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Pandemia do Covid-19 faz estoques de sangue diminuir nos hemocentros

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem de Ahmad Ardity por Pixabay.

A falta de doadores de sangue ocasionada pela pandemia do novo coronavírus colocou os estoques dos bancos de sangue em índices abaixo da média e preocupa o setor de saúde, pois esse déficit pode prejudicar pacientes que eventualmente necessitem de transfusão.

No caso do Hospital do Graacc – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, referência no tratamento e cura de crianças com câncer, os pacientes apresentam grande demanda transfusional por conta dos tratamentos de alta complexidade e podem necessitar de transfusão logo no diagnóstico devido à doença de base (como as leucemias) ou durante o tratamento (enquanto recebem quimioterapias agressivas, em quadros de infecção ou nos procedimentos cirúrgicos). Há também dois grupos mais críticos que necessitam de transfusão de sangue, como nos casos de internações em UTI e nos transplantes de medula óssea.

Quem pode doar

– Pessoas em boas condições de saúde com idade entre 16 (autorização do responsável) e 69 anos (sendo que a primeira doação deve ter sido realizada até os 60 anos).

– Pesar no mínimo 50 kg.

– Estar devidamente alimentado (evitar alimentos gordurosos nas 4 horas que antecedem a doação).

– Importante apresentar documento original com foto recente, legível e emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social).

Segurança em tempos de Covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde atualizaram os critérios de doação de sangue em todo o país a fim de reforçar a prevenção contra o novo coronavírus. Os locais destinados à doação de sangue são seguros e frequentados por pessoas saudáveis e estão investindo em cuidados redobrados para garantir a segurança dos doadores (como distância segura entre as cadeiras de coleta e disponibilização de álcool em gel, entre outras medidas).

Pessoas que tiveram contato com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19, retornaram de países com casos confirmados da doença ou apresentaram sintomas como tosse, coriza, dor de garganta ou febre devem aguardar no mínimo 30 dias para fazer a doação.

Para informações dos locais de coleta de sangue, acesse:

http://graacc.org.br/doacaodesangue/

http://www.colsan.org.br/site/doador/locais-para-doacao-de-sangue.html.

Para doar sangue ao Hospital do Graacc, identifique a unidade de coleta mais próxima da Colsan (Sociedade Beneficente de Coleta de Sangue). A doação de sangue é um procedimento rápido e seguro.

Sobre o Graacc

Instituição criada em 1991 para garantir a crianças e adolescentes com câncer todas as chances de cura. Com hospital próprio, tornou-se referência no tratamento e na cura do câncer infanto-juvenil, principalmente em casos de maior complexidade. Possui uma parceria técnico-científica com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que possibilita, além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, o desenvolvimento do ensino e pesquisa.

Em 2019, foram realizadas mais de 35 mil consultas, 1400 procedimentos cirúrgicos e 22 mil sessões de quimioterapia, sendo utilizadas mais de 13 mil unidades de hemocomponentes.

MAM São Paulo apresenta nova edição do Clube de Colecionadores

São Paulo, por Kleber Patricio

“Menina de branco, festa do Bonfim, Salvador”, 1994, Mario Cravo Neto –
obra comemorativa pelos 20 anos do clube. Foto: divulgação.

Fomentar o colecionismo, incentivar a produção artística do Brasil e contribuir para ampliar e fortalecer o acervo de obras Museu de Arte Moderna de São Paulo – esse é o cerne do Clube de Colecionadores do MAM, programa que ajuda, por meio do apoio de associados, no desenvolvimento da instituição. O lançamento de 2020 reúne obras inéditas de 11 artistas – fotografias e gravuras comissionadas pelo Museu e produzidas em tiragens limitadas de 70 exemplares.

Avaf, Cinthia Marcelle, Daniel Senise, Ivan Grilo e Lia Chaia são os artistas convidados por Eder Chiodetto, curador do Clube de Fotografia, para compor a nova edição. E, no ano em que o Clube completa 20 anos, o Museu presta homenagem a Mário Cravo Neto (1947-2009), um dos mais renomados fotógrafos brasileiros, com produção excepcional da obra Menina de branco, festa do Bonfim, Salvador (1994). Sob curadoria de Felipe Scovino, o Clube de Gravura reúne trabalhos de Ascânio MMM, Cadu, Débora Bolsoni, Marcelo Silveira e Vera Chaves Barcellos.

