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Campinas
A Pinacoteca de São Paulo apresenta ‘Ad Minoliti: Escola Feminista de Pintura’ na Galeria Praça do edifício Pina Contemporânea. Partindo de um repertório ligado à abstração geométrica e aos ativismos de gênero e sexualidade, a pessoa artista propõe um novo modelo de educação artística, transformando a sala expositiva em um espaço de aprendizado teórico-prático e convidando artistas, pesquisadoras, escritoras e ativistas brasileiras para conduzirem oficinas quinzenais gratuitas e abertas ao público. Nomes como Maria Bonomi, Erica Malunguinho e Anelis Assunção participam dos encontros quinzenais.
A oitava edição da Escola Feminista de Pintura foi pensada como um site-specific para a Galeria Praça, espaço que já foi uma sala de aula. Em diálogo com a história da Pina, que originalmente estava veiculada ao Liceu de Artes e Ofícios, responsável pela formação profissional de artistas desde a virada do século XIX, o projeto ajuda a prospectar caminhos rumo a uma educação libertadora, inclusiva e protagonizada por pessoas há tanto tempo invisibilizadas em processos de criação e decisão em espaços dominantes. “Ad despontou na cena argentina e nos últimos anos seu repertório artístico e político vem ganhando bastante destaque no mundo. Trazendo a Escola Feminista pela primeira vez para o Brasil, a Pinacoteca deseja aproximar essa trajetória dos grupos e pautas locais, permitindo instâncias de trocas e aprendizados a partir de uma perspectiva decolonial e crítica às padronizações das identidades e das formas de expressão e ensino de arte”, conta a curadora Ana Maria Maia.
Sobre a exposição
Ao entrar na Grande Galeria, o público tem acesso ao manifesto da Escola Feminista de Pintura, em diálogo com um conjunto de obras abstratas do acervo da Pinacoteca, feitas por artistas mulheres que tiveram destaque no Brasil desde os anos 1950 até a atualidade. Haverá obras de Lygia Pape, Judith Lauand, Maria Bonomi, Mira Schendel, Moussia_Pinto Alves, Rebeca Carapiá e Tomie Ohtake, culminando em uma diversidade de gerações, linhas de pesquisa e aberturas para pensar leituras das formas abstratas hoje. Ao atravessar a galeria de referências, o público chega ao ateliê, equipado com mesas e cadeiras para trabalhos manuais, estantes de fanzines e um monitor para consulta a um compilado de vídeos relacionados a temas como teoria queer, ciências naturais, geometria, política e pedagogias radicais. É ali onde ocorrerá quinzenalmente, até o fim da mostra, o programa de oficinas e falas de personalidades que respondem às premissas da Escola a partir de seus respectivos campos de conhecimento.
Todo o espaço, no entanto, é igualmente tomado por uma grande pintura mural, cujas cores e formas vibrantes extrapolam molduras e tornam o ambiente tanto convidativo quanto desconcertante. Ad Minoliti costuma apresentar sua pesquisa como uma ‘ficção pictórica especulativa’. Entre a ludicidade das cores e uma anarquia punk, as citações históricas e um estímulo ao ‘faça você mesmo’, o questionamento da dualidade entre o abstrato e o figurativo e a presença enigmática de um manequim com cabeça de pelúcia, a Escola Feminista de Pintura levanta a bandeira política da invenção de si e das estruturas de saber e viver.
A abertura da exposição aconteceu no sábado, dia 22 de março, com uma aula inaugural que apresenta o manifesto da Escola ao público. Confira a programação e para mais informações, consulte o site.
11 de abril, sexta
Planta-Colagem. Territórios de Reexistência com Manuela Eichner
12 de abril, sábado
Aquilombar o imaginário com Erica Malunguinho
25 de abril, sexta
Pintar para além do olhar com Elisa Bracher
9 de maio, sexta
Com Maria Bonomi
10 de maio, sábado
Com Anelis Assumpção
23 de maio, sexta
Com Mônica Ventura
6 de junho, sexta
Com Ana Be
7 de junho, sábado
Com Abigail Campos Leal
27 de junho, sexta
Com Élle de Bernardini
11 de julho, sexta
Com Yacunã Tuxá
12 de julho, sábado
Com Marcela Tiboni
25 de julho, sexta
Com Ad Minoliti.
