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MASP apresenta Catherine Opie, artista de vanguarda em questões de gênero

São Paulo, por Kleber Patricio

Catherine Opie, Idexa, 1993. Cortesia da artista e Regen Projects, Los Angeles; Lehmann Maupin, Nova York, Hong Kong, Londres e Seul; Thomas Dane Gallery, Londres e Nápoles.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 5 de julho a 27 de outubro de 2024, a exposição ‘Catherine Opie: o gênero do retrato’, com obras de um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea. Catherine Opie (Sandusky, Ohio, EUA, 1961) foi uma das precursoras na discussão sobre questões de gênero entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Sua produção dialoga com a tradição do retrato – um dos mais tradicionais gêneros da pintura ocidental – de modo a dar legitimidade a novos corpos, subjetividades e experiências que emergem na sociedade contemporânea. Em suas fotografias, Opie retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, a mostra é a primeira da artista no Brasil e reúne 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas. Os retratos de Opie figuram ao lado de 21 importantes pinturas da coleção do MASP; entre elas, de Pierre-Auguste Renoir, Hans Holbein, Anthony van Dyck e Van Gogh. As obras são apresentadas em diálogo com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações aos quais o trabalho de Opie se propõe, além de desdobrar a predileção pela arte figurativa – marca da coleção do museu.

A artista explora o gênero clássico do retrato assumindo algumas de suas características – fundo neutro, os gestos com as mãos, as expressões e os enquadramentos – e adiciona novos elementos, como a diversidade de gênero, as práticas sexuais, os corpos distintos e os relacionamentos familiares homossexuais. “É fundamental que todos os seres humanos sejam legitimados; isso é necessário para a inclusão de todas as pessoas, para a humanidade. Ao utilizar a estética tradicional do retrato, conforme a minha visão sobre a retratística, busco manter o espectador envolvido na obra durante a observação. Além disso, é uma forma de redefinir o corpo queer dentro de uma formalidade conhecida e não tratar apenas de uma fotografia documental”, comenta Catherine Opie.

OBRAS E REFERÊNCIAS  

A fotógrafa tem como uma de suas principais referências o pintor Hans Holbein (1497–1534), inspirando-se nos elementos formais que compõem os retratos do pintor alemão, como o uso da cor chapada ao fundo, especialmente o azul. Suas produções também se assemelham por se tratar de conjuntos de retratos que carregam um sentido de comunidade. Em Holbein, tal recorrência reafirma a ascendência ou a aliança familiar. Já em Opie, as conexões se sustentam por amizade, identificação e proteção, como em uma galeria de retratos de uma espécie de nobreza queer. Na exposição, a fotografia JD da série ‘Girlfriends’ (Color, 2008) da artista, é apresentada ao lado da pintura ‘O poeta Henry Howard, conde de Surrey’ (Circa 1542), de Holbein, o que dá destaque às suas semelhanças e particularidades. “Trata-se da apropriação da tradição e de marcadores associados às elites para dar a mesma condição de visibilidade a gêneros que muitas vezes não fizeram parte do universo de possibilidades da representação”, reflete Giufrida.

‘Being and Having’ [Ser e ter] (1991) foi a primeira série de retratos de Opie apresentada em uma exposição individual. A série é composta por 13 fotografias que retratam performances de figuras masculinizadas por seus atributos, como bigodes ou bonés, denominadas drag kings. Ao invés do nome oficial da pessoa retratada, Opie opta pelo nome fictício, de identificação coletiva e afetivo dentro do grupo de amigas de que faz parte. O título é uma paródia das teorias de Jacques Lacan (1901–1981) sobre o lugar do falo na construção da sexualidade.

Essa série inaugurou no trabalho de Opie um conjunto de retratos em estúdio que se estende até hoje, sendo que alguns deles possuem referências internas, como a cor de fundo vermelha, as roupas, a pose e o banco que se repetem propositalmente em ‘Pig Pen’ (1993) e ‘Elliot Page’ (2022), por exemplo. A fotografia do ator, produtor e diretor canadense Elliot Page, conhecido por produções de sucesso como o filme ‘Juno’, ilustra a capa de sua biografia ‘Pageboy’, que conta a história do seu processo de transição de gênero.

