Com foco em resultados, inclusão segue como prioridade no Brasil, sem perder de vista as tendências globais


São Paulo
Com mais de 50 anos de trajetória, Iole de Freitas continua produzindo e experimentando novos materiais. A partir deste sábado, dia 15 de março de 2025, ela apresenta sua mais nova pesquisa na exposição ‘Fazer o ar’ no Paço Imperial, com curadoria do poeta Eucanaã Ferraz. A mostra terá cerca de 16 trabalhos inéditos, que exploram o volume e o ar. Obras em grandes dimensões chamadas ‘Mantos’, feitas com papel glassine, com tamanhos que chegam a quase 4 metros, esculturas da série inédita ‘Algas’, em aço inox, e a obra ‘Escada’, feita há dois anos, mas que ganhará uma montagem inédita na exposição. Em 2023, o Paço Imperial apresentou uma mostra com trabalhos históricos de Iole de Freitas, feitos na década de 1970; agora, esta nova exposição, totalmente inédita, apresenta a recente produção de uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras.
Grandes volumes brancos da série ‘Mantos’, produzidos este ano, ocuparão as paredes e o chão das salas da exposição. Originalmente, o papel glassine é usado como embalagem para obras de arte, conservando e acondicionando-as. “É um papel que foi pensado para proteger uma obra; aqui ele não existe como um envoltório, mas como algo que, trabalhado, guarda em si a expressão de uma linguagem. Gosto de deslocar a funcionalidade das coisas, subvertendo-as: tomo a capa da coisa e faço dela substância da forma”, afirma a artista.
A pesquisa para estes trabalhos começou há cerca de quatro anos. Para realizá-los, o papel é preenchido com ar, inflando-o e criando grandes superfícies, que então recebem água, areia e cola, que vão moldando, esculpindo e estruturando o papel até formarem os Mantos. Alguns ainda ganham novos elementos, como cobre, palha e pedras gipsitas. “Iole testa em cada obra as verdades físicas de seu corpo e do material que utiliza. Basta ver para inferirmos o quanto as formas nasceram da peleja, da disputa entre o gesto e o papel. É flagrante a atuação de uma inteligência física. O papel era liso, neutro, sem corpo nem memória, sem ar, inerte, ausente. Iole soprou nele. Deu a ele o sopro da vida. O papel, agora, está vivo. Veja: ele respira”, afirma o curador Eucanaã Ferraz.
Os Mantos impressionam por seu tamanho, volume e beleza estética. “Trata-se de um processo e de uma poética sobre como inflar uma matéria para que ela traga ar dentro dela, criando um volume. Trata-se de um grande esforço físico; tem uma atuação corpórea quase coreográfica”, afirma a artista, que ressalta ter tido como referência as obras ‘O Êxtase de Santa Teresa’ e ‘O Êxtase da Beata Ludovica Albertoni’, de Bernini (1598 – 1680), e as Pietás de Michelangelo (1475–1564). “Dos Mantos de Iole irradiam-se imagens dos planejamentos da estatuária grega clássica, levados adiante pelo universo da arte romana e pelo Renascimento. O efeito simulava na pedra a aparência de um tecido folgado ao redor de um corpo, formando pregas, dobras, ondulações, volumes; compunha a própria anatomia, pernas, braços, cinturas, dorso. Era o empenho possível para a representação, impossível, do próprio ar. Nos Mantos, o antiquíssimo problema do ar representado pela matéria esculpida converte-se no problema da incorporação do ar como matéria”, diz o curador.
Um único Manto vermelho fará parte da exposição. “A cor vermelha/rubra traz uma dramaticidade, que vem também das grandes e pesadas cortinas, que emolduram os palcos como as do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, onde dancei. Esta experiência ficou impregnada em mim como um momento dramático de determinada cena”, conta a artista, que é formada em dança contemporânea. “O Manto vermelho fere-nos como o único ponto de cor em toda a exposição. Contrário ao branco, o vermelho afirma no espaço sua disposição corpórea, material, contrária à vaga espiritualidade da brancura circundante. Centro gravitacional, um fio-terra, uma ferida. Manto Vermelho faz tudo descer à realidade primeira: o corpo. Sangue: vida e morte”, completa Eucanaã Ferraz.
