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Foto: Georgia Couto.
A Secretaria de Cultura de Indaiatuba realizou na sexta-feira, dia 9, no Centro de Convenções Aydil Bonachela, a seleção dos artistas locais interessados em participar da programação Maio Musical 2018. Fernanda Porto, Nelson Ayres e Roberto Sion compuseram o júri para a escolha dos candidatos. Os artistas selecionados serão divulgados posteriormente, no lançamento do 26º Maio Musical.
As inscrições ocorreram no período de 1 a 28 de fevereiro de 2018. Para participar, os interessados deveriam residir no município e apresentar um projeto musical com nome da apresentação, press-release, ficha técnica, mapa de palco, vídeo do show a ser apresentado ou o de um show anterior e orçamento.
O projeto tem como objetivo fomentar o interesse do público pela produção musical, estimular os diversos elos da cadeia produtiva da música e divulgar o trabalho de artistas de Indaiatuba com espetáculos gratuitos durante todo o mês de maio. Informações: (19) 3894-1867.
Sobre o Júri
Fernanda Porto
Começou a estudar piano na adolescência com a intenção de entrar para uma faculdade de música. Entrou para o curso superior aos 16 anos e menos de um ano depois, já quis aprender composição e regência, tendo sido aluna de H.J. Koellreuter. Formou-se em composição e canto lírico. Cantava música pop desde o início dos anos 90, além de ter feitos produções e participado de trilhas sonoras. Em 1997, conheceu o DJ Xerxes, que a apresentou a sonoridade do drum and bass, que encantou a artista. Conheceu o DJ Patife, que fez um remix música Sambassim (Fernanda Porto – Alba Carvalho), retirada de uma gravação demo. Antes de estourar no Brasil, a música foi um sucesso em pistas de dança do mundo inteiro, principalmente na Europa, ganhando elogios de revistas especializadas como DJ Mag, Jockey Slut e The Face. Com o sucesso do remix de Sambassim, Fernanda viajou pela Europa, recebendo um convite da gravadora Irma Records para gravar o primeiro CD; porém, já estava sendo sondada pela gravadora Trama, com quem fechou contrato. Em 2002 gravou o primeiro CD, Fernanda Porto, no qual compôs todas as canções inéditas, algumas sozinha, outras em parceria, e fez os arranjos de programação, além de tocar violão, piano, guitarra e percussão. O disco fez sucesso e recebeu o Disco de Ouro, puxado pelos hits Sambassim (Fernanda Porto / Alba Carvalho), Tudo de bom (Fernanda Porto / Lyna de Albuquerque), Amor errado (Fernanda Porto / Edu Ruiz), De costas pro mundo (Fernanda Porto) e Só Tinha de Ser com Você (Tom Jobim / Aloysio de Oliveira), única regravação do disco. Em 2003, gravou algumas vozes no CD que marcou a volta do Living Colour, uma das bandas mais conceituadas dos Estados Unidos. Em 2004 gravou o segundo CD, Giramundo, em que diversifica a sonoridade de sua música e tem como destaque a regravação de Roda viva, cantada em dupla com o autor da música, o compositor Chico Buarque. Em 2006, troca a Trama pela gravadora EMI e lança o CD e DVD Fernanda Porto Ao Vivo, com regravações de músicas de seus dois primeiros CDs e canções inéditas, além das participações especiais de Daniela Mercury, Edgar Scandurra e DJ Zé Pedro. Em 2009, Fernanda volta a trabalhar com as sonoridades eletrônicas no CD Auto.Retrato, onde todas as músicas são de autoria de Fernanda, algumas em parceria.
Nelson Ayres
Produtor musical, arranjador, instrumentista (pianista), regente e compositor, foi o primeiro brasileiro a cursar o afamado Berklee College of Music, em Boston. Nos Estados Unidos, tocou e gravou com Airto Moreira e Flora Purim, Astrud Gilberto no auge de seu sucesso, Ron Carter, Walter Booker, Vitor Assis Brasil e outros músicos de peso.
Na volta para o Brasil, criou a Big Band de Nelson Ayres, considerada o principal núcleo de revigoração da música instrumental paulista da década de 70. Foi também figura de destaque nos dois legendários Festivais de Jazz São Paulo/Montreux, apresentando-se ao lado de Benny Carter, Dizzy Gillespie e Toots Thielemans.
A década de 80 foi dedicada ao Pau Brasil, um quinteto que desde então continua sendo referência na música instrumental brasileira. O grupo fez diversas tournées pela Europa, EUA e Japão, além de gravar vários discos lançados internacionalmente.
