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Brasil
A 47ª Semana Guiomar Novaes, que acontece entre 13 e 22 de setembro em São João da Boa Vista, contará com mais de 30 atrações gratuitas. Entre os destaques estão a apresentação de A Banda Mais Bonita da Cidade, a peça ‘O Veneno do Teatro’, com Osmar Prado e Maurício Machado, e a banda Xaxado Novo. O evento é realizado pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, com correalização da prefeitura da cidade e gestão e produção da Associação Paulista dos Amigos da Arte.
A programação traz, também, a Orquestra Brasileira Inclusiva, a primeira no país integralmente formada por musicistas com alguma deficiência intelectual, show de Ana Cañas, o espetáculo de ballet ‘Instar’, de Elie Lazer, e exposições, entre outras atrações musicais e teatrais.
Pensada para todas as idades e projetada para atuar na formação de público, na difusão cultural e na valorização da cultura local, o evento terá, ainda, atividades especiais para as crianças. A consagrada Cia Pia Fraus apresenta os espetáculos ‘Bichos do Brasil’, que busca mostrar a riqueza da fauna brasileira por meio de recursos plásticos, música e coreografia, e ‘Dinossauros do Brasil’, peça que conta o surgimento desses grandes répteis em Terra Brasilis. Se apresentam ainda a ‘Carreta Show do Tubinho’, o grupo ‘Kombinados’ e muito mais. Confira a programação completa.
Guiomar Novaes e o legado da cultura
Guiomar Novaes, nascida em 1894 em São João da Boa Vista, começou a tocar piano ainda aos quatro anos de idade. Aos oito, a menina prodígio já se apresentava profissionalmente em salas de concerto. Aos 13, recebeu do governo brasileiro uma bolsa de estudos para um curso no Conservatório de Paris e, após dois anos, saiu em turnê pela Europa, retornando ao Brasil em 1914, quando começou a Primeira Guerra Mundial. Guiomar Novaes se apresentou em Nova York, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, representou a América Latina na comemoração do 15º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi escolhida por Elizabeth II para inaugurar o Queen Elizabeth Hall, em Londres, e recebeu inúmeros prêmios e condecorações. A pianista foi ainda a inspiração para a personagem Narizinho do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, de quem foi vizinha.
Sobre a Amigos da Arte
A Associação Paulista dos Amigos da Arte é uma Organização Social de Cultura que trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo fomentar a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 20 anos de atuação, a Organização desenvolveu mais de 70 mil ações que impactaram mais de 30 milhões de pessoas.
(Fonte: Com Angelina Colicchio/Pevi 56)
Visitar o Reino das Águas Claras, construir invencionices no laboratório do Visconde de Sabugosa ou saborear bolinhos de chuva no Restaurante da Tia Anastácia. Tudo isso e muito mais está prestes e se tornar realidade. As obras para a construção do novo Sítio do Pica Pau Amarelo seguem a todo vapor. O parque temático baseado no histórico e cultural brasileiro universo criado pelo escritor Monteiro Lobato terá mais de 25 mil m² e estará localizado dentro da área do Eldorado Eco Resort, em Atibaia. A previsão é operar de forma assistida e abrir vendas a partir de novembro, com abertura oficial para o público em janeiro de 2025.
O novo Sítio do Pica Pau Amarelo, único oficial e licenciado, será operado pelo Grupo Forma, maior empresa especializada em turismo estudantil da América Latina, a partir de um acordo de licenciamento junto às Organizações Globo e à família Monteiro Lobato.
Atrações
O parque terá como proposta educar e entreter ao mesmo tempo, com atividades e atrações que remetem a um conceito conhecido internacionalmente como edutainment, que é uma forma de utilizar o entretenimento para promover o aprendizado. Com a força de uma obra que atravessa gerações, o espaço será aberto tanto para escolas durante os dias da semana quanto para as famílias de uma forma geral aos fins de semana e feriado.
O parque temático será dividido em estações, cada uma representando cenários e histórias em torno da obra de Monteiro Lobato. Entre elas, o Casarão da Dona Benta, o Labirinto do Minotauro, a Gruta da Cuca, o Restaurante da Tia Anastácia e o Laboratório das Invencionices, entre outras, além de uma exposição dedicada à obra e à história do autor.