SOBRE CATHERINE OPIE

Catherine Opie nasceu em Sandusky, em Ohio em 1961. Atualmente, vive e trabalha em Los Angeles, onde foi também professora no departamento de Artes da Universidade da Califórnia (UCLA). Desde o fim dos anos 1980, realizou diversas exposições individuais em instituições de reconhecimento internacional, como Guggenheim Museum (Nova York), Los Angeles County Museum of Art (Los Angeles), Regen Projects (Los Angeles), Thomas Dane Gallery (Londres) e Institute of Contemporary Art (Boston e Canadá). Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como Guggenheim Museum, Institute of Contemporary Art, J. Paul Getty Museum, Museum of Contemporary Art, Museum of Fine Arts, National Portrait Gallery, Tate e Whitney Museum.

‘Catherine Opie: o gênero do retrato’ integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano, a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

ACESSIBILIDADE

Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seus acompanhantes. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados e ficam disponíveis no site e canal do YouTube do museu.

CATÁLOGO

Na ocasião da mostra, serão publicados dois catálogos, em inglês e português, compostos por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Catherine Opie. A publicação é organizada por Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida e inclui textos de Ashton Cooper, David Joselit, Guilherme Giufrida, Jack Halberstam e Vi Grunvald. Com design do Estúdio Permitido, a publicação tem edição em capa dura.

Serviço:

Catherine Opie: o gênero do retrato

Curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP

2º subsolo

Visitação: 5/7/2024 – 27/10/2024

MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.

Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos

Ingressos: R$70 (entrada); R$35 (meia-entrada)

Site oficial | Facebook | Instagram.

(Fonte: MASP – Muaseu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand)

Exposição World Press Photo 2024 volta ao Brasil com fotos premiadas e edições no Rio de Janeiro e São Paulo

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Seca na Amazônia, foto premiada na categoria Individual da América do Sul World Press Photo 2024. Foto: Lalo de Almeida.

De 3 de julho a 25 de agosto, a Caixa Cultural do Rio de Janeiro recebe a exposição itinerante World Press Photo 2024, que reúne 129 fotografias vencedoras do 67º concurso anual. A mostra, que volta ao Brasil após um breve intervalo, apresenta uma seleção do melhor da fotojornalismo e fotografia documental do mundo. As obras são um convite para que o visitante saia do ciclo de notícias e tenha um olhar mais profundo para histórias proeminentes e negligenciadas. As guerras em Gaza e na Ucrânia, migração, família, demência e meio ambiente estão entre os temas destacados na edição do prêmio em 2024. Este ano, o júri tomou a decisão excepcional de incluir duas menções especiais na seleção. Quatro fotógrafos brasileiros estão entre os expositores.

Ao todo, a World Press Photo 2024 será exibida em mais de 60 cidades em todo o mundo. A mostra já passou por Amsterdã, Londres, Sydney e Cidade do México, além do Rio de Janeiro e de São Paulo, Berlim, Roma e Hong Kong, entre outras cidades, ainda receberão a exibição.

Para o brasileiro Raphael Dias e Silva, curador e gerente da exposição, a organização sempre tem a intenção e a ambição de estar no máximo de lugares pelo mundo. “É uma grande honra estar de novo no Rio de Janeiro e em São Paulo, justamente no ano que o Brasil tem pela primeira vez quatro ganhadores, mostrando que a qualidade do fotojornalismo brasileiro tem reconhecimento internacional. Com o apoio da Caixa Cultural, conseguimos trazer o país de volta para o circuito.”

À Deriva – Ensaio foi premiado na categoria formato. Foto: Felipe Dana e Renata Brito.

As fotografias que fazem parte do acervo da exposição foram selecionadas entre 61.062 inscrições de 3.851 fotógrafos de 130 países. São 24 projetos vencedores e seis menções honrosas, num total de 33 fotógrafos de 25 países: Argentina, Austrália, Azerbaijão, Brasil, Canadá, China, República Democrática do Congo, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irã, Japão, Myanmar, Palestina, Peru, Filipinas, África do Sul, Espanha, Tunísia, Turquia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Venezuela.

E, para representar melhor uma pluralidade de perspectivas e vozes globais, a World Press Photo introduziu em 2021 uma nova estratégia de premiação regional, dividindo os trabalhos pelos continentes onde foram criados. Este ano, o concurso premiou quatro categorias: Individual: fotografias individuais; Reportagem: 4-10 fotografias; Projetos de Longo Prazo: 24–30 fotografias e Formato Aberto: projetos baseados em fotos que utilizam uma variedade de mídias e técnicas de narrativa. “O visitante tem a oportunidade de dar um passeio pelo mundo inteiro com as fotos premiadas pela Fundação World Press Photo”, explica Raphael.

