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Mulheres indígenas têm maior ocorrência de mortes durante a gravidez e o pós-parto, evidencia pesquisa

Brasil, por Kleber Patricio

Mortalidade materna indica falhas no atendimento pré-natal de indígenas; na foto, mulher indígena yanomami em Boa Vista (RR). Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

As mulheres indígenas morrem mais durante a gravidez e o puerpério que mulheres de outras etnias. Elas tiveram uma maior quantidade de mortes maternas em comparação a de mulheres não indígenas, no período de 2015 a 2021. Os dados são de estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicado na última quarta (15) na revista científica “International Journal of Gynecology and Obstetrics”.

O grupo avaliou os 13.023 casos de morte materna de 2015 a 2021 registrados na base de dados DataSUS do Ministério da Saúde (MS). Deste total, 1,6% eram mortes de indígenas. Para comparar mortes maternas de mulheres indígenas e não indígenas, os pesquisadores calcularam a razão de morte materna, índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde que divide o número de mortes pelo número total de 100 mil nascidos vivos de determinado grupo.

Segundo os resultados, entre as indígenas, a razão de morte materna foi de 115 mortes a cada 100 mil nascidos vivos – muito mais alta que a taxa observada entre não indígenas, de 67 por 100 mil nascidos vivos. O número está bem acima da meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de chegar a menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos no Brasil até 2030. A mortalidade de mães indígenas se manteve estável durante todo o período, acima de 100 mortes por ano na maior parte dos anos avaliados.

O trabalho aponta, ainda, que a maior parte das mortes maternas entre indígenas aconteceu após o parto. “Isso evidencia que o cuidado às mulheres indígenas no pós-parto está sendo negligenciado”, afirma o coautor do estudo, José Paulo Guida, da Unicamp.

Segundo os dados, a principal causa dessas mortes foi a hemorragia, diferente dos dados gerais de morte materna no Brasil, causados por hipertensão. A hemorragia após o parto é uma causa comum de mortalidade de mulheres em países da África subsaariana, apontam os especialistas. “Tanto a hemorragia quanto a hipertensão são potencialmente tratáveis e evitáveis com medidas de vigilância do sangramento após o parto, uso de medicações para controle de pressão arterial e identificação precoce e oferta de antibióticos nos casos de infecção”, destaca Guida.

Os resultados mostram o contexto de vulnerabilidade da população indígena, que se traduzem em mais perdas de vidas neste grupo, com consequências para o contexto familiar e comunitário. “Uma morte materna provoca desestruturação familiar, perda de confiança da comunidade no sistema de saúde”, comenta o pesquisador. Além disso, elas evidenciam falhas nos sistemas de saúde e nas políticas públicas, incapazes de preservar vidas maternas de indígenas.

(Fonte: Agência Bori)

Espetáculo ‘Cuidando de Quem Cuida’ se vale da música e da dança para promover inclusão

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: Lucas Zago.

A arte como ferramenta de inclusão. Esta é a proposta de ‘Cuidando de Quem Cuida’, espetáculo interativo que mescla música, dança, instalação cênica, textos e performances para levar lazer e diversão aos trabalhadores da saúde e promover a inclusão de estudantes, idosos e pessoas com deficiência (PCDs). Coordenado pelo Coletivo e Espaço Cultural Janacek System em parceria com o Coromim, coral formado por pais, professores e amigos da Escola Curumim, o espetáculo faz nova apresentação no Centro Cultural CIS Guanabara no dia 24 de maio, sexta-feira, às 20h, com entrada gratuita. No repertório, obras de Adoniram Barbosa, Caetano Veloso, Beatles, Roberto Carlos, Cantos dos índios Kraôs, Rita Lee e Jackson do Pandeiro, entre outros sons universais.

A concepção e direção do espetáculo são de Coré Valente, arranjador e multiartista, regente do Coromim e diretor do Janacek Sistem, coletivo que trabalha, desde 2015, com pesquisa continuada na fusão de linguagens de vídeo/performance/música/dança, propondo ações artísticas que ampliem as percepções mais humanizadas dos espaços e convivência social.

Nesta proposta de inclusão, o projeto conta com a orientação da pedagoga Keyla Ferrari Lopes, que faz a interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) das apresentações. Keyla é especialista em educação especial e Libras, mestre e doutora em atividade motora adaptada, autora de livros e artigos sobre o tema inclusão. De acordo com Keyla, que conversou com coordenadores de instituições de apoio a idosos e PCDs, a proposta inclusiva atingiu seu objetivo. “Todas as pessoas com quem conversei acharam o espetáculo interativo, divertido, alegre, que agrada pessoas de todas as idades, e que é muito inclusivo”, afirmou. “A interpretação em Libras permite que pessoas surdas entendam o contexto, as músicas. Essa interação é mágica, é muito importante”, completou.

