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Arte & Cultura

São Paulo

Instituto Moreira Salles cataloga e disponibiliza para o público a obra iconográfica do artista e inventor Hercule Florence (1804–1879)

por Kleber Patrício

Parte da coleção adquirida pelo IMS em 2023, os 526 desenhos, aquarelas e pinturas retratam povos indígenas, fauna e flora do Brasil; disponíveis para acesso no site, obras foram produzidas durante a Expedição Langsdorff, que percorreu o interior do país na primeira metade do século XIX, e em Campinas, onde Florence viveu até sua morte

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Arte & Cultura

São Paulo

Dia da Consciência Negra leva orquestra de afrobeats, brincadeiras africanas e ainda Calunguinha, o Cantador de Histórias ao Sesc Bom Retiro

por Kleber Patrício

Na quarta, dia 20 de novembro, mês em que se reafirma o legado cultural, intelectual e social das pessoas negras, o Sesc Bom Retiro traz uma programação especial com atividades físicas, oficinas, contação de histórias e shows. O Sesc valoriza e celebra as culturas e identidades negras durante o ano todo, seja por meio da […]

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Dia da Consciência Negra leva orquestra de afrobeats, brincadeiras africanas e ainda Calunguinha, o Cantador de Histórias ao Sesc Bom Retiro

São Paulo, por Kleber Patricio

Funmilayo Afrobeat Orquestra. Foto: Cibele Minder.

Na quarta, dia 20 de novembro, mês em que se reafirma o legado cultural, intelectual e social das pessoas negras, o Sesc Bom Retiro traz uma programação especial com atividades físicas, oficinas, contação de histórias e shows. O Sesc valoriza e celebra as culturas e identidades negras durante o ano todo, seja por meio da programação permanente, seja a partir dos projetos especiais, como o Festival Sesc de Culturas Negras, em maio. Encerrando as atividades do dia da Consciência Negra, a Funmilayo Afrobeat Orquestra se apresenta no teatro às 18h, em show que celebra a cultura Yorubá da Nigéria e o trabalho da professora e ativista dos direitos das mulheres Funmilayo. Abaixo, a programação especial do dia da Consciência Negra 2024 no Sesc Bom Retiro.

MÚSICA
A Funmilayo Afrobeat Orquestra apresenta o show inédito Omodé Funmilayo, para as crianças e suas famílias conhecerem os principais elementos do afrobeat, confluindo as sonoridades do primeiro disco da banda com os ritmos e cantos afro-brasileiros que marcaram as infâncias das integrantes, num espetáculo para dançar. Às 18h. Ingressos: R$18 (Credencial Plena), R$30 (Meia) e R$60 (Inteira).

Lançamento do show Calunguinha canta o Brasil com as principais canções das duas temporadas da audiossérie infantil Calunguinha, o Cantador de Histórias. Interpretadas pelo elenco principal e banda, numa formação de vozes, percussão, sopros e violão. O espetáculo propõe uma viagem pela história negra e os ritmos afro-diaspóricos do Brasil, homenageando figuras históricas como Tereza de Benguela, Luísa Mahin, Zumbi dos Palmares, Maria Filipa, Luís Gama, Xica Manicongo, Chaguinhas, João Cândido e Maria Firmina. Às 16h. Grátis.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

Em Inine, o público é apresentado à bondosa personagem-título, considerada a melhor dançarina da África. Certo dia, ela recebe um valiosíssimo conselho que a ajudará a se livrar de doenças que a acometem. Com Sunny. Às 14h30. Grátis.

ATIVIDADE FÍSICA

Com o tema Bichos do Brasil, a vivência de capoeira proporciona a prática por meio de brincadeiras, jogos e imitações de variados bichos da fauna brasileira. Com o coletivo Sapé Capoeira. Às 14h. Grátis.

OFICINA
Na oficina Vem Jogar: Trilogia Sankofa Arcade – Lançamento do jogo ORE, o público terá a oportunidade de jogar e conversar sobre ORE, da trilogia Sankofa Arcade, um jogo de quebra-cabeças sobre a amizade entre uma filha e sua mãe. Nesta missão, somos convidados a recuperar as memórias de Lili, retomar sua ancestralidade e conectá-la com a mulher do presente que é. Com Game Arte. Às 13h30. Grátis.

