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Panamenho Cisco Merel apresenta mostra solo na Zielinsky, em São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Cisco Studio.

A Zielinsky exibe a mostra Ancoras Atemporais do artista panamenho Cisco Merel das 14h às 18h, na Travessa Dona Paula, em Higienópolis, em São Paulo. É a segunda mostra da galeria, que abriu sua filial paulistana em junho passado. Com texto crítico do curador adjunto da 14ª Bienal do Mercosul Tiago Sant’Ana, Merel põe em intercâmbio trabalhos em pintura conectados com uma experimentação abstrata e cromática com obras em que o barro e toda complexidade intrínseca a esse material são lançadas em cena. O barro utilizado na mostra foi coletado de forma local, discutindo assim a temática do território.

Fabulando sobre elementos formais que surgem a partir da prática da ‘mola’ – um fazer têxtil que utiliza diferentes pedaços de tecido para construção de formas geométricas por meio de um intricado e complexo jogo de costura – o artista nos aproxima de um universo ligado à natureza e sua espiritualidade.

O artista representa o Pavilhão do Panamá na 60ª Bienal de Veneza – Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere (Estrangeiros em todo lugar), curada pelo brasileiro Adriano Pedrosa, juntamente com os artistas Brooke Alfaro, Isabel De Obaldía e Giana De Dier. A curadora do Pavilhão Panamenho é a professora de História da Arte e da Arquitetura Itzela Quirós e o comitê curatorial é formado por Mónica Kupfer, Ana Elizabeth González e Luz Bonadies. É a primeira vez que o país tem um pavilhão na mais longeva bienal de arte do mundo.

Sobre o artista

Cisco Merel nasceu em 1981 na Cidade do Panamá/Panamá, onde vive e trabalha. Utiliza a abstração como meio para abordar diversos temas em sua obra, como a arquitetura, os contrastes sociais e a arte popular. Em sua obra, busca resgatar as origens dos sistemas construtivos e socioculturais que nos cercam em nosso tempo atual. Merel utiliza a fotografia, a pintura, a escultura e as instalações como ponto de partida para criar um mapa visual e investigativo em cada projeto que desenvolve. Seu trabalho se destaca pela capacidade de transformar experiências cotidianas em algo excepcional e pela capacidade de gerar reflexões sobre a cultura e a sociedade.

Durante mais de 10 anos colaborou estreitamente com o ateliê do artista Carlos Cruz Díez. Atualmente o artista apresenta a exposição individual ‘La Puerta del Sol’, com curadoria de Juan Canela, no Museo de Arte Contemporáneo de Panamá. Também participou das exposições coletivas ‘Detrás del muro’ – Bienal de la Habana, Cuba; ‘Trampolín’ – Centro Cultural de España, Panamá; ‘Circles & Circuits – Pacific Standard Time’ – Chinese American Museum, Los Angeles, EUA; ‘Bienal del Istmo Centroamericano’ – Tegucigalpa, Honduras; ‘The State Of L3 Collective’ – Museum of Contemporary Art, Antuérpia, Bélgica. Este ano, Merel representará o Pavilhão do Panamá na 60ª Bienal de Veneza (https://ciscomerel.com/).

Sobre a Zielinsky | Ricardo Zielinsky e Carla Zerbes – proprietários da Zielinsky, são um casal de gaúchos que vive há muitos anos entre a Espanha e o Brasil. Há 9 anos, fundaram a galeria Zielinsky em Barcelona, onde representam artistas Ibero Americanos; entre os quais, também brasileiros, como Shirley Paes Leme, Marina Camargo, Leonardo Finotti, Vera Chaves Barcellos, Dedé Lins, Romy Pocztaruk e Almandrade. A relação com o Brasil, além de suas nacionalidades, se dá também com um escritório de arte que tiveram, desde 2015, em Porto Alegre, além da realização de feiras de arte latino-americanas, muitas delas brasileiras.