Valquiria Lima, mãe do adolescente Leandro Cassemiro Lima, que tem paralisia cerebral e faz aula de dança no projeto Dance com Ele, coordenado por Keyla, veio de Hortolândia com o filho e adorou a experiência. “O Leandro gostou muito. Ele ama música, dança, então achou muito legal o espetáculo, os sons diversos, as vozes, os instrumentos. Ele aproveitou muito. No final, quando o coro convida o público a dançar, a Keyla nos levou para o palco, dançamos, ele curtiu muito. Eu amei também. Nós amamos, foi muito gostoso assistir”, comentou.

‘Cuidando de Quem Cuida’, com direção de Coré Valente, tem participação especial da cantora e dançarina Iara Medeiros, do coro cênico Coromim, uma trupe de 17 pessoas acima de 60 anos, e do grupo de forró Xote do Peixe.

No total, serão cinco apresentações até julho. As duas primeiras ocorreram em 25 de março e 22 de abril e reuniram em torno de 100 pessoas por apresentação, entre PCDs, cuidadores, profissionais de saúde, idosos e estudantes do ensino médio. As apresentações do espetáculo ‘Cuidando de Quem Cuida’ são gratuitas. A próxima será dia 24 de maio, as 20h, no CIS Guanabara (Rua Mario Siqueira, 839, Botafogo, Campinas). Estacionamento interno gratuito.

(Fonte: Delma Medeiros Assessoria de Imprensa)

Elvis Mourão faz nova exposição na Alma da Rua I

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação.

O paulista Elvis Mourão está de volta à galeria Alma da Rua I desde 18 de maio com a exposição ‘Janelas’. Nas suas caminhadas noturnas, a cidade se eleva em prédios altos e hotéis que rasgam o céu. Ele observa as pessoas nas janelas, silhuetas recortadas contra a luz suave, imersas em reflexão. Elas parecem buscar respostas no vazio da noite, enquanto gatos e cachorros aguardam, com olhares fixos na escuridão, o retorno de seus donos. Até os pássaros curiosos parecem contemplar o mundo lá de cima. Cada janela conta uma história, cada sombra é um segredo, e o artista, um mero espectador, absorve esses fragmentos de vida.

Mourão é o responsável por uma coleção de imagens icônicas de monstrinhos que divertem e emocionam. Seu trabalho, originalmente de graffiti de rua, vem ganhando novas dimensões no Brasil e afora, sendo escolhido como tema para embelezar todo o tipo de meio: de óculos Ray-Ban (coleção Wayfarer Limited Edition), fachadas de Shopping Centers, festival LollaPalooza (Palco Chevrolet Onix), Venice Beach Walls, Wynwool Walls, Construtora Plano & Plano, Subway, Instituto Gabriel Medina.

Extremamente versátil, ele se aproveita destas oportunidades de apropriação de espaços, sejam quais forem os objetos e meios. Esta abordagem holística cria possibilidades e oportunidades que lhe dão relevante destaque no Brasil e no exterior.

Suas obras não se prestam unicamente à decoração, elas são uma ode aos sentimentos, corporificados em criaturinhas maravilhosamente sedutoras, que oferecem oportunidade para se deixar levar por estímulos a um turbilhão de emoções implicitamente relacionadas.

Criada em 2016, A Alma da Rua já realizou mais de 150 exposições – 90% delas, realizadas com artistas que estão ativos nas ruas, mas não só nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. Dentro da galeria, obras de alguns dos artistas mais importantes de street art do país, como o próprio Binho Ribeiro, EDMX, Enivo, Onesto, Pato, Cris Rodrigues, Mari Pavanelli e Gatuno, além de um espaço especial que apoia o movimento de pichação no Brasil, com obras de Dino e Cripta Djan. “A galeria é democrática”, explica Tito Bertolucci, dono e curador da Alma Da Rua.

Serviço:

Alma da Rua – Rua Gonçalo Afonso, 96, das 10h às 18h. Todos os dias.

(Fonte: Assessoria de Imprensa Alma da Rua)

João Bosco lança álbum de inéditas ‘Boca cheia de frutas’

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Capa de Boca cheia de frutas. Foto: André Rola, João Ferro e Victor Correa.