VIVÊNCIA
Brincadeiras Africanas é uma vivência de brincadeiras tradicionais do continente africano envolvendo música, dança e corporeidade, além de trazer o contato com a territorialidade, gostos e costumes dos locais de origem destes jogos. Para crianças de até 6 anos acompanhadas de um adulto. Com Xirê de Quintal. Às 10h30. Grátis.

Serviço:

Dia da Consciência Negra

Dia 20/11 | quarta-feira | das 10h às 18h

Livre

Todas as atividades acima são gratuitas, exceto Funmilayo Afrobeat Orquestra, no teatro, às 18h

Ingressos: R$18 (Credencial Plena), R$30 (Meia) e R$60 (Inteira)

Local: teatro – Livre

Venda de ingressos disponíveis pelo APP Credencial Sesc SP, no site sescsp.org.br/bomretiro, ou nas bilheterias.

ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO – (vagas limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.

Valores: R$8 a primeira hora e R$3 por hora adicional (Credencial Plena). R$17 a primeira hora e R$4 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos à noite, por período – R$11 (Credencial Plena). R$21 (Outros).

Horários: Terça a sexta: 9h às 20h; sábado: 10h às 20h; domingo: 10h às 18h

IMPORTANTE: Em dias de evento na Praça de Convivência, o estacionamento funciona até o término da apresentação.

Transporte gratuito: O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito circular partindo da Estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz. No dia de espetáculos, o serviço atende até o término da apresentação. Consulte os horários disponíveis de acordo com a programação no link

Fique atento se for utilizar aplicativos de transporte para vir ao Sesc Bom Retiro: É preciso escrever o endereço completo no destino, Alameda Nothmann, 185, caso contrário o aplicativo informará outra rota/destino.

Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185 – Campos Elíseos, São Paulo – SP

Telefone: (11) 3332-3600

Siga o @sescbomretiro nas redes sociais: Facebook, Instagram e Youtube.

(Com Flávio Aquistapace/Assessoria de imprensa Sesc Bom Retiro)

Confira a programação da semana no Theatro Municipal de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

María de Buenos Aires. Fotos: Larissa Paz.

Com programação diversa, o destaque do mês de novembro do Theatro Municipal de São Paulo é a estreia da ópera ‘Maria de Buenos Aires’, uma remontagem da obra de Astor Piazzolla com libreto de Horacio Ferrer que estreia na quinta-feira, dia 21, às 20h e estará em cartaz nos dias 22, 26, 27, 28 e 29, às 20h e 23 e 24, às 17h, na Sala de Espetáculos. A montagem tem concepção e direção geral de Kiko Goifman e direção cênica de Ronaldo Zero, direção musical do maestro Roberto Minczuk, participação da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coro Lírico Municipal sob regência de Érica Hindrikson. O elenco conta com as cantoras Catalina Cuervo (26, 27, 28, 29) e Luciana Bueno (21, 22, 23, 24) como María, o cantor Márcio Gomes, o narrador/duende Rodrigo Lopez e a bandoneonista Milagros Caliva, além das atrizes performers Betânia Santos, Elaine Bortolanza, Isabella Miranda e Lua Negra, as circenses Adriano Bitu, Carol Rigoletto, Wallace Kyoskys e Zanza Santos e o casal de tango Simo Raucci e Carol di Monaco.

Maria de Buenos Aires é uma ópera-tango, ou ‘operita’, como definiu seu compositor, Astor Piazzolla. Numa complexa e onírica mistura entre música e poesia, a ópera narra a trajetória de vida de Maria, uma prostituta do subúrbio de Buenos Aires. Piazzolla cria uma obra que mescla múltiplos estilos musicais, do tango ao jazz, para nos levar por essa jornada pela noite da capital argentina.

Nesta remontagem da bem-sucedida encenação realizada por Kiko Goifman em 2021, o diretor traz para a cena o cinema ao vivo, mesclando imagens e unindo diferentes linguagens artísticas à atmosfera portenha e brasileira. Os ingressos variam de R$31 a R$200, a classificação é de 16 anos e duração de 85 minutos, sem intervalo.

Quarteto de Cordas.

No dia 21, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório, o Quarteto de Cordas da Cidade apresenta Fulgurâncias Românticas, com Betina Stegmann e Nelson Rios nos violinos, Marcelo Jaffé na viola e Rafael Cesario no violoncelo. O repertório terá Quarteto Op. 12, de Felix Mendelssohn, e Quarteto em Ré menor, A Morte e a Donzela, de Franz Schubert. Os ingressos custam R$33, a classificação é livre, a duração é de 70 minutos, sem intervalo.

