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Balé da Cidade de São Paulo abre temporada 2021

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto de cena de “A Casa”. Crédito das fotos: Larissa Paz.

Após um ano longe dos palcos por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, o Balé da Cidade de São Paulo se prepara para o retorno com a estreia de duas criações. Aos amantes da dança que estavam com saudades da força e da diversidade artística da companhia, que neste mês comemora 53 anos de trajetória, chegou a hora. No dia 25 de fevereiro, às 20h, o Balé da Cidade apresenta um espetáculo com duas coreografias: A Casa, de Marisa Bucoff e Transe, de Clébio Oliveira. As apresentações seguem nos dias 26 e 27, no mesmo horário, e no dia 28 (domingo), mais cedo, às 17h. Os ingressos custam R$80 e R$40 (meia). Por conta dos protocolos de segurança sanitária, a companhia criou seu novo espetáculo em condições totalmente inéditas e estará dividida em dois grupos de bailarinos fixos entre as duas montagens. As máscaras também aparecem como elementos do figurino.

Para Ricardo Appezzato, gestor artístico da Santa Marcelina Cultura, organização social responsável pela gestão do Theatro Municipal de São Paulo, é grande a expectativa desta retomada das atividades do Balé. “É um momento muito forte para a companhia, que, após um ano, volta com duas coreografias inéditas. Foi um espetáculo construído por todos”, destaca.

A Casa, criada pela bailarina e coreógrafa Marisa Bucoff (que integra há 21 anos o Balé), teve como ponto de partida o isolamento social e o período que estamos vivenciando. “O espetáculo dialoga com os afetos que atravessam as subjetividades constituídas durante o período de isolamento social na intenção de problematizar a despotencialização e a vulnerabilidade as quais somos lançados. Olhares, sensações e gestos representam a si mesmo e, ao mesmo tempo, o mundo, para tocar a ambiência afetiva, porém insólita, do palco”, conta a coreógrafa.

No palco, o público verá uma casa representada ora de maneira literal, com algumas poucas mobílias que compõe a montagem, ora de maneira simbólica. Para criar o cenário, que também contou com soluções que atendem os protocolos de segurança sanitária, Marisa Bucoff explica que se inspirou no filme Dogville, dirigido por Lars von Trier, conhecido justamente pela ausência e amplitude de cenário e elementos. “Os movimentos insurgem ocupando o território simbólico e sincronicamente aberto. A pele, a moradia e a proteção básica são espectros do retrato da Casa; porém, por outro lado, representam também a falta e aquilo que é a não casa. Assim, nesse jogo dual, a Casa espelha a nós mesmos; ou seja, a nossa própria existência”, completa.

A coreografia conta com trilha sonora original especialmente composta pelo músico Ed Côrtes, desenho de luz de Mirella Brandi e figurinos de João Pimenta.

No contraponto de A Casa, que abre o espetáculo, está Transe, de Clébio Oliveira, que parte da indagação: “O que seria o ideal de um mundo perfeito? O que seria uma vida ritualizada? O que seria uma aventura de viver? Seria possível um mundo onde pudéssemos apenas celebrar a vida através da dança e da música?”. O coreografo e bailarino convidado, que já flertava com a companhia há 15 anos, começou a conceber o espetáculo pensando no Balé da Cidade em 2006, inspirado no Festival Burning Man, realizado no deserto de Nevada, EUA. Por conta da inspiração no festival, que cria em suas edições uma espécie de lugar utópico e um universo paralelo, Clébio Oliveira foi profético ao já imaginar, naquela época, uma montagem onde os bailarinos dançavam de máscara e óculos, por conta das tempestades de areia que surgem no local. “Como dançar os símbolos da vida num possível mundo pós-pandêmico? Transe é uma festa sem fim, uma utopia metaforizada em uma fábula inventada. Um ritual futurístico de êxtase coletivo; um mergulho sensorial mais próximo da dimensão do sensível do que do intelectual”, comenta Clébio Oliveira.

