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Até o Lobo Mau pode se arrepender de seus erros

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa do livro.

Se o Lobo Mau um dia se arrependesse de ter destruído a casa dos porquinhos, ele também poderia se tornar alguém melhor? Escrito pela autora de livros infantojuvenis e professora Palmira Heine, ‘Os três porquinhos em: depois do sopro do lobo’ convida os pequenos leitores a refletirem sobre o valor das segundas chances e a importância de se reinventar após cometer erros.

Na continuação autoral da fábula, os personagens que tiveram seus lares desmoronados seguiram em frente e cresceram de maneiras distintas. A releitura, que conta com ilustrações de Matheus Furtado, traz diversidade e contemporaneidade para a trama: Prático é negro e trabalha em uma grande empresa de marketing; Heitor cuida de plantações e animais em uma fazenda; já Cícero mora na praia e passa os dias surfando.

Quando um deles recebe uma mensagem da terapeuta Coruja sobre o estado mental do Lobo Mau, os três não hesitam em tomar uma atitude. Antes considerado vilão, ele se resguardou após as queimaduras da chaminé. Sem quase nunca sair da toca por causa da tristeza, começou a repensar todas as antigas decisões equivocadas e quis mudar, mas não sabia o que fazer para alcançar esse objetivo. Os porquinhos decidem visitá-lo, porque nenhum deles guarda mágoas do passado, e tentam encontrar um jeito de ajudar o ex-antagonista a se reencontrar a partir das habilidades que um dia foram destruidoras. Junto de personagens tão populares, as crianças entendem sobre a importância das mudanças e o peso dos estereótipos.

Todo mundo me julga! Chamar-me de Lobo mau o tempo todo é muito desagradável. Não aguento mais isso! Toda hora é: “Lá vem o Lobo mau!” Em várias histórias de contos de fadas, quando eu apareço, é sempre assim: me representam sempre como mau, mau e mau! Ninguém se preocupa em saber se eu tenho coisas boas para oferecer ao mundo. (Os três porquinhos em: depois do sopro do lobo, p. 11)

Sobre a mensagem da obra, a autora comenta: “os estereótipos fazem com que nós sejamos colocados em caixinhas, mas somos seres plurais. Acredito que todos têm coisas boas a oferecer, têm algo que sabem fazer bem. Não necessariamente você é a mesma pessoa a vida inteira, porque todos nós podemos fazer novos planos e pensar de formas diferentes com o passar do tempo”. 

FICHA TÉCNICA

Título: Os três porquinhos em: depois do sopro do lobo
Autora: Palmira Heine
Editora: Casulinho
ISBN: 9786598368418
Páginas: 20
Preço: R$45
Onde comprar: Site Palmira Heine

Sobre a autora | A baiana Palmira Heine é escritora, professora e poeta. Doutora em Linguística, é membro da Confraria Poética Feminina e do coletivo de escritoras de livros infanto-juvenis da Bahia Mulherio das Letras. Além de Os três porquinhos em: depois do sopro do lobo, publicou as obras Chapeuzinho no Pelô, Mila, a pequena sementinha, A outra história de Dona Baratinha, Rã Zinza e A Cigarra e a Formiga: uma aventura em Salvador.

Redes sociais da autora: Instagram: @palmiraheine | Site: www.palmiraheine.com.br.

(Fonte: Com Maria Clara Menezes/LC Agência de Comunicação)

Coral da Usp apresenta música popular americana e caribenha na Casa Museu Ema Klabin

São Paulo, por Kleber Patricio

GrupoAzul do CoralUSP interpreta obras de Raul Seixas, Tim Maia, Sérgio Mendes, Margarita Lecuona, Pablo Milanés, entre outros. Foto: Fernando Carlos Garcia.

No dia 14 de setembro (sábado), às 17h, a Casa Museu Ema Klabin será palco de uma apresentação especial do Grupo Azul do CoralUSP, o Coral da Universidade de São Paulo, com o projeto Azul Popular. Sob a regência de André Juarez, o grupo trará uma seleção de músicas populares do continente americano e das ilhas caribenhas. O evento é gratuito e contará com 100 vagas disponíveis por ordem de chegada.