Serviço:

Exposição Ancoras Atemporais do artista visual Cisco Merel

Pinturas e esculturas

Texto crítico: Tiago Sant’Ana

Visitação: até 5 de outubro de 2024 | terça a sexta, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 17h

Entrada gratuita

local: Zielinsky – Travessa Dona Paula, 33 – Higienópolis, São Paulo, SP

info@zielinskyart.com | https://www.zielinskyart.com

Redes sociais: Zielinsky  | Cisco Merel | Tiago Sant’Ana.

(Fonte: Com Erico Marmiroli/Marmiroli Comunicação)

Plantações de eucalipto reduzem em quase 30% a riqueza de insetos aquáticos de nascentes de rios, mostra pesquisa

Juiz de Fora, por Kleber Patricio

Florestas de eucalipto ocupam áreas extensas de Minas Gerais, que detém 29% da área cultivada de florestas plantadas. Fonte: Amanda Lelis/Banco de Imagens UFMG.

Prática comum no território brasileiro, a substituição de vegetação nativa por monoculturas como o eucalipto provoca mudanças na estrutura do solo, que podem afetar o ambiente e a fauna de nascentes de rios próximas. Um estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) mostra que plantações de eucalipto reduziram em quase 30% o número de espécies de organismos aquáticos, entre eles insetos, encontrados em nascentes da Mata Atlântica. Os resultados da análise, publicados no último dia 2 na revista ‘Acta Limnologica Brasiliensia’, reforçam a qualidade ambiental de nascentes em áreas de mata preservada.

Os pesquisadores analisaram dez nascentes da bacia do rio Paraíba do Sul, em Minas Gerais, durante a estação seca de 2017 — metade em áreas com plantações de eucaliptos e a outra, com vegetação nativa. Eles coletaram amostras da água e sedimento em pontos diferentes das nascentes e analisaram a presença de macroinvertebrados aquáticos, incluindo insetos e vermes.

A pesquisa encontrou 8.474 macroinvertebrados aquáticos em áreas de florestas nativas e 5.261 em áreas de plantações de eucalipto, de 58 grupos. Embora a abundância total de macroinvertebrados não tenha diferido significativamente entre os dois tipos de vegetação, a riqueza de espécies foi significativamente menor nas áreas com plantações de eucalipto. Organismos aquáticos de seis grupos, como os trichoptera (friganídeos), psychodidae (família das moscas-de-banheiro) e tipulidae (pernilongos-gigantes), foram encontrados exclusivamente em nascentes de florestas nativas.

A presença desses grupos, especialmente sensíveis a alterações ambientais, indica que as nascentes com vegetação nativa possuem condições ecológicas mais favoráveis. Além dos macroinvertebrados, outros indicadores como cobertura vegetal, presença de matéria orgânica, pH, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica foram analisados para avaliar a qualidade da água.

As florestas plantadas ocupam 9,5 milhões de hectares do país, sendo que 77,3% dessa área é de eucalipto, segundo dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Brasil é o principal exportador de celulose, e Minas Gerais se destaca como o estado com maior área de plantação de eucalipto, de 29%. Em 2022, a produção florestal foi responsável por 1,3% do PIB do país, segundo o Ministério de Agricultura e Pecuária. Embora reconheça a importância do setor, a pesquisadora Sheila Peixoto, da UFJF, autora do estudo, aponta que os impactos negativos do eucalipto são bem conhecidos pela ciência. “Além dos impactos terrestres, com esse trabalho, percebemos que esse tipo de plantação afeta também as nascentes”, analisa.

Para Peixoto, a pesquisa pode incentivar as tomadas de decisão sobre a autorização, regulamentação e licenciamento de plantações de eucalipto, principalmente em áreas com nascentes. Além disso, os dados podem ser usados em futuros estudos sobre bioindicadores ambientais, que medem a qualidade da água desses ambientes.

Agora, os cientistas da UFJF pretendem focar em grupos biológicos mais sensíveis aos impactos ambientais, por meio de uma abordagem voltada para o biomonitoramento da qualidade das águas. “Vamos aumentar a coleta de dados para conseguirmos comparar a biodiversidade em nascentes com diferentes condições ecológicas”, antecipa a pesquisadora.

(Fonte: Agência Bori)

Monitor das Doações registra mais de 340 milhões de reais em apoio emergencial ao Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Foto: Natalia Blauth/Unsplash.

