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100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio: exposição no Sesc Ipiranga apresenta trajetória multifacetada do zoólogo e compositor

São Paulo, por Kleber Patricio

Garbe na Amazônia, decadas de 1960 e 1970. Fotos: Acervo da Família.

No centenário de nascimento de Paulo Vanzolini (1924–2013), compositor brasileiro responsável por clássicos como Ronda e Volta Por Cima, o Sesc São Paulo apresenta uma imersão na vida do artista, revelando não apenas sua faceta musical, mas também a trajetória do zoólogo de renome internacional. A exposição 100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio ocupa o Sesc Ipiranga a partir de 28 de agosto de 2024 e segue em cartaz até 16 de março de 2025. Idealizada pelos filhos do cientista, o diretor de arte e cineasta Toni Vanzolini e a psicóloga Maria Eugênia Vanzolini, a mostra conta com curadoria de Daniela Thomas, reconhecida cenógrafa, cineasta e diretora teatral. “A data simbólica do centenário de Paulo Emilio Vanzolini, nosso pai, nos motivou a pensar uma exposição que mostrasse um pouco da pluralidade desse brasileiro que ouviu, traduziu, pesquisou, escreveu, cantou e pensou um Brasil bom, diverso e inclusivo. Que sempre valorizou o conhecimento e a arte, fazendo de ambas seu maior legado. O universo desse personagem interessado e interessante, ‘cientista boêmio’, como bem o definiu Antonio Candido, é o que queremos mostrar nessa exposição”, antecipa Toni Vanzolini.

Sem perder de vista o lado boêmio e artístico do homenageado, a exposição revisita as expedições científicas e as contribuições para a ciência empreendidas como herpetólogo, especializado no estudo de répteis e anfíbios. O Sesc Ipiranga como espaço para a exposição possui um simbolismo especial: a proximidade com o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), onde Paulo Vanzolini trabalhou por cinco décadas – três destas, como diretor. “Algumas figuras são incontornáveis na história de uma cidade, de um país. Algumas chegam a ser incontornáveis até no planeta. É o caso do nosso homenageado nessa exposição, Paulo Vanzolini, que completaria 100 anos este ano e que passou a maior parte da sua vida aqui do lado do Sesc Ipiranga, dirigindo o Museu de Zoologia da USP, sua casa – ou uma de suas casas, já que se sentia perfeitamente integrado à paisagem numa picada na floresta, no seu laboratório ou no boteco, entre músicos ou entre os maiores intelectuais da sua época”, destaca Daniela Thomas. “Homem ímpar, de uma inteligência sobrenatural, uma inventividade que produziu versos inesquecíveis como ‘reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima’ e teorias revolucionárias na zoologia, e de uma determinação quase autoritária, características que fizeram dele essa potência realizadora que celebramos agora”.

Em parceria com o Museu de Zoologia da USP, a exposição exibe ao público 51 exemplares conservados de espécies animais identificadas e catalogadas por Vanzolini. Esses espécimes, emprestados pelo Museu ao Sesc, estão em destaque em uma sala que recria um laboratório de zoologia.

Cinco salas temáticas revelam a trajetória multifacetada de Vanzolini, abrangendo mais de meio século de pesquisa. A exposição destaca suas célebres expedições amazônicas e as conexões entre arte e ciência que ele promoveu. Documentos, fotografias e vídeos oferecem um vislumbre dos bastidores das descobertas marcantes do ‘cientista boêmio’, apelido carinhosamente atribuído por Antonio Cândido, sociólogo e crítico literário, no encarte do disco Acerto de Contas de Paulo Vanzolini (2002). Esta compilação apresenta 52 composições do cientista interpretadas por renomados artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola e Martinho da Vila.

A bordo do GARBE (barco) na Amazônia – Expedição Científica – década 60.

No percurso expositivo, ilustrações de Alice Tassara guiam os visitantes pela trajetória de Vanzolini em uma cronologia biográfica que destaca aspectos de sua formação acadêmica e seu círculo de amizades com intelectuais, artistas e ícones da música popular brasileira. O que encontrar na exposição 100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio: confira a seguir detalhes sobre os espaços que compõem a exposição espalhados pelo Sesc Ipiranga.