Sobre a pessoa artista
Ad Minoliti (Argentina, 1980) realiza instalações experimentais em torno da geometria e da abstração que abrangem história da arte, arquitetura, feminismo queer, animalismo e ficção especulativa. Seus trabalhos foram exibidos em galerias, instituições e museus na Coréia, Peru, México, Japão, Brasil, China, Bolívia e Chile, entre outros países. Realizou exposições recentes no BALTIC e Tate St Ives (Reino Unido) e La Casa Encendida (Espanha) e participou de diversas exposições, como a 58ª Bienal de Veneza. Vive em Buenos Aires, Argentina.
Sobre a Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios, a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo. B3, a bolsa do Brasil, é Mantenedora da Pinacoteca de São Paulo.
Serviço:
Pinacoteca de São Paulo
De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso
2º Domingo do mês – gratuidade Mantenedora B3.
(Fonte: Pinacoteca de São Paulo)
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand exibe, entre os dias 28 de março e 3 de agosto, todas as obras de Pierre-Auguste Renoir (1841–1919) presentes em seu acervo. ‘Cinco ensaios sobre o MASP — Renoir’ apresenta 12 pinturas e uma escultura no quinto andar do Edifício Pietro Maria Bardi. Esse conjunto de obras foi exposto pela última vez em 2002, na mostra ‘Renoir – O pintor da vida’, realizada no próprio museu.
Com curadoria de Fernando Oliva, curador, MASP, a seleção abrange praticamente toda a carreira do artista francês. Entre as pinturas está a famosa obra Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers (1881), que retrata Elisabeth e Alice, filhas do banqueiro Louis Cahen d’Anvers (1837–1922), uma família pertencente à comunidade judaica do século XIX. Alice viveu até os 89 anos e morreu em Nice, em 1965. Já Elisabeth teve um destino trágico. Durante a exposição de obras do MASP realizada na Fondation Pierre Gianadda, em 1987, na Suíça, seu sobrinho Jean de Monbrison escreveu ao museu relatando que Elisabeth fora enviada para Auschwitz durante a Segunda Guerra e morreu a caminho do campo de concentração, aos 69 anos.
O período, conhecido como ‘obra tardia’ de Renoir — influenciado por sua viagem à Itália, em 1881, que possibilitou o contato com mestres renascentistas, como Rafael e Ticiano —, é marcado por pinturas em tons pastéis, sem contornos firmes e sobreposição de cores puras. Essas características podem ser observadas em Banhista enxugando a perna direita (c. 1910) e Banhista enxugando o braço direito (grande nu sentado) (1912). O tema das banhistas, abordado por Renoir desde o início de sua carreira — como na tela A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena (1870) — tornou-se central em sua produção até sua morte em 1917.
Pierre-Auguste Renoir, Retrato da condessa de Pourtalès [Portrait of the Countess of Pourtalès], 1877. Acervo MASP.
As obras de Renoir foram adquiridas pelo museu durante o chamado período das grandes aquisições quando, entre o final da década de 1940 e início dos anos 1950, Pietro Maria Bardi (1900–1990), diretor-fundador do MASP, incorporou ao acervo trabalhos de artistas do cânone europeu, em sua maioria italianos e franceses, o que resultou no mais importante acervo de arte europeia do hemisfério sul. A coleção de Renoir constitui o maior número de trabalhos de um único artista dentre as pinturas europeias do acervo da instituição.
Diálogo com os cavaletes de cristal
As pinturas de Renoir são apresentadas em suportes individuais feitos de chapas metálicas reflexivas, com um design que inclui um recorte curvo em uma das pontas. Concebidas pela arquiteta Juliana Godoy, essas estruturas foram criadas buscando um diálogo com os cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi e com a história do MASP.