Dialogando com os Mantos, também será apresentada a série inédita de esculturas ‘Algas’, produzidas em aço inox, também trazendo em sua poética a questão do ar. “Algas e Mantos formam o mesmo espaço. Fundam-se na redescoberta de algo muito primário e vital: a respiração”, afirma Eucanaã Ferraz. “As Algas conversam com o fundo do mar, com a areia e também com o ar, o sopro, a respiração, pois elas também respiram”, ressalta a artista.
Na última sala da exposição, estará a obra ‘Escada’, composta por uma estrutura em aço inox feita de cortes, dobras e solda, que se assemelham a degraus. Ela será colocada na parede, dividida em duas partes, junto a dois vídeos com registros de performances que a artista realizou com seu neto Bento Dias. Produzida em 2023, a obra terá montagem inédita na exposição. “Desordenada e arquitetonicamente extravagante, verticalizada numa grande parede, a Escada, como as Algas, é arabesco; enorme; é, como os Mantos, um (dois) plano(s) amarrotado(s). Mas o ar parece ser o mais importante ponto em comum: sem um endereçamento místico ou mítico, a verticalização da Escada sugere-nos o alto como pura abertura, movimento desimpedido, circulação, respiração, vento. Tudo tende à verticalização, como se o ar tivesse de ser buscado no alto”, diz Eucanaã Ferraz.
Durante o período da exposição, o grupo Laboratório 60 – formado por Bea Aragão, Bento Dias, Cecília Carvalhosa, Gil Duarte e Ísis Lua – fará uma apresentação de dança no espaço expositivo, interagindo com as obras da artista. A exposição terá um catálogo a ser lançado ao longo do período da mostra.
Iole de Freitas (Belo Horizonte, 1945. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) iniciou sua formação em dança contemporânea no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos seis anos de idade. Estudou na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e, em 1970, mudou-se para Milão (Itália), onde trabalhou como designer no Corporate Image Studio da Olivetti, sob a orientação do arquiteto Hans von Klie. Neste mesmo período, iniciou sua produção artística e sua participação em exposições.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, participou de importantes mostras internacionais, como Bienal dos Jovens de Paris (França, 1975), Bienal de São Paulo (1981, 1998), 5ª Bienal do Mercosul (2005) e a Documenta 12, de Kassel (Alemanha, 2007), além de individuais e coletivas em várias cidades do mundo, contando em 2023 as exposições no IMS (Instituto Moreira Salles) e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Seus trabalhos integram importantes coleções, como a do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio, Bronx Museum (EUA), Museu de Arte Contemporânea de Houston (EUA), Museu Winnipeg Art Gallery (Canadá) e Daros Foundation (Suíça).
Serviço:
Iole de Freitas – Fazer o ar
Abertura: 15 de março de 2025, das 15h às 19h
Exposição: até 11 de maio de 2025
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita.
(Com Beatriz Caillaux/Midiarte Comunicação)
A CAIXA Cultural São Paulo abre, nesta sexta-feira (14), aniversário de nascimento de Carolina Maria de Jesus, a exposição ‘Carolinas’, em homenagem à escritora. Reunindo obras de 11 artistas negras contemporâneas, a mostra busca destacar o legado da renomada escritora nas novas gerações e reforçar o impacto de sua multifacetada produção artístico-literária para a arte e cultura brasileira. Com visitação gratuita, de terça a domingo, das 8h às 19h, a exposição segue em cartaz até 18 de maio.
Formada por obras de múltiplas técnicas e elementos, como pinturas, esculturas, bordados, entre outros, a exposição reúne trabalhos das artistas Ana Paula Sirino, Antonia Maria, Bianca Foratori, Chris Tigra, Gugie Cavalcanti, Isa Silva, Mayara Amaral, Negana, NeneSurreal, Siwaju e Soberana Ziza. Essas artistas apresentam obras que permeiam o universo de Carolina trazem referências em suas cores e simbologias. “A vida e obra de Carolina permitem vislumbrar análises profundas da sociedade brasileira, bem como críticas à condição da negritude no país, construídas a partir de sua própria travessia por cidades, bairros, becos e vielas. Seu percurso é marcado pelo enfrentamento da precarização e pela luta diária contra a fome – um tormento que ainda ecoa em grande parte da população. ‘O que colocarei na mesa esta noite?’ foi uma pergunta que a acompanhou ao longo da vida”, destacam as curadoras da exposição, Thais de Menezes e Vera Nunes. Elas ainda completam: “Mas foi sobre essa mesma mesa que escreveu madrugadas inteiras, transformando em literatura suas vivências, indagações e, ao mesmo tempo, sua inabalável esperança”.