Sala Laboratório | O espaço é uma reprodução de um laboratório que retrata o cotidiano do zoólogo, destacando as etapas dos processos de sistematização. Na mesa de trabalho estão dispostos instrumentos como microscópios, além de um painel que elucida aspectos da Teoria dos Refúgios. A sala também reúne as espécies emprestadas pelo Museu de Zoologia da USP, apresentadas em um painel com cubos giratórios que identificam e contextualizam cada uma delas. Ilustrações de Gabriela Dássio complementam o ambiente, enriquecendo a experiência visual dos visitantes.

Sala Expedição Amazônia | Uma instalação sonora e visual imersiva projetada para simular uma caminhada pela floresta amazônica, enriquecida pelas ilustrações de Danilo Zamboni, que capturam a riqueza da biodiversidade do bioma. A experiência busca dimensionar a grandiosidade da fauna e flora amazônicas. Nas paredes do ambiente, o visitante encontra uma variedade de informações detalhadas sobre a biodiversidade da região, dados preocupantes sobre desmatamento e uma reflexão sobre a importância crucial da Amazônia para o equilíbrio do planeta.

Sala A Bordo do Garbe

O espaço convida o público a mergulhar no universo de múltiplos interesses e aventuras de Vanzolini, entrelaçando ciência, arte e cultura. Aqui, o público pode embarcar em uma das viagens de Vanzolini à floresta amazônica a bordo do barco Garbe – parte da Expedição Permanente à Amazônia (EPA), projeto comandado pelo cientista durante duas décadas. Em 1975, esta expedição cruzou o Rio Madeira, de Manaus a Porto Velho. Entre os tripulantes do Garbe, estava o pernambucano José Cláudio da Silva, apresentado a Vanzolini por seu amigo Arnaldo Pedroso d’Horta, artista plástico e jornalista que também o acompanhou em expedições à Amazônia. No decorrer de dois meses de viagem, José Claudio retratou em cem telas a diversidade da fauna e flora amazônicas, bem como a vastidão dos rios e o dia a dia das comunidades ribeirinhas.

Reproduções desses trabalhos, que foram compilados no livro José Claudio da Silva: 100 telas, 60 dias & um diário de viagem – Amazonas, 1975 (Imprensa Oficial, 2009) e hoje integram os acervos do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo, são exibidas na sala. O ambiente também apresenta um extenso painel com o mapa do Rio Madeira, mostrando onde cada uma dessas obras foi criada e oferecendo ao público uma experiência imersiva, que permite ‘reviver’ a expedição.

Sala Boêmia

Afeito à vida noturna, Vanzolini se desenvolveu enquanto compositor em mesas de bares e rodas de samba, criando um método peculiar de escrita musical. Apesar de não dominar nenhum instrumento, ele concebeu a estrutura da maioria de suas mais de 70 canções contando com o apoio dos amigos Adauto Santos e Luiz Carlos Paraná, violonistas e sócios no histórico bar Jogral, para dar forma às suas melodias e letras com harmonia e ritmo. Além dessas colaborações, Vanzolini deixou sua marca na música ao trabalhar com grandes nomes, como Waldir Azevedo, Elton Medeiros, Toquinho, Paulinho Nogueira e Eduardo Gudin.

Essa característica boêmia é reverenciada em uma sala que reproduz a atmosfera da vida noturna. Elementos expositivos incluem rótulos personalizados com nomes de suas composições mais célebres, que podem ser ouvidas pelos visitantes. A cenografia da sala, que conta com balcão, prateleiras e mesas de bar, também destaca os nomes de seus grandes colaboradores em azulejos. Ampliações fotográficas da cidade de São Paulo capturadas por Thomaz Farkas, entre outros, completam o ambiente proporcionando uma imersão visual e sonora na história musical de Vanzolini.

Expedições terrestres | O pesquisador encontrou nas expedições científicas do século XIX inspiração para suas próprias viagens de campo pelo Brasil, onde explorou a fauna e flora dos diversos biomas nacionais. Para ele, esses ambientes naturais eram seu verdadeiro local de trabalho. As viagens eram realizadas a bordo de uma Kombi, percorrendo territórios diversos. Como não dirigia, sua filha Mariana frequentemente assumia a direção ou então Francisca do Val, conhecida como Chica, que além de zoóloga, era ilustradora e documentava os trajetos cotidianos. Para revelar os bastidores dessas expedições, uma Kombi cenográfica será montada no acesso ao Sesc Ipiranga próximo ao Parque Independência e ao Museu do Ipiranga. Esta instalação reúne fotografias e diários, proporcionando aos visitantes uma imersão nas jornadas e descobertas de Vanzolini.