Com mais de duas décadas de existência, o programa estreita os vínculos entre público, Museu e artistas. O apoio do público reflete na manutenção e atividades do MAM São Paulo e na expansão do acervo da instituição. A associação a cada Clube – Fotografia ou Gravura – é anual e pode ser feita por meio do site do Museu. Os sócios podem adquirir de três a cinco obras comissionadas de um único Clube e têm benefícios que vão desde catálogos das exposições e entrada gratuita no Museu, até visita aos ateliês e participação em encontros com curadores e especialistas em artes visuais. “O Clube de Colecionadores é fruto de uma parceria profícua entre o Museu, que organiza as ações junto aos curadores, os artistas, que doam suas obras, e os associados, que apoiam a produção artística e a existência do próprio museu. O projeto se faz ainda mais fundamental dado o momento que atravessamos, com suspensão das atividades físicas dos equipamentos culturais por conta da pandemia do Covid-19”, diz Carla Lozardo, coordenadora do Clube de Colecionadores.

“Livro arquitetura 7”, 1983.2020, de Ascânio MMM. Foto: divulgação.

#MAMonline – O espaço físico do MAM São Paulo está fechado em função da pandemia do Covid-19, mas o museu se mantém presente no dia a dia do público por meio de uma intensa programação online. O #MAMonline traz ações artísticas, culturais e educativas que convidam a refletir, pesquisar e inspirar.

A programação diária é destinada ao público de todas as idades e traz propostas diversas. No site do Museu, é possível visitar mais de dez mostras emblemáticas exibidas nos últimos anos na instituição por meio de tour virtual produzido pela 3D Explora, como, também, acessar as narrativas do Google Arts&Culture. Entre as exposições, estão Sinais/Signals, com monotipias e objetos gráficos de Mira Schendel; Ismael Nery: feminino e masculino, que apresenta nus, retratos, autorretratos e obras surrealistas criadas por Nery e MAM 70: MAM e MAC USP, coletiva que reúne obras do período inicial do Museu, entre 1949 e 1963, até trabalhos que entraram para o acervo após essa data e integram coleções do MAM e do MAC USP.

Nas redes sociais, o Museu compartilha sua trajetória e backstage por meio das hashtags #HistóriasdoAcervo e #tbt (do inglês throw back Thursday), às quintas-feiras – nesta última, a estreia foi uma miniaula do curador Felipe Chaimovich sobre o impressionismo e o Brasil, parte da exposição homônima que ocorreu em 2017. Uma proposta semelhante, mas com foco em criadores, é feita por meio de #ArtistaDaSemana. Toda quarta-feira é publicado conteúdo sobre artistas cuja trajetória tenha se entrelaçado à do MAM. A interação entre o público e o Museu também acontece por meio do #MAMquiz, que traz temas e perguntas diversas sobre a instituição e sua programação no Instagram Stories.

Às terças-feiras, às 18h, o Museu promove lives em libras no Instagram sobre mediação cultural, educação, culturas e artes surdas na instituição. As conversas são comandadas por Leonardo Castilho, educador surdo do MAM e apresentadas simultaneamente em seu perfil do Instagram (http://www.instagram.com/leocastilho) e na rede social do Museu (http://www.instagram.com/mamoficial). A live acontece em Libras, acompanhada pela voz de uma tradutora intérprete de Língua Brasileira de Sinais.

Oficinas, contação de histórias e brincadeiras ficam a cargo do MAM Educativo. Às quartas e quintas, a equipe do Educativo propõe atividades para pais e crianças participarem sem sair de casa; entre elas, ações ao vivo no Instagram Live do museu. Às sextas, o # MAMParaOuvir compartilha com o público as playlists do perfil do museu no Spotify. A primeira, intitulada Verão Moderno Vol. 1, foi produzida pelo Clube Lambada e reúne músicas brasileiras, contemporâneas e jovens clássicos.