Entre os destaques da World Press Photo 2024, está a foto do ano ‘Uma Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha’, do palestino Mohammed Salem, da Agência Reuters, que representa a perda de uma criança, a luta do povo palestino e as 33.000 pessoas mortas na Palestina, além de  simbolizar o custo do conflito e fazer uma declaração sobre a futilidade de todas as guerras. Na reportagem do ano do World Press Photo, a série Valim-babena, da sul-africana Lee-Ann Olwage para GEO, a fotógrafa aborda a demência, um problema de saúde universal, através da lente da família e do cuidado. A seleção de imagens feita pela fotógrafa lembra aos espectadores o amor e a proximidade necessários em tempos de guerra e agressão em todo o mundo.

Uma Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha, foto do ano World Press Photo 2024. Foto: Mohammed Salem.

O projeto vencedor da categoria de longo prazo, ‘Os Dois Muros’, do venezuelano Alejandro Cegarra, do The New York Times/Bloomberg, traz imagens que são, ao mesmo tempo, implacáveis e respeitosas e transmitem as emoções íntimas presentes em diversas jornadas de migração em todo o planeta. E o prêmio de formato aberto ‘A Guerra é Pessoal’, da fotógrafa ucraniana Julia Kochetova, traz imagens emotivas sobre a contínua invasão russa da Ucrânia. A obra traz um fio de simbolismo visual, forte uso de sequências de cores e colaborações com um ilustrador e DJ ucranianos. O uso envolvente de áudio e ilustração – especialmente no diário poético e nas gravações de áudio – se destacou, conferindo uma qualidade cinematográfica ao trabalho.

Do Brasil

Quatro brasileiros que se destacaram no concurso estarão expondo na World Press Photo 2024. Com ‘Seca na Amazônia’, premiado na categoria Individual da América do Sul, Lalo de Almeida retrata a realidade de Porto Praia, lar dos povos indígenas Ticuna, Kokama e Mayoruna, que não tem acesso rodoviário e normalmente só é alcançável por via fluvial. A seca fez com que os moradores tivessem que caminhar quilômetros ao longo do leito seco do rio para chegar às suas casas. Esta fotografia captura a gravidade da crise ambiental global e da seca na Amazônia.

Agraciada com uma menção honrosa por ‘Insurreição’, Gabriela Biló, fotógrafa radicada em Brasília, lança luz sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 no contexto mais amplo da dinâmica política do Brasil. Ao documentar o ataque às instituições democráticas e aos jornalistas, sua foto destaca a importância de defender os valores democráticos e a liberdade de imprensa no Brasil e no mundo.

‘Insurreição’, foto agraciada com uma Menção Honrosa World Press Photo 2024. Foto: Gabriela Biló.

Os brasileiros Felipe Dana e Renata Brito foram premiados na categoria formato com ‘À Deriva’. No ensaio, eles contam a história de um barco vindo da Mauritânia cheio de homens mortos, que foi encontrado na costa da ilha caribenha de Tobago. Quem eram esses homens e por que estavam do outro lado do Oceano Atlântico? Os jornalistas procuraram respostas, descobrindo uma história sobre migrantes da África Ocidental que buscam oportunidades na Europa por meio de uma rota atlântica cada vez mais popular, mas traiçoeira.

Concurso

Desde 1955, o Concurso Anual World Press Photo celebra os exemplos mais cativantes, informativos e inspiradores do fotojornalismo e da narrativa visual de todo o mundo. Esta exposição destaca os talentosos vencedores do World Press Photo 2024, reconhecidos por um júri independente e avaliados de acordo com quatro categorias: Individual: fotografias individuais; Reportagem: 4-10 fotografias; Projetos de Longo Prazo: 24–30 fotografias; e Formato Aberto: projetos baseados em fotos que utilizam uma variedade de mídias e técnicas de narrativa.

Para saber mais sobre a história do concurso, clique aqui. Para acessar a história de todas as fotos vencedoras em 2024, clique aqui.

Serviço:

Exposição World Press Photo Exhibition 2024

Rio de Janeiro

Local: Caixa Cultural

Período: de 3 de julho a 25 de agosto

Endereço:  R. do Passeio, 38 – Centro, Rio de Janeiro

Horários:

Visitação: terça a sábado, das 10h às 20h / domingos e feriados, das 11h às 18h.

