Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
Um dos contos de fadas mais conhecidos do planeta será apresentado em formato de ópera no Theatro São Pedro. Com récitas nos dias 12, 13, 19 e 20 de outubro, Cinderela, de Pauline Viardot (1821–1910), traz a adaptação de uma história que atravessa culturas e segue como fonte de inspiração universal para todas as gerações.
Com uma hora e quinze minutos de duração e dividida em três atos, a ópera tem libreto da própria compositora e será realizada em português, com versão de André Dos Santos, orquestração de Juliana Ripke e um elenco de sete cantores. A montagem conta com a direção musical de Fabrícia Medeiros e concepção cênica de Julianna Santos, que destaca o caráter atemporal do clássico. “É um tipo de literatura que pode ser infinitamente atualizado e o mais interessante é essa mobilidade que os contos de fadas trazem. Por isso, eles ainda são tão próximos da gente, tão vivos. A Cinderela tem seus desejos e vontades e a gente talvez se identifique com os desejos mais íntimos da personagem. É muito interessante quando ela e o príncipe se identificam com os mesmos desejos, o mesmo senso de ter liberdade para ser o que você quer, agir como você quer agir, escolher o que você quer escolher. E o mais bonito é ver essa beleza que existe, essa beleza na simplicidade”, avalia Julianna Santos.
Representatividade e processo criativo
Além de apresentar um enredo que oferece encantamento, entretenimento e identificação emocional para as pessoas ao longo do tempo, a montagem promovida pela Santa Marcelina Cultura tem um compromisso com a representatividade, conectando fantasia e realidade em um espetáculo protagonizado por pessoas negras: na ópera, a soprano Marly Montoni será Cinderela e os tenores Jean William e Mar Oliveira viverão o Conde e o Príncipe, respectivamente. “É muito especial ter esse protagonismo; isso faz toda a diferença e gera uma representatividade incrível para crianças e jovens pretos. É claro que a história ainda bebe na cultura ocidental de ser, mas já é um bom começo. E quem sabe um dia estaremos a contar, em ópera, histórias de príncipes e rainhas africanos?”, ressalta Oliveira.
No papel de Cinderela, Marly Montoni salienta a preferência por construir a personagem através do domínio da música, no processo de preparação para uma ópera. “Sempre busco encontrar alguma similaridade com minha personalidade para que a personagem possa ser mais real possível. Sobra a montagem, sinto que há o compromisso com a representatividade, já que os personagens principais são afro-brasileiros. Será muito gratificante ver as meninas afrodescendentes podendo sonhar em ser princesas”, observa Montoni.
Adaptação de Pauline Viardot
A versão de Cinderela que vai ao palco do Theatro São Pedro foi composta pela francesa Pauline Viardot e estreou em Paris em 1904, permanecendo relativamente fiel ao conto de fadas de Charles Perrault, que inspirou a obra. Nascida em uma família em que tudo girava em torno da música, Pauline começou a compor ainda menina e teve aulas de canto com os pais, harmonia e contraponto com Anton Reicha; porém, seu principal interesse era o piano – inclusive foi aluna de Franz Liszt, que declarou, a respeito de Viardot, que “o mundo finalmente tinha encontrado uma mulher compositora de gênio”.
No entanto, após o falecimento da irmã – Maria Malibran (1808-1836), grande diva da ópera no século XIX – Pauline optou por mudar de rumo e se profissionalizou como cantora. Seus maiores sucessos foram em papéis dramáticos, como Fidès em Le prophète, de Meyerbeer (que foi escrito para ela), e Rachel em La Juive, de Halévy. Além disso, Viardot interpretou o papel-título da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck, e cantou por diversas temporadas na ópera de São Petersburgo, na Rússia.
Paralelamente à sua carreira musical, Pauline se casou com Louis Viardot e estabeleceu um círculo social que incluía importantes figuras culturais da época, como Frédéric Chopin, George Sand, Hector Berlioz, Clara Schumann, Ivan Turgenev e Johannes Brahms, entre outras personalidades artísticas que lhe dedicaram obras musicais e literárias.