Sala Paulo por Paulo | Devido à sua intensa imersão na cultura e às suas inúmeras experiências, resultado das viagens por todo o Brasil, Vanzolini acumulava uma coleção de histórias e era um exímio contador de causos. Nesta sala, que reúne depoimentos em vídeo, frases emblemáticas e excertos de entrevistas documentadas ao longo de décadas, o público pode se aproximar de Vanzolini explorando seu legado pessoal e intelectual de forma envolvente.

Do Butantan para o mundo: sobre Paulo Vanzolini

Paulo Emílio Vanzolini nasceu em São Paulo em 25 de abril de 1924. Aos 10 anos de idade, em um passeio ao Instituto Butantan, encantado pelas cobras e lagartos, decidiu que dedicaria sua vida ao estudo dos répteis e anfíbios, na especialidade de herpetologia. Após formar-se em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), em 1947, fez doutorado em Zoologia na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, entre 1949 e 1951.

Expedição terrestre de Paulo Vanzolini – sem identificação de data.

De volta ao Brasil, aplicou suas inovadoras visões no Museu de Zoologia da USP organizando conjuntos de animais conservados para pesquisa a partir de técnicas aprendidas em Harvard, tornando a coleção do museu paulistano uma das mais importantes dentro e fora do Brasil e aumentando o catálogo de Herpetologia da instituição de 1.200 para mais de 220 mil exemplares. Reflexo de sua imprescindível contribuição, 15 espécies animais foram nomeadas em sua homenagem, como o lagarto Vanzosaura savanicola e a serpente Lygophis vanzolini.

Ao papel de gestor, somou-se o de professor de pós-graduação da USP e o de cofundador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Vanzolini ainda obteve reconhecimento internacional ao formular a Teoria dos Refúgios, uma hipótese para explicar a biodiversidade amazônica elaborada em meio a suas diversas expedições científicas e a partir de estudos realizados com o geomorfologista brasileiro Aziz Ab’Saber e em conjunto com o herpetólogo americano Ernest Williams.

Ao longo de mais de 20 anos, durante as décadas de 1960 e 1970, o cientista comandou a Expedição Permanente à Amazônia – EPA, realizada a bordo do barco Garbe e financiada pela Fapesp. Nestas empreitadas, Vanzolini estabeleceu colaborações que resultaram em contribuições significativas não apenas para a ciência, mas também para as artes visuais. Um exemplo é sua parceria com o pintor José Claudio da Silva, com quem compartilhou uma destas expedições, em 1975.

A proximidade com artistas plásticos estimulou colaborações instigantes. Como exemplo, o zoólogo escreveu textos para os livros de Gerda Brentani e convidou Aldemir Martins para ilustrar seu Tempos de Cabo, um relato breve de sua passagem pelo Exército na segunda metade da década de 1940, época em que, aos 21 anos, compôs seu clássico Ronda.

Lançado pelo selo Fermata em 1967, o álbum de estreia de Vanzolini, Onze Sambas e Uma Capoeira, teve a capa assinada por Luís d’Horta. Pai de Luís, Arnaldo Pedroso d’Horta não só foi estopim para a criação da música Capoeira do Arnaldo, como se inspirou no trabalho de Vanzolini para produzir a série de gravuras Esqueletos de Animais. Essas conexões destacam como Vanzolini viveu uma vida profundamente entrelaçada com as artes e a cultura. Seus interesses e curiosidade se estendiam além de seu campo imediato, abrangendo diversas formas de expressão.

Paulo Vanzolini faleceu em 2013, três dias após completar 89 anos.

Serviço:

100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio

Abertura em 28 de agosto, às 19h

Visitação: de 29 de agosto de 2024 a 16 de março de 2025 | terça a sexta, das 9h às 21h30; sábados, das 10h às 20h e, domingos e feriados, das 10h às 18h30

Recursos de acessibilidade: videolibras, audiodescrição, leitura ampliada e em braile, reproduções, mapa e pisos táteis e legendagem

Agendamento de grupos:agendamento.ipiranga@sescsp.org.br

Entrada gratuita e livre a todos os públicos.