Criado em 1997 pelo maestro, compositor e arranjador André Juarez, o Grupo Azul já realizou mais de 600 concertos em 27 anos de história. As músicas mais apreciadas nestas apresentações fazem parte do repertório interpretado pelo grupo nos concertos do projeto Azul Popular. Na Casa Museu Ema Klabin serão interpretadas obras de Sérgio Mendes, Margarita Lecuona, Tim Maia, Pablo Milanés e Raul Seixas, entre outros.

Sobre a Casa Museu Ema Klabin

Foto: Nelson Kon.

A residência onde viveu Ema Klabin de 1961 a 1994 é uma das poucas casas museus de colecionador no Brasil com ambientes preservados. A Coleção Ema Klabin inclui pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, obras do modernismo brasileiro, como de Tarsila do Amaral e Candido Portinari, além de artes decorativas, peças arqueológicas e livros raros, reunindo variadas culturas em um arco temporal de 35 séculos.

A Casa Museu Ema Klabin é uma fundação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, criada para salvaguardar, estudar e divulgar a coleção, a residência e a memória de Ema Klabin, visando à promoção de atividades de caráter cultural, educacional e social, inspiradas pela sua atuação em vida, de forma a construir, em conjunto com o público mais amplo possível, um ambiente de fruição, diálogo e reflexão.

A programação cultural da casa museu decorre da coleção e da personalidade da empresária Ema Klabin, que teve uma significativa atuação nas manifestações e instituições culturais da cidade de São Paulo, especialmente nas áreas de música e arte. Além de receber a visitação do público, a Casa Museu Ema Klabin realiza exposições temporárias, séries de arte contemporânea, cursos, palestras e oficinas, bem como apresentações de música, dança e teatro.

O jardim da casa museu foi projetado por Roberto Burle Marx e a decoração foi criada por Terri Della Stufa.

Acesse o site e redes sociais:

Site: https://emaklabin.org.br

Instagram: @emaklabin

YouTube: https://www.youtube.com/c/CasaMuseuEmaKlabin

Google Arts & Culture: https://artsandculture.google.com/partner/fundacao-

ema-klabin

Facebook: https://www.facebook.com/fundacaoemaklabin

Linkedin: https://www.linkedin.com/company/emaklabin/?originalSubdomain=br

Vídeo institucional: https://www.youtube.com/watch?v=ssdKzor32fQ

Vídeo de realidade virtual: https://www.youtube.com/watch?v=kwXmssppqUU

Serviço:

Grupo Azul do CoralUSP e a música popular americana e caribenha

Sábado, 14 de setembro de 2024 | 17h

100 vagas por ordem de chegada

Rua Portugal, 43, Jardim Europa – São Paulo, SP

Entrada franca – Como em todos os eventos gratuitos, a Casa Museu Ema Klabin convidamos quem aprecia e pode contribuir para a manutenção das atividades a apoiar com uma doação voluntária via Pix: 51204196000177.

(Fonte: Com Cristina Aguilera/Mídia Brazil Comunicação Integrada)

6º HQ Fest acontece sábado (14) no Shopping Jaraguá Indaiatuba

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Escultura Alien, do artista Paulo Gomes, exposta no Shopping Jaraguá. Foto: divulgação.

A sexta edição da HQ Fest acontece no sábado, 14 de setembro, no Shopping Jaraguá Indaiatuba, com a presença confirmada de 50 artistas e a quadrinista e ilustradora Lígia Zanella como convidada especial. Mas as novidades não param por aí: Bruno Zago, sócio da Pipoca & Nanquim, uma das mais importantes editoras nacionais da atualidade e roteirista da HQ Ogiva, que chega ainda em 2024 aos cinemas após ter sido gravada em Indaiatuba em parceria com a Monolito Produções, é presença confirmada no evento. Confira abaixo a programação completa.

“A HQ Fest recebe convidados especiais todos os anos e em 2024, além da Lígia Zanella, teremos também a presença de Bruno Zago, da Pipoca & Nanquim, que vem trazer novidades da editora e do live-action de Ogiva, que estreia em breve”, revela o quadrinista Moacir Torres, do Estúdio EMT, criador e realizador da HQ Fest. “Para o Shopping Jaraguá, é sempre especial receber eventos como a HQ Fest, que reúne família inteiras para celebrar a cultura geek. Em 2024, esperamos um público estimado de quatro mil pessoas ao longo do dia 14 de setembro”, destaca Fernando Loggar, responsável pelo departamento de marketing empreendimento.