Além de dezenas de canções, obras de câmara para violino e piano e arranjos vocais para peças instrumentais de Chopin, Brahms, Haydn e Schubert, Viardot compôs cinco óperas de salão – sendo Cinderela a última dessas operetas. Com danças e canções alegres, a obra está repleta de valsas, mazurcas e polcas. E como uma ópera cômica, mistura canto e diálogos falados, sem fugir das típicas rimas fáceis e irônicas, quase sempre destacadas ritmicamente.
Apresentação no Dia das Crianças
Dedicada ao público infantojuvenil, a montagem de Cinderela traz uma história de conto de fadas clássica que é amada por crianças e adultos. Além de envolver elementos de magia, romance e transformação, especialmente cativantes ao público jovem, a ópera será apresentada em português, tornando o espetáculo ainda mais acessível para estimular a imaginação das crianças e promover a apreciação das artes cênicas e da ópera. Inclusive para celebrar o Dia das Crianças, a récita de estreia será apresentada em 12 de outubro, em uma experiência cultural marcante e enriquecedora para toda as famílias.
Cinderela, no Theatro São Pedro, inclui Giorgia Massetani na cenografia; Fábio Retti na iluminação; Fábio Namatame no figurino e Tiça Camargo no visagismo. Integram o elenco Johnny França (Barão de Pictordu), Fernanda Nagashima (Amelinde), Daiane Scales (Maguelone) e Maria Sole Gallevi (Fada)
BILHETERIA
Os ingressos custam de R$40 (meia-entrada) a R$120 (inteira) e podem ser adquiridos aqui
Transmissão ao vivo
A récita de 19 de outubro, sábado, às 17h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro
TEMPORADA LÍRICA | ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO
CINDERELA
PAULINE VIARDOT (1821–1910)
[ópera em três atos, com libreto original da compositora, versão brasileira de André Dos Santos e orquestração de Juliana Ripke]
ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO
Fabrícia Medeiros, direção musical
Julianna Santos, direção cênica
Giorgia Massetani, cenografia
Fábio Retti, iluminação
Fábio Namatame, figurino
Tiça Camargo, visagismo
Fábio Bezuti, preparador vocal e dicção
ELENCO
Marly Montoni, soprano (Cinderela)
Mar Oliveira, tenor (O Príncipe)
Jean William, tenor (O Conde)
Johnny França, barítono (Barão de Pictordu)
Fernanda Nagashima, mezzo-soprano (Amelinde)
Tati Reis, soprano (Maguelone)
Maria Sole Gallevi, soprano (A Fada)
Ensaio geral aberto: 9 de outubro, quarta-feira, 19h, Theatro São Pedro
Récitas: 12, 13, 19 e 20 de outubro | sábados, às 11h; domingos, às 17h
Local: Theatro São Pedro (R. Barra Funda, 171 – São Paulo/SP)
Plateia: R$120/R$60 (meia)
1º Balcão: R$100/R$50 (meia)
2º Balcão: R$80/R$40 (meia)
Duração: 75 minutos (sem intervalo)
Classificação etária: Livre
THEATRO SÃO PEDRO
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.
(Fonte: Julian Schumacher/Santa Marcelina Cultura)
Jornalista, compositor, produtor musical e escritor, Nelson Motta faz uma fascinante jornada nostálgica ao Rio de Janeiro dos anos 1960 em ‘Corações de papel’. O livro tem como eixo as cartas que ele escreveu a um amor da juventude entre 1964 e 1965, oferecendo aos leitores uma visão profunda do universo pessoal do autor durante esse período. A obra inédita marca a estreia na Editora Record desta que é uma das figuras mais ilustres da cultura brasileira. Corações de papel será lançado no dia 8 de outubro, das 18h às 21h, no Piano Bar do Blue Note Rio (Av. Atlântica 1910 – Copacabana). Aberto ao público, o evento contará com um pianista na área interna e um DJ na área externa. Após o lançamento, às 21h, a casa receberá no segundo andar o show ‘Multidimensional’, com Eduardo Santana, apresentação que integra o projeto ‘Terças de Jazz’ do Blue Note Rio.