Sobre Carolina Maria de Jesus
Nascida em 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi uma mulher de grande destaque nacional cuja vida e obra reverberam até os dias de hoje. Apesar de ter cursado apenas dois anos de estudo formal, encontrou na escrita uma ferramenta para dar voz às suas experiências como mulher negra e registrar de forma ímpar a realidade social do Brasil. A escritora faleceu em 13 de fevereiro de 1977.
As obras de Carolina de Jesus já foram lançadas em 46 países e traduzidas para 16 idiomas. Ela deixou mais de 5 mil páginas escritas, entre romances, poemas e canções. O livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, lançado em 1960, é a obra mais famosa da escritora. Entre 1977 e 2018, após a sua morte, foram publicadas mais cinco obras: Diário de Bitita (1982), Meu Estranho Diário (1996), Antologia Pessoal (1996), Onde estaes Felicidade? (1977) e Meu sonho é escrever (2018).
Serviço:
[Artes Visuais] Carolinas
Local: CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP
Abertura: 14 de março (sexta), às 11h
Visitação: 14 de março a 18 de maio de 2025
Horário: terça a domingo, das 8h às 19h
Classificação: Livre
Entrada franca
Acesso a pessoas com deficiência
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da CAIXA)
Estreia no próximo dia 14 de março, no Sesc Belenzinho, ‘Restinga de Canudos’, novo espetáculo da Cia. do Tijolo que reconstrói, em cena, a vida na Vila de Canudos para além do massacre registrado por Euclides da Cunha, em ‘Os Sertões’. Com direção de Dinho Lima Flor, que também assina a criação e dramaturgia junto de Rodrigo Mercadante, a peça dá protagonismo à comunidade anônima que ergueu o povoado no sertão baiano, antes de ser arrastada para a guerra sob a liderança de Antônio Conselheiro. Em cartaz até 27 de abril, a temporada do espetáculo também contará com uma programação de ações formativas voltadas para a ampliação do debate sobre Canudos e sua atualidade.
O espetáculo desvela Canudos pelo olhar de duas professoras antes do conflito, revelando a dinâmica cotidiana dos sertanejos, poetas populares, beatos, indígenas e ex-escravizados que estiveram na gênese não só de um povoado, mas de um mito histórico — já muito explorado pela cultura brasileira.
“Qual a contribuição que nós, da Cia. do Tijolo, pretendemos dar ao tema? Em primeiro lugar, contar a partir da construção da Vila e não de seu massacre”, afirma o cocriador, diretor e ator Dinho Lima Flor, que explica: “Não queremos que o crime perpetrado pela recém-nascida república brasileira ofusque o lado vencedor da comunidade criada por Conselheiro e a comunidade de Canudos“.
Segundo Dinho, o espetáculo mergulha nas águas do Açude de Cocorobó, onde submerge o sítio histórico de Belo Monte e o povoado de Canudos. “Se conseguirmos despertar a curiosidade do espectador e, no melhor dos cenários, o amor do público pela força de Belo Monte, teremos cumprido nosso intento”.
Restinga de Canudos dá continuidade à pesquisa da Cia. do Tijolo sobre educação popular e arte como ferramentas de transformação social. Inspirada na ética freireana, a Companhia reafirma a importância dos professores na formação da consciência crítica. No palco, essa presença se manifesta por meio da figura da professora de história, que conduz a plateia na costura entre passado e presente.
Como parte da programação do espetáculo, a companhia também irá promover o programa formativo Canudos: Além da Cena, que visa ampliar as reflexões sobre a memória e os desdobramentos históricos da Guerra de Canudos. A programação inclui encontros musicais abertos ao público, conduzidos pelo Núcleo Musical da Cia., nos quais serão trabalhados as sonoridades e o repertório do espetáculo.
Além disso, o bate-papo Conversa a Contrapelo contará com a participação da professora e pesquisadora Silvia Adoue (Unesp e Florestan Fernandes) e do diretor e ator Cleiton Pereira (Grupo Contadores de Mentira), que discutirão as conexões entre Canudos e as lutas sociais contemporâneas.