Pipoca & Nanquim

A marca Pipoca & Nanquim surgiu em 2009 através do canal oficial no YouTube, onde Bruno Zago, Daniel Lopes e Alexandre Callari publicavam vídeos, todas as quartas, sextas e domingos, cheios de informação e entretenimento com o objetivo de debater quadrinhos, livros, filmes, séries e games de um jeito bastante irreverente. A editora Pipoca & Nanquim nasceu em maio de 2017 como uma extensão direta do trabalho feito pelo trio em seu canal homônimo no YouTube, com a missão de responder uma simples pergunta: como tantas excelentes HQs, de autores tão incríveis, não são publicadas no Brasil? O amor pelos quadrinhos e o respeito pelos fãs colecionadores são o eixo da Pipoca & Nanquim, cujo mote é prezar pela melhor qualidade gráfica e editorial, oferecer uma curadoria cuidadosa de títulos e promover o crescimento do mercado.

Em 2020, a Pipoca & Nanquim lançou seu selo de quadrinhos nacionais e originais, com a chegada de Ogiva, escrito por Bruno Zago e ilustrada por Guilherme Petreca, que em breve ganhará um longa-metragem nos cinemas, contando detalhes do que ocorreu antes dos acontecimentos vistos na história em quadrinhos. Realizado em parceria com a Monolito Produções, o filme chega em breve aos cinemas. “Para nós, da Monolito Produções, foi uma honra participar deste projeto, já que somos fãs do material produzido por Bruno Zago e Guilherme Petreca na HQ”, ressalta o diretor Cadu Rosenfeld. “Foi um verdadeiro sonho realizado. E melhor ainda, inteiramente gravado em Indaiatuba, nossa casa”.

“Estarei na HQ Fest para trazer um pouco dos projetos da editora Pipoca & Nanquim e também para falar, junto com o pessoal da Monolito Produções, sobre o que vem por aí no longa-metragem de OGIVA. Estão todos convidados”, convida Bruno Zago. Mais informações sobre a editora estão em www.pipocaenanquim.com.br.

Outra novidade para o público é o show da banda Acoustic Four, que conta com Cintia Krahumbuhl nos vocais, Dainel Dimenor Bonome no baixo, Cristiano Silva no violão e Paulo Gomes na percussão, que se apresenta às 13h na Praça de Alimentação. Vale lembrar que Paulo é também artista responsável pela MCL Estúdio, que expõe uma escultura do Alien no Shopping Jaraguá Indaiatuba e levará mais novidades para a HQ Fest.

Lançamento

Lançada em 2012 como livro infanto-juvenil, Crescer na Terra do Nunca é a obra que mais fez sucesso entre os 11 que a escritora Anna Osta produziu ao longo da sua carreira. Para celebrar, ela se uniu ao ilustrador Laudo Ferreira, que também adaptou o texto para lançar a obra em quadrinhos pela Mirarte Editora, com lançamento marcado na HQ Fest Indaiatuba.

Durante o evento, o livro estará à venda com 30% de desconto no quiosque da Mirarte, onde Anna e Laudo receberão seus fãs. Três modelos caracterizados como João, Bel e Pedro, os personagens principais do livro, circularão pelo shopping interagindo com o público para proporcionar uma experiência mais divertida.

Crescer na Terra do Nunca em HQ usa a icônica Terra do Nunca do livro Peter Pan como metáfora para o escapismo típico da adolescência. A narrativa conta a história de João, adolescente introspectivo que se refugia na família de seu melhor amigo, Pedro. Em uma viagem de férias ao litoral, ele vai para a Terra do Nunca. Tudo acontece de forma muito diferente do que ele imaginava. Não há fadas, piratas ou garotos perdidos. Em vez disso, ele descobre que crescer e enfrentar os desafios da vida constituem a aventura mais corajosa de todas. A publicação visa orientar adolescentes sobre medo, experiências amorosas e escolha da profissão.

A intenção de Anna Osta com Crescer na Terra do Nunca em HQ é oferecer um livro com informações importantes para os adolescentes nessa fase da vida. “Eu queria ter lido um livro assim na minha adolescência. Fiquei tão feliz com o traço do Laudo e com o resultado alcançado pela Mirarte. Para mim, é uma obra de arte”, ressalta. O livro tem adaptação e ilustração de Laudo Ferreira, colorização de Thaynan Lana e consultoria pedagógica de Vanderlei Jorand, com produção editorial de Rose Ferrari e impressão da Mirarte Editora.