Também são publicados conteúdos pela narrativa #HistóriasDoMAM, com depoimentos de pessoas que fazem parte da história da instituição. Sugestões de leituras a partir das publicações e catálogos disponíveis no site do Museu são oferecidas aos domingos por meio de postagens com a hashtag #DicaDeLeitura. Séries de conversas entre curadores e artistas acontecem na #LiveNoAteliê, que acontece aos sábados. O MAM também participa de debates ao vivo com diversos parceiros, acompanhe as redes sociais para não ficar de fora.

A programação é compilada semanalmente na newsletter #MAMonline, disponível para cadastro no site do museu, e conta ainda com prévias de conteúdo sobre as exposições que estão por vir.

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

http://www.mam.org.br/MAMoficial

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O mutante Sérgio Dias faz live no Festival #CulturaEmCasa nesta segunda (18)

São Paulo, por Kleber Patricio

Conteúdos da plataforma podem ser assistidos gratuitamente por televisão, computador, tablets e celulares.

O mutante Sérgio Dias faz live nesta segunda-feira, 18 de maio, às 21h30, na plataforma de streaming e vídeo #CulturaEmCasa. A plataforma foi criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pela Organização Social Amigos da Arte. O acesso é por meio do site http://www.culturaemcasa.com.br.

Os conteúdos da plataforma podem ser assistidos gratuitamente por televisão, computador, tablets e celulares. Sérgio Dias contará um pouco da sua vida, do novo disco de inéditas de sua banda Os Mutantes, que acaba de ser lançado, e mostra seu apartamento em Las Vegas, onde vive atualmente. Para ilustrar tudo isso, cantará e tocará um repertório sem previsão de pura inspiração.

Serviço:

Festival #CulturaEmCasa

Live Sérgio Dias

18 de maio (segunda-feira) às 21h30

Site: www.culturaemcasa.com.br

Redes Sociais:

http://www.facebook.com/culturaemcasasp/

http://www.instragram.com/culturaemcasasp/

http://twitter.com/culturaemcasasp.

A importância de falar de fadas, príncipes e heróis durante a pandemia

Brasil, por Kleber Patricio

Educadora afirma que, assim como os adultos, crianças precisam da fantasia para dar conta da realidade. Foto: divulgação.

Mestre em Educação e consultora educacional, a professora Carla Jarlicht defende que o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 seja aproveitado para a construção de memórias afetivas entre pais e filhos. E que ler e brincar são caminhos essenciais para essa conexão.

Carla, que no próximo dia 19, ministrará na Casa do Saber Rio (rj.casadosaber.com.br) o curso online Ler e brincar: como potencializar a ludicidade nas crianças, diz que a pandemia deve ser abordada com os pequenos “com respeito, transparência e bom senso”. “A criança está vendo que há algo diferente ocorrendo. Ela não é tola”, acrescenta.

Confira a entrevista a seguir

Assim como com qualquer tema delicado, com respeito, transparência e bom senso. Respeito, no sentido de ter clareza de que a criança é um ser capaz, sensível e que pode compreender o que se passa ao seu redor. Transparência porque é preciso honestidade ao lidar com as pessoas. Se há uma pandemia e esse é um estado de incertezas e de muita cautela não podemos fingir que nada está acontecendo, até porque a criança está vendo que há algo diferente ocorrendo, ela não é tola.

A internet faz parte da rotina das crianças, até mesmo das menores. Muitas ficam horas diante da tela do computador e assim leem, brincam e se divertem. O que há de positivo e negativo nessa ferramenta?

