficinas pedagógicas e diversas informações sobre a produção da fazenda, que inclui o Queijo Alvorada (da família dos queijos azuis), o Mantiqueira (tradicional do interior paulista), o Taipa e o Tulha (Medalha de Ouro por dois anos consecutivos no Prêmio Queijos Brasil – 2016 e 2017 – e Medalha de Ouro no World Cheese Awards em San Sebastian, na Espanha, sendo ela a primeira medalha de ouro internacional para um queijo artesanal brasileiro), entre muitos outros.
Muitas cidades brasileiras já contam com o serviço de coleta seletiva municipal, no qual o caminhão passa uma vez por semana pela vizinhança recolhendo os sacos com materiais recicláveis. Para as localidades que não contam com a coleta seletiva, há Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), que garantem que os materiais pós-consumo possam ser coletados e reciclados da forma correta. Na hora de separar os itens, seja para a coleta municipal, seja para entregar em um PEV, é comum surgirem dúvidas em relação a alguns materiais, entre eles o vidro. A Verallia, fabricante de embalagens de vidro para alimentos e bebidas, e a MassFix, prestadora de serviços de coleta, separação e processamento de cacos de vidros, esclarecem as dúvidas mais comuns que surgem na hora de separar o vidro para reciclagem.
Posso colocar o vidro no mesmo saco dos outros tipos de recicláveis? | Como não existe coleta exclusiva para o vidro, o recomendado é colocar todos os vidros num único saco, separado dos outros materiais recicláveis. No caso de vidros quebrados, devemos embrulhá-los em uma caixa de papelão ou em um papel mais grosso, como jornal e revista. Desse modo, diminuímos o risco de ferir os catadores da coleta seletiva e a perda de cacos de vidro para reciclagem.
Devemos separar os vidros por cor na hora de reciclar? | Não é necessário separar em sua residência/comércio os vidros por cor.
É necessário tirar os rótulos dos vidros antes de destinar para a reciclagem? | Não é necessário remover os rótulos dos vidros em casa antes de separá-los para a reciclagem. As cooperativas e empresas, como a Massfix, contam com processos eficientes para essa remoção. É recomendável apenas separar as tampas da embalagem, pois são de outros materiais, como metal e plástico. Essas tampas devem ser destinadas para reciclagem juntamente aos outros materiais.
Podemos separar as embalagens de vidros de remédios para reciclagem? | Primeiramente, é importante saber que cada medicamento tem dois tipos de embalagem: a que fica em contato direto com o remédio, chamada de primária, e a embalagem que não fica em contato com a medicação, chamada de secundária.
As embalagens de remédio primárias não podem ser descartadas no lixo comum nem destinadas à reciclagem comum, pois contêm resíduos de substâncias químicas que podem contaminar o meio ambiente. Esse é o caso das embalagens de remédios de vidro. Desse modo, as embalagens de vidro de remédios e de outros produtos químicos devem ser descartadas em pontos de coleta em farmácias e Unidades Básicas de Saúde (UBS). Caso não encontre nenhum posto de coleta próximo, procure a Vigilância Sanitária do seu município.
No caso das embalagens secundárias, como as caixas de papel e as bulas dos remédios, podem ser destinadas para a reciclagem comum.
Podemos juntar porcelanas, louças, cerâmicas e similares com o vidro para reciclagem? | Nunca misture porcelanas, louças, cerâmicas e similares com o vidro, já que esses materiais são os piores contaminantes ao vidro, pois não derretem, geram perdas de cacos e prejudicam a reciclagem. Estes tipos de materiais não devem ser incluídos nos recicláveis comuns. Nestes casos, procure por postos de coleta próximos que reciclam porcelanas, louças, cerâmicas e similares. Se não localizar pontos próximos, estes materiais devem ser encaminhados aos aterros comuns.
Porcelanas, louças, cerâmicas e similares devem ter o mesmo cuidado recomendado no descarte de embalagens de vidro quebradas. Ou seja, estes materiais devem ser embrulhados em jornal, revista ou papelão e colocados numa sacola à parte do lixo comum, para evitar quebras e acidentes com os coletores.
Como descarto lâmpadas, tubos de TV e outros eletroeletrônicos com vidro? | A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) exige que os fabricantes e revendedores de eletroeletrônicos recebam seus antigos aparelhos de volta para serem encaminhados para recicladoras específicas que trabalham com esse tipo de material. Antes de tudo, a dica é verificar no site do fabricante onde descartar os produtos da marca. Como exemplo, temos o descarte de celulares, em que as operadoras de telefonia e as fabricantes recebem os celulares em suas lojas para fazer o descarte adequado. Há ainda cooperativas especializadas em reciclagem de eletroeletrônicos. Consulte na internet a mais próxima de você.