Atrações interativas, shows ao vivo no teatro Reino das Águas Claras, restaurante e lojinhas itinerantes farão parte da experiência. “É muito gratificante vermos o projeto, que começou com um sonho três anos atrás, se materializar. Nos cercamos dos melhores profissionais e fornecedores em termos de parques temáticos no Brasil, que vieram a somar ao nosso time, que tem mais de 25 anos de experiência com atividades e projetos de lazer e educação. Estamos trabalhando arduamente para entregar à sociedade um parque que valoriza a cultura brasileira e a obra de Monteiro Lobato e proporciona uma imersão educativa e divertida para todas as famílias”, afirma Renato Costa, fundador do Grupo Forma. Mais informações serão divulgadas em breve.
Sobre o Grupo Forma | O Grupo Forma é a maior referência em turismo estudantil na América Latina, oferecendo uma ampla gama de experiências que vão desde saídas pedagógicas até viagens de formatura e atrações de lazer. Conhecida por organizar as emblemáticas viagens de formatura do 3° ano em Porto Seguro e do 9° ano nos principais resorts do Brasil, a Forma também se destaca em viagens educacionais e pedagógicas através do Conhecer, com exclusividade em experiências únicas, como a visita aos estúdios da Mauricio de Sousa Produções e a construção licenciada do Sítio do Picapau Amarelo. Além disso, o Grupo Forma é responsável por operar intercâmbios e viagens internacionais para grupos de menores desacompanhados.
(Fonte: Com Julia Almeida/Press à Porter Gestão de Imagem)
De origem humilde, filha de um vendedor de rua e de uma costureira, Márcia Jaqueline, Primeira Bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, passou muito perrengue até alcançar este cargo. Ainda estudante da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, a bailarina de Inhoaíba, bairro em Campo Grande, Rio de Janeiro, contava as moedas para pagar as passagens de ônibus, junto com sua mãe. Sempre driblando as dificuldades financeiras, as duas enfrentavam grandes caminhadas, debaixo de chuva ou de muito calor, no trajeto da Central até a Escola. Mas todo este esforço valeu a pena. Marcinha, como é conhecida pelos amigos e colegas, ama o que faz e revela o seu verdadeiro amor: “Dançar é libertador… é ser o que eu quiser, sentir tudo sem medo de nada”, afirma.
Em julho do ano passado, a artista teve o rompimento de ligamentos durante um ensaio e precisou parar tudo. Após uma cirurgia bem-sucedida, passou a fazer intensa fisioterapia e somente agora está apta para subir ao palco novamente.
Márcia Jaqueline ingressou no corpo de baile do Theatro Municipal aos 14 anos. Em 2007, foi promovida a Primeira Bailarina, passando a dançar os papéis principais em todos os espetáculos apresentados pela Companhia, com destaque para Odette e Odile (O Lago dos Cisnes, de Yelena Pankova), Fada Açucarada, e A Rainha das Neves, (O Quebra-Nozes, de Dalal Achcar), Ninfa (Floresta Amazônica, de Dalal Achcar), Kitri (Don Quixote, de Dalal Aschcar), Tatiana e Olga (Onegin, de John Cranko), Julieta (Romeo e Julieta, de John Cranko), Swanilda (Coppélia, de Enrique Martinez), Aurora (A Bela Adormecida, de Jaroslav Slavick), Giselle (Giselle, de Peter Wright) e Lise (La Fille Mal Gardée, de Frederick Ashton). Em seu repertório, também incluem obras de George Balanchine (Serenade e Divertiment nº 15), Roland Petit (Carmen e L’Arlesienne), Michael Fokine (Les Sylphides e El Espectro de la Rose), Uwe Scholz (A Criação e Sétima Sinfonia) e Glen Tetley (Voluntaries). Em La Bayadere (2014), de Luiz Ortigosa interpretou as personagens Nikyia e Gamzatti, fato que rendeu aplausos e elogios do público e da crítica especializada destacando a sua versatilidade e capacidade artística.
Márcia dançou em importantes teatros, como Teatro Colón (Argentina), Santiago do Chile, Sodre (Uruguay) e Paraguay. Dançou como convidada também em importantes Galas como Festival de Miami, Gala das Estrelas, em Creta e Luxembourg.
Em 2017, Marcia se tornou membro do Ballet Landestheater, de Salzburg, a convite do atual diretor Reginaldo Oliveira. Incluindo em seu repertório os papéis principais dos Ballets Medea, Othello e Romeu e Julieta (Reginaldo Oliveira), além de Cinderela (Peter Breuer).