Por Leonardo Lichote

BOCA

Sobre sons de crianças, de pássaros, de vozes que parecem vir de florestas ancestrais das Américas e da África, João Bosco entoa repetidas vezes o canto yanomami: “waruku waruku waruku këëi moramakī waruku waruku waruku këëi” (“boca cheia, boca cheia, boca cheia, boca cheia de frutas, boca cheia, boca cheia”). São os últimos instantes de ‘Boca cheia de frutas’, disco de canções inéditas que o artista lançou pela Som Livre no dia 10 de maio.

Portanto, na sinfonia que entrelaça a terra e o humano, João amarra no último ato de seu álbum o sentido exposto no título: ‘Boca cheia de frutas’. O anúncio da fartura de cores e sabores do que nasce do solo tornado alimento, do fim da fome e das fomes todas – metáfora de futuro auspicioso vindo, não por acaso, em língua indígena, num momento em que fica cada vez mais evidente que é dos povos originários que virá o adiamento do fim do mundo. A sabedoria de ver o futuro que a origem guarda. Sabedoria que o compositor desde sempre destila nas cordas de sua garganta e de seu violão.

Sua voz e seu instrumento, sábias de tempo na plenitude de seus 77 anos, são frutas que se apresentam na enorme boca do álbum. Assim como são frutas os legados de Aldir Blanc e Tom Jobim celebrados ali. Os orixás invocados. Os dinossauros do samba. O renascer após a ruína da alma. João Gilberto, fruto do Juazeiro. O bilhete de amor que podia ser pra você. A descrição da magia vulgar e da vulgaridade mágica do nascimento de uma canção. O cio da terra, eterno.

Contracapa de Boca cheia de frutas. Foto: André Rola, João Ferro e Victor Correa.

‘Boca cheia de frutas’ é, assim, um disco sobre o Brasil. O país da distopia de ‘O canto da Terra por um fio’, de rios asfixiados, da mata que arde. O país que se revela nos versos de ‘Buraco’, inspirados na história real do indígena que viveu isolado, morreu num buraco e “ao não se mostrar/ mostrou o Brasil”. O país da ausência, do vão. A boca sem nada, enfim – essa mesma que se projeta aqui cheia de frutas, boca farta que também é o Brasil. O país opulento que, no álbum e na mente do artista, se sobrepõe àquele outro, oco. No sonho de João, o vazio é berço da abundância.

FRUTAS

‘Boca cheia de frutas’ traz 11 faixas. Dez são composições inéditas de João: uma instrumental, que ele assina sozinho; sete escritas com Francisco Bosco, que é responsável com João, seu pai, pela concepção do álbum; uma parceria com Roque Ferreira; uma com Aldir, a partir de uma letra deixada pelo amigo; e uma releitura de ‘O cio da Terra’, clássico de Milton Nascimento e Chico Buarque.

‘Dandara’, parceria de João e Roque Ferreira, abre o disco com o grave das percussões de Armando Marçal e Zero e do baixo de Guto Wirtti como se brotando do profundo da terra. O violão do compositor e o piano de Cristóvão Bastos entram em seguida adensando o ar e preparando para a chegada do canto sem palavras, fonemas de línguas de uma ancestralidade intuída – marca do artista ao longo de sua carreira. Canto que no disco aparece em muitos momentos, sempre com enorme expressividade, instaurando atmosferas.

João Bosco. Foto: Victor Correa.

“As vozes, muitas vezes, com seus fonemas, suas inflexões, elas te direcionam para um lugar. Um lugar onde a música vai acontecer”, reflete João. “Como num livro, você tem um prefácio; como na vida, você tem anúncios – elas funcionam assim”. O cantor mapeia suas referências: “Quando escuto grupos indígenas ou de países da África cantando, me emociono muito com os intervalos das notas. Aquilo te diz tanto sobre você e o seu passado, que você usa pra criar o seu futuro. É uma grande linha que se fecha”.

O lugar ao qual somos direcionados em ‘Dandara’ é – como exposto nos versos de Roque Ferreira e na voz de João – “roça de Xangô de Obá Biyi”, espaço onde o narrador afirma: “canto Caymmi pra ninar”. Chão de João, enfim.

Em ‘Vir-a-ser’, de João e Francisco, o violão do artista, ao lado do baixo de Guto, da bateria de Kiko Freitas e do piano de Cristóvão, reflete o caráter etéreo do tema: a canção que está para nascer, “uma esfinge de antemão”. Ecoando o título do álbum, a letra menciona “a grande boca” da canção que é ainda folha em branco, a boca que “nada confessa” ao compositor, mas “nada esconde de ninguém”.