Nelson Motta é conhecido por sua vivência em meio à música – é compositor e descobriu grandes cantoras. Também assinou espetáculos e livros com suas memórias vividas no meio musical. Mas antes de mergulhar nessa vida artística, estudou Design e foi no primeiro ano da faculdade que ele viveu um romance de juventude com uma colega, Ana Luiza, que acabou indo morar com a família em Paris. Apaixonado, Nelsinho passou um ano escrevendo cartas para a amada – que depois virou amiga.
No final de 2014, Nelson Motta recebeu da amiga uma pasta azul com as cartas escritas por ele entre os anos de 1964 e 1965, todas meticulosamente organizadas em ordem cronológica. Ao reler a correspondência do antigo namorado cinquenta anos depois, Ana Luiza disse ter ficado impressionada com a profundidade e a qualidade da escrita, especialmente considerando que ambos tinham então apenas vinte anos. São essas cartas que agora ele transformou no eixo deste seu novo livro, complementadas por deliciosas contextualizações das circunstâncias históricas, culturais e amorosas em que foram escritas.
Em Corações de papel, Nelson Motta faz um relato autobiográfico no formato epistolar e um painel daqueles tempos de profunda ebulição na sociedade brasileira e no mundo. Com uma escrita que é, ao mesmo tempo, inteligente, bem-humorada e de uma sinceridade corajosa, a obra prende o leitor ao entrelaçar romance e dilemas de crescimento pessoal, além de proporcionar um saboroso retrato do Rio de Janeiro da década de 1960.
Entre discussões fervorosas e declarações de amor, o autor traz à tona a revolução estética inspirada pelo design moderno e pela Bauhaus, a fase áurea do cinema de arte, os escritores e jornalistas em ascensão e o apogeu da cena musical brasileira. Nomes conhecidos como João Gilberto, Nara Leão, Dori Caymmi, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Zuenir Ventura, Ruy Guerra, Glauber Rocha, Ingmar Bergman e Luchino Visconti gravitam no livro como coadjuvantes de primeira grandeza.
Sobre o autor
Nelson Motta é paulista, de 1944, e do signo de escorpião. Estudou Design, mas fez carreira como jornalista, compositor, produtor musical e escritor. Casou cinco vezes e tem três filhas, três netos e um bisneto. É autor das músicas ‘Como uma onda’, ‘Dancin’ days’, ‘Bem que se quis’ e ‘Coisas do Brasil’, e dos livros ‘Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais’, ‘Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia’ e ‘O canto da sereia’. Foi produtor musical de Elis Regina, Marisa Monte, Djavan e Daniela Mercury, entre outros. É autor também dos musicais de teatro ‘Elis, a musical’, ‘O som e a fúria de Tim Maia’, ‘Frenetic dancin’ days’ e ‘Tom Jobim, o musical’. Foi roteirista da série Armação Ilimitada e do filme ‘Elis e Tom, só tinha de ser com você’, além de colunista de O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Foi comentarista de cultura e comportamento do programa Manhattan Connection e do Jornal da Globo. Atualmente, é criador de conteúdo sobre vida e arte no Instagram.
Corações de Papel
Nelson Motta
160 págs. | R$64,90
Ed. Record | Grupo Editorial Record.
Serviço:
Lançamento Corações de Papel
Data: 8/10 (terça-feira) | Horário: 18h às 21h
Local: Piano Bar, Blue Note Rio (Av. Atlântica, 1910 – Copacabana, Rio de Janeiro)
Entrada gratuita
Show Terças de Jazz/Eduardo Santanna – Multidimensional
Data: 8/10 (terça-feira) | Horário: 21h
Local: Segundo andar, Blue Note Rio (Av. Atlântica, 1910 – Copacabana, Rio de Janeiro).
(Fonte: Com Marina Avellar/Lupa Comunicação)
A noite desta quinta-feira, 26 de setembro, marcou um seleto público com a realização da palestra Literatura infantil e segurança emocional, com a escritora e palestrante Raquel Alves. A palestra aconteceu na Sala Mendoza, que faz parte da unidade local da Grand Cru, e reuniu cerca de 35 pessoas, entre educadores e mães interessadas no assunto.