SESC IPIRANGA

Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, SP

Horário de funcionamento da unidade: terça a sexta, das 7h às 21h30; sábados, das 10h às 20h e, domingos e feriados, das 10h às 18h30

Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/ipiranga e acompanhe na rede social instagram.com/sescipiranga.

(Fonte: Com João Jacques/ Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo)

Arte dos Mestres reúne artesãos de oito estados brasileiros para segunda edição da exposição-feira em São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra de Carmelia Rodrigues – Família Zé Caboblo (PE). Foto: Ricardo Carotta.

Entre os dias 27 de agosto e 1º de setembro, a ONG Artesol promove a segunda edição da exposição-feira Arte dos Mestres. Para esta edição, a organização, que há mais de 25 anos se dedica à valorização do artesanato cultural brasileiro, convida 15 mestres-artesãos, grupos e coletivos familiares de diferentes Estados, como Alagoas, Pernambuco, Ceará, Bahia, Piauí, Minas Gerais, Acre e Mato Grosso, para exibirem 280 criações feitas especialmente para a mostra no Espaço State, na Vila Leopoldina em São Paulo.

“O grande desafio e missão da Artesol ao realizar mais uma edição de Arte dos Mestres é apresentar e fazer com que sejam devidamente reconhecidos esses atores sociais, que são guardiões de legados de seus antepassados e de suas culturas e referências em suas comunidades. Queremos que ainda mais pessoas possam conhecer seus trabalhos, garantindo para eles um mercado consumidor mais justo e amplo, que reconheça o valor dessas obras não apenas pela estética, mas por sua carga histórica e cultural”, comenta a presidente da Artesol Sonia Quintella.

Com entrada gratuita e uma visitação significativa de mais de 8 mil visitantes em 2023, em apenas 5 dias, a exposição é especial porque é também uma feira para a comercialização das obras, onde os interessados podem adquiri-las diretamente com os artistas ali presentes. Além das obras confeccionadas com diferentes materiais e técnicas – de fios e fibras, madeiras e couro, barro e sementes, com saberes e fazeres da cerâmica, do entalhe, da costura e tecelagem – também serão exibidos documentários que registram a história, a cultura e os processos criativos dos autores, um registro da memória para potencializar trocas e experiências mais profundas entre os visitantes e os artistas, mestres e artesãos.

Obra de Jotacê (BA). Foto: Ricardo Carotta.

“Para este ano, a curadoria trouxe inovações, contemplando novas técnicas artesanais como os saberes e fazeres têxteis e ampliando as escolhas para outras manifestações artísticas da cultura popular brasileira. Como na primeira edição, além dos mestres e legados familiares que atravessam gerações, dessa vez teremos trabalhos oriundos de coletivos de mulheres guiados por suas mestras. Contaremos novamente com a presença indígena, representada pelo Povo Ashaninka, e traremos elementos dos modos de vida sertanejo, ribeirinho e quilombola apresentados em outras versões e combinados com referências intergeracionais e de gênero. Um ateliê aberto ao público será lugar para reverenciar a maestria do domínio técnico desses mestres artistas”, afirma Josiane Masson, curadora da Arte dos Mestres ao lado de Marco Aurélio Pulchério.

A programação, que segue até 1º de setembro, contempla rodas de conversa, com a participação dos convidados nessa edição mediadas por estudiosos e pesquisadores do universo da arte e cultura popular. A proposta desses bate-papos é promover reflexões sobre as fronteiras porosas entre arte e artesanato e os principais desafios de construir uma carreira no universo do artesanato cultural, além de discutir os aspectos sociais e econômicos que permeiam essa produção nos quatro cantos do país. Haverá também um dia específico reservado para as atividades educativas voltadas para jovens estudantes e educadores, com o intuito de reforçar o caráter formativo do projeto.

Obra de José Lourenço (CE). Foto: Ricardo Carotta.