Bilheteria: terça a sábado, das 13h às 19h e domingos e feriados das 13h às 18h.

São Paulo

Local: Caixa Cultural

Período: de 15 de setembro a 10 de novembro

Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo – SP

Horários:

Visitação: terça a sábado, das 10h às 18h, domingo 9h às 17h.

Bilheteria: terça a sábado, das 10h às 18h, domingo 9h às 17h.

(Fonte: AtomicaLab)

Com Fischer de volta ao pódio, Osesp apresenta mais três concertos com violinista Daniel Lozakovich na Sala São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Osesp e Thierry Fischer. Foto: Laura Manfredini.

O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, além dos 30 anos de atividades do Coro da Osesp e dos 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus Programas Educacionais, inaugurada em 1999 no edifício onde antes funcionava a Estrada de Ferro Sorocabana. Entre quarta (26/jun) e sexta-feira (28/jun), a Osesp toca mais uma obra do compositor Johannes Brahms (1833–1897) como parte do Ciclo Brahms, um dos eixos temáticos da Temporada 2024: a Sinfonia nº 4 em mi menor. Também serão apresentados, neste programa, as Bachianas Brasileiras nº 1, do mestre brasileiro Heitor Villa-Lobos, e o Concerto para violino nº 3 em si menor, do francês Camille Saint-Saëns – este com o jovem prodígio sueco Daniel Lozakovich. O diretor musical e regente titular da Osesp, Thierry Fischer, estará novamente no pódio. Originalmente escalada para essas datas, a violinista norte-americana Hilary Hahn não poderá estar na Temporada 2024 por motivos de saúde, lembrando que a performance de sexta (28/jun) será transmitida ao vivo no YouTube da Orquestra.

Ecoando essa tendência, mas sempre atento às tradições populares da música nacional, Heitor Villa-Lobos (1887–1959) criou as suas Bachianas Brasileiras no esforço de, em suas próprias palavras, extrair a música de Bach “do infinito astral para se infiltrar na terra como música folclórica”. A original mescla de formas barrocas e brasileiras acabou gerando nove obras para variados meios instrumentais compostas entre 1930 e 1945.

Osesp e Thierry Fischer. Foto: Beatriz de Paula.

A primeira Bachiana Brasileira, para um conjunto de oito violoncelos (instrumento tocado e amado pelo compositor), foi esboçada em 1930, estreou em 1932 e terminou ampliada em 1938 com a incorporação de uma dança folclórica, a embolada, como movimento inicial. A versão original da obra trazia apenas dois dos três movimentos que ouviremos neste concerto.

Compositor, pianista e organista, o francês Camille Saint-Saëns (1835–1921) deixou três concertos para violino e orquestra. O último deles, em si menor, é de 1880 e foi dedicado ao virtuoso (e também compositor) Pablo de Sarasate, espanhol de nascimento, mas francês por adoção, que o estreou em 2 de janeiro de 1881 sob regência de Édouard Colonne. Trata-se de mais um belo exemplo do concerto romântico para violino e orquestra, par a par com seus congêneres mais tocados, como os de Brahms e Tchaikovsky, ao alternar drama e lirismo, permitindo ao virtuoso que esbanje seu talento.

Escrita em Mürzzuschlag, onde passou os verões de 1884-1885, a Sinfonia nº 4 do alemão Johannes Brahms (1833–1897) foi recebida com ressalvas pelos amigos do compositor, para quem ele mandara a partitura em busca de aprovação. Alguns sugeriram cortar movimentos, outros, reescrever trechos inteiros. Muitos acreditavam que a música era intrincada demais, sutil demais, sofisticada demais, tecnicamente tão perfeita que a emoção se mostraria secundária e a plateia não conseguiria entender a música. Assim, não foi sem apreensão que Brahms a submeteu ao julgamento do público. Mas seus amigos estavam subestimando a força da música e o nível dos ouvintes. Desde o início, a sinfonia foi ovacionada e logo passou a ser considerada uma das maiores obras sinfônicas de todos os tempos.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp

Foto: Mario Daloia.