Concurso de Cosplay

Emulando os grandes eventos geek da atualidade, a HQ Fest contará ainda Desfile de Cosplay, com premiações oferecidas pela Canson do Brasil, sediada em Indaiatuba. O desfile será dividido em duas categorias: Infantil (até 14 anos) e Público Geral (15 anos ou mais). Os jurados do concurso serão o Casal Warrior (@casalwarrior), formado por Giorgia Isabel e Paulo Alecrim, cosplayers há mais de sete anos; Nekojub (@nekojub_), estudante de Letras, wigmaker e cosplayer desde 2019, foi primeiro lugar no concurso da MEGA CAF (Campinas Anime Fest) em 2023, e Alex Fernando Ayala (alex_fer91), figura de destaque no universo dos cosplayers e vencedor do concurso do HQ Fest em 2018.

HQ FEST 2024 – PROGRAMAÇÃO

10h – Abertura Oficial da 6ª edição da HQ Fest

11h – Ligia Zanella: lançamento de Calendar, da Editora JBC, e painel

Atuação das Mulheres no Mercado dos Quadrinhos

12h – Pedro Mauro: lançamento da revista TEX no Brasil e sua trajetória de sucesso nos quadrinhos

13h – Banda Acoustic Four

14h – Painel com Bruno Zago, da editora Pipoca & Nanquim

15h – Painel com diretor Cadu Rosenfeld e equipe da Monolito Produções sobre o longa-metragem live-action Ogiva, da Editora Pipoca & Nanquim

16h – Lançamento oficial da HQ Crescer na Terra do Nunca, da Editora Mirarte, com a escritora Anna Osta e o quadrinista Laudo Ferreira

17h – Desfile de Cosplay com premiações da Canson do Brasil nas categorias Adulto e Infantojuvenil com júri técnico.

HQ Fest 2024

Data: 14 de setembro | Horário: 10h às 19h

Local: Shopping Jaraguá Indaiatuba

Endereço: Rua 15 de Novembro, 1200, Centro

Atividades: bate-papo com quadrinistas, exposição e venda de histórias em quadrinhos, desfile de cosplayers e workshops

Informações: www.hqfest.com.br

Aberta ao público e com entrada gratuita

Patrocinadores: Editora Mirarte, Projeto Força BR, Canson Brasil e Shopping Jaraguá Indaiatuba

Apoiadores: Topázio Cinemas, EPGrupo, MCL Studio, Nerd Interior e Rádio Jornal Indaiatuba

Participantes confirmados:

01 – Ligia Zanella @ligiazanella

02 – Pedro Mauro @pedromauroart

03 – Marcel Bartholo @marcelbartholo

04 – Lais Braga @lais.eduardoart

05 – Mariana Tiye Sakaki Smit @dinorumi.craft

06 – Claudia Akemi Ito @tabbycat_ink

07 – Victoria Bracco @_vilusivi

08 – Yugi Leonardo Ono @yugilono.art

09 – Gabriela Mei Murakami @dodominart

10 – Carlos Baku @carlos_baku

11 – Vitor Rodrigues @demon0n0

12 – Leonardo Pascoal @ljpascoal

13 – Yara de Mauro @galghera.orld

14 – Guilherme Feliciano de Oliveira

15 – Fabio Ruiz @frstudio.decor

16 – Lisa Miho Ito @arte.misaly

17 – Marcela Nohama @marisolmaryline

18 – Bianca Bruzzese @milkaa.biscuit

19 – Rogerio Ferraz @rogerioferraz7

20 – Valentina Fortes Manzini @ilustra.vavis

21 – Thais Bulhões da Silva @taiyakii_

22 – Gabriela Carretto @lelacarretto

23 – Caroline Carretto @carolcarretto

24 – Juan Pablo Almeida Oliveira @pablitu.zzz

25 – Regis Rocha @afrodinamic

26 – Mauricio Owada Souza @mauricio.owada

27 – Patricia Pereira Oliveira (Patynha Dice) @patynhadice

28 – Veronica Mayol @xmeglex

29 – Fabio Mikk @art_by_fabio_mikk

30 – Nilson Felix @nilsonfellixcartuns

31 – Gabriela Magri (Gabi Magri) @dreamer.ecriativo

32 – Matheus Jorge Rosa Pereira @poposalto

33 – Henrique Domingos Melo @meloodramatico

34 – Nickolas Peres Zanini @nick.peresautor

35 – Daniel Saks (Ink&Blood Comics)