Segundo Marco Aurélio, “a curadoria é pensada de forma holística, com espaços, recursos e programação voltados a conscientizar sobre a importância da proteção desses bens culturais imateriais e materiais, incentivando a continuidade e renovação dos trabalhos artesanais como vetores de inclusão social e econômica nacionais”, uma vez que muitos desses artesãos são os responsáveis por perpetuar conhecimentos tradicionais que movem a economia de suas comunidades.

Sobre os artesãos

Diretamente da fronteira do Acre com o Peru, o povo indígena Ashaninka, conhecido por sua tradição ligada à música, traz para a segunda edição de Arte dos Mestres, artefatos musicais, vestimentas trabalhadas em tear e tecidos pintados à mão com pigmentos naturais, combinando adereços trabalhados com sementes dessa que é a região de maior biodiversidade da Amazônia. Ainda no segmento do artesanato têxtil, estarão as coloridas redes de Várzea Grande do coletivo feminino Tece Arte, do Mato Grosso, e os Ojás e Alakás tradicionalmente usados no candomblé ketu, nação do Ilé Axé Opó Afonjá de Salvador (BA), confeccionados pelas tecelãs da Casa do Alaká.

Mestre no manejo do couro, Espedito Seleiro, de Nova Olinda (CE), irá expor painéis de diferentes cores e formas, junto com outro artista e artesão cearense José Lourenço, coordenador da Lira Nordestina, reconhecido como o maior xilogravurista da escola cariri de xilogravura e seus álbuns que retratam a vida de Padre Cícero e Patativa do Assaré, entre outros.

Espedito Seleiro (CE). Foto: Theo Grahl.

Já os trabalhos em madeira demonstram as diferentes habilidades de nomes como Nen e suas criações com o reaproveitamento de madeiras de canoas de muitas décadas, às vezes mais de um século, que navegaram rios, lagunas e o mar de Alagoas; Maqueson retrata cenas, fauna e flora da exuberância floresta amazônica a partir de uma técnica de marchetaria única criada por ele, e Josielton, representante da nova geração de escultores do Piauí com sua arte santeira representando anjos sertanejos, santos e árvores nativas.

Além deles, o pernambucano André Menezes apresenta seus trabalhos com uma técnica de reaproveitamento de materiais que ele batizou como reclipachê.

Por fim, a arte em cerâmica está representada pela grande Mestra Irinéia e sua arte resistente quilombola. Também de Alagoas, o artista Claudio vai nos encantar com seu trabalho delicado de miniaturismo. Mestre Fernandes Rodrigues (PE), trará seu trabalho de esculturas de personagens da cultura nordestina, sempre “com os pés descalços para remeter à simplicidade desse povo”, de acordo com suas palavras. Ainda de Pernambuco teremos a honra de conferir as criações dos filhos do mestre Zé Caboclo e as expressões estéticas que cada um deles trilhou. Celebraremos também os nomes do mineiro Ulisses Pereira Chavez e do baiano Jotacê com a participação de seus filhos e a apreciação de suas obras, perpetuando e honrando os legados de seus pais.

Serviço:

Feira-Exposição Arte dos Mestres 2024

Curadoria: Josiane Masson e Marco Aurélio Pulchério

Realização: Artesol | Patrocínio Master: Nubank

Período: 27 de agosto de 2024 – reservado para Educativo; 28 de agosto – visitação aberta ao público a partir das 13h e, 29 de agosto a 1º de setembro, visitação das 11h às 19h

Local: Espaço State – Avenida Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina, São Paulo/SP

Entrada gratuita. Mais informações em www.artesol.org.br.

Sobre a Artesol 

A Artesol é uma organização sem fins lucrativos fundada pela antropóloga Ruth Cardoso em 1998. Atua na salvaguarda de saberes e fazeres artesanais tradicionais e na valorização do artesanato brasileiro junto a centenas de grupos, artesãs, artesãos e artistas populares de todo o país. O foco de seus projetos visa também gerar oportunidades de trabalho e renda para comunidades artesãs por meio de ações de qualificação profissional e o estímulo ao comércio justo como forma de criar um futuro mais próspero para esses criativos, fazedores de cultura. A Artesol também investe em projetos de pesquisa, produção de conhecimento e difusão de conteúdo para fortalecer o setor e fomentar políticas públicas. Promove a inovação da produção artesanal nacional com programas de laboratório e mentorias em negócios que estimulam a autonomia dos artesãos na comercialização com o uso de ferramentas digitais. Presta serviços para programas governamentais e iniciativa privada e realiza eventos culturais de abrangência nacional. É a idealizadora da Rede Artesol – Artesanato do Brasil, que é a maior plataforma digital de mapeamento e articulação do ecossistema do segmento no país.