Sinopse | Restinga de Canudos enxerga as ruínas de Canudos, cidade submersa, e mergulha nas águas do açude de Cocorobó em busca das histórias de suas gentes. Para além da visão de Euclides da Cunha e da narrativa do massacre, o espetáculo recria, a partir dos olhos de duas professoras, uma comunidade viva, forte, próspera e vitoriosa na invenção de formas próprias de existência. Restinga de Canudos traz professoras, beatos fazendo reza, guerra e festa numa Canudos recriada para o tempo presente.
FICHA TÉCNICA
Criação e dramaturgia: Dinho Lima Flor e Rodrigo Mercadante
Direção geral: Dinho Lima Flor
Elenco: Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante, Karen Menatti, Odília Nunes, Artur
Mattar, Jaque da Silva, Danilo Nonato, João Bertolai, Marcos Coin, Dicinho Areias, Jonathan Silva, Juh Vieira
Atriz colaboradora: Vanessa Petroncari
Movimento e corpo: Viviane Ferreira
Composições originais: Jonathan Silva
Direção musical: Cia. do Tijolo e William Guedes
Desenhos: Artur Mattar
Cenário: Cia. do Tijolo e Douglas Vendramini
Assistência de cenotécnica: Tati Garcez e Gonzalo Dorado
Figurino: Cia. do Tijolo e Silvana Marcondes
Iluminação: Cia. do Tijolo e Rafael Araújo
Som: Hugo Bispo
Fotos: Alécio Cézar e Flávio Barollo
Design gráfico: Fábio Viana
Assessoria de imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Direção de produção: Garcez Produções (Suelen Garcez)
Produção executiva: Suelen Garcez
Assistência de produção: Tati Garcez
Ações Formativas – Canudos: Além da Cena
Núcleo de Formação e Criação Musical da Cia. do Tijolo
Terças, quartas e quintas, de 8 a 17 de abril, das 19h às 21h
A Cia. do Tijolo realiza encontros musicais gratuitos e abertos ao público, de seu Núcleo Musical desde 2017. Essa experiência formativa perene tem sido realizada paralelamente aos processos de montagem dos espetáculos da Cia. A oficina visa ampliar o alcance das discussões sobre o tema, uma vez que ao longo dos encontros serão trabalhadas as sonoridades e o repertório musical do espetáculo “Restinga de Canudos”, além de dar continuidade às práticas formativas da Cia. Canudos é, acima de tudo, uma experiência comunitária e a experiência de cantar em coro expressa, no plano simbólico e sensorial, de forma exemplar a experiência do ‘comum’. Repertório: Serão trabalhadas canções relacionadas ao processo de criação do espetáculo.
Local: Sala Espetáculos II – Sesc Belenzinho
Atividade gratuita (senhas distribuídas 30 minutos antes de cada encontro)
Conversa a Contrapelo (Bate-Papo)
Segunda-feira, 21 de abril, das 14h às 16h
Na história do teatro brasileiro, muitos grupos já se debruçaram sobre o tema da construção de Belo Monte e do massacre de Canudos. Não é à toa. Há temas que precisam ser elaborados, reelaborados e, mesmo assim, não cessam de gritar e querer falar. Para enriquecer a recepção da obra e ampliar o debate para além da cena, a Cia. do Tijolo convida o público para um bate-papo com Silvia Adoue e Cleiton Pereira, estudiosos do assunto, com mediação de Rodrigo Mercadante.
Convidados:
Silvia Adoue – Professora da Unesp e da Escola Nacional Florestan Fernandes do MST, pesquisadora dos movimentos populares e da auto-organização das comunidades.
Cleiton Pereira – Diretor e ator, fundador do grupo Contadores de Mentira, pesquisador da Antropologia Teatral e do massacre de Canudos.
Mediação: Rodrigo Mercadante (Cia. do Tijolo)
Local: Sala Espetáculos II – Sesc Belenzinho
Atividade gratuita (senhas distribuídas 30 minutos antes do evento).