36 – Marco Lesko @marco_lesko

37 – Marcos Macedo

38 – Juan Diego Silva Moreno @Drjuansilvablue

39 – Vitória Amaral (Vikki) @vikkisonfire

40 – Jairo Moreno @jairomorenoilustrador

41 – Aya Andrade @aia_andrade

42 – Flavio Artteiro @aresocao

43 – Rafaella Vecchiato Fabri @koai.shop

44 – Lillo Parra @lilloparra.bd

45 – Paula Mya @paula.mya

46 – Pedro Corin @apenasumpedro

47 – Sun Sugiyama @junraiya

48 – Lucas Matheus Santos

49 – Marcos Venceslau

50 – Carlos Ramalho.

Shopping Jaraguá Indaiatuba

Endereço: Rua Quinze de Novembro, 1.200, Centro

Informações: (19) 3875-8933

Site: www.shoppingjaragua.com.br/indaiatuba.

(Fonte: Shopping Jaraguá Indaiatuba)

Primeiro mapa genético do gavião-real indica vulnerabilidade da espécie a ações humanas como a caça

América do Sul, por Kleber Patricio

Pesquisa trouxe mudanças no conhecimento sobre a evolução do gavião-real e de espécies próximas e pode apoiar ações de conservação. Foto: Wikimedia Commons.

O gavião-real, uma das maiores aves carnívoras no território brasileiro, teve um rápido declínio populacional nos últimos 20 mil anos, algo que pode estar relacionado com o início da ocupação humana na América do Sul. É o que indica um artigo publicado na revista científica Scientific Reports nesta quinta (12). O trabalho traz o primeiro mapa completo da genética dessa espécie, hoje classificada como vulnerável por ocorrer em regiões suscetíveis a impactos humanos como queimadas e caça ilegal, principalmente na Amazônia e em áreas do Cerrado e do Pantanal.

O resultado acende um alerta para fatores que podem representar risco de extinção para o gavião-real ou harpia (Harpia harpyja), como a diminuição do habitat e a redução de suas fontes de alimento. O estudo é assinado por pesquisadores de instituições brasileiras como o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com instituições dos Estados Unidos e Qatar.

As conclusões foram obtidas pelo sequenciamento do genoma do gavião-real. Essa técnica permite ler o DNA de uma espécie como se fosse um livro que conta a história de sua evolução e as formas de adaptação a diferentes habitats no passado, por exemplo. Esse sequenciamento foi realizado em uma amostra de sangue de uma fêmea resgatada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, após ter sido baleada por caçadores ilegais em uma floresta do Amazonas.

Segundo Alexandre Aleixo, pesquisador titular do ITV e líder do estudo e do grupo de genômica ambiental da instituição, os resultados podem servir como base para um Plano de Ação Nacional voltado à recuperação do gavião-real. “Até então, esses documentos trabalhavam com abundância ou número de indivíduos estimados. Agora, pela primeira vez, um mapa completo da genética apoiará um desses planos”, explica.

Segundo a literatura, o gavião-real é uma das únicas espécies de aves de rapina abatidas por caça ilegal. Conforme estimativa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a espécie conta com cerca de 100 a 250 mil indivíduos maduros em toda a área de ocorrência, que inclui América do Sul e América Central, com tendência de declínio.

Aleixo também destaca a importância da técnica de mapeamento genético para viabilizar mais descobertas científicas. “Para se ter uma ideia, só 4,5% das espécies de vertebrados brasileiras têm o genoma de referência. Estamos contribuindo para aumentar essa proporção”, conta. A técnica usada pelos pesquisadores também permite estimar a saúde da espécie e a probabilidade de ela se extinguir nos próximos anos.

Sibelle Vilaça, pesquisadora do ITV e também autora do estudo, diz que a pesquisa trouxe mudanças no conhecimento sobre a evolução do gavião-real e de espécies próximas. “Estudos prévios mostraram que as aves em geral tinham cromossomos muitos parecidos em termos de tamanho e ordem de genes e nosso estudo mostra que essa generalização talvez não se aplique ao grupo das águias e gaviões”, comenta.