O Monitor das Doações registrou mais de R$340 milhões doados de forma emergencial ao Rio Grande do Sul por pessoas físicas, jurídicas, organizações sem fins lucrativos e órgãos públicos com o objetivo principal de apoiar e fornecer recursos para as comunidades afetadas pela enchente que atingiu o estado no final do mês de abril e completa quatro meses neste mês. Até julho, em doações gerais, o Monitor já registrou cerca de R$600 milhões, com 145 doadores.

Entre os principais doadores, 65% são de empresas, 20% de organizações sociais, 14% de pessoas físicas e 1% de órgãos públicos e as maiores doações são do Banco do Brasil e do Instituto Ling, cada um contribuindo com R$50 milhões. A Gerdau destinou 30 milhões de reais e a Petrobras e a BTG Pactual destinaram 20 milhões de reais cada. As Lojas Renner contribuíram com R$15 milhões e o Itaú e o Grupo Safra também realizaram grandes doações, com repasses de R$10 milhões cada.

Já nas doações realizadas por pessoas físicas, o jogador Neymar contribuiu com R$21 milhões, enquanto Matteus Amaral (ex-BBB 24), doou R$7 milhões, seguidos do empresário Salim Mattar, com R$5 milhões, e Felipe Neto, com R$4,8 milhões.

A ferramenta é mantida pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), com o apoio do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), e registra doações individuais acima de R$3 mil e divulgadas publicamente. De acordo com os dados coletados até final de julho, esse montante representa uma manifestação de solidariedade nacional diante das adversidades enfrentadas na região gaúcha.

Associados da ABCR também estiveram presentes em ações de apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, incluindo a CUFA Esteio RS, Fundo Brasil de Direitos Humanos, Greenpeace Brasil, Marista Brasil, Movimento #DoaCaxias, Pan American School, TETO Brasil e Visão Mundial.

“Chama muito a atenção o volume das doações emergenciais que contribuíram para uma doação maior do que ano passado. Neste ano e até agora, já estamos chegando a 600 milhões de reais, um valor maior do que em todo ano de 2023. Isso deixa claro o quão forte e impactante foi essa tragédia e o quanto as pessoas se sentiram mobilizadas para ajudar um número grande de pessoas”, avalia Fernando Nogueira, diretor-executivo da ABCR.

No entanto, Nogueira também destaca que o desafio futuro reside em manter as doações de forma contínua, não apenas em tempos de crise. “No período de abril de 2020 a dezembro de 2021, o país mobilizou mais de R$7 bilhões de reais para enfrentar os desafios da pandemia de Covid-19. No último ano, por exemplo, de acordo com o levantamento do Monitor, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2023, foram registrados R$474,9 milhões em doações, uma queda de 67% comparado ao ano de 2022, que totalizou R$1,4 bilhão”, comenta.

Informe sua doação

Além de acompanhar as notícias públicas sobre doações em jornais, revistas, entre outros meios, o Monitor das Doações também oferece a possibilidade de os doadores informarem diretamente as contribuições filantrópicas para que elas sejam inseridas. Para tornar pública a doação e o nome de quem doa, é necessário enviar um e-mail para contato@diadedoar.org.br com informações sobre a doação (ou doações) e o valor. Lembrando que são válidas doações com valor igual ou superior a 3 mil reais.

A lista completa das contribuições pode ser acessada no site oficial do Monitor das Doações, em www.monitordasdoacoes.org.br.

Sobre a ABCR | A ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos) (https://captadores.org.br) reúne e representa os profissionais de captação, mobilização de recursos e desenvolvimento institucional, que atuam para as organizações da sociedade civil no Brasil. Lidera campanhas, eventos e uma série de outras iniciativas de fortalecimento do setor e de apoio a quem atua por uma sociedade mais justa e democrática.

Sobre o GIFE | O GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas é uma plataforma de fortalecimento da filantropia e do investimento social privado no Brasil. Promove espaços de diálogo e colaboração entre as organizações, produz e compartilha conhecimento a partir de pesquisas, análises e debates, buscando referências inovadoras para o constante aprimoramento da atuação dos associados e para o fortalecimento do setor.