Os blocos de concreto dos cavaletes originais, que remetem ao modernismo, nesta expografia são substituídos por uma base com dois pés de apoio, sendo que um deles é calcado em espuma. A escolha desse material flexível propõe uma alusão ao momento contemporâneo.A expografia usa ainda como referência as travas desenvolvidas pelo museu para fixar as obras nos cavaletes de vidro, e mantém a proposta de apresentar as legendas na parte posterior das telas, convidando o visitante a passear pelo espaço.
Renoir, Geometrias, Artes da África, Histórias do MASP e Isaac Julien: Lina Bo Bardi – um maravilhoso emaranhado integram os Cinco ensaios sobre o MASP, série de exposições pensadas a partir do acervo do museu para inaugurar o novo Edifício Pietro Maria Bardi.
Sobre Renoir
Pierre-Auguste Renoir, Dama sorrindo (Retrato de Alphonsine Fournaise) [Lady Smiling (Portrait of Alphonsine Fournaise)], 1875. Acervo MASP.
Acessibilidade
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil – com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral. Os conteúdos ficam disponíveis no site e no canal do YouTube do museu.
Realização
Cinco ensaios sobre o MASP – Renoir é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem patrocínio de Citi Brasil e Stellantis.
Serviço:
Cinco ensaios sobre o MASP – Renoir
Curadoria: Fernando Oliva, curador, MASP
5° andar
Edifício Pietro Maria Bardi
Visitação 28/3/2025 – 38/2025
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1510 – Bela Vista – São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)
Site oficial | Facebook | Instagram.
(Com Carla Gil/Assessoria de Imprensa MASP)
Na primeira imagem, em preto e branco, Bergson Gurjão Farias aparece com sua noiva Simone e sua irmã Tânia, em Volta de Jurema, Fortaleza-Pernambuco. Na segunda foto, décadas depois, Tania e Simone estão sentadas em primeiro plano e o lugar onde antes fora ocupado por Bergson está vazio. A irmã Tânia recordará para sempre o momento em que olhou para baixo querendo arrumar a bolsa no colo, no mesmo instante em que o seu pai, Jennifer Farias, fez a última foto em que ela está com seu irmão. Bergson foi assassinado entre maio e junho de 1972 no Araguaia. Somente em julho de 2009, seu corpo foi identificado no Cemitério de Xambioá, no Tocantis, e sua família pode sepultar seus restos mortais. Fotos: Gustavo Germano.
Uma das referências no trabalho de memória política no país, o Núcleo de Preservação da Memória Política – NM, em parceria com o Centro MariAntonia da USP, apresenta a exposição ‘Ausências Brasil’, do fotógrafo argentino Gustavo Germano, de 31 de março a 16 de maio de 2025.
A primeira versão de ‘Ausências’ foi lançada em outubro de 2007 após um longo processo de busca para retratar, por meio de paralelos fotográficos, a ‘presença das ausências’ dos assassinados e desaparecidos da ditadura argentina. O fotógrafo Gustavo Germano retornou ao país 30 anos após o golpe militar de 1976 para, junto com familiares de desaparecidos políticos – incluindo a do próprio artista – recriar fotos antigas nos mesmos locais, agora marcadas pela ausência dos entes queridos.
O projeto se expandiu para outros países da América Latina, retratando vítimas da ‘Operação Condor’. A exposição conta com 12 histórias de pessoas brasileiras desaparecidas durante a ditadura militar, cobrindo locais do Ceará ao Rio Grande do Sul.
Além das fotografias, haverá uma série de atividades educativo-culturais, como visitas educativas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e exibições de filmes relacionados ao tema, fomentando debates sobre os impactos da violência de Estado, tanto no passado quanto no presente. Com o objetivo de formar cidadãos mais conscientes e críticos, a exposição reflete sobre os abusos de poder, as perseguições e os desaparecimentos forçados ocorridos durante a ditadura militar no Brasil (1964–1985) e suas repercussões na atualidade.