Em 2019, convidada para o evento Live Magazine, dançou em importantes cidades da Europa, como Paris, Amsterdã e Arles.
Desde janeiro de 2019, Marcia faz parte do seleto grupo de Embaixadores da famosa marca russa de sapatilhas Grishko.
Em 2020 tornou-se Embaixadora do programa Progressing Ballet Technique. Márcia voltou ao Brasil em 2021, retomando seu posto junto ao Theatro Municipal. Ainda em 2021, a convite da coreógrafa e diretora Dalal Achcar, atuou como bailarina e professora convidada junto a Cia de Ballet Dalal Achcar, onde criou seu primeiro ballet “Macabea”, com Pré-estreia em agosto, no Teatro Santa Cecília, em Petrópolis e estreia no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, em junho de 2023.
(Fonte: Com Claudia Tisato/Assessoria de Imprensa TMRJ)
Há 16 anos, Erika Novachi e Marcela Benvegnu criaram o Congresso Internacional de Jazz Dance, em Indaiatuba, interior de São Paulo, com a ideia de promover a arte do jazz dance em suas diversas formas. Em uma tentativa de horizontalização e descentralização do projeto, promovem agora esta edição paralela, que acontece entre os dias 6 e 8 de setembro e inclui palestras, aulas práticas, teóricas e espetáculos de dança com todas as atividades gratuitas. O projeto foi aprovado pela Lei Paulo Gustavo 21/2023 via Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.
A edição paralela do Congresso de Jazz Dance se concentra em oferecer oportunidades educacionais sólidas por meio de aulas práticas e teóricas. “Os participantes têm a chance de aprimorar suas habilidades de dança, compreender a teoria do jazz dance e aprofundar seu conhecimento sobre seus mais variados estilos: teatro musical, jazz tradicional e jazz lírico, entre outros”, diz Erika Novachi, codiretora artística do evento.
Foram selecionados 100 estudantes por meio de um edital de seleção, com 50% das vagas destinadas a pessoas do Estado de São Paulo, 20% para pessoas pretas, pardas e indígenas e 30% para participantes de outras localidades. “Reconhecemos a necessidade de promover a diversidade e a representatividade. Recebemos mais de 340 inscrições para selecionarmos 100. Foi uma tarefa difícil pois temos muitos talentos em São Paulo e no Brasil. Todos terão a chance de participar das atividades de forma gratuita”, afirma Marcela Benvegnu, codiretora artística do evento.
Ao reunir um time de 14 profissionais de renome do Estado, o Congresso não somente oferece uma plataforma para que esses artistas compartilhem seus conhecimentos e experiências, mas também destaca e reconhece a riqueza do talento local. Isso contribui para o fortalecimento da comunidade de dança em São Paulo. O evento também celebra o Dia do Bailarino – comemorado em 1º de setembro. Entre os professores convidados, estão Katia Barros, Luana Espíndola, Cris Cará, Turu Castelli, Jhean Allex, Lenon Vitorino, Edson Santos, Renan Banov, Alex Siqueira, Andrea Spósito, Claudionor Alves, Harry Gavlar, Erika Novachi e Marcela Benvegnu.
Para chegar a outros públicos, também estão previstas duas palestras em formato online sobre História da Dança e Corpo e Saúde. Por meio de palestras e discussões, a proposta é fomentar a pesquisa e o pensamento crítico sobre o jazz dance. Os participantes são incentivados a analisar e debater as tendências, desenvolvimentos e desafios do mundo contemporâneo.
Espetáculos
Nos dias 6 e 7 de setembro, acontecem dois espetáculos de jazz dance, às 21h, com entrada gratuita. As apresentações reúnem mais de 200 bailarinos do Estado de São Paulo e de outras regiões, que se destacam por sua produção relevante no estilo do jazz dance. Essas noites proporcionam à população a oportunidade de assistir a diversidade e a excelência do jazz dance com diferentes estilos, coreografias e abordagens dentro dessa forma artística.
No dia 6, sexta-feira, no Centro Cultural Hermenegildo Pinto (Piano), vinte coreografias – solos, duos e trios – compõem a noite. E, no dia 7, sábado, no CIAEI, é a vez de vinte conjuntos, de diversos estilos de jazz dance. Participam grupos de São Vicente, Jundiaí, São Paulo, Cubatão, Jacareí, Campinas, São José dos Campos, Valinhos e Santos, além de grupos de Florianópolis, Brasília, Porto Alegre, Butiá, Tocantins, Maringá e Londrina, entre outros. Os grupos foram selecionados via edital e recebem cachês de participação.