(Fonte: Com Jéssica Amaral/DePropósito Comunicação de Causas)

Japão no outono: temporada é de cores deslumbrantes e tradições enriquecedoras

Japão, por Kleber Patricio

Daigoji, Kioto. Fotos: Divulgação.

O outono, compreendendo os meses de setembro, outubro e novembro, é uma das estações mais agradáveis para visitar o Japão. Com temperaturas médias variando entre 17º a 25ºC, esta época do ano proporciona um clima ameno e paisagens de tirar o fôlego, tornando-a ideal para turistas e fotógrafos ávidos por capturar a beleza natural do país.

Quando a primavera é marcada pelas flores de cerejeira (sakura) em tons de rosa e branco, o outono (Aki) transforma a paisagem com as folhas de momiji, que apresentam deslumbrantes tons vermelhos e alaranjados. Este cenário espetacular é perfeito para o Momijigari, a tradição de apreciar as folhas de outono, similar ao Hanami da primavera.

Momijigari: A contemplação das folhas de outono

Templo de Kiyomizu.

Momijigari, que literalmente significa ‘caça às folhas vermelhas’, é uma prática centenária no Japão, em que locais e turistas viajam para observar e apreciar a mudança das cores das folhas. Este costume é uma forma de celebrar a beleza efêmera da natureza, destacando-se especialmente as folhas de bordo (momiji), que se tingem de vermelho, laranja e dourado. Durante o Momijigari, parques, templos e jardins se tornam destinos populares. Entre os locais mais icônicos para essa prática estão:

Kyoto: Famosa por seus templos e santuários históricos, Kyoto oferece paisagens de outono espetaculares em locais como o Templo Kiyomizu-dera, o Templo Tofuku-ji e o Jardim Arashiyama.

Nikko: Conhecida por seu santuário Toshogu e suas paisagens montanhosas, Nikko se transforma em um mar de cores vibrantes durante o outono.

Hakone: Situada perto do Monte Fuji, Hakone oferece vistas deslumbrantes das montanhas e lagos cercados por árvores outonais.

Takao-san: Próxima a Tokyo, esta montanha é um destino popular para caminhadas e Momijigari, oferecendo trilhas cênicas com vistas panorâmicas.

Nara: Conhecida por seu grande parque habitado por cervos, Nara oferece uma combinação única de natureza e cultura, especialmente durante o outono.

Festividades de outono

Templo Tofuku.

Além da beleza natural, o outono é a época da colheita do arroz, momento em que diversas regiões celebram com festivais tradicionais para honrar os deuses e garantir fartura. Um dos eventos mais esperados é o Tsukimi, o Festival da Lua Cheia do Outono, onde os japoneses se reúnem para admirar a lua e realizar pequenas oferendas, reforçando o caráter contemplativo e espiritual da estação. As cidades de Kyoto, Nara e Tokyo são conhecidas por celebrarem o Tsukimi de forma particularmente impactante, com cerimônias e eventos especiais que atraem muitos visitantes.

Gastronomia outonal

A gastronomia japonesa também brilha no outono, com sabores únicos e ingredientes frescos. Este é o tempo do arroz novo, castanhas, cogumelos, frutas e peixes, destacando-se o Matsuke Gohan, um prato de arroz preparado com um tipo específico de cogumelo, e o Sanma, um peixe da estação grelhado ao sal e óleo sob uma chama de carvão. Ambos são iguarias imperdíveis para quem deseja explorar a culinária sazonal do Japão.

Sobre a Quickly Travel | A Quickly Travel é um braço da JTB no Brasil, a maior destination management company do Japão. Liderada por Sergio Masaki e Mami Fumioka a Quickly Travel oferece uma variedade de serviços de organização de eventos e viagens corporativas e a lazer, focando em experiências culturais autênticas.

Nikko no outono.

Sobre JTB Group | JTB é um dos líderes globais em viagens de negócios, com uma rede de 161 locais em 81 cidades e 35 países e regiões. O grupo lidera consistentemente em inovação, utilizando as últimas tecnologias e criando experiências de viagem superiores personalizadas para empresas e seus empregados em todas as fases do processo de viagem global.