A primeira fotografia, em preto e branco, foi tirada no número 1.141 da Avenida Ministro Marcos Freire em Olinda, Pernambuco. As irmãs Ana Carolia e Ana Lucia Valença eram visitadas em sua casa pelos seus noivos, os irmãos Marcelo e Fernando Augusto de Santa Crus Oliveira. Ana Maria Valença, a irmã menor, sempre acompanhava os encontros para vigiar os casais. Na segunda foto colorida, Fernando já não ocupa mais o lugar em frente à casa. O salto temporal de décadas também mostra Ana Carolina, Ana Lúcia e Marcelo mais velhos, com as marcas dos anos vividos e Ana Maria já adulta na frente. Fernando foi sequestrado pelo governo militar aos 26 anos em 23 de fevereiro de 1974 e continua desaparecido. Segundo revelações surgidas depois da criação da Comissão Nacional da Verdade, seu corpo teria sido incinerado nos fornos de uma usina da cidade de Campos, no Rio de Janeiro, pertencente a um empresário que colaborava com a repressão.
O Núcleo Memória é uma instituição dedicada à preservação da memória política e à promoção dos direitos humanos e conta com uma vasta agenda de ações, como as visitas mensais ao antigo DOI-Codi/SP e os Sábados Resistentes no Memorial da Resistência de São Paulo.
A exposição é realizada com o apoio do Deputado Estadual Antonio Donato e parcerias com diversas instituições, que possibilitaram a sua circulação por diferentes espaços públicos.
Programação de atividades da Exposição na abertura em 31 de março
A exposição contará, para além da mostra, com atividades educativas-culturais, tais como visitas educativas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e exibição de filmes.
Dia 31 de março
14h – exibição do filme O dia que durou 21 anos (Camilo Tavares, 2021, 1h29min) + roda de conversa com o diretor
18 h – Visita mediada com o historiador César Novelli Rodrigues, educador do Núcleo de Preservação da Memória Política – NM.
Serviço:
Exposição Ausência Brasil no Centro MariAntonia da USP
De: 31 de março a 16 de maio de 2025
Onde: Rua Maria Antônia, 294 Vila Buarque – São Paulo/SP
Entrada: Gratuita
Horário de Visitação: Terça a domingo e feriados das 10h às 18h.
(Com Juliana Victorino/Agência Jacarandá)
Fabricação de cimento, grande emissor industrial de carbono, pode ser menos poluente com troca de matéria-prima. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.
No setor industrial, a produção de cimento é um dos principais responsáveis pela emissão de dióxido de carbono, o CO2, na atmosfera. Para diminuir a pegada de carbono dessa atividade, é necessário investir em matérias-primas que substituam o clínquer, o principal produto intermediário do cimento. Esta medida pode representar uma redução de cerca de 11% nas emissões de CO2 na cadeia do cimento. Também são essenciais a substituição de combustíveis fósseis por alternativas mais limpas na produção e a melhoria da eficiência energética nas fábricas.
É o que aponta o relatório publicado na quinta (20) pelo projeto Descarbonização e Política Industrial: Desafios para o Brasil (DIP-BR), conduzido pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GIC/IE-UFRJ). Os pesquisadores mapearam os principais atores da cadeia produtiva do cimento no Brasil e reuniram dados de estudos acadêmicos anteriores, de tendências de mercado e de fontes como o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Segundo o SEEG, a produção do cimento foi responsável por 26% das emissões de CO2 do setor industrial brasileiro, representando até 2% das emissões totais do país em 2022.
O clínquer, cuja fabricação contribui significativamente para as emissões de dióxido de carbono do setor, é originado da queima de calcário a altas temperaturas. Para reduzir o consumo de clínquer, materiais alternativos são adicionados ou substituídos parcialmente na mistura levada ao forno – como o fíler calcário, obtido através da moagem do calcário, gerando partículas menores e menos poluentes. Outros materiais alternativos mencionados pelo estudo são a argila calcinada e as biocinzas. Segundo a professora do Instituto de Economia da UFRJ e uma das autoras do documento, Julia Torracca, “a adição de substitutos não só reduz as emissões de CO2 como também promove a circularidade ao utilizar subprodutos de outras atividades econômicas que seriam descartados”.
Torracca destaca a captura e armazenamento de carbono como uma dimensão em que o Brasil ainda tem espaço para avançar. Segundo a pesquisadora, as principais empresas brasileiras veem essa como uma estratégia futura e estão investindo em tecnologias nessa direção, como a captura de CO2 por meio de águas antes de o gás ser liberado na atmosfera.