A internet faz parte da vida de todos. E esse é um caminho sem volta. Por isso, é preciso estabelecer uma rotina balanceada, gerindo melhor esse tempo das crianças em frente às telas – todas elas. O recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria é que crianças até dois anos de idade, por exemplo, não sejam expostas às telas em geral (TV, tablets, celulares) e que as maiores tenham um tempo de até 2 horas em frente às mesmas. Isso porque a exposição excessiva é nociva para o corpo e para a mente. Portanto, precisamos aderir ao máximo a essas recomendações. É claro que a internet oferece um sem número de possibilidades de leituras, vídeos e joguinhos, muitos deles de qualidade, que respeitam o universo da criança. Mas, mesmo assim, é importante lembrar que a internet é como uma rua extremamente movimentada e imprevisível. Da mesma forma que não convém deixar uma criança andar desacompanhada na rua, não convém deixá-la sozinha na internet ou diante de qualquer outra mídia – menos ainda por tempo indeterminado. É também imprescindível termos clareza de que a criança precisa de interação para se desenvolver de forma plena e saudável. Interação ativa, com o outro (seus pais, cuidadores e amigos), consigo mesma e com o mundo externo, o mundo real. É nessa interação que ela explora a complexidade do mundo e vai construindo o seu mundo simbólico. É nessa relação com o outro, com todos os desafios e delicadezas que possa haver, que a criança se faz sujeito, compreendendo o que a cerca. Esse tipo de interação não há como encontrar na internet nem em nenhuma outra mídia.

Outro aspecto que precisamos considerar na rotina das crianças e que é estruturante é o não fazer nada. O ócio. Já repararam como estamos sempre preocupados em ocupar o tempo da criança com milhares de tarefas? Nem nos damos conta do quanto é importante também as crianças não fazerem “nada”. Porque justamente é esse nada que faz com que a criança mergulhe no seu processo de criatividade interno. Esse “não fazer nada”, assim como o brincar, são restauradores do mundo interno. Portanto, se não temos mais como evitar totalmente essa exposição às telas e elas já estão incorporadas à rotina, precisamos dosar e acompanhar o que a meninada vem assistindo – mais do que isso, dialogar, explicar e oferecer alternativas. Brincar, ler e interagir mais, ao vivo e a cores. Reservar um tempo para essa partilha, construir memórias afetivas, é o melhor que os adultos podem oferecer às crianças.

O contato com livros de papel ainda tem alguma relevância para as crianças?

Desde que a tecnologia foi ocupando cada vez mais espaço em nossas vidas, passamos a questionar a serventia de tudo que veio antes dela. Os livros fizeram parte desse questionamento. Mas o tempo foi nos mostrando que sim, há ainda espaço para o livro, que segue firme e forte, sobretudo na vida das crianças. Isso porque elas precisam dessa experiência, pois conhecem o mundo assim, sentindo, comendo pelas beiradas (ou se lambuzando mesmo), através do toque, do cheiro, e a cada virada de página vão adentrando na história a partir daquele suporte. Hoje existem também livros-objeto que proporcionam ainda outro tipo de experiência, surpreendendo o leitor com seus projetos gráficos, ampliando a leitura. Há uma autora tcheca, Kveta Pacovska, que diz que o livro ilustrado é a primeira galeria de artes que uma criança visita. E é bem isso. O livro de qualidade proporciona essa experiência estética, que é essencial à formação do leitor. E poder tê-lo em mãos, manuseá-lo, proporciona outro tipo de experiência, uma apropriação singular da narrativa. Ao invés de pensar na troca do livro físico pelo digital, acho mais interessante poder oferecer à criança uma variedade de opções tanto de narrativa quanto de suporte, porque é nessa pluralidade de experiências que ela vai tomando gosto pela leitura, vai se descobrindo leitora.

Entre brincar e ler com os filhos, o que os pais devem priorizar?

Não é preciso escolher. Eu diria os dois. E diria mais: o que os pais devem priorizar é o tempo de estar verdadeiramente com os filhos. Inteiros, interessados. Sem distratores. Estar conectado com o filho/a é ter a chance de conhecê-lo melhor, de partilhar experiências e construir memórias afetivas. E nesse caminho, o brincar e a leitura são atividades extremamente convidativas e essenciais. Tanto uma quanto a outra permitem essa aproximação, esse aconchego, esse encontro de mundos e de afinidades. O brincar é condição de ser criança; é assim que ela lida e organiza seus conteúdos afetivos e vai entendendo melhor o mundo que a cerca. A leitura é, em boa medida, um brincar com a imaginação, possibilitando ainda mais uma ampliação de mundo pelo sem-fim de narrativas que traz. É possível também unir essas atividades, o que é sensacional. O mais importante é entender que elas são essenciais na vida das crianças e, portanto, tê-las como prioridade na rotina é o melhor presente que poderia se dar a uma criança. Aliás, esse é um presente de mão dupla.