Raquel é filha de ninguém menos que o psicanalista, educador, teólogo, escritor, palestrante e pastor presbiteriano Rubem Alves, de quem herdou o humanismo e o encantamento com a vida. Dotada de uma personalidade encantadora, dotada de uma sensibilidade que se manifesta de forma verdadeira e envolvente– em todos os aspectos, mas mais marcadamente com relação ao ser humano –, honestidade e um otimismo muito bem fundamentado, graças, em parte, ao fato de ter nascido filha de um homem que marcou sua geração pela forma de ver o mundo.
Metade da palestra, de cerca de duas horas (contando o tempo de conhecimento e interação individual com o público), se desenrolou, como não podia deixar de ser, em torno do contexto de sua infância. Raquel compartilhou com o público coisas marcantes desse período, que já começaram no nascimento, marcado pelo lábio leporino, fator que foi central em sua percepção da vida, já que, tão logo adquiriu a percepção do outro, fez com tivesse que lidar com a dificuldade humana de lidar com as diferenças. E aí entra o xis da questão: tão marcante foi o nascimento temporão de Raquel, que, a partir dele e de suas circunstâncias, Rubem se visse levado a uma simplificação não apenas de seu vocabulário, até então, marcantemente acadêmico, como também dos seus conceitos, de maneira a torná-los compreensíveis pela filha que, desde cedo, se viu lutando pela vida. Daí a tornar-se escritor de livros – entre os quais, o mais emblemático foi Ostra feliz não faz pérola – foi um passo.
Raquel emocionou a plateia de modo especial em dois momentos: o primeiro foi quando narrou uma fala do pai: “Eu não poderei poupar você das dificuldades da vida, mas prometo que estarei ao seu lado em todas elas”, não sei se exatamente com essas palavras. O segundo foi quando ele confessou que, diante das dificuldades antevistas, ele precisaria mostrar a ela o quanto a vida é rica e que viver é uma experiência maravilhosa, mesmo com os obstáculos. Segundo ela, suas palavras teriam sido algo como “Preciso fazer com que ela goste de viver, já que só se luta por aquilo que se gosta”. Fatos que, desconhecidos da maioria das pessoas, ilustram de maneira terna e inequívoca a personalidade de Rubem Alves.
Instrumentalizada pelo apoio sistemático dos pais e pela inevitabilidade da necessidade de processar de maneira mais determinada a vivência desses desafios, a simplificação dos conceitos, a exemplo do que ocorreu como o pai, seguiu um caminho inevitável até desembocar na carreira de escritora de livros infantis. E a isso foi dedicada a outra metade da palestra.
Raquel demonstrou, por meio de casos de sua infância, a forma como foi simplificando esses desafios até digeri-los, até perceber que outras crianças, em maior ou menor grau, compartilhavam a grande maioria desses desafios e, assim, assumiu essa missão, que cumpre com amor, dedicação e prazer. Ao final da palestra, a escritora autografou os livros adquiridos pela plateia.
Para o diretor da Grand Cru Indaiatuba, Alexandre Gama, “Receber a Raquel, com toda sua história, seu talento e disposição, foi uma grande honra. A Grand Cru Indaiatuba está comprometida com o bem-estar da comunidade e, por isso, promovemos eventos culturais que enriquecem o ambiente ao nosso redor, como esta palestra e, no primeiro semestre, com a inauguração da exposição permanente da artista plástica Cristiane Maschietto”.
Nesta última semana de agosto, foi noticiado pelos principais veículos de comunicação que o Brasil precisa reduzir em 92% as emissões de gases do efeito estufa até 2035, para contribuir de forma justa com a proposta de limitar em 1,5 graus Celsius (ºC) o aquecimento global. Quem diz isso é o Observatório do Clima, que fez um estudo a respeito. Para esta meta ser atingida, os pesquisadores que participaram do estudo apontam que o país precisará atingir outras ambições. Desmatamento zero até 2030, recuperação de 21 milhões de hectares de vegetação nativa, combate à degradação e aumento da proteção de seus biomas, bem como investir nas transições energéticas e na prática de agropecuária de baixa emissão, além de uma gestão adequada dos resíduos no país. Essas são as principais ambições que os pesquisadores se referem. O percentual tem como base as emissões de 2005 e avança limitando em 200 milhões de toneladas líquidas a emissão anual, que era de 2,4 bilhões de toneladas líquidas há 19 anos.