(Fonte: Com Bruna Janz/Suporte Comunicação)

Dona Jacira ministra oficinas sensoriais no Sesc Casa Verde

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Jeferson Delgado.

Dona Jacira é um caleidoscópio de vivências e talentos: artista plástica, tecelã de histórias, artesã, mulher, mãe, negra e periférica são algumas características que a definem. Mãe de Katia, Katiane, Evandro Fióti e Leandro (Emicida), a escritora, que traz não apenas seu conhecimento prático, mas também uma trajetória de pesquisa e estudo autodidata, confirma presença na programação de agosto do Sesc Casa Verde, em São Paulo, onde conduzirá duas oficinas, nos dias 21 e 23 de agosto, com o tema ‘A Beleza das Coisas Está no Nome: Reflexões sobre Cuidados Ancestrais’. Nestes workshops, Dona Jacira irá ajudar a desenvolver o olfato dos participantes para trazer à tona memórias e conexões com tradições e saberes ancestrais. O evento, voltado para o público acima dos 60 anos, é gratuito, com retirada de senha 15 minutos antes.

“Conduzirei o público por uma viagem pelos caminhos do olfato, um sentido poderoso que nos acompanha onde quer que estejamos e vai além do olhar, da escuta e até do paladar. O olfato move nossas emoções, nos arrasta através das memórias, desde a infância até as experiências mais recentes. Ele tem o poder de nos fazer arrepiar, salivar, devanear e até sonhar novamente. Trabalhar com o olfato nos torna mais seletivos e criativos, melhorando sempre à medida que entendemos nossas emoções”, sintetiza Dona Jacira.

Os estudos de Dona Jacira se iniciaram ainda na infância, quando foi introduzida ao mundo dos temperos em trabalhos como feirante. Desde então, sua curiosidade e paixão pelo olfato a levaram a uma jornada de descobertas. Apesar de ter sido desencorajada a usá-lo quando criança, Jacira encontrou neste sentido uma conexão profunda com suas raízes ancestrais, transformando essa experiência em um campo de estudo sobre cuidados e autocuidado. Ao longo dos anos, Dona Jacira se dedicou a estudar profundamente a relação entre alimentação, saúde e a herança cultural, o que a levou a desenvolver uma perspectiva única sobre a existência humana, englobando os aspectos naturais, industriais, espirituais e políticos que ela compartilha com o público.

A jornada de Dona Jacira traz a celebração à vida como uma ode à persistência e à conexão com as raízes que a sustentam. Autora do livro Café (2018), publicado pela editora LiteraRUA em parceria com a Laboratório Fantasma, a multiartista também já conduziu o podcast A Voz da Coragem; foi colunista do UOL no Café com Dona Jacira e foi tema do documentário Dona Jacira, O Legado, produzido por Evandro Fióti e dirigido por Gabi Jacob por meio da Laboratório Fantasma para o GNT. O projeto também se transformou em música por meio do EP O Legado. Ela ainda lançou, em 2024, seu segundo livro, Um Escudo de Afeto aos Meus. Dona Jacira permanece expondo sua visão de mundo, dando vida a novas criações e, sobretudo, abrindo-se para compartilhar sua perspectiva única em diferentes eventos e bate-papos pela cidade.

Serviço:

Oficina A Beleza das Coisas Está no Nome: Reflexões sobre Cuidados Ancestrais, com Dona Jacira

Data: 21 e 23 de agosto (quarta e sexta-feira) | Horário: 10h30 às 13h30

Local: Sesc Casa Verde – Av. Casa Verde, 327 – Jardim São Bento – São Paulo/SP

Entrada gratuita mediante retirada de senha

Mais informações:

https://www.sescsp.org.br/programacao/a-beleza-das-coisas-esta-no-nome-reflexoes-sobre-cuidados-ancestrais/.