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp é um dos grupos sinfônicos mais expressivos da América Latina. Com 13 turnês internacionais e quatro turnês nacionais realizadas, mais de uma centena de álbuns gravados e uma média de 120 apresentações por temporada, a Osesp vem alterando a paisagem musical do país e pavimentando uma sólida trajetória dentro e fora do Brasil, obtendo o reconhecimento de revistas especializadas como Gramophone e Diapason, e relevantes prêmios, como o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Clássica de 2007. A Orquestra se destacou ao participar de três dos mais importantes festivais de verão europeus, em 2016, ao se tornar a primeira orquestra profissional latino-americana a se apresentar em turnê pela China, em 2019, e ao estrear em 2022, no Carnegie Hall, em Nova York, apresentando um concerto na série oficial de assinatura da casa e o elogiado espetáculo ‘Floresta Villa-Lobos’. Desde 2020, Thierry Fischer ocupa os cargos de diretor musical e regente titular, antes ocupados por Marin Alsop (2012-19), Yan Pascal Tortelier (2010-11), John Neschling (1997-2009), Eleazar de Carvalho (1973-96), Bruno Roccella (1963-67) e Souza Lima (1953). Mais que uma orquestra, a Osesp é também uma iniciativa cultural original e tentacular que abrange diversos corpos artísticos e projetos sociais e de formação, como os Coros Sinfônico, Juvenil e Infantil, a Academia de Música, o Selo Digital, a Editora da Osesp e o Descubra a Orquestra. Fundada oficialmente em 1954, a Orquestra passou por radical reestruturação entre 1997 e 1999 e, desde 2005, é gerida pela Fundação Osesp.

Thierry Fischer

Desde 2020, Thierry Fischer é diretor musical da Osesp, cargo que também assumiu em setembro de 2022 na Orquestra Sinfônica de Castilla y León, na Espanha. De 2009 a junho de 2023, atuou como diretor artístico da Sinfônica de Utah, da qual se tornou diretor artístico emérito. Foi principal regente convidado da Filarmônica de Seul [2017-20] e regente titular (agora convidado honorário) da Filarmônica de Nagoya [2008-11]. Já regeu orquestras como a Royal Philharmonic, a Filarmônica de Londres, as Sinfônicas da BBC, de Boston e Cincinnatti e a Orchestre de la Suisse Romande. Também esteve à frente de grupos como a Orquestra de Câmara da Europa, a London Sinfonietta e o Ensemble Intercontemporain. Thierry Fischer iniciou a carreira como Primeira Flauta em Hamburgo e na Ópera de Zurique. Gravou com a Sinfônica de Utah, pelo selo Hyperion, ‘Des Canyons aux Étoiles’ [Dos cânions às estrelas], de Olivier Messiaen, selecionado pelo prêmio Gramophone 2023, na categoria orquestral. Na Temporada 2024, embarca junto à Osesp para uma turnê internacional em comemoração aos 70 anos da Orquestra.

Daniel Lozakovich

Daniel Lozakovich. Foto: Johan Sandberg.

Nascido em Estocolmo, Lozakovich fez sua estreia solo aos oito anos com a Orquestra de Câmara Virtuosi de Moscou. Desde então, apresenta-se regularmente com importantes grupos, como as Sinfônicas de Chicago, Cleveland, Pittsburgh e Singapura, as Filarmônicas della Scala, de Luxemburgo, de Seul, de Los Angeles e de Oslo e a Orquestra da Suíça Romanda. Como recitalista, tem se apresentado em salas históricas, como Carnegie Hall, Théâtre des Champs-Élysées, Tonhalle Zurique, Concertgebouw de Amsterdam e Konzerthaus de Viena. Abriu a temporada atual com sua estreia no festival BBC Proms e como Artista em Residência da Filarmônica de Monte-Carlo. Aos 15 anos, assinou contrato de exclusividade com a Deutsche Grammophon – o álbum de 2019 foi eleito pela revista Gramophone como ‘Escolha principal’ dentre as melhores gravações do Concerto para violino de Tchaikovsky nos últimos 70 anos. Lozakovich recebeu muitos prêmios, incluindo o 1º lugar no Concurso Internacional de Violino Vladimir Spivakov [2016] e o prêmio Artista Jovem do Ano 2017 no Festival das Nações. Toca um Stradivarius de 1713, gentilmente emprestado pela LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton.

PROGRAMA

LOZAKOVICH E O LIRISMO DE SAINT-SAËNS

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO – OSESP

THIERRY FISCHER regente

DANIEL LOZAKOVICH violino

Heitor VILLA-LOBOS | Bachianas brasileiras nº 1

Camille SAINT-SAËNS | Concerto para violino nº 3 em si menor, Op. 61

Johannes BRAHMS | Sinfonia nº 4 em mi menor, Op. 98.