Paralelamente, nos deparamos na mesma última semana de agosto com outra notícia que, infelizmente, vai para o lado oposto: a grande quantidade de queimadas que aconteceram em diversas localidades do território nacional. O clima está muito seco porque faz muito tempo que não chove. Porém, vale reforçar que existe entre os especialistas a concordância de que a seca prolongada não justifica tantos focos de incêndio.
Curiosamente, desta vez o foco não foi a floresta Amazônica. A região Centro-Oeste e o interior do Estado de São Paulo foram as áreas mais afetadas. Vale lembrar que o interior paulista praticamente não tem mais floresta nativa – apenas alguns poucos resíduos de mata selvagem que sobraram e que são importantes para a tentativa de recuperação do bioma. Infelizmente, parte foi queimada junto com plantações de cana-de-açúcar e de laranja, principalmente. O que também chama a atenção porque fazendas são áreas já desmatadas.
É provável que o Observatório do Clima tenha de refazer seus estudos. A quantidade de incêndios é tão grande que não só a meta de redução de desmatamento ficou mais difícil como é fato que o que foi consumido pelas chamas são justamente as plantas que contribuiriam para a absorção do carbono na atmosfera. Aliás, ao serem queimadas, elas próprias se transformaram em gases nocivos à saúde e responsáveis pelo aquecimento global.
Em um mundo que é importante dar cada vez mais importância para o ESG, o que está acontecendo no Brasil é catastrófico. Embora, algumas empresas, entidades e cidadãos busquem, individualmente, soluções para mitigar emissões e frear as mudanças climáticas, no conjunto da nossa sociedade acontece o contrário. Emitimos mais fumaça ao mesmo tempo em que destruímos o verde que ainda resta, a ferramenta de descarbonização mais eficiente que existe.
Considerando o contexto das ocorrências, em que a maioria dos focos são resultado da ação humana, parte por criminosos e parte por pessoas irresponsáveis, fica evidente que a solução depende de uma mudança radical na forma como o Estado brasileiro gerencia seus recursos naturais. Também é preciso uma forte mudança na visão de negócios dos donos do agronegócio, o mais importante segmento econômico do Brasil. Muitos desdenhavam do trabalho contra o desmatamento, mas agora eles próprios se tornaram vítimas do mesmo fogo que destruiu gigantescas áreas de florestas nativas.
O que mais chama a atenção nisso tudo é que o Congresso brasileiro se mostra totalmente indiferente ao problema. Pior que isso: eles trabalham justamente para destruir o pouco que resta. Não bastasse perder tempo para aprovar projetos que autorizam a jogatina eletrônica e a comercialização de cigarros eletrônicos, os congressistas trabalham para aprovar o ‘pacote da destruição’ formado por mais de 25 projetos de lei três propostas de emendas à Constituição (PECs), que permitem absurdos com derrubada de mata nativa em áreas de preservação permanente e redução de 80% para 50% a reserva legal na Amazônia, entre outros.
Projetos que visam beneficiar economicamente os donos do agronegócio – muitos deles, agora vítimas desses incêndios, mas que não enxergam além de seus próprios bolsos. Isso tem que mudar antes que seja tarde. Poder público e agropecuaristas precisam se reunir, se entenderem e, juntos, criarem um plano em prol da sustentabilidade. Os governos municipais, estaduais e o federal, assim como os legislativos nas três esferas, devem avaliar os gargalos que dificultam a fiscalização para corrigi-los, assim como deve haver mudança na legislação para que a punição passe a ser verdadeiramente temida.
Já os proprietários das fazendas precisam melhorar procedimentos e criar meios de monitorar toda a área produtiva e os resquícios de florestas que restaram em suas propriedades. As perdas não são só deles e nem são apenas animais selvagens que estão morrendo e perdendo seus habitats. O lucro deles está sendo queimado. Compaixão com o primeiro grupo é respeito com o próprio bolso ou conta bancária. É respeito com a sociedade como um todo.