Com César Camargo Mariano, estrelou em 1984 o espetáculo Prisma, primeiro show brasileiro a usar intensivamente recursos de computação aliados a instrumentos eletrônicos.
Na década de 90, Nelson Ayres voltou-se novamente para a música orquestral, atuando por nove anos como regente e diretor artístico da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, sendo o principal responsável por seu enorme sucesso. Tem regido frequentemente outras orquestras no Brasil e no exterior, incluindo a prestigiosa Orquestra Filarmônica de Israel, considerada uma das melhores do mundo, que recentemente esteve no Brasil sob a regência de Zubin Mehta. Composições de Nelson Ayres foram gravadas por César Mariano, Milton Nascimento, Herbie Mann, Kenny Kotwick, Joyce, Daniel, Ivan Lins e Marlui Miranda, entre outros.
A partir de 2000 voltou a dedicar-se ao piano, liderando o Nelson Ayres Trio. Pode também ser visto ao piano com o grupo Pau Brasil e também com o Trio 202, ao lado de Toninho Ferragutti (acordeon) e Ulisses Rocha (violão). Foi presidente do Júri do Prêmio Visa de Música Brasileira e apresentador do programa Jazz & Cia. da TV Cultura.
Em dezembro de 2008, John Neschling e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo encerraram o ano apresentando o Concertino para Percussão e Orquestra composto por Nelson Ayres e o Concerto Antropofágico com Nelson Ayres ao piano e co-compositor e o grupo Pau Brasil. Nesse mesmo mês, foi lançado o CD do filme O Menino da Porteira, cuja trilha sonora (Melhor Trilha Sonora de 2009 2º Festival de Cinema de Paulínia) é assinada por Nelson Ayres, com sua composição Vida Estradeira interpretada pelo cantor sertanejo Daniel.
Realizações musicais assim tão distintas, inconcebíveis em outros artistas, demonstram a amplidão da capacidade musical deste pianista, compositor, arranjador e regente, amplamente reconhecido como umas das personalidades mais importantes da música instrumental brasileira contemporânea, um constante inovador.
Iniciou sua carreira na década de 60, dividindo o palco com outros estudantes que traziam para São Paulo o nascente movimento da bossa nova, como Taiguara, Toquinho e Chico Buarque.
Roberto Sion
Um dos mais atuantes e respeitados nomes da música instrumental brasileira, Roberto Sion, além de saxofonista, flautista e clarinetista, é reconhecido pelo trabalho de compositor, arranjador, maestro e professor. Foi vanguardista na utilização sinfônica de elementos do jazz e da música brasileira, em um estilo que se tornou sua marca registrada. Estudou na Berklee School of Music e se aperfeiçoou no saxofone com Joseph Viola, Ryo Noda, Lee Konitz e Joe Allard. Desenvolveu e aprimorou a carreira de compositor e arranjador e estudou análise e composição com Damiano Cozzella, Olivier Toni, Willy C. de Oliveira e H. J. Koellreutter. Tem em seu currículo sete álbuns e apresentações como solista nos Estados Unidos, Japão, Israel e em vários países da Europa.
Psicólogo formado pela Unicamp aos 25 anos, Sion enveredou pela música quando se mudou para Boston, nos Estados Unidos
Entre outros professores de Sion, figuram o japonês Ryo Noda, 68, exímio saxofonista que escreveu várias obras para o saxofone clássico, o norte-americano Lee Konitz, 88, saxofonista do estilo cool e post-bop e Joseph Allard (1910- 1991), norte-americano, professor de sax e clarinete da Juilliard School, New England Conservatory e da Manhattan School of Music, entre outras instituições de ensino.
Sion voltou para São Paulo e estudou mais música ainda, especialmente composição, análise e arranjo. Os professores, só feras: Damiano Cozzella (arranjador), Olivier Toni (maestro) e o músico e esteta H. J. Koellreutter (1915-2005). Tocou e gravou com Deus e o mundo. Entre tantos, acompanhou Toquinho e Vinicius de Moraes (1913-1980) em vários shows dentro e fora do país.
Entre os anos 1980 e 1990, Sion se dedicou ao grupo Pau Brasil, um projeto que envolveu uma longa pesquisa aliada a muitos ensaios em busca de uma linguagem musical brasileira bem estruturada; uma proposta nova que fugia da forma tema-improvisação-tema. Os temas eram mais voltados para a rítmica brasileira, com mais arranjos elaborados e menos solos improvisados – uma espécie de jazz brasileiro de câmara, um sucesso até hoje. Quando o grupo se reúne, os shows ficam lotados.
Na discografia de Sion há 11 “bolachas”. Todas ainda excelentes para serem consumidas, pois seus prazos de validade nunca expiram.