Com esses questionamentos como ponto de partida, o espetáculo, segundo o coreógrafo não é sobre um transe específico e, sim, sobre a ideia do mesmo, o estado entre a vigília e o sono. Clébio Oliveira utiliza como processo de criação a colaboração e a narrativa individual dos bailarinos da companhia, para criar o que chama de “transe coletivo” para esse momento. O espetáculo traduz essa pesquisa minuciosa sobre os diversos tipos de transe em uma espécie de catarse coletiva e ao mesmo tempo individual, no palco.

Transe tem trilha sonora original especialmente composta por Matresanch, nome artístico do cantor e compositor italiano Matteo Niccolai, desenho de luz de Mirella Brandi, figurino de João Pimento e visagismo de Tiça Camargo.

Os espetáculos presenciais no Theatro Municipal de São Paulo seguem todos os protocolos de segurança e prevenção à propagação do Coronavírus (Covid-19) e as orientações do Plano São Paulo e da Prefeitura Municipal de São Paulo para retomada consciente das atividades. Ao público espectador presente na Sala de Espetáculos, é necessário seguir os protocolos de segurança estipulados em nosso Manual do Espectador, disponível no site.

Transmissões ao vivo | A coreografia A Casa, de Marisa Bucoff, será transmitida gratuitamente ao vivo no dia 27, sábado, às 20h, pelo canal do YouTube do Theatro Municipal. Já Transe, de Clébio Oliveira, terá transmissão ao vivo no dia 28, domingo.

PROGRAMA

A Casa, de Marisa Bucoff – 28 min

Transe, de Clébio Oliveira – 30 min

A Casa

Estreia Mundial

Concepção e Coreografia: Marisa Bucoff

Música Original: Ed Côrtes

Desenho de Luz: Mirella Brandi

Figurino: João Pimenta

Número de Intérpretes: 16

Duração: 28 minutos

Elenco: Antônio Carvalho Jr., Ariany Dâmaso, Carolina Martinelli, Cleber Fantinatti, Fabio Pinheiro, Fernanda Bueno, Grecia Catarina, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Leonardo Hoehne Polato, Leonardo Muniz, Márcio Filho, Marina Giunti, Rebeca Ferreira, Renée Weinstrof, Yasser Díaz.

Transe

Estreia Mundial

Concepção e Coreografia: Clébio Oliveira

Música Original: Matresanch

Desenho de Luz: Mirella Brandi

Figurino: João Pimenta

Visagismo: Tiça Carmargo

Número de Intérpretes: 17

Duração: 30 minutos

Elenco: Alyne Mach, Ana Beatriz Nunes, Bruno Gregório, Bruno Rodrigues, Camila Ribeiro, Erika Ishimaru, Fabiana Ikehara, Harrison Gavlar, Leonardo Silveira, Luiz Crepaldi, Luiz Oliveira, Manuel Gomes, Marcel Anselmé, Renata Bardazzi, Uátila Coutinho, Victor Hugo Vila Nova, Victoria Oggiam.

Serviço:

Datas: 25 a 28 de fevereiro de 2021

Horários: quinta a sábado, 20h; domingo, 17h

Local: Theatro Municipal de São Paulo – Sala de Espetáculos

Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Sé – São Paulo/SP – próximo à estação do metrô Anhangabaú

Duração dos concertos: 60 minutos aproximadamente

Classificação etária: Livre

Ingressos: R$80 (inteira) e R$40 (meia)

Atenção: não será permitida a entrada de público após o início do espetáculo.

Bilheteria: em função da pandemia de Covid-19 a bilheteria do Theatro Municipal de São Paulo está fechada por tempo indeterminado. A venda de ingressos está sendo feita exclusivamente pelo site do Theatro Municipal de São Paulo.

Manual do Espectador e Informações sobre os protocolos sanitários do Complexo Theatro Municipal: consulte os protocolos de segurança do Theatro Municipal aqui.

Sobre o Teatro Municipal de São Paulo | O edifício do Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento cultural localizado na Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.