Futuramente, a pesquisa será expandida em duas frentes. A primeira envolve sequenciar o genoma de um número maior de gaviões-real para entender quais são as populações mais diversas geneticamente e quais enfrentam mais perigo. Já a outra condiz com o mapeamento da diversidade genômica no Brasil com outros 80 genomas de referência, como parte da iniciativa Genômica da Biodiversidade Brasileira. Lucas Canesin, pesquisador do ITV e primeiro autor do estudo, completa: “A biodiversidade é um ativo estratégico para a bioeconomia e a soberania nacional. O domínio da ciência genômica relacionada à biodiversidade brasileira fortalece o país nesse cenário”.

(Fonte: Agência Bori)

Desconhecimento e burocracia são barreiras para acesso a crédito para produção de orgânicos nos país

Brasil, por Kleber Patricio

Linhas de crédito para produção orgânica têm baixa adesão de agricultores; burocracia e falta de informação são alguns dos principais entraves. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

As linhas de crédito voltadas à produção orgânica de alimentos apresentam uma adesão extremamente baixa entre produtores familiares, evidenciando uma inadequação das políticas às necessidades reais dos agricultores. A falta de financiamento foi citada por 29% dos produtores como principal obstáculo para a adoção do sistema orgânico de produção. No entanto, 42% não tentou obter créditos rurais e 50% apontou para o alto grau de esforço que envolve a contratação de operação de crédito rural. As conclusões são de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) e da Embrapa Cerrados, publicada na sexta (23), na Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente.

O objetivo foi compreender os motivos do baixo acesso de produtores familiares a linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) — as chamadas Linhas Verdes, específicas para a produção orgânica. Por meio de um questionário eletrônico veiculado via WhatsApp a 2.325 produtores do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o estudo revelou a existência de uma lacuna significativa entre as políticas de crédito disponíveis e a realidade dos pequenos produtores.

Os entrevistados correspondem a 8,6% do universo total de produtores de orgânicos registrados. A maioria (76%) se enquadra como produtores familiares e 65% desenvolvem suas atividades com recursos próprios. Dentre os que conseguiram crédito rural em diferentes instâncias, como bancos privados, cooperativas de crédito ou bancos públicos, 26% deles afirmam ter contratado operações rurais nas linhas para orgânicos e 74%, em operações em outras linhas. Destes, apenas um relatou utilizar recursos do Pronaf.

Entre os participantes que optaram por linhas de crédito rural não específicas para a produção orgânica, os motivos foram o desconhecimento da opção de crédito (36%), a percepção de maior burocracia (18%) ou a ausência de assistência técnica para fazer a proposta (16%).

A percepção de que as linhas de crédito não estão servindo aos produtores de orgânicos é corroborada pelo baixo número de contratações de operações de crédito em unidades federativas com alto volume de produtores orgânicos, levantada também pelo trabalho. Segundo dados do Banco Central, Distrito Federal e Roraima não têm nenhuma operação contratada, apesar de possuírem 261 e 41 produtores orgânicos registrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Dos que disseram não buscar o crédito, metade citou as dificuldades inerentes ao processo como o principal motivo, e 38% deles apontaram para as características das linhas disponíveis como o maior entrave. “É crucial que haja uma simplificação no processo, assistência técnica especializada e maior divulgação dos programas disponíveis”, diz Ariel Luiz de Sales Gomes, coautor do estudo. Para Gomes, os resultados da pesquisa desafiam a noção de que a disponibilidade de crédito é suficiente para promover o desenvolvimento da agricultura orgânica familiar. “Mostramos que é necessário um enfoque mais integrado, que considere também o apoio técnico e a disseminação de informações”.

Como próximos passos, os pesquisadores pretendem realizar estudos de caso em diferentes regiões do Brasil para analisar a aplicação prática das políticas de crédito, além da elaboração de propostas para otimizar os programas. A ideia é que seja adotada uma abordagem holística, que leve em conta não apenas os aspectos econômicos, mas também as particularidades sociais e culturais dos produtores familiares. “Só assim conseguiremos promover um desenvolvimento rural mais justo e sustentável”, conclui Gomes.

(Fonte: Agência Bori)