(Fonte: Com Carol Pascoal/Trovoa Comunicação)

Nem tudo o que tem casco duro é tartaruga

Campinas, por Kleber Patricio

Tartarugas marinhas não são autorizadas a serem animais de estimação. Foto: Divulgação.

Você sabia que tartarugas, cágados e jabutis, apesar de parecerem semelhantes, têm diferenças fascinantes? Esses incríveis répteis possuem características únicas que os tornam especiais à sua própria maneira. Quer descobrir como eles vivem, o que comem e por que é tão importante conhecê-los melhor? Vamos embarcar nessa jornada pelo mundo dos quelônios e aprender as curiosidades que tornam cada um deles tão singular.

As principais diferenças entre esses animais estão em seus habitats e adaptações. Tartarugas são adaptadas para a vida aquática, com cascos leves e nadadeiras que facilitam o nado. Cágados, por sua vez, habitam ambientes semiaquáticos e têm patas com membranas interdigitais para nadar, mas também caminham bem em terra. Já os jabutis são completamente terrestres, com cascos robustos e patas fortes, perfeitas para terrenos duros.

Enriquecimento ambiental em casa estimula comportamentos naturais. Foto: Divulgação.

Apesar dessas diferenças, tartarugas, jabutis e cágados compartilham várias características comuns. Todos pertencem à ordem Chelonia e possuem um casco rígido que os protege e abriga. Além disso, respiram por pulmões, têm pele escamosa, são ovíparos e ectotérmicos, regulando sua temperatura corporal de acordo com o ambiente externo. Nenhuma dessas espécies possui dentes. Em vez disso, elas têm um bico afiado (bico queratinizado – revestido de queratina –, que usam para cortar alimentos). A longevidade é outra característica marcante desses répteis, com algumas espécies vivendo várias décadas. A vida longa é atribuída ao seu metabolismo lento, que exige baixa necessidade energética.

Diferenças e semelhanças

As médicas-veterinárias Morgana Prado e Raíssa Natali, especializadas em pets não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas (SP), compartilham experiências e conhecimentos para esclarecer as diferenças e semelhanças entre esses répteis, além de oferecer dicas de cuidado para os tutores.

Tartarugas marinhas podem viver entre 50 e 100 anos. Foto: Divulgação.

Segundo Morgana, as tartarugas marinhas podem viver entre 50 e 100 anos, enquanto os cágados, especialmente aqueles mantidos em condições ideais, entre 20 e 40 anos. Os jabutis são conhecidos por sua longevidade impressionante: de 50 a 80 anos.

A veterinária Raíssa destaca que as diferenças na nomenclatura popular podem levar a alguns mal-entendidos, como a generalização do termo ‘tartaruga’ para cágados e jabutis. Esse erro pode resultar em cuidados inadequados, já que cada espécie possui necessidades específicas de habitat e alimentação. Por isso, é fundamental conhecer bem as características de cada um desses animais para garantir seu bem-estar.

Quando se trata de alimentação, tartarugas marinhas, por exemplo, podem ser herbívoras ou carnívoras, dependendo da espécie. Cágados e jabutis, por sua vez, têm dietas variadas que incluem vegetais, frutos, insetos e pequenos peixes. Em cativeiro, é essencial oferecer uma dieta equilibrada e adequada para cada espécie.

Dra. Morgana Prado segura um cágado. Foto: Julia de Camargo.

Para quem deseja ter um jabuti ou cágado como animal de estimação, Dra. Morgana explica que a posse desses animais no Brasil é regulada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e por órgãos ambientais estaduais. É importante adquirir o animal de criadouros autorizados e seguir todas as regulamentações para garantir a legalidade e o bem-estar dos animais. Entre as documentações constam o Certificado de Origem, a nota fiscal e microchip para controle e registro. Morgana reforça que é proibido ter tartaruga marinha como pet e frisa que existem projetos de conservação e proteção das tartarugas; como por exemplo, o Projeto Tamar.

Sem tédio

Se você possui ou adquiriu um jabuti ou cágado como pet, saiba que o cuidado adequado envolve uma alimentação balanceada e um ambiente que simule seu habitat natural, reservando áreas quentes e frias para que eles busquem esses ambientes conforme a necessidade do momento. Raíssa recomenda oferecer iluminação UVB, pois ajuda na síntese de vitamina D3, fundamental para a absorção de cálcio. Outra orientação é proporcionar oportunidades de enriquecimento ambiental para estimular comportamentos naturais e alterar os itens e as configurações de tempos em tempos para manter o ambiente interessante e evitar o tédio.