Rede de informações sobre coleta de vidro | Para unificar e ampliar a informação sobre PEVs de embalagens de vidro em todo o país, facilitando o acesso do consumidor comum à reciclagem, a Verallia criou uma lista colaborativa disponível em seu site. “Com a iniciativa, queremos compartilhar informações e criar uma grande rede nacional de coleta responsável de vidro para incentivar o usuário a incluir na lista pontos existentes em sua cidade. Assim, cada vez mais e mais consumidores poderão promover o descarte responsável de suas embalagens de vidro”, enfatiza Catarina Peres, supervisora de marketing da empresa.
Além da lista colaborativa com PEVs, a Verallia disponibiliza uma cartilha com informações sobre o vidro, como as virtudes, seu processo de produção, as diferenças entre os tipos de vidro e a importância da reciclagem na redução dos impactos ambientais.
Em 23 de abril, entra no ar a 8ª edição do Dança à Deriva, encontro latino-americano de dança, performance e ativismo que tem como objetivo consolidar a rede de artistas, produtores e articuladores culturais que vem sendo criada desde a sua primeira edição, em 2012. Coordenado pela produtora e gestora de projetos culturais Solange Borelli, desde o início o encontro já recebeu mais de 85 coletivos artísticos de Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Costa Rica, Equador, Peru, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Para esta edição, foram mais de 300 inscrições de obras dentro das seguintes categorias: vídeo dança, vídeo arte, vídeo documentário e registro de obras. Desse total, 47 trabalhos foram selecionados e serão exibidos de 21 a 30 de abril pelo canal do YouTube do Dança à Deriva.
Os países que integram a programação no Dança à Deriva 2021 são Brasil, Chile, Bolívia, Panamá, México, Colômbia, Equador, Argentina, Paraguai, Uruguai, Costa Rica e Índia.
Destaque para a presença do Colectivo Carretel, da Colômbia, que investiga as possibilidades do corpo como ente comunicador e relacional frente a entornos determinados, cotidianos, artísticos e coletivos. O coletivo participou das três primeiras edições de Dança à Deriva e, nas demais edições, sempre estiveram presentes alguns de seus componentes. Solange diz que Coletivo Carretel foi e continua sendo uma inspiração para o Dança à Deriva; portanto, abrirá o encontro.
Outro destaque fica para o trabalho de Kailas Sreekumar, artista indiano que participa pela primeira vez do Dança à Deriva, além das presenças de artistas brasileiros que residem em outros países e buscam participar deste encontro em parceria. “Nesta edição, teremos parcerias entre artistas do Brasil/Espanha, Brasil/França/Portugal, Brasil/França/Alemanha. Neste sentido, amplia-se o diálogo entre as nações por meio das linguagens artísticas, rompendo as fronteiras da Latino América”.
“O Dança à Deriva parte da premissa de reunir artistas da América Latina para se conhecerem e se reconhecerem em seus trabalhos, projetos e ideias. Algo muito necessário, porque sabemos da fragilidade das nossas relações. Pouco se sabe dos países que integram esse continente tão diverso e adverso. Brasil, especialmente, e as razões são inúmeras. Muitas delas emergem nas obras que são apresentadas em quase todas as edições de Dança à Deriva, quando trazem temáticas que expõem nossas histórias, ancestralidades e subjetividades”, afirma Solange, que ainda completa: “Venho percebendo, ao longo dessas edições, que há um imaginário sobre a América Latina que aos poucos vai se desconstruindo, à medida em que nos predispomos a dialogar entre nós sobre isso que fazemos e acreditamos. É uma tarefa árdua, reconheço, mas necessária. Não é novidade pra ninguém a condição precária do nosso setor, a fragilidade institucional da Latino América, a desigualdade e a centralização na distribuição de recursos financeiros, bem como a hierarquização de um sistema que privilegia uma classe e uma subjetividade hegemônica (branca, cis e burguesa). São essas questões que em geral vêm à tona quando nos reunimos. Portanto, a dança ou a performance é apenas um pretexto para que se coloquem nas nossas rodas de conversa questões bem mais complexas”, diz Borelli.