O conceito ESG tem de ser mais bem disseminado na sociedade. Mas isso só será possível se os que estão no topo da pirâmide política e econômica aprenderem e a aceitarem que é preciso mudar. Querendo ou não, eles são o exemplo para a sociedade. Se a cultura lá em cima não mudar, na base também não mudará. E aí o Brasil perderá a batalha para o aquecimento global. Todos nós seremos penalizados. Vai mais um aviso: para a natureza não existe classe social nem cargo de maior importância. Quando ela revidar, ninguém vai se salvar com ‘carteirada’.
Roberto Gonzalez é consultor de governança corporativa e ESG e conselheiro independente de empresas. É autor do livro ‘Governança Corporativa – O Poder de Transformação das Empresas’.
(Fonte: Com Caíque Rocha/Compliance Comunicação)
A primavera, estação mais charmosa do ano, que, em 2024, terá início em 22 de setembro, marca o início de um ciclo vibrante na natureza. É a estação em que muitas espécies de plantas entram em um período mais intenso de floração, impulsionado pelo aumento das chuvas e temperaturas mais elevadas que o inverno. Para as abelhas, essa mudança sazonal representa uma oportunidade crucial para intensificar suas atividades de coleta de pólen e néctar, já que o período oferece um ambiente mais favorável para que elas possam desempenhar seu papel vital no ecossistema. “As abelhas são polinizadores essenciais para a biodiversidade e para a agricultura. Com o aumento das temperaturas e a maior disponibilidade de flores na primavera, há um crescimento significativo na atividade de voo das abelhas, o que significa que elas começam a sair mais cedo e a trabalhar de forma mais intensa, visitando uma maior quantidade de flores. Esse comportamento intensifica a polinização, processo vital que contribui para a produção de aproximadamente 75% das culturas alimentares globais, assegurando não apenas a produção de frutas, legumes e sementes, mas também garantindo a saúde dos ecossistemas naturais”, destaca Daniel Cavalcante, engenheiro de alimentos e CEO da Baldoni, marca eleita por cinco vezes como o Melhor Mel do Brasil, segundo o Congresso Brasileiro de Apicultura.
Preparativos estratégicos para a primavera
Para os apicultores e meliponicultores, a nova estação é uma época estratégica que exige preparação e planejamento cuidadoso. Cavalcante explica que, com o aumento da atividade das abelhas, o período é ideal para instalar caixas-isca para capturar enxames de Apis mellifera e abelhas sem ferrão. “A enxameação é mais comum nesta estação, oferecendo uma oportunidade única para aumentar o povoamento de colmeias e expandir as operações. Além disso, a primavera marca o fim da necessidade de alimentação suplementar de subsistência, que é geralmente praticada durante o inverno para manter as colônias alimentadas quando há escassez de recursos naturais. Com a chegada da floração abundante, os apicultores podem focar na preparação das colônias para a produção de mel. Esse processo inclui a avaliação da saúde das colmeias, a adição de quadros de mel e o monitoramento constante da florada para otimizar a colheita”, detalha.
Impacto ambiental
Além do valor econômico e agrícola, as abelhas desempenham um papel decisivo na preservação do meio ambiente. A intensificação das atividades de voo e coleta durante a primavera não só promove a biodiversidade, mas também apoia a regeneração dos habitats naturais. As abelhas ajudam a manter o equilíbrio dos ecossistemas, garantindo a sobrevivência de diversas espécies vegetais e animais. “A conservação das abelhas é, portanto, vital. Políticas de proteção ambiental, práticas agrícolas sustentáveis e a conscientização sobre o uso de pesticidas são medidas importantes para garantir a saúde e a sobrevivência das abelhas. Na primavera, mais do que nunca, devemos reconhecer e valorizar o trabalho incansável desses pequenos polinizadores e refletir sobre como podemos apoiar suas populações em crescimento. Na Baldoni, temos o cuidado de manter os biomas intocados nos entornos de nossos apiários espalhados pelo Brasil, o que traz melhora da qualidade dos produtos e impacto positivo para a qualidade de vida das abelhas”, finaliza.
Lembrando que a marca também incentiva o trabalhador rural investindo na formação de jovens apicultores que, após experiência teórica e prática, recebem a oportunidade de contratação imediata na empresa. Para conhecer as floradas que compõem os méis da Baldoni, acesse www.loja.baldoni.com.br.
(Fonte: Com Jéssica Bordin/Press à Porter Gestão de Imagem)