Qual a importância de falar de fadas, princesas e heróis neste momento tão cinza, com o novo coronavírus assombrando a humanidade?

Falar de princesas, fadas, príncipes e heróis é sempre muito importante; tão importante quanto falar das bruxas, monstros e dragões. Isso sempre e, ainda mais, em momentos como o atual. Explico: a literatura para crianças nos brinda com todo tipo de narrativas e, quanto mais pudermos explorar essa pluralidade, melhor. Geralmente as boas narrativas trazem conteúdos humanos complexos de uma maneira delicada, poética, inusitada. Algumas vezes de forma divertida; outras, de forma absurda, triste, assustadora e até repugnante. O caso é que precisamos dessas histórias porque são elas que provocam questionamentos acerca dos nossos conflitos ao articularmos a narrativa com nossas próprias emoções. A leitura ecoa dentro da gente. E gente, de todo tamanho, precisa da fantasia para dar conta da realidade. “A arte existe porque a vida não basta”, já dizia Ferreira Gullar. É isso que nos ajuda a lidar melhor com nossos próprios sentimentos e a encontrar saídas nos labirintos da vida. Portanto, pode-se dizer que é encarando o monstro ou a bruxa das narrativas que ficamos mais prontos para encarar os monstros e bruxas que estão aqui fora. Nesse sentido, posso dizer que a leitura modula o estresse, apazigua e fortalece.

Vivemos tempos difíceis. Como tratar o tema pandemia sem causar traumas em nossas crianças?

Assim como com qualquer tema delicado, com respeito, transparência e bom senso. Respeito, no sentido de ter clareza de que a criança é um ser capaz, sensível e que pode compreender o que se passa ao seu redor. Transparência, porque é preciso honestidade ao lidar com as pessoas. Se há uma pandemia e esse é um estado de incertezas e de muita cautela, não podemos fingir que nada está acontecendo, até porque a criança está vendo que há algo diferente ocorrendo; ela não é tola. E bom senso, porque vamos ter que encontrar uma maneira de falar de modo que a criança entenda e se sinta segura de alguma forma. É o adulto que vai poder transmitir essa segurança. Portanto, o adulto precisa manter a calma e entender que esse período, apesar de ser trágico, é provisório. Informar-se junto às organizações de saúde e, se preciso, pedir ajuda aos profissionais da escola do seu filho ou filha na condução dessa conversa são atitudes que dão mais segurança.

Algo que também ajuda muito as crianças a entenderem é falar de forma simples e através de exemplos; isto é, exemplificar a situação usando uma situação semelhante que ela já tenha vivido favorece o entendimento da criança. E ainda responder do tamanho da pergunta, considerando a sua idade e maturidade, para não gerar nela ainda mais incertezas.

Outro ponto valioso e que pode fortalecer a todos, não apenas às crianças, é focar no copo meio cheio desse momento – direcionar o olhar para o que há de ganho nas pequenas coisas boas do dia, como a oportunidade da família passar mais tempo junto, compartilhando os momentos do dia, divertindo-se entre outras coisas é encorajador. Precisamos valorizar isso, ou melhor, aprender isso com as crianças para poder passar pela dificuldade menos fragilizado.

Por último, ouçam as crianças, validem o que elas dizem estar sentindo. O medo, a raiva, a agitação exagerada, a tristeza, os receios – tudo é legítimo. Acolham. Aconcheguem-se, perguntem, estejam perto, observem. Esse contorno afetivo é essencial para que as crianças entendam que os pais estarão ali junto delas, para o que der e vier.

Escolas fechadas, crianças sem conviver com outras… Brincadeiras e leitura em casa substituem brincadeiras e leitura na escola ou no parquinho?