Acessibilidade | Posteriormente, as noites de espetáculos serão exibidas no YouTube, com audiodescrição. Os espetáculos e palestras também terão interpretação em LIBRAS e todos os espaços de realização do evento possuem acessibilidade arquitetônica. “O detalhamento do plano de acessibilidade reflete nosso compromisso em garantir que todas as pessoas, independentemente de suas capacidades físicas, sensoriais ou cognitivas, tenham a oportunidade de participar plenamente e desfrutar do evento”, falam as diretoras.
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Erika Novachi
Erika Novachi é professora e coreógrafa de lyrical jazz. Diretora artística da Galpão 1, é formada em Educação Física e teve como grande mestra Rose Calheiros. Foi secretária de Cultura da cidade Indaiatuba de 1997 a 2018. Ministra materclasses e residências de lyrical jazz no Brasil e no exterior, com passagens como professora convidada pela na Broadway Dance Center, em Nova York (2017), pela Crossroads of Arts, em Los Angeles, Califórnia (2018) e pela West London University, na SA Dança, em Londres, Inglaterra (2018). Entre 2010 e 2014, 2023 e 2024 foi professora de Lyrical Jazz, no Festival de Dança de Joinville onde também foi jurada do gênero. Seu grupo participou como convidado em diversas aberturas do Passo de Arte Grand Prix nas noites de Jazz. Entre suas últimas criações destacam-se: um trecho de ‘Concerto Berstein 100’ (2018) para a São Paulo Companhia de Dança e ‘Music, Body and Soul’ (2021) para a Raça Cia. de Dança dentro do Projeto Raça por Elas. Em 2021 ministrou uma residência de aulas de Lyrical Jazz na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e no Summer e no Winter da Royal Academy of Dance Brasil. No ano de 2023 fez parte da Consultoria de Formação do 40° Festival de Dança de Joinville e junto com Cássia Navas e Enoque Santos foi curadora do eixo de Extensão Cultural da São Paulo Escola de Dança (2023 e 2024). É uma das diretoras e organizadoras do Congresso Internacional de Jazz Dance no Brasil, criado em 2009.
Marcela Benvegnu
Marcela Benvegnu jornalista, pesquisadora de dança e gestora. É Superintendente de Desenvolvimento Institucional da São Paulo Companhia de Dança e da São Paulo Escola de Dança. É master em Mídia, Comunicação e Negócios pela University of California (USA, 2017) e foi bolsista do programa de mentoria executiva da Harvard Business School (USA, 2019). É mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC (crítica de dança), pós-graduada em Estudos Contemporâneos em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e em Gestão de Negócios – Competências Comportamentais, pelo Business Behavior Institute, de Chicago. Atualmente faz formação em psicanálise clínica pela Sociedade Brasileira de Psicanálise. Foi coordenadora de Educativo e Comunicação (2009-2017) e de Registro e Memória, da São Paulo Companhia de Dança e consultora (2021). Atua como jurada, palestrante, crítica e jornalista convidada em eventos no Brasil e exterior. Já ministrou palestras na Broadway Dance Center, em Nova York (2009); na Crossroads of Arts, em Los Angeles (2017); na West London University, em Londres (2018); no Encludança, em Portugal (2023). É codiretora do Congresso Internacional de Jazz Dance no Brasil desde 2009. Foi curadora do evento de 35 anos, do Festidança e da MID-SP (Mostra Internacional de Dança, 2024). Foi diretora executiva/artística da Bloch Brasil (2019/2020) e professora do curso de Pós-Graduação em Dança e Consciência Corporal na Universidade Estácio de Sá e USC. É autora de diversas publicações na área de dança e coorganizadora do livro ‘São Paulo Companhia de Dança: 15 anos’ (Ed. Martins Fontes/2024). Dirige a MB – Gestão de Imagem e Comunicação para a Dança, assinando estratégias, conteúdos e experiências para nomes da dança.