Cágados são animais permitidos como pets mediante autorização do Ibama. Foto: Divulgação.

Manter visitas regulares ao veterinário e estar atento a sinais de problemas de saúde são essenciais para assegurar a longevidade e a qualidade de vida desses incríveis animais. “Montar um cronograma de check-ups anuais e perceber se há alterações no apetite, se apresentam um comportamento letárgico, problemas respiratórios, nos olhos, diarreia, mudanças na pele ou no casco, por exemplo, são medidas fundamentais para o bem-estar do animal”, destaca Raíssa.

Serviço:

Hospital Veterinário Taquaral

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Endereço: Av. Heitor Penteado, 311, Taquaral (em frente ao portão 6 da Lagoa) – Campinas, SP

Funcionamento: 24 horas, sete dias por semana

Telefone (19) 3255-3899 | WhatsApp (19) 99256-5500.

(Fonte: Com Kátia Nunes/AMZ)

Cresce a violência financeira contra idosos no Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Divulgação.

A violência financeira contra idosos tem se tornado um problema crescente no Brasil, exigindo atenção e ação imediata de toda a sociedade. Casos de abusos financeiros envolvendo pessoas na terceira idade são cada vez mais frequentes. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve um aumento significativo nos registros de crimes contra idosos no último ano. Os casos de apropriação de rendimentos de pessoas mais velhas aumentaram de 14 para 18, e as ocorrências de extorsões contra idosos subiram de 334 para 441, representando um crescimento alarmante de 32%.

De acordo com Paulo Akiyama, advogado especializado em direito de família, a violência financeira contra idosos é uma violação grave dos direitos humanos, que muitas vezes ocorre dentro do próprio núcleo familiar, tornando-se uma questão delicada e complexa de se lidar. “O abuso financeiro contra a pessoa idosa é uma grave violação dos Direitos Humanos, frequentemente perpetrada por familiares, cuidadores ou profissionais financeiros”, explica.

Esse crime abrange o uso indevido de cartões de crédito ou débito, apropriação indevida de bens, manipulação de contas bancárias, fraudes em investimentos e empréstimos consignados, além de coerção para alterar testamentos ou propriedades. “Além das perdas financeiras, o abuso causa impactos emocionais e físicos nos idosos, deixando-os vulneráveis e inseguros”, completa o especialista. Identificar sinais como mudanças repentinas nas finanças, contas desconhecidas e isolamento social é fundamental. Denúncias às autoridades também são essenciais para proteger os direitos dos idosos e garantir seu tratamento com dignidade e respeito.

No Rio de Janeiro, por exemplo, a Zona Sul, conhecida por sua significativa população idosa com boas aposentadorias e rendas de aluguéis, tem se tornado um alvo fácil para aproveitadores. Contudo, não são apenas aqueles de classe média que sofrem abusos – os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) também estão em risco devido à facilidade na contratação de empréstimos consignados.

A violência financeira é tipificada no artigo 102 do Estatuto do Idoso e a ação penal para este crime é pública, não dependendo de representação da vítima. “A denúncia e a conscientização são fundamentais para proteger os direitos dos idosos”, pontua o Dr. Paulo. É essencial que a sociedade se una para combater a violência financeira contra idosos, garantindo que vivam com dignidade e segurança.

Em geral, denúncias podem ser feitas por meio dos canais apropriados, como o Disque 100 da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, e as autoridades competentes devem tomar medidas firmes para punir os responsáveis por esses abusos.

Sobre Paulo Akiyama | Paulo Akiyama é formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.

Sobre o escritório Akiyama Advogados | Com participação direta de seu fundador, o Dr. Paulo Akiyama, advogado e economista, o escritório Akiyama Advogados Associados, investe fortemente em Tecnologia da Informação para assegurar a alta integridade e a segurança das informações fornecidas por seus clientes, garantindo que estas sejam mantidas dentro dos sigilos altamente necessários e desejados.

(Fonte: Com Carolina Lara)