Sobre as escolhas para compor a programação | Para que Dança à Deriva trouxesse a pluralidade e um retrato mais realista da produção latino-americana, compôs-se uma curadoria formada por nove artistas, a maioria deles já familiarizada com as dinâmicas desse encontro por terem participado de edições anteriores. São eles: Sylvia Fernandez (Bolívia), Luís Rubio (México), Nelson Martinez (Colômbia), Valéria CanoBravi (Brasil), Gloria Morel (Paraguai), Sofia Lans (Uruguai), Eliana Jimenez (Colômbia), Nicolas Cotet (Chile) e Rui Moreira (Brasil), com a direção geral de Solange Borelli.
O grupo, chamado Poetas Conspiradores, se debruçou sobre as mais de 300 propostas recebidas tendo como eixo curatorial selecionar obras, artistas e coletivos que enveredam por uma poética onde, no discurso dramatúrgico, ficam evidenciadas as interfaces com outras expressões – circo, teatro, literatura, cinema, artes e as novas tecnologias, oportunizando a troca mútua de experiências entre artistas de origens e formações distintas. “Neste sentido, não nos interessou dizer o que é bom ou não, o que ver e o que não ver, o que está bem feito e o que não está. Mas, sim, aceitar a provocação que cada obra nos propõe e também a curiosidade de conversar com o criador ou com o coletivo para saber mais das suas próprias regras, de seus contextos, das suas indagações, além de aprofundar essas questões em conversatórios que ocorrerão todas as tardes durante o encontro e que chamamos de Ponto de Fuga“, conta a criadora do Dança à Deriva.
A programação terá 47 espetáculos e três documentários, que serão liberados diariamente para serem vistos em blocos pelo site www.dancaaderiva.com a partir de 24 de abril, nas primeiras horas do dia. À noite, os encontros ocorrem em duas sessões, às 19h e às 21h30, para conversar com os artistas e coletivos sobre suas obras e suas inquietações.
Entre os destaques nacionais, está o Grupo Batakerê, coletivo da cidade Zona Leste de São Paulo que atua com danças e cultura popular e mantém uma ligação muito profunda com o local onde estão sediados, na periferia. Fazem uma interlocução com a comunidade para a construção das suas danças. Eles apresentam duas obras, sendo uma delas um documentário que traz a história de militância desse coletivo e será apresentado no penúltimo dia do festival, 29 de abril, quando se comemora o Dia Internacional da Dança.
No mesmo dia, o público pode conferir também o documentário da Compañia Danza Contemporânea, da Argentina, que também apresenta dois trabalhos. Um deles é um documentário que narra a luta dos artistas da dança de Buenos Aires buscando garantir direitos laborais como salários, contratações e condições dignas de trabalho, entre outros, ressaltando a fragilidade e precarização a qual o profissional da dança está exposto.
O coletivo enNingúnlugar, da cidade de Queretaro, México, também apresenta um documentário sobre como pensam e se organizam enquanto coletivo e criadores de redes e plataformas colaborativas.
O encontro também desenvolverá laboratórios de criação práticos e online contando com a presença dos seguintes artistas: Cláudia Nwabasili e Roges Doglas (Brasil), Brigitte Potente (Colômbia), Agostina Sario (Argentina) e Luiz Moreno Zamorano (Chile). Além disso, no mesmo dia das exibições, no período da tarde, acontecem encontros entre artistas que traz a proposta de realizar diálogos abertos tendo como provocação o tema: Cavar Trilhas Subterrâneas ou Construir Pontes sobre Abismos. Trata-se de encontros abertos a toda a comunidade artística.
O projeto é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, pelo Governo Federal e, pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
A programação completa pode ser encontrada neste link.
Serviço:
Dança à Deriva 2021
De 23 a 30 de abril
Espetáculos, documentários, oficinas e debates
Programação completa no site www.dancaaderiva.com e informações sobre reserva de convites.
A pandemia de Covid-19 já é considerada a maior crise global do último século e pesquisadores do mundo todo têm quantificado o seu impacto e analisado como diferentes políticas públicas alteram os efeitos da pandemia em cada nação. Esse é um dos principais objetivos do livro Coronavirus Politics (Políticas do Coronavírus, em tradução livre), que analisa as decisões políticas de países dos cinco continentes — incluindo o Brasil. A obra, que foi lançada nesta quinta (22), foi organizada e liderada pela professora Elize Massard da Fonseca, da FGV Eaesp, com apoio da Fapesp, em conjunto com dois professores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, Scott Greer e Elizabeth King. O trio coordenou colaborações de mais de 60 autores. O resultado é um retrato amplo, inédito e aprofundado de como diferentes países responderam à mesma situação de saúde pública em 2020.