Serviço:
Mostra Paralela do Congresso Internacional de Jazz Dance, em Indaiatuba
Entrada gratuita
Dia 6 de setembro, 21h | Solos, Duos e Trios | Centro Cultural Hermenegildo Pinto (Piano) – Av. Eng. Fábio Roberto Barnabé, 5924 – Jardim Morada do Sol. Entrada gratuita.
Dia 7 de setembro, 21h | Conjuntos | Ciaei – Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba – Av. Eng. Fábio Roberto Barnabé, 3665 – Jardim Regina.
(Fonte: Com Flávia Fontes Oliveira)
O texto crítico da exposição é assinado por Clarissa Diniz, curadora, pesquisadora e importante divulgadora do trabalho de Montez nos últimos anos. O ensaio de Diniz integra o livreto da mostra, que também traz a reedição inédita de um ensaio publicado por Montez em 1978, intitulado A forma popular construtivista. As ideias defendidas no texto do artista se materializam na série Barracas do Nordeste (1972-1993), um dos pilares da exposição.
A mostra se divide em dois eixos e ocupa os dois espaços da Galatea: na Rua Oscar Freire estão concentradas as pinturas de grande formato, pouco exploradas em exposições recentes do artista. São 22 trabalhos que se baseiam em tradições estéticas alternativas a paradigmas eurocentrados, dialogando com o que o artista chamou de ‘arte popular geométrica’. Este eixo inclui obras das séries Barracas do Nordeste e Portas de Taquaritinga (1983), além de peças que refletem o interesse de Montez pelo zen-budismo e hinduísmo, como a série Tantra (1963-2006).
Já na Rua Padre João Manuel, em meio a 30 obras estão expostas três pinturas da série Morandi (1964/1972/2000) e trabalhos abstratos criados tanto no período inicial de sua produção, como a pintura Abstração Geométrica (1957), quanto em sua maturidade, como a série Teares de Timbaúba (1979-1998), além de uma seleção de obras em torno das práticas e investigações conceituais, textuais e cartográficas de Montez.
Segundo o curador Tomás Toledo, “Montez Magno é uma artista que se define por sua polifonia. Sua produção artística e intelectual altamente sofisticada, que misturava referências eruditas e populares, por muito tempo foi marginalizada pelo meio artístico sudestino e agora passa a ganhar o merecido destaque, como foi visto em sua individual na pinacoteca do São Paulo em 2023. A exposição Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra, que ocorre nos dois espaços da Galatea em São Paulo, apresenta e celebra justamente toda a polifonia e multiplicidade do artista.”
O título da mostra faz referência tanto a séries de trabalhos que são apresentados quanto a três universos que compuseram o imaginário de Montez Magno. Há as pinturas que partem da admiração de Montez pelo pintor italiano Giorgio Morandi (1890–1964) e que representam a sua prática de comentar outros artistas e de citar as vanguardas europeias; há o Nordeste, referência ao seu contexto de vida e à série Barracas do Nordeste (1972-1993), baseada nas geometrias vernaculares; e, por fim, Tantra, referência a um conjunto de trabalhos que exploram com originalidade o universo da filosofia tântrica e os ensinamentos de matrizes de pensamento não ocidentais.Clarissa Diniz, em seu texto crítico, reflete sobre a influência de Morandi na obra de Montez: “No encontro de Montez com [Giorgio] Morandi, o pernambucano elaborou percepções que se tornaram definidoras de parte significativa de suas concepções poéticas, estéticas e políticas acerca da prática artística. Foi observando a pintura morandiana que, esgarçando a funcionalidade representativa da tradição das naturezas-mortas, Magno compreendeu que o caráter contemplativo da arte acontecia também para além da geometria ou da construção.”
Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra ainda apresenta duas propostas diversas no âmbito da expografia: na Oscar Freire, as pinturas de grande formato são fixadas em estruturas que se inspiram nas criações dos arquitetos e designers italianos Franco Albini, Carlo Scarpa e Lina Bo Bardi. Já na unidade da Padre João Manuel, o ambiente convida a uma experiência intimista, e a expografia de caráter mais convencional permite que a arquitetura brutalista da nova unidade da galeria sobressaia.