No dia 24, domingo, às 11h, na Sala do Conservatório, Choros, Valsas e outros lirismos brasileiros com Heloísa Fernandes, piano e arranjos e Toninho Carrasqueira, flauta e arranjo. Neste espetáculo, além de composições próprias, Heloísa Fernandes e Toninho Carrasqueira apresentam leituras inéditas da música de Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Moacir Santos e Dominguinhos, entre outros grandes nomes da música brasileira. As músicas são sempre entremeadas de histórias e ‘causos’ sobre seus compositores e outras curiosidades da época com a proposta de sensibilizar o público por meio das composições de alguns dos nossos mais inspirados e criativos mestres. O repertório terá ‘Rosa’ de Pixinguinha, ‘Querida por Todos’ de Joaquim Callado, ‘Sonhando’ de Chiquinha Gonzaga, e ‘Desprezado’ de Pixinguinha, entre outras músicas dos compositores. Os ingressos são gratuitos, a classificação é livre e tem duração de 80 minutos, sem intervalo. Mais informações disponíveis no site.

(Com Letícia Santos/Assessoria de imprensa TMSP)

10ª edição da Mostra Jazz Campinas acontece de 30/11 a 8/12 com atrações musicais e eventos por toda a cidade

Campinas, por Kleber Patricio

A Mostra Jazz Campinas, tradicional festival de jazz e parte do calendário cultural da cidade, chega em 2024 à sua 10ª edição. De 30 de novembro a 8 de dezembro, serão 9 dias seguidos com 30 atrações culturais, sendo 22 shows (13 gratuitos e 5 com contribuição opcional), 130 músicos envolvidos, 4 DJs de jazz e vertentes, 2 workshops (oficinas) de música gratuitos, 1 exibição de filme na praça, 3 feiras de discos, arte, moda, gastronomia e cerveja artesanal.

A Mostra Jazz Campinas acontece anualmente desde 2015 e é um grande encontro de artistas do cenário instrumental da cidade de Campinas e região aberto ao público, produzido pela Zumbido Cultural e Secretaria de Cultura e Turismo – Prefeitura Municipal de Campinas e SindiPetro-SP. O evento é realizado com muita paixão pela arte, cultura e a vontade de ver os cantos da cidade recheados de uma música que está fora do circuito comercial. Assim como nas edições anteriores, a Mostra segue em busca da ampliação dos horizontes, possibilitando o encontro da sociedade com o jazz e suas vertentes, difundindo a arte e demonstrando na prática que o jazz está aí para quem quiser conhecê-lo e por ele se interessar.

Breve histórico da Mostra Jazz Campinas

A cada ano a Mostra acontece graças aos recursos que consegue alcançar com parceiros e apoiadores ou lei de incentivo à cultura, o que define também o tamanho da edição. De 2015 a 2019 a Mostra foi realizada presencialmente tomando praças, ruas, teatros, bares e casas de show da cidade, realizada sem verba contando com pequenos apoios e parcerias. E quando um evento acontece sem verba, este está longe do seu ideal, já que equipe e músicos que trabalham em espaços públicos não são remunerados por seu trabalho. Em 2020 e 2021 foi realizada de maneira remota com transmissões online. A edição de 2021 contou pela primeira vez com verba de lei de incentivo, com o ProAC – Lei Aldir Blanc, podendo desta maneira remunerar os 58 artistas e 23 profissionais da equipe que trabalharam na edição. Em 2022 contou com correalização da Prefeitura Municipal de Campinas, voltando ao formato presencial. Ano passado e este ano contando novamente com verba reduzida comparada a 2021 e 2022, mas ainda assim sendo realizada dentro de suas limitações.

Serviço:

10ª Mostra Jazz Campinas

De 30 de novembro a 8 de dezembro de 2024

Diversos pontos da cidade

www.mostrajazzcampinas.art.br

Programação completa: https://mostrajazzcampinas.art.br/programacao/.

(Com Marina Franco/Marina Franco Assessoria)

Brasil registra em um ano 3,2 milhões de novas pessoas com diabetes

Campinas, por Kleber Patricio

Diabetes também pode se manifestar nos pés. Foto: Divulgação.