Sobre a Cia. do Tijolo
Desde 2008, a Cia. do Tijolo construiu um repertório que une teatro, música e poesia para revisitar figuras e episódios da história brasileira. O grupo já recebeu o Prêmio Shell de Música e o Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro por ‘Concerto de Ispinho e Fulô’ (2010) e ‘Cantata Para um Bastidor de Utopias’ (2014), que também venceu o Prêmio Shell de Melhor Cenário e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado. O ‘Avesso do Claustro’ (2016) também concorreu ao Prêmio Governador do Estado, consolidando a companhia como uma das mais relevantes da cena teatral contemporânea. Além dos prêmios, o grupo mantém o Núcleo Musical da Cia. do Tijolo, que desde 2017 pesquisa a interseção entre sonoridade e dramaturgia. Atualmente, a companhia prepara ‘Restinga de Canudos’, espetáculo que revisita a história do sertão baiano sob a ótica da resistência popular.
Serviço:
Espetáculo Restinga de Canudos, com Cia. do Tijolo
De 14 de março a 27 de abril de 2025
Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 17h.
Valores: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada), R$15 (Credencial Sesc).
Ingressos à venda no Portal SescSP e nas bilheterias das unidades.
Limite de 2 ingressos por pessoa.
Local: Sala de Espetáculos 2 (120 lugares).
Classificação: 12 anos.
Duração: 150 minutos
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento:
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$8,00 a primeira hora e R$3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$17,00 a primeira hora e R$4,00 por hora adicional.
Transporte público: Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
Sesc Belenzinho nas redes: Facebook | Instagram | YouTube.
(Com Priscila Dias/Sesc Belenzinho)
O ano era 1995 e Chico César colocava seu excelente álbum de estreia ‘Aos Vivos’ no mundo. Trinta anos depois, o disco, que se tornou um clássico da música brasileira, ganha uma turnê de celebração. Acompanhado do grupo Nova Orquestra, Chico canta na íntegra o icônico trabalho, além de outros sucessos da carreira, no Teatro Paulo Autran, Sesc Pinheiros, nos dias 28 (sexta), 29 (sábado) e 30 (domingo).
Quando apareceu, em 1995, ‘Aos Vivos’ marcou o surgimento de Chico César como artista para o grande público, saindo do seu nicho considerado cult e underground da noite paulistana. Na primeira música do disco, ‘Beradêro’, o paraibano apresenta uma canção aboio, gênero passado entre gerações de vaqueiros do sertão. Na sequência, já temos dois grandes sucessos ‘Mama África’ e ‘À Primeira Vista’, em versões espontâneas e intimistas. Segue-se então um desfile de músicas autorais, como ‘Saharienne’, ‘Mulher Eu Sei’ e ‘Clandestino’, junto a parcerias e interpretações de outros artistas, como em ‘Paraíba’, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e ‘Alma não tem cor’, de André Abujamra. Isso sem falar nas participações de Lenine e Lanny Gordin.
Resumindo, o disco é uma verdadeira obra-prima e finalmente ter a oportunidade de escutá-lo integralmente no palco do Teatro Paulo Autran, onde Chico sempre faz apresentações absolutamente catárticas, é, no mínimo, imperdível. E para tornar tudo ainda mais especial, o cantor vem acompanhado pela primeira vez, no Sesc Pinheiros, pela Nova Orquestra. Formado por jovens talentos que acreditam no repertório popular como porta de entrada para a música clássica, o grupo propõe uma visão moderna sobre a adição de elementos da música de câmara aos sucessos do artista paraibano.
Serviço:
CHICO CÉSAR E NOVA ORQUESTRA | 30 ANOS DE ‘AOS VIVOS‘
Dias: 28, 29 e 30 de março | sexta e sábado, às 21h e domingo 18h
Duração: 90 minutos
Local: Teatro Paulo Autran
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$70 (inteira); R$35 (meia) e R$21 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h.
(Com Titita Dornelas/News Assessoria & Comunicação)
Plantação de cana-de-açúcar localizada na Mata Atlântica em Alagoas; estudo mostra que grandes extensões de floresta não perturbada são melhores para abrigar a biodiversidade. Foto: Adriano Gambarini.