Nada substitui a presença. E isso não tem idade. No caso das crianças, estar no seu espaço escolar, junto com seus amigos e professores, é precioso. E as crianças precisam disso para crescerem saudáveis, para se desenvolverem bem, para serem mais felizes. Com certeza, muitas estão saudosas desse contato e é nesse momento que a tecnologia vem ajudando a estreitar as distâncias.

Aproveito para reafirmar veementemente que crianças precisam brincar, precisam ler. Tanto dentro quanto fora de casa – e por fora de casa falo em contato com a natureza, não dentro de shoppings. E isso não é por hoje, é sempre. É preciso que os adultos entendam, de uma vez por todas, que essas são atividades vitais para toda e qualquer criança. O que ela aprende ao brincar e ao ler, nas relações com os amigos e no contato com a natureza são aprendizagens de valor inestimável e que ela levará para a sua vida. Criança que brinca livremente e que lê é uma criança mais empática, generosa, criativa, resiliente. Afinal, não são essas as habilidades que pensamos ser essenciais na sua formação? Deixem que brinquem. Chega de ocupar seu tempo precioso com mais uma aula disso ou daquilo. O tempo de brincar é agora e ele passa voando.

Com o novo coronavírus, as rotinas familiares mudaram drasticamente, com pais e filhos juntos o tempo todo. Qual a melhor forma para aproveitar esse convívio sem causar estresse?

Por mais óbvia que possa parecer essa resposta, vou arriscar: a própria rotina – mas não a rotina anterior. Porque aquela atendia a uma determinada demanda. A situação agora é outra. Portanto, organizar em conjunto (isso mesmo: coletivamente) a nova rotina pode ser um bom passo para atravessar a nova situação de maneira menos estressante. É preciso que a família se reúna, avalie as necessidades atuais, converse sobre suas atividades, combine o que fará individualmente e em grupo, quais os espaços da casa que estarão ocupados etc. etc. Tudo isso incluindo as crianças; afinal, elas têm voz, precisam ser ouvidas e consideradas. Vale pensar em quais momentos as crianças da casa vão precisar de orientação e ajuda dos adultos e se planejar para esses estarem presentes. Encorajar os filhos a brincar livremente, sozinhos, a realizar as tarefas possíveis com autonomia crescente e elogiar o seu esforço e suas conquistas. Reservar um momento para a família fazer algo junto pode ser divertido. Pode ser fazer a comida, lanchar, jogar um jogo, assistir filmes, ler… Aproveitar para resgatar esses momentos que são tão ricos e essenciais ao bem-estar. E, à medida que a nova rotina for funcionando, é possível avaliar, resolver os desentendimentos, ajustar, reformular. Cada família vai encontrar o seu jeito. Sem rigidez. O momento nos pede flexibilidade e generosidade.

Moacyr Luz apresenta nova live em homenagem a Aldir Blanc

Brasil, por Kleber Patricio

Depois de uma primeira edição de sucesso, o cantor e compositor Moacyr Luz vai repetir a dose com segunda live Luz & Blanc, que homenageia o grande parceiro Aldir Blanc, falecido na última semana, em decorrência da Covid-19. Dessa vez, o repertório contará com composições mais raras e pérolas guardadas no baú. A transmissão vai acontecer na sexta-feira, dia 15 de maio, às 19 horas, no perfil do músico no Instagram (@moaluz).“Foram 23 de amizade e parceria. Temos mais de 100 músicas gravadas. Ficou muita coisa de fora… Não tinha como ficar em uma live só! Tem muita história para contar também”, comenta Moa.

Farão parte do repertório canções como Samba pro Geraldo, que Moacyr gravou no álbum Batucando, em 2009, Remanso, gravada por Maria Bethânia em 2013, para o disco Tua, Feito o mar, registrada pela madrinha Beth Carvalho em 1991 para o álbum Intérprete, Mandingueiro, gravada por Leny Andrade, entre outros intérpretes e Rainha Negra, também gravada por Bethânia em 1992 para disco Olho d’água.