Sobre o artista
Timbaúba, PE, 1934 – 2023, Recife, PE
Montez Magno nasceu no município de Timbaúba, mas mudou-se com a família para Recife, Pernambuco, ainda em 1934. Entre 1940 e 1942, estudou no Grupo Escolar João Barbalho. Em 1950, escreveu seus primeiros poemas e, em 1954, ingressou na Escola de Belas Artes do Recife, onde realizou o curso livre de paisagem e desenho artístico ministrado por Mário Nunes (1889–1982). Em 1957, mudou-se para Olinda, onde estabeleceu seu ateliê na Rua de São Bento, 358. Aproximou-se do artista Aloísio Magalhães (1927–1982) e realizou sua primeira exposição individual na galeria do Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Recife. Em 1959, integrou o grupo de artistas da 5ª Bienal de São Paulo, no MAM-SP.
O artista também estudou litografia com o desenhista e gravador Darel Valença (1924–2017). Montez viajou para Madri, na Espanha, por meio de uma bolsa de estudos concedida pelo Instituto de Cultura Hispânica de Madri. Com isso, teve a oportunidade de conhecer vários países da Europa; entre eles a Itália, que visita em 1964 tanto para apreciar a Bienal de Veneza quanto para seguir o rastro de Giorgio Morandi na cidade de Bolonha.
Em 2011, em comemoração aos 55 anos de carreira de Montez Magno, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães — MAMAM, no Recife, realizou uma retrospectiva de sua obra que abarcou 150 trabalhos entre desenhos, pinturas, gravuras, poesias visuais, objetos, fotomontagens, livros, instalações, performances e música. Em 2023, a Pinacoteca de São Paulo abriu, logo antes da morte do artista, uma exposição panorâmica que reuniu um conjunto de mais de 80 trabalhos de sua autoria. Suas obras podem ser encontradas em diversas coleções permanentes, tais como: Museu de Arte do Rio – MAR, no Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM, em Recife; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP, em São Paulo; e Pinacoteca de São Paulo.
Galatea e o novo espaço
Sob o comando dos sócios Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo, a galeria escolheu uma pérola da arquitetura brutalista, o edifício Thais, projetado em 1978 pela arquiteta Maria Luiza Correa e localizado na Rua Padre João Manoel, para abrigar a nova sede. Com reforma assinada pelo Kas Arq e paisagismo por Paula Bergamin, o espaço soma 430 m² e ocupa o térreo e o primeiro pavimento do prédio com salão expositivo, viewing room, escritório e acervo.
O arquiteto Klaus Schmidt comenta: “O projeto resgata a arquitetura brutalista do edifício, tirando proveito da sua bela estrutura em concreto aparente. Desenhamos o espaço de forma a ganhar paredes e criar um percurso de chegada à galeria sem restringir sua flexibilidade expográfica. O jardim interno e os longos bancos em granilite conferem singularidade ao salão expositivo e funcionam como espaços de contemplação e convivência. Salas de apoio, trabalho e reunião foram concentradas no andar superior.”
Paula Bergamin, responsável pelo paisagismo do novo espaço, destaca: “O projeto foi desenvolvido para harmonizar e valorizar a arquitetura brutalista do prédio. Penso que o concreto aparente pede um jardim com muito verde, textura e força. Por isso investi nas plantas tropicais com as suas folhas volumosas. Além disso, pratico um tipo de paisagismo que se chama ecogênese e sempre busco priorizar as espécies nativas. Neste projeto, usei 90% de plantas nativas, com destaque para os palmitos-juçara e uma variedade de philodendrons, alocasias e samambaias.”
Somando-se a unidade localizada na rua Oscar Freire, o novo local configura uma expansão substancial da galeria, que passa a ter dois espaços expositivos na cidade de São Paulo, além da sede em Salvador.
A Galatea surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin, que foi sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu para a histórica renovação institucional do MASP, saindo em 2022 como curador-chefe.
Com foco na arte brasileira moderna e contemporânea, trabalha e comercializa tanto nomes consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Idealizada com o propósito de valorizar as relações que dão vida à arte, a galeria surge no mercado para reinventar e aprofundar as conexões entre artistas, galeristas e colecionadores.
Serviço:
Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra
Local: Galatea
Endereço: Rua Padre João Manuel, 808 – Jardins, São Paulo – SP | R. Oscar Freire, 379 – Jardim Paulista – São Paulo – SP
Abertura: 29 de agosto | 18h às 21h
Período expositivo: 29 de agosto a 21 de setembro
Horários: segunda à quinta das 10h às 19h; sexta das 10h às 18h e sábado, das 11h às 15h
Mais informações: https://www.galatea.art/.
(Fonte: Bruna Lira/A4&Holofote Comunicação)