Sobre a Santa Marcelina Cultura | Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs do ano de 2019 e de 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Criada em 2008, é responsável pela gestão do Guri na Capital e região Metropolitana de São Paulo e da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (Emesp Tom Jobim). O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. Desde maio de 2017, a Santa Marcelina Cultura também gere o Theatro São Pedro, desenvolvendo um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores e instrumentistas para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. A Santa Marcelina Cultura assumiu em 1º de novembro de 2020 um Termo de Colaboração emergencial para administração dos objetos culturais vinculados ao Complexo Theatro Municipal de São Paulo.

ABID abre inscrições para edição 2021 do festival de dança “Criança Indaiatubana Feliz”

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/ABID.

Estão abertas as inscrições para o projeto Festival de Dança Criança Indaiatubana Feliz 2021. Em parceria com o Ministério do Turismo e Secretaria Especial da Cultura, o projeto possui 80 vagas para crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos e tem por objetivo proporcionar uma oportunidade de desenvolvimento físico, cultural e social, por meio da dança.

A princípio, as aulas de jazz serão disponibilizadas por meio das plataformas online da instituição e, assim que possível, serão iniciadas no formato híbrido (online e presencial), conforme os protocolos de prevenção da Covid-19. O formato das aulas está sujeito à alteração em decorrência da pandemia.Os interessados podem entrar em contato através do WhatsApp e solicitar o formulário de inscrição.

O formato online começou a ser utilizado ano passado, para que a dança continuasse fazendo parte da vida das (os) bailarinas (os), mas, desta vez, com foco na superação das dificuldades enfrentadas neste período peculiar. Levando em consideração a importância dos cuidados com a saúde mental, foram reunidos alguns componentes essenciais, como estabelecimento de uma rotina, prática de exercício físico, atividade prazerosa e sessão de terapia, e criado o canal de aulas de jazz online do projeto. Desde então foram disponibilizadas aproximadamente 148 vídeo-aulas e 38 desafios, sem contar as transmissões ao vivo.

O projeto deste ano é realizado com o patrocínio de grandes parceiros: CPFL Energia, Tuberfil, Mann + Hummel Brasil, Balilla, QPassô, VILT e com o apoio do Instituto CPFL, Prefeitura de Indaiatuba, Lógica Assessoria Contábil, EZtúdio e Blues Propaganda. Os patrocínios foram realizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Serviço:

Aulas de Jazz online

Público: crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos

WhatsApp para inscrições: (19) 97152-8956

Vagas limitadas (80)

Cidade: Indaiatuba/SP

Realização: Associação Beneficente ABID, Ministério do Turismo e Secretaria Especial da Cultura.

Pescadores do NE descrevem tubarões capturados nos últimos 60 anos

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Nariman Mesharrafa/Unsplash.

No Brasil, existem cerca de 80 espécies de tubarões. Pouco se sabe, no entanto, sobre o estado de conservação destas espécies. Com o objetivo de melhorar o entendimento sobre a situação atual de ameaça dos tubarões no nordeste brasileiro, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Universidade de Windsor e a Universidade Federal do Pará (UFPA), entrevistaram 186 pescadores sobre as memórias de pesca de tubarões que capturaram ao longo dos últimos 60 anos. Os resultados estão descritos em artigo publicado na revista Biodiversity and Conservation.

Motivados pela falta de monitoramento da pesca brasileira desde 2011, os pesquisadores colheram informações com pescadores de 26 municípios pertencentes aos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O chamado Local Ecological Knowledge (LEK) ou conhecimento ecológico local, na tradução para o português, é uma alternativa para obter dados confiáveis sobre as espécies. “Fomos aos lugares onde os pescadores trabalham – praias ou comunidades pesqueiras – e seguimos um modelo padrão de entrevista, com pergunta sobre o tamanho máximo dos tubarões pescados, local de pescaria e também dados sobre os próprios pescadores, como idade e anos de experiência”, explica o cientista Antoine Leduc, que participou do estudo.