Serviço:

26 de junho, quarta-feira, às 20h30

27 de junho, quinta-feira, às 20h30

28 de junho, sexta-feira, às 20h30 – Concerto Digital

Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16

Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares

Recomendação etária: 07 anos

Ingressos: Entre R$39,60 e R$271,00 [Osesp, valores inteiros] e gratuito [54º FICJ]

Bilheteria (INTI)

(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h

Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners

Estacionamento: R$28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos

*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.

A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.

(Fonte: Fundação Osesp)

53ª Festa da Cerejeira em Flor de Campos do Jordão já tem data marcada

Campos do Jordão, por Kleber Patricio

Fotos: Divulgação.

Um dos espetáculos mais lindos da natureza está de volta a Campos do Jordão: a 53ª edição da Festa da Cerejeira em Flor promete um grande evento durante o inverno nas montanhas, quando a florada do Parque da Cerejeira está no auge. Anote as datas: nos finais de semana de julho (20, 21, 27 e 28) e agosto (3,4, 10 e 11), das 9h às 16h.

A florada da sakura (cerejeira), árvore símbolo do Japão, é amplamente celebrada por lá. No Brasil, os visitantes poderão vivenciar um pouco dessa linda cultura típica com o cenário deslumbrante que toma conta do Jardim Oriental do Parque nesta época do ano.

Parque da Cerejeira fica ainda mais lindo durante a Festa.

E não para por aí: a programação inclui apresentações de artes marciais, música e dança, como os tradicionais odôri (dança típica) e taikô (tambor japonês) – com apresentações de manhã e à tarde.

Não é raro encontrar pessoas com roupas tradicionais nipônicas circulando pelo local, o que traz ainda mais charme à festa. Sem esquecer do 2º Sakura Anime Show, com direito à premiação (dia 27 de julho). O evento conta ainda com Bazar com mais de 30 expositores – desde artesanato, malhas, calçados e muito mais.

Comida típica

Quem gosta da culinária japonesa poderá saborear delícias como sushi, tempurá e yakisoba, mas também pratos menos conhecidos, como udon (tipo macarrão). E claro, a dica para sobremesa: o mochi (bolinho japonês feito de arroz e recheado com doce de feijão). A praça de alimentação também terá comidas típicas da Serra da Mantiqueira, como truta grelhada, doces e os deliciosos chocolates caseiros de Campos do Jordão. Destaque para o chope artesanal. E ainda: pastel, lanche, hambúrguer, espetinho, churros e salgados.

Festa da Cerejeira acontece entre julho e agosto em Campos do Jordão.

O evento terá a cada dia uma atração diferente. Confira a programação completa pelo site.

Festa beneficente | A Festa da Cerejeira é realizada pelo Recanto de Repouso Sakura-Home, uma das unidades de longa permanência (ILPI) da Associação Nipo-Brasileira de Assistência Social – Enkyo. Toda renda arrecadada durante a festa tem contribuído durante todos estes anos na manutenção da instituição e no adequado tratamento dos internos. Saiba mais sobre a instituição pelo site.

Ingressos| O valor da entrada é de R$50 (inteira) e R$25 (meia para jordanenses e idosos). Crianças até seis anos e idosos acima de 80 anos não pagam. Para excursões, acima de 15 pessoas o valor é de meia entrada. A compra deve ser realizada por uma pessoa representante da mesma.

Valores para estacionamento: R$30 para carros e R$ 60 para vans.  Os ingressos estão disponíveis pelo Sympla.

Serviço:

O Parque da Cerejeira de Campos do Jordão está localizado à Avenida Tassaburo Yamaguchi, número 2173, na Vila Albertina. Abre todos os dias para visitação das 9h às 16h – exceto às terças (manutenção). Informações pelo telefone (12) 99711-0904 e @parque.da.cerejeira (Insta).

(Fonte: Texteria Imprensa)

Pesquisa da PUC-Campinas propõe ações mais sustentáveis para Bacias PCJ

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: Divulgação/PCJ.

O pesquisador da PUC-Campinas, Nilton Lucio Julião, entregou ao Comitê que administra as Bacias PCJ (dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) um estudo que visa a reduzir os impactos e garantir a sustentabilidade hídrica das regiões abastecidas por esses rios. O objetivo é fornecer aos gestores públicos dados importantes para auxiliá-los na tomada de decisão sobre o plano 2020/2035 das Bacias PCJ. Julião é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da PUC-Campinas sob a orientação do professor Dr. Duarcides Ferreira Mariosa.