O processo de feitura de ‘Vir-a-ser’ ilumina um tanto seu próprio assunto. Quando mandou a melodia para Francisco escrever os versos, João cantarolava no início ‘Poema dos olhos da amada’, poema de Vinicius de Moraes musicado por Paulo Soledade (“Ó, minha amada, que olhos os teus”). O primeiro verso de ‘Vir-a-ser’ denuncia a referência: “Olhe nos olhos da canção”.

“Aquilo me lançou para uma tradição poética, que é aquela tradição viniciana, esse registro que fica na fronteira entre a tradição da letra da canção e a tradição da poesia brasileira”, conta Francisco. “O Vinicius é justamente a primeira pessoa a fazer essa dobradiça entre a poesia e a canção. Então eu fui exatamente habitar essa dobradiça aí também. Ela é uma canção literária com uma melodia que suporta esse peso”.

Lançada como primeiro single do disco, ‘O canto da Terra por um fio’ é também parceria de João e Francisco. O canto isolado de uma arara anuncia a distopia da floresta destruída. Pela primeira vez no disco, aparece o verso da canção yanomami que imagina a boca cheia de frutas – manifesta naquele cenário de destruição como desejo-lamento, longínquo.

João Bosco. Foto: Victor Correa.

A letra evoca a cosmogonia yanomami – a relação umbilical entre humanidade e natureza, o sonho como lugar de comunicação com os ancestrais. Sobre esses versos, o canto de João é acompanhado apenas por seu violão e pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum, num arranjo contundente e comovente em seu minimalismo. O arco sobre as cordas ecoando na madeira como que emula pelo avesso a serra que violenta o tronco.

João define a canção como ‘afro-indígena’: “Tem a pegada rítmica/harmônica afro e uma melodia que remete ao canto da floresta, ao campo, aos bichos, ao chão da terra e àqueles que a habitam”. Não é a primeira vez que João trafega nesse universo. ‘João do Pulo’, parceria sua com Aldir lançada em 1978, se refere ao personagem como “de sangue afro-tupi”. “É um caminhar na mesma linha, mas com um novo passo”.

“A questão indígena é fundamental para o mundo atual, e ela entra nesse disco como um traço da experiência contemporânea”, avalia Francisco. “É um disco de um artista que já tem uma história inteira por trás, mas que está vivendo o hoje, quer dialogar com o hoje”.

‘E aí?’, parceria inédita de João e Aldir Blanc, é uma canção sobre desencontro a partir de situações banais – o cumprimento não respondido, a visita que não chega. A história por trás da música é em si um desencontro.

“Acho que Aldir pensou que me mandou, mas não mandou”, tenta entender o compositor. Ele decidiu, então, ‘corrigir’ o desencontro e escreveu a melodia que ouvimos no disco. Guto, Kiko e Cristóvão conduzem com João o samba-bossa sereno. No início, um assovio guarda uma essência que sintetiza a beleza da amizade da dupla. “Penso na falta que me faz o Aldir. A sua não presença está na canção. O que é aquele assovio? Eu assovio como em ‘Vida noturna’, como em ‘Me dá a penúltima’, canções que ele adorava”.

Outro detalhe tocante do arranjo: o solo de piano cita ‘Tive sim’, de Cartola. João explica:

“Pedi isso para Cristóvão porque quando conheci Aldir, era uma das músicas que ele gostava que eu o acompanhasse. Toda festinha de violão que a gente ia, quando ele dizia pra mim ‘dó maior’, eu já sabia que era ‘Tive sim’. Então tudo nessa canção foi feito pra ele”.

João Bosco. Foto: Victor Correa.

‘Dias que são assim’, de João e Francisco, captura aqueles momentos em que “um bicho espalha o lixo de nosso coração”. O instante em que a alma se quebra. A leveza flutuante da valsa-fox conduzida por João, Guto, Kiko e Cristóvão – e reforçada pelas cordas – contrasta com essa catástrofe existencial, mas ao mesmo tempo aponta para o renascimento do verso final: “Piso o carvão, recomeço a ser”.

Com produção musical de João e arranjos de base e de cordas assinados por Cristóvão — com exceção de ‘O canto da Terra por um fio’, no qual o arranjo é de Morelenbaum —, o álbum tem uma sonoridade que orbita naturalmente em torno do violão do compositor. João conta que batem em ‘Boca cheia de frutas’ as ondas de um disco que vem ocupando sua mente e coração há décadas, desde que o ouvia em sua vitrola na juventude em Ouro Preto, mas que cresceu dentro dele mais especialmente nos últimos anos: “The composer of ‘Desafinado’ plays”, primeiro de Tom Jobim, de 1963.