Para impulsionar a modernização e a descarbonização da produção de cimento no Brasil, os pesquisadores enfatizam a importância de políticas públicas eficazes. “A política industrial brasileira em execução no momento não possui objetivos de descarbonização específicos para os diferentes setores industriais. Com o foco principal nas emissões provenientes do uso da terra e da agropecuária, há uma falta de orientação clara sobre as metas para o setor industrial, incluindo a indústria de cimento”, explica Torracca.
Outra política essencial seria a revisão normativa, com a inclusão de metas claras de redução de emissões e a atualização das normas técnicas – hoje essencialmente prescritivas – para facilitar a adoção de materiais inovadores. Torracca avalia que, se as normas exigirem métricas mais alinhadas ao desempenho, isso permitirá maior flexibilidade na adoção de novos materiais.
O relatório aponta entraves para a modernização da indústria de cimento no Brasil, como o alto custo de implementação de novas tecnologias. A disponibilidade limitada de matérias-primas alternativas ao clínquer e os desafios logísticos decorrentes da dependência do transporte rodoviário também dificultam o processo, alertando para a necessidade de considerar setores direta ou indiretamente relacionados à cadeia do cimento. “Adotar uma estratégia de descarbonização em uma atividade econômica reverbera em outros segmentos, demonstrando a capacidade de espalhamento dessa iniciativa, que não deve ser negligenciada”, conclui Torracca.
(Fonte: Agência Bori)
A partir da segunda-feira (16), entrou em vigor a RDC 430 da Anvisa, uma norma que reforça a segurança de medicamentos sensíveis ao calor e à umidade, garantindo maior controle no transporte e armazenamento, e protegendo a eficácia dos tratamentos de saúde de milhares de brasileiros.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 430 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece regras mais rigorosas para o transporte, monitoramento climático e armazenamento de medicamentos termolábeis, prevendo penalidades como multas e até suspensão de atividades para as empresas que não se adequarem. “Com isso, toda a cadeia logística desses produtos, desde a fabricação até sua entrega final, se torna mais segura para todos”, destaca Luiz Renato Hauly, CEO da Pharmalog S.A, empresa que trabalha com o monitoramento de transportes, ambientes e embalagens da cadeia farmacêutica.
Após um ano de prazo para que a indústria farmacêutica pudesse se adequar às novas regras, a norma enfim entra em vigor. “A partir desta segunda-feira, as Vigilâncias Sanitárias já poderão aplicar sanções, como multas, retenção de cargas, suspensão de atividades e até cassação de licenças para quem descumprir a resolução”, alerta.
Medicamentos termolábeis incluem insulina, vacinas, anticorpos monoclonais e hormônios — produtos essenciais para tratamentos crônicos e imunização, que podem perder sua eficácia se expostos a temperaturas inadequadas. Hauly explica que esses produtos precisam ser mantidos em temperaturas abaixo de 8º C e que podem perder a eficácia se não forem conservados da maneira correta, colocando até mesmo os tratamentos de diversas doenças em risco. Por isso, toda a indústria precisa seguir boas práticas de armazenagem, distribuição e transporte com rigoroso gerenciamento do ambiente, uso de equipamentos e instrumentos apropriados e a presença de equipe técnica qualificada e de planos de contingência. “A conscientização da população é fundamental para garantir que esses medicamentos cheguem com segurança aos pacientes, minimizando riscos à saúde causados pelo manejo inadequado”, avalia.
As novas necessidades geradas pela RDC 430 já estão estimulando a busca por soluções tecnológicas para monitoramento de temperatura e umidade, para a qualificação do transporte e até para as embalagens. No caso específico da Pharmalog S.A, a healthtech terminou 2024 com mais de mil cargas mapeadas e com preservação superior a R$ 25 milhões em medicamentos sensíveis. Com sede em Manaus, a Pharmalog S.A foi fundada em 2020 com foco em monitoramento de temperatura de medicamentos termolábeis. É a única empresa no Brasil a utilizar uma plataforma SaaS/Cloud que monitora os medicamentos de ponta a ponta.
(Com Renan Araújo/Agência Em Foco)