Entre 2023 e 2024, o Brasil registou cerca de 3,2 milhões de novos casos de pessoas com diabetes. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a estimativa é de que o número de pessoas no País com a doença seja de aproximadamente 20 milhões, com base no resultado do Censo 2022. Em 2023, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tinha 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos). Os números alarmantes marca o Dia Mundial do Diabetes, comemorado no dia 14 de novembro, data de aniversário de Sir Frederick Banting, co-descobridor da insulina.

Mundialmente, o diabetes se tornou um problema sério de saúde pública, cujas previsões vêm sendo superadas a cada nova triagem. Em 2000, a estimativa global de adultos vivendo com diabetes era de 151 milhões. Em 2009, havia crescido 88%, para 285 milhões. Em 2020, calcula-se que 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos (assombrosos 463 milhões de pessoas) vivem com diabetes. Além disso, 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam diabetes tipo 1.

A crescente prevalência de diabetes em todo o mundo é impulsionada por uma complexa interação de fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. O aumento contínuo se deve, em grande parte, ao aumento do diabetes tipo 2 e dos fatores de risco relacionados, que incluem níveis crescentes de obesidade, dietas não saudáveis e falta de atividade física. No entanto, os níveis de diabetes tipo 1, com início na infância, também estão aumentando.

Segundo o Atlas, a crescente urbanização e a mudança de hábitos de vida (por exemplo, maior ingestão de calorias, aumento do consumo de alimentos processados, estilos de vida sedentários) são fatores que contribuem para o aumento da prevalência de diabetes tipo 2 em nível social. Enquanto a prevalência global de diabetes nas áreas urbanas é de 10,8%, nas áreas rurais é menor, de 7,2%. No entanto, essa lacuna está diminuindo, com a prevalência rural aumentando.

O último Vigitel, levantamento em amostra representativa da população brasileira feito pelo Ministério da Saúde, apontou que, no conjunto de 27 capitais pesquisadas, a frequência do diagnóstico autorreferido de diabetes foi de 10,2%. A IDF – Federação internacional de Diabetes, entidade que reúne mais de 240 associações de diabetes em mais de 161 países e territórios, também estima que a prevalência do diabetes no Brasil é de 10,5%.

Dentre os tipos de diabetes, a maioria (90%) é de diabetes Tipo 2, que ocorre quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz (denominado resistência à ação da insulina) ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. É conhecido que a resistência à ação de insulina é a base para a alteração no controle da glicemia no diabetes tipo 2 e tem como fatores de risco principais a obesidade, a dieta não saudável e a falta de atividade física. Esse tipo de diabetes se manifesta mais frequentemente em adultos, mas, com o aumento de casos de obesidade em crianças e adolescentes, também tem sido registrado casos de diabetes tipo 2 entre pessoas mais jovens. Dependendo da gravidade, pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de medicamentos para controlar a glicose, podendo ser necessário o uso de insulina em algumas situações.

Já o diabetes Tipo 1 (de 5% a 10% do total) acontece em pessoas com predisposição genética, nas quais o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta, que são aquelas células do pâncreas que produzem insulina. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo e a glicose acumula no sangue, pois não tem a insulina para fazer com que entre nas células e seja usada como energia. O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.

Para a doutora Aline Cristina Regis Almeida, clínica médica, geriatra e cuidados paliativos do Instituto Allezi, de Campinas, a melhor forma de se combater a Diabetes continua sendo a prevenção, com foco a evitar e cuidar da doença, além de uma busca ativa dos pacientes, seja na rede pública ou privada, fazendo o diagnóstico precoce e, consequentemente, reduzir as complicações. “Os profissionais precisam focar na educação do paciente em relação a doença e tratamento. Muitos pacientes não têm ideia de nada”, alerta Aline Cristina. A médica também reforça a importância dos cuidados com as crianças, já que a doença pode se manifestar entre os quatro e seis anos e entre os dez e 14 anos. “O Atlas da Federação Internacional de Diabetes mostra que no Brasil, 92.300 crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1”, aleta a médica. O número coloca o país em 3º lugar no ranking de incidência de DM1 infantil no mundo, ficando atrás apenas da Índia (229.400) e Estados Unidos (157.900). “A doença autoimune, que impede o pâncreas de produzir insulina, pode surgir em qualquer fase da infância”, explica.

“Além de fazer exames periódicos para o controle, as pessoas também devem investir em atividades físicas e uma refeição balanceada, que estão mais acessíveis a todos”, completa.