A proposta se resume na aplicação de uma metodologia (Robert Gibson) para identificar possíveis impactos ambientais, sociais e econômicos ao sistema hídrico da região e avaliar os impactos das ações propostas no plano de Bacias para garantir o abastecimento das regiões dos municípios. O Plano das Bacias PCJ em vigor, já pensado para ser revisto em 2026, possui um texto com foco na sustentabilidade dos recursos hídricos e econômicos, mas não contempla a questão social. Tanto que o resultado final apresentou uma baixa eficiência em alguns pontos, seja no planejamento, na execução, na identificação dos riscos ou nas medidas de controle e no plano de emergência para possíveis cenários adversos.

Intitulado ‘A busca da sustentabilidade hídrica e o Plano de Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 2020/2035’, o estudo é assinado pelo mestrando Nilton Lucio Julião, pelo professor-orientador Dr. Duarcides Ferreira Mariosa, pelo docente do programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da universidade Dr. Orandi Mina Falsarella e pelo pesquisador no Instituto de Zootecnia do Estado de São Paulo e coordenador da Câmara Técnica de Conservação e Proteção de Recursos Naturais (CT-RN) dos Comitês das  Bacias PCJ João José  Assumpção de Abreu Demarchi.

Proposta

Em síntese, considerando as perspectivas atuais e futuras do Plano de Bacias, o estudo recomenda que os programas previstos sejam submetidos a análises de impacto social, ambiental e econômico, tanto na discussão dos projetos quanto durante o processo de implementação, utilizando-se a metodologia proposta. Também sugere que sejam pré-definidas datas para avaliações periódicas a fim de garantir a identificação dos possíveis impactos para, quando necessário, reestruturar os programas.

Entre os impactos para a população estão a possível falta de recursos hídricos na região, inclusive para a produção agrícola, e a necessidade de deslocamento de pessoas para a implementação de projetos de ampliação de estações de tratamento de esgoto, plantio de árvores e até a limitação do uso de águas subterrâneas. “Trata-se de uma contribuição que traz fundamentos técnicos para os gestores a fim de auxiliá-los na tomada de decisão. Este é um projeto importante para o futuro da humanidade, não apenas quanto à disponibilidade hídrica, mas, também, por ser um plano de longo prazo e com altos valores financeiros investidos”, explica o pesquisador Nilton Lucio Julião.

Investimentos

O Plano das Bacias PCJ tem investimento total de R$7,6 bilhões até 2035. Pelo alto valor de investimentos, a proposta é que os impactos sejam avaliados detalhadamente e periodicamente nos seis programas submetidos à análise para assegurar o bom emprego dos recursos e o sucesso das ações. Entre as ações selecionadas e classificadas no Plano de Bacias 2020-2035 como prioridade muito alta, hipoteticamente capazes de causar maior impacto para a sustentabilidade hídrica, estão os programas de ‘Enquadramento dos Corpos Hídricos (ECA); ‘Garantia de Suprimento Hídrico e Drenagem (GSH)’, ‘Conservação e Uso do Solo e da Água no Meio Rural e Recomposição Florestal (CRF)’, ‘Águas Subterrâneas’, ‘Educação Ambiental, Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologia (EA)’ e  ‘Gestão de Recursos Hídricos (GRH)’.

O programa ‘Conservação e Uso do Solo e da Água no Meio Rural e Recomposição Florestal (CRF)’, por exemplo, não atendeu nenhum dos oito critérios (0%) de Gibson. O projeto define estudos detalhados do programa, mas com o objetivo de alcançar baixo investimento financeiro e de recuperação no menor tempo possível. No entanto, não se discutem os possíveis impactos sociais, ambientais e financeiros do projeto, que pode ser comprometido parcialmente ou em sua totalidade, não atingindo o seu objetivo principal, que é a sustentabilidade hídrica.

No programa ‘Águas Subterrâneas’, o projeto atende apenas 25% do total de oito itens avaliados. Por se tratar de uma ação de identificação e controle do uso das águas subterrâneas, pode haver a necessidade de limitar ou proibir o seu uso em determinadas regiões, gerando impacto social e econômico para a população, comprometendo a sustentabilidade do programa e evidenciando a necessidade de planos de controle para eliminar os possíveis impactos.