Entre os principais achados está o entendimento de que, na maioria dos países estudados, as políticas de saúde adotadas – como o distanciamento social, o uso de máscara e o estabelecimento de lockdowns – estiveram dissociadas de políticas sociais que permitissem que as pessoas de fato ficassem em casa, o que dificultou que a população conseguisse cumprir com tais intervenções para a contenção do espalhamento do vírus.
Variações de respostas à pandemia | De acordo com os coordenadores da obra, houve grande variação internacional de resposta à Covid-19, levando a trágicos resultados em países EUA, Brasil, Espanha e Índia. Enquanto isso, Vietnã, Alemanha, Coreia do Sul e Noruega tiveram melhores resultados no enfrentamento da pandemia. China e Vietnã, por exemplo, fecharam 2020 com poucos casos da doença, enquanto Alemanha e Canadá observaram persistência na propagação do vírus e constantes mudanças de protocolos do seu enfrentamento.
Além disso, líderes considerados controversos, como Donald Trump (EUA), Jair Bolsonaro (Brasil), Sebastián Pinera (Chile) e Boris Johnson (Reino Unido), agiram de forma autoritária (e até excêntrica) na resposta à Covid-19 por conta dos poderes constitucionais que têm para tal em seus países. “O presidencialismo e os governos autoritários, em geral, garantem a esses líderes instrumentos poderosos, o que nas mãos de um negacionista-populista pode ter efeitos devastadores para a resposta à Covid-19”, ressalta Fonseca.
O esforço comparado do livro Coronavírus Politics também permite observar e compreender quais variáveis importaram (ou não) na resposta dos diversos países a uma crise que foi comum a todas as nações do planeta, que vão desde a capacidade do sistema de saúde, regimes de governo e políticas sociais de auxílio aos mais afetados.
Os casos analisados sugerem que as capacidades estatais importam menos na forma como os países estabeleceram suas políticas de saúde em 2020. “Diversos governos poderiam ter respondido melhor à pandemia. Nações desenvolvidas como Itália, Reino Unido e Espanha, que têm expertise em saúde pública, tiveram suas capacidades estatais anuladas em detrimento de ações políticas”, comenta Fonseca, que reforça que as capacidades estatais são necessárias para responder à pandemia, mas precisam ser utilizadas de forma que possam de fato conter o avanço da epidemia.
O caso brasileiro | A análise brasileira mostra que o controle da pandemia poderia ter dado certo, já que havia a capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde. Apesar disso, o país falhou em responder e conter a pandemia, especialmente por conta da falta de coordenação entre os poderes federais, estaduais e municipais. “O Executivo tem poderes constitucionais fortes, como nomear ministros da saúde, emitir decretos, vetar decisões de congressos, e usou esses poderes para avançar uma agenda de diminuir a importância da pandemia, propor soluções controversas e usar a cadeia de rádio, TV e as mídias sociais para criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, observa Fonseca.
Muitos líderes optaram pela estratégia de transferir a culpa para outros agentes – como a OMS, a China ou governos subnacionais (como estados e municípios) – chamando para si o crédito por medidas mais populares – como o auxílio emergencial ofertado nos EUA e no Brasil. “Essa estratégia prejudica a coordenação de políticas públicas, que são essenciais na resposta a epidemias de doenças infectocontagiosas”, explica Fonseca. Por outro lado, a pesquisadora destaca que o modelo federalista permitiu uma capacidade de resposta autônoma dos estados. “A situação só não foi pior porque os governadores agiram, ainda que de forma descoordenada”, conclui.
Com o lançamento da obra, a expectativa dos organizadores é promover discussões de âmbito global para compreender quais as variáveis institucionais e políticas que explicam as decisões de políticas públicas de saúde dos países na resposta à pandemia do Covid-19, de forma a nos preparar para lidar com as próximas crises e pandemias que podem surgir no horizonte.
As análises de Coronavírus Politics se restringem às decisões tomadas na primeira onda da pandemia, encerrando as análises por volta de setembro de 2020, mas os pesquisadores continuam de olho no tema. “Já estamos nos preparando para lançar um segundo livro que continua as discussões desse primeiro volume, dessa vez com foco na aprovação das vacinas contra a Covid-19”, revela Fonseca.
(Fonte: Agência Bori)