De acordo com Leduc, os dados obtidos são frutos de acontecimentos excepcionais, de fácil lembrança e, por conta disso, podem ter confiabilidade e ser utilizados para obter resultados quantitativos e qualitativos. “Se você perguntar para alguém o que comeu em um determinado dia do mês, dificilmente a pessoa se lembrará com detalhes; porém, se questionada sobre a melhor comida que comeu na vida, certamente terá a resposta”, explica o pesquisador, que é especialista em ecologia comportamental e conservação.

Nos relatos, foram mencionados 19 espécies de tubarões, mas com apenas oito foi possível reunir dados suficientes para uma análise criteriosa. Segundo a pesquisa, quatro das oito espécies diminuíram de tamanho ao longo dos anos. “Nos peixes, o tamanho pode ser considerado como um indicador sobre a capacidade reprodutiva. A diminuição de tamanho dos tubarões ao longo dos anos é um indicativo que chama atenção”, destaca Leduc. Para duas espécies, os dados não demonstraram um padrão claro: apesar de parecer estar em diminuição nos últimos anos, uma espécie teve aumento de tamanho e uma não apresentou alterações.

Os cientistas podem comparar esses resultados a duas Listas Vermelhas de espécies ameaçadas de extinção. Criada em 1964, a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) tem como objetivo informar o estado de conservação das espécies ao redor do planeta. Além da Lista Vermelha Global, vários países produzem suas próprias listas. No Brasil, a Lista Vermelha nacional é organizada pelo Instituto Chico Mendes para a conservação da biodiversidade Brasileira (ICMBio). “Entre essas listas, foram encontradas discrepâncias no estado de conservação para várias dessas espécies de tubarões. O que é mais interessante é como o conhecimento desses pescadores pode ser usado para determinar se é necessário corrigir as discrepâncias nas Listas Vermelhas, tendo em vista o nível de ameaça mais preciso que estes tubarões enfrentam”, explica Leduc.

(Fonte: Agência Bori)

Série ‘Bastidores’ aborda restauro do Magic Square no Inhotim

Brumadinho, por Kleber Patricio

Foto: Breno da Matta.

Um episódio especial da série Bastidores, do Inhotim, entra no ar neste sábado (20), às 11h. Você vai saber tudo sobre o restauro de uma das obras mais icônicas do Instituto: Invenção da Cor, Penetrável Magic Square #5, De Luxe (1977), de Hélio Oiticica, mais conhecida apenas como Magic Square. O vídeo acompanha todas as etapas de restauro do site-specific e traz depoimentos da equipe técnica do museu. O Instituto Inhotim tem o patrocínio master da Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Foi a segunda vez que a obra foi restaurada. Houve processo semelhante em 2013 e um novo restauro foi necessário, porque ela fica muito exposta às condições climáticas. As instruções que Oiticica deixou ainda em vida para a construção/restauro de suas obras são extremamente específicas e peculiares, incluindo materiais como vassouras de pelos em vez de pincéis e rolos de pintura. Todo o procedimento levou quatro meses (agosto a novembro de 2020) e aconteceu no período em que o Inhotim estava fechado à visitação devido à pandemia de Covid-19. Agora, os visitantes já podem ver e, literalmente, entrar no Magic Square novamente.

Instruções que Oiticica deixou ainda em vida para a construção/restauro de suas obras são extremamente específicas e peculiares, incluindo materiais como vassouras de pelos em vez de pincéis e rolos de pintura. Foto: Brendon Campos.

A série Bastidores e outras produções do Inhotim estão disponíveis no YouTube, Facebook e Instagram. Pessoalmente, você pode ver o Magic Square no Inhotim às sextas (9h30 às 16h30), sábados, domingos e feriados (9h30 às 17h30), lembrando que é preciso retirar ingressos antecipadamente on-line via Sympla.

Ingressos Inhotim

Inteira: R$44

Meia: R$22

Na última sexta-feira de cada mês (exceto em feriados) a entrada é gratuita. Para quem puder visitar o instituto em mais de um dia, os passaportes estão com preços atrativos, confira no site do Inhotim. Moradores de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim não pagam entrada no Instituto.