Florestas grandes e intocadas são melhores para abrigar a biodiversidade do que paisagens fragmentadas, de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature. Há consenso entre ecólogos de que a perda de habitat e a fragmentação das florestas reduzem a biodiversidade nos fragmentos remanescentes. No entanto, há debate sobre a priorização da preservação de muitas áreas pequenas e fragmentadas ou de grandes paisagens contínuas. O estudo liderado pelo ecólogo brasileiro da Thiago Gonçalves-Souza, da Universidade de Michigan, chega a uma conclusão sobre esse debate que já dura décadas. “Fragmentação é prejudicial. Este artigo mostra claramente que a fragmentação tem efeitos negativos sobre a biodiversidade em diferentes escalas. Isso não significa que não devamos tentar conservar pequenos fragmentos quando possível, mas precisamos tomar decisões sábias sobre conservação”, afirma Gonçalves-Souza.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, da Universidade Estadual de Michigan e mais dez universidades brasileiras, entre elas Unesp, USP, UFPB e Unicamp. Eles analisaram 4.006 espécies de vertebrados, invertebrados e plantas em 37 locais ao redor do mundo.
O objetivo foi fornecer uma síntese global comparando diferenças de biodiversidade entre paisagens contínuas e fragmentadas. Os pesquisadores descobriram que, em média, as paisagens fragmentadas tinham 13,6% menos espécies na escala do ponto de coleta (chamada pelos autores de ‘escala da mancha’) e 12,1% menos espécies na região (chamada de escala da paisagem). Além disso, os resultados sugerem que espécies generalistas —aquelas capazes de sobreviver em diversos ambientes— são as que predominam nas áreas fragmentadas.
Os cientistas investigaram três tipos de diversidade nesses locais: alfa, beta e gama. A diversidade alfa se refere ao número de espécies em um fragmento específico, enquanto a diversidade beta mede a diferença na composição de espécies entre dois locais distintos. Já a diversidade gama avalia a biodiversidade de toda a paisagem.
Gonçalves-Souza usa um exemplo para ilustrar o conceito: ao dirigir por campos agrícolas no Norte do Espírito Santo, pode-se notar pequenos fragmentos de floresta entre as plantações de cana ou pastos com criação de gado. Cada fragmento pode abrigar algumas espécies de aves (diversidade alfa), mas a composição dessas espécies pode variar de um fragmento para outro (diversidade beta). Já a biodiversidade total da paisagem—seja composta por fragmentos ou por uma floresta contínua—representa a diversidade gama da região.
“O cerne do debate é que algumas pessoas argumentam que a fragmentação não é tão ruim porque, ao criar habitats isolados, geramos composições diferentes de espécies, o que pode aumentar a diversidade gama”, explica Gonçalves-Souza. “Por outro lado, argumenta-se que, em áreas contínuas e homogêneas, a composição de espécies é muito semelhante.”
No entanto, pesquisas anteriores não compararam adequadamente paisagens fragmentadas e florestas contínuas, afirmou Gonçalves-Souza. Por exemplo, alguns estudos analisaram apenas um componente da diversidade ou compararam um pequeno número de florestas contínuas com dezenas de fragmentos.
“Nossa pesquisa mostrou que, ao utilizar dados padronizados e controlar a distância entre fragmentos, a fragmentação do habitat tem efeitos negativos sobre a biodiversidade”, diz o coautor Mauricio Vancine, ecólogo e pesquisador de pós-doutorado da Unicamp. “Isso tem implicações teóricas para a Ecologia e, mais importante, reforça que a fragmentação não pode ser vista como benéfica para a conservação das espécies.”
Para corrigir essa limitação, os cientistas levaram em conta as diferenças na amostragem entre diversas paisagens. Eles descobriram que a fragmentação reduz o número de espécies em todos os grupos taxonômicos e que o aumento da diversidade beta nas paisagens fragmentadas não compensa a perda de biodiversidade na escala da paisagem.
Além da biodiversidade, Gonçalves-Souza diz que a fragmentação das paisagens também compromete sua capacidade de armazenar carbono. “Ou seja, a fragmentação não apenas reduz a biodiversidade, diminuindo a diversidade alfa e gama, mas tem implicações para a prestação de serviços ecossistêmicos como o estoque de carbono.”
O pesquisador espera que o estudo ajude a comunidade conservacionista a superar o debate sobre paisagens contínuas versus fragmentadas e focar na restauração de florestas. “Em muitos países, restam poucas florestas grandes e intactas. Portanto, nosso foco deve estar no plantio de novas florestas e na restauração de habitats cada vez mais degradados. A restauração é crucial para o futuro, mais do que debater se é melhor ter uma grande floresta ou vários fragmentos menores.”
(Fonte: Agência Bori)