(Com Marcelo Oliveira/Comunicação Estratégica Campinas)

Amazônia Central perdeu 8% de cobertura de água nos últimos dois meses de 2023 em relação à média mensal

Amazônia, por Kleber Patricio

Redução na cobertura da água traz dificuldade de acesso a alimentos e água potável na Amazônia. Na foto, Lago Tefé na seca de 2023. Foto: Ayan Fleischmann/Acervo pesquisadores.

A região central da Amazônia enfrentou uma redução histórica na área de águas abertas entre 2023 e 2024. Segundo um estudo publicado na última quarta (13) na revista ‘Environmental Research Letters’, a cobertura hídrica da região diminuiu 8% nos últimos dois meses de 2023 em relação à média mensal. O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em parceria com a instituições como a Universidade de Brasília (UnB), o Institut de Recherche pour le Développement (IRD), da França e a Universidade Tecnológica do Uruguai, alerta para um cenário crítico para 2024 e reforça a necessidade de medidas urgentes de mitigação.

O artigo alerta para uma estiagem ainda mais extrema em 2024. Os dados de outubro de 2024 já mostram uma diminuição de cerca de 18% na área de lagos maiores que 10 hectares em relação ao mesmo período do ano anterior. Setembro de 2023 registrou 57.624 km² de águas abertas na Amazônia Central, enquanto o mesmo mês de 2024 contabilizou apenas 51.775 km², uma diferença de quase 6 mil km².

Para investigar os efeitos da seca do último ano sobre a extensão das águas abertas na Amazônia, incluindo reservatórios, rios e áreas alagadas, a equipe utilizou dados de sensoriamento remoto captados por Radares de Abertura Sintética, ou SAR. Esses sensores coletam informações sob diferentes condições climáticas e mesmo na presença de nuvens, fornecendo retratos detalhados da região a cada 12 dias. Os pesquisadores analisaram mais de 1.500 imagens que abrangem o período entre 2017 a 2024 e observaram como as mudanças na cobertura de água se distribuíram e afetaram a área.

Algumas áreas experimentaram quedas ainda mais extremas, como o Rio Negro, que alcançou seu nível mais baixo em 120 anos. “A estiagem provém de uma combinação de fatores”, explica Daniel Maciel, autor do estudo. “Houve um aumento extremo de temperatura. Em alguns lagos, o calor superou os 40 graus Celsius. Isso, somado ao aumento do desmatamento e dos incêndios florestais, contribui para intensificar e prolongar a época de seca”, argumenta o pesquisador. Novembro e dezembro de 2023 registraram os menores valores da cobertura de água desde o início da coleta de informações, em 2017, e lagos isolados tiveram reduções de até 80% em comparação com a média geral da estação seca.

A redução da água disponível afeta gravemente a biodiversidade e a subsistência de mais de 30 milhões de pessoas na região amazônica. “A estiagem severa resulta em uma diminuição no acesso a alimentos, educação, remédios, transporte e água potável”, destaca Maciel. “Podemos ter uma mortalidade maior de peixes, a principal fonte de proteína animal nas comunidades mais remotas, e a seca também afeta a agricultura familiar, com a dificuldade de cultivar até a mandioca, cuja farinha é a base da alimentação de muitas pessoas”, continua o autor. Ele também explica que a diminuição do nível de água aumenta a ressuspensão de sedimentos pela ação do vento, o que pode ocasionar a floração de algas tóxicas.

O pesquisador Ayan Fleischmann, do Instituto Mamirauá, destaca que a seca extrema afeta grande parte da Bacia Amazônica em novembro de 2024, isolando milhares de ribeirinhos e exigindo ajuda humanitária emergencial. “Distribuição de kits de tratamento emergencial de água superficial, por exemplo, tem sido realizada para melhorar o acesso à água potável, mas ações como esta precisam ser alavancadas”, diz o cientista. “Além disso, é fundamental que se invista em medidas preventivas, como acesso permanente à água potável e a melhoria e descentralização de serviços de saúde”, completa Fleischmann.

Segundo Maciel, os resultados demonstram a urgência de medidas assertivas para redução de danos. “A redução do desmatamento, com controle, monitoramento e punição do desmatamento ilegal, o combate a incêndios florestais e o monitoramento em tempo real dessas ocorrências, o uso racional da água e a implementação de estratégias de longo prazo para combater as mudanças climáticas são algumas das ações importantes”, relata o autor. Os planos futuros da equipe incluem entender como a mudança na área alagada afeta a qualidade da água e como isso pode impactar a biodiversidade ao longo dos anos.

(Fonte: Agência Bori)