Têm direito a meia-entrada:

– Crianças de 6 a 12 anos;

– Idosos acima de 60 anos;

– Pessoas com deficiência e um acompanhante;

– Estudantes (devem apresentar carteirinha ou declaração de matrícula);

– Professores das redes formais pública e privada de ensino;

– Funcionários da Vale e até 3 dependentes (mediante a apresentação da carteirinha da AMS);

– Participante do Clube de Assinantes Estado de Minas mais um acompanhante (mediante a apresentação da carteirinha do titular);

– ID Jovem (devem apresentar carteirinha).

Endereço: Rua B, nº 20, Inhotim, Brumadinho/MG.

Nova ‘balança cósmica’ pesa aglomerados de galáxias a partir de sua própria luz difusa

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Guilhermo Ferla/Unsplash.

Uma nova “balança cósmica” que usa a tênue luz de estrelas desgarradas viajando no espaço entre galáxias de aglomerados poderá ser usada para medir a massa desses aglomerados. O trabalho, liderado por pesquisadores do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, e do laboratório Fermilab, nos Estados Unidos, usou dados do Dark Energy Survey e foi publicado em janeiro na revista científica internacional Monthly Notices.

Aglomerados de galáxias são as maiores estruturas gravitacionalmente ligadas do universo e medir sua massa é essencial para compreender melhor a matéria e a energia escuras, ambas componentes misteriosas do universo. Para localizar essa luz fantasmagórica em aglomerados de galáxias – elemento quase invisível e conhecido por cientistas como luz intra-aglomerado –, é necessário observar imagens detalhadas, que revelam sinais extremamente fracos. O estudo Dark Energy Survey (DES) ou Levantamento da Energia Escura, em português, teve esse foco. Pesquisadores fizeram um mapeamento digital do céu com um telescópio de 4 metros no Chile e uma câmera de 570 Megapixels supersensível.

Graças a esse instrumento e sofisticados programas de computador, cientistas conseguiram identificar milhões de galáxias que se agrupam em milhares de aglomerados de galáxias. Cerca de 500 aglomerados mais próximos da Terra foram selecionados, permitindo medir essa luz superfraca e estabelecer sua relação com a massa do aglomerado. Essa massa foi medida usando lentes gravitacionais fracas, método tradicional que deforma a luz de galáxias distantes, ao passar pela grande massa do aglomerado, como previsto pela teoria da relatividade geral de Albert Einstein. O Observatório Nacional é um dos participantes do DES, uma colaboração internacional que, no Brasil, conta com financiamento da Finep, Faperj, CNPq e MCTI.

Depois que a energia escura foi descoberta, há cerca de 20 anos, cientistas começaram uma corrida para entender essa componente misteriosa do universo, que, junto com a matéria escura, representam quase 95% do que conhecemos – ou melhor, desconhecemos – do universo. Os 5% restantes são a matéria comum, da qual eu e você somos feitos.

A energia escura é responsável pela expansão acelerada do universo e a matéria escura é invisível e intocável, como um fantasma, que só sabemos que está lá por causa dos efeitos gravitacionais de sua massa. Dentre as maneiras de estudar esses mistérios, usar aglomerados de galáxias é um dos mais promissores, mas medir a massa dessas grandes estruturas é bastante complicado. Por isso, buscar novas maneiras de fazer essa medição nos ajuda a diminuir as incertezas dessas medidas.

Esta é a primeira vez que cientistas fazem medidas tão boas da luz intra-aglomerado — e de tantos aglomerados de galáxias. As medidas de massa total e da distribuição dessa luz nos aglomerados, conseguidas pelo experimento, foram comparadas a uma simulação sofisticada do universo. Neste teste, resultados diferentes dos observacionais surgiram — o que pode apontar que processos físicos da simulação ainda precisam ser calibrados para reproduzir essa componente do universo.

(Fonte: Agência Bori)