Apenas o programa ‘Gestão de Recursos Hídricos (GRH)’ atendeu 87,5% dos oito critérios de Gibson avaliados. Trata-se de um programa com baixo risco para a sustentabilidade hídrica. Mesmo assim, requer atenção para os itens não atendidos, como a compra de novas estações pela Cetesb. Caso essa compra não ocorra conforme o estabelecido no projeto, é preciso que haja um plano para gerir os possíveis impactos e, dessa forma, garantir a sua sustentabilidade. Também não existe uma análise crítica periódica sobre o andamento das ações.

Histórico

O crescimento populacional, a urbanização e a industrialização geraram grande impacto no sistema hídrico das Bacias PCJ. Em busca da disponibilidade hídrica, foi elaborado um plano estratégico denominado Plano de Bacias PCJ 2020 a 2035. Foi nesse relatório que a equipe da PUC-Campinas se baseou ao selecionar uma ação de cada eixo temático para ser submetida a uma avaliação de impacto nas áreas ambientais, sociais e econômicas.

Para essa avaliação, foi utilizado o modelo de Robert Gibson, ferramenta capaz de analisar os pilares econômico, social e ambiental da sustentabilidade, e por apresentar baixa possibilidade de falhas. De acordo com Nilton Lucio Julião, foram analisados fatores que comprometem o uso da água, como o aumento da ocupação territorial global, o crescimento da migração de pessoas para áreas urbanas e a industrialização. “São exemplos de fatores que têm causado o aumento desordenado do consumo de água, comprometendo o abastecimento hídrico atual e que, certamente, afetará a população futura”, diz.

O professor e orientador Dr. Duarcides Ferreira Mariosa explica que os governantes, com base nessas informações sobre a disponibilidade hídrica de cada região, podem adotar as medidas necessárias para garantir água para a população, para as indústrias, para a agricultura etc. As três bacias – Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) – estão situadas 92,45% no estado de São Paulo e 7,55% em Minas Gerais. Com extensão de 300 km no sentido Leste-Oeste e 100 km no sentido Norte-Sul, essas bacias atendem 76 municípios, dos quais 71 em São Paulo e cinco em Minas Gerais.

Problemas detectados

As bacias PCJ sofrem com a falta de reservatório, sendo que o seu abastecimento é totalmente dependente das vazões fluviais. Os reservatórios existentes para suportar o acondicionamento de água fazem parte do sistema Cantareira. Desta forma, decidiu-se sobre a necessidade de construção de outros reservatórios, o que levou ao projeto, na década de 1980, de construção de um deles na cidade de Pedreira e, outro, na cidade de Duas Pontes. Outro agravante para a gestão dos recursos hídricos das bacias PCJ é o baixo nível de qualidade da água, devido ao pequeno volume de esgoto tratado.

Nilton Lucio Julião. Foto: Arquivo pessoal.

“Quando analisamos a integração entre a situação atual e o cenário de longo prazo, em todos os programas foram identificados riscos que podem comprometer, de forma negativa, o resultado final do projeto. Na parte social observamos risco de conflito, desabastecimento hídrico e impacto na saúde, na educação e nos aspectos financeiros. A falta de detalhamento sobre o emprego dos valores, de um plano de contingência e de análise de eficácia poderá comprometer o sucesso do programa e aumentar os problemas hídricos da região atendida por essas bacias”, diz Julião.

O Plano de Bacias PCJ  2020/2035 é complexo, de alto investimento e com longo prazo de conclusão. Nos estudos foram detectados problemas como a ausência de análise de impacto das ações em todos os programas. Isso pode provocar sérios prejuízos ao projeto, já que os resultados negativos, pela falta de análise de impacto, podem aparecer somente ao fim do Plano de Bacias PCJ, comprometendo a sustentabilidade hídrica da região.

Os programas também apresentaram problemas com os investimentos financeiros. Na questão da ‘Educação Ambiental’, por exemplo, não há detalhes sobre quem será responsável pelo treinamento, quais regiões apresentam maior prioridade em recebê-lo, como será aplicado ao longo do projeto e como será avaliada a eficácia do programa. O mesmo acontece com os recursos direcionados para a ampliação das estações de tratamento de esgoto, que não apresentam detalhes da aplicação da verba em relação às regiões com maior necessidade, os recursos necessários por região e os impactos financeiros que venham a ser causados pelas mudanças climáticas, provocando a alteração das datas de conclusão das ações.

(Fonte: Ateliê da Notícia)