(Fonte: Quickly Travel)

É tempo de celebrar o folclore brasileiro, por Luiz Neves Castro

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: FreePik.

Em agosto, comemoramos o Mês do Folclore no Brasil com a passagem do Dia do Folclore, em 22/8. Esse é o momento de valorizar o patrimônio imaterial que abrange tradições, lendas, mitos e festas que refletem a rica identidade e a história do nosso povo.

Um dos principais símbolos dessa riqueza, que abrange e representa tanto da miscelânea cultural do nosso país, é o rio São Francisco, que percorre os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O ‘Velho Chico’ desperta na comunidade ribeirinha os mais profundos sentimentos afetivos, exercendo influência sobre a imaginação das pessoas – além da força social e econômica que tem, também inspira inúmeros contos folclóricos.

O próprio surgimento do rio é relatado de forma lendária. Conta a tradição que nas proximidades da Serra da Canastra, em Minas Gerais, havia uma grande tribo indígena na qual vivia uma bela mulher chamada Iati. Reza a lenda que foram suas lágrimas em abundância, vindas da tristeza por perder o noivo, que formaram toda a extensão do rio.

Todo o Vale do São Francisco é repleto desse tipo de lenda. Há quem diga que os ‘contadores’ revestem as narrativas de cores tão reais que muita gente se sente arrepiada com tais contos. São muitos os personagens mitológicos, alguns de origem indígena, que povoam a imaginação do povo ribeirinho: Goiajara, Anhangá, Angaí, Cavalo d’Água, Caboclo D’água, Mãe d’Água e tantos outros. E toda essa mitologia em volta dos seres e espíritos que moram nas profundezas do rio também alimenta as crenças sobre as famosas carrancas do São Francisco. As esculturas, feitas geralmente em barro ou madeira, são encontradas principalmente em embarcações fluviais e servem como amuletos protetores contra os perigos das águas.

As barcas do São Francisco são as únicas embarcações populares de povos ocidentais que apresentaram, de modo generalizado, figuras de proa, pelo menos nos últimos séculos. A origem das carrancas do São Francisco deve ter sido a imitação da decoração de navios de alto-mar, vistos nas capitais das Províncias da Bahia e do país pelos pequenos nobres e fazendeiros do São Francisco em suas viagens à civilização.

Devemos agradecer ao isolamento em que viviam os habitantes do médio São Francisco o fato de terem criado um tipo de figura de proa inédito em todo mundo: peças de olhos esbugalhados, misto de homem, com suas sobrancelhas arqueadas, e de animal, com sua expressão feroz e sua cabeleira leonina.

As manifestações populares no Vale (romarias, festas, cantorias e rezas, procissões, crendices etc.) são carregadas de símbolos; como escritor são-franciscano, eu não poderia deixar de enaltecer o folclore da região, fonte inesgotável de inspiração para as artes e para a literatura.

Essa contribuição mantém vivas as origens da cultura brasileira, trazendo-a para as produções contemporâneas em uma celebração inestimável de orgulho nacional.

Foto: Divulgação.

Ainda que meu livro ‘Onde eu nasci passa um rio’ seja uma adaptação livre da tragédia ‘Édipo Rei’, de Sófocles, como escritor são franciscano, não poderia deixar de enaltecer o folclore da região. O Realismo Mágico presente na obra contribui para retratar a riqueza cultural do Vale do Rio São Francisco com a utilização de lendas e mitos regionais, empregando esses símbolos no plano temático e inserindo no enredo acontecimentos e situações inusitadas, absurdas e inexplicáveis.

Nesse mês, então, deixo o convite para que você revisite o folclore da sua região com seus filhos, netos e todas as crianças do seu convívio. Essas histórias e personagens só se manterão vivos se forem compartilhados com as novas gerações.

*Luiz Neves Castro é escritor natural do Vale do São Francisco, autor de “Onde Eu Nasci Passa um Rio”.

(Fonte: Com Luiza Marques Pereira/LC Agência de Comunicação)