“É uma pedra fundamental na música brasileira. Antes tinha vindo o Caymmi, em quem penso todo dia, o ‘Canções praieiras’, de 1954. Mas tudo isso em ‘The composer’ ganha uma madureza…”, define João. “Gosto dessa palavra, madureza, usada por Drummond, que indica que há um processo de procura, de dureza mesmo, de trabalho árduo, que depois se transforma em algo mágico. A ideia de que quando você está disposto a encontrar algo, pronto para receber isso, você trabalha duro nessa direção e de repente o sonho acontece. ‘The composer’ é isso. E, neste meu disco, ele é uma das frutas que eu trago”.

Há outras frutas depuradas em ‘Dinossauros da Candelária’, samba de João e Francisco no qual dialogam de maneira exuberante o violão de João e o violão de sete cordas de Rogério Caetano, que se bastam na faixa. A primeira dessas frutas é ‘Vai pro lado de lá’, de Candeia e Euclenes, citada já na abertura da canção – evocando Clementina de Jesus, que a canta num vídeo histórico da TV Tupi que pode ser visto no YouTube. A partir daí, se desenrola um samba carnavalesco de pés fincados num Catumbi mítico, com letra de mosaico trançado pela dupla, cruzando referências que incluem ‘Uva de caminhão’, de Assis Valente, e ‘Dois mil e índio’, de João e Aldir. Zeca Pagodinho e Martinho da Vila também são citados nos versos.

João Bosco. Foto: Victor Correa.

“Meu pai, Martinho e Zeca tinham marcado pra se encontrar pra fazer um samba”, conta Francisco. “Mas algo aconteceu e não houve o encontro. Por isso os versos ‘Era pra ter o Pagodinho/Era pra ter o Odilê’ (referência ao compositor da Vila, parceiro de João em ‘Odilê, odilá’). Tem essa história aí dentro também. E tem a Dona Alba, mãe de santo do meu pai. Ele cantou o samba pra ela, e há ali um oriki de Oxossi. Ela ouviu e falou que estava bonito, mas que tínhamos que botar o olho de Oxossi, por isso a referência a ‘ojú odé’ (‘olhos de Oxossi’, em yorubá). Dona Alba é então parceira informal do samba”.

Do Catumbi, o disco nos leva para a Amazônia profunda. ‘Buraco’, mais uma parceria de João e Francisco, tem como personagem o indígena conhecido entre antropólogos como ‘Índio do Buraco’ ou ‘Índio Tanaru’, que viveu isolado em Rondônia, recusando-se ao contato até sua morte em 2022, quando foi encontrado num buraco, paramentado como se esperando o fim.

Último sobrevivente de sua etnia, o personagem que aparece na canção materializa a dimensão do vazio do país, a boca sem frutas da nação. “Sem mundo, sem terra, sem povo, sem língua, sem nome, sem nada de si/No oco buraco da História, em um tapiri”, dizem os versos, que mais à frente explicitam a metáfora: “Estóico viveu/ Estóico partiu/ E ao não se mostrar/ Mostrou o Brasil”.

O tom ao mesmo tempo solene e solar, de lamento e denúncia, é construído pelo violão de João, o baixo de Guto, a bateria de Kiko e o piano de Cristóvão. Os vocais do cantor no início e no fim a elevam e a ligam ainda mais ao chão trágico e transcendental.

‘SobreTom’, faixa instrumental em compasso ternário que João fez em tributo a Tom Jobim, nos leva de volta ao Brasil da beleza em abundância. Estão com ele no arranjo – além de Guto, Kiko e Cristóvão – a flautista Andrea Ernest Dias e o trombonista Everson Moraes, ao lado de violinos, violas e violoncelos. O formato faz referência direta à sonoridade de “The composer of ‘Desafinado’ plays”. “Como naquele disco, o violão faz a parte harmônica, o piano só faz a melodia, o baixo é acústico, o trombone é aquele, a flauta é aquela”, explica o compositor.

Já ‘Samba sonhado’, faixa seguinte, tem como modelo a estrutura das gravações de João Gilberto, citado na letra como “fruto benfazejo que um Juazeiro dá”. “Tem uma introdução de cordas, depois a canção cantada só com cordas, voz e violão, por fim a percussão e bateria entrando apenas na repetição… Uma coisa que o João fez muitas vezes”, detalha Francisco, parceiro de João na canção.

Na companhia de Guto, Kiko, Cristóvão, Marçal e Zero, além das cordas, João canta com graça joãogilbertiana a agonia contemporânea da insônia (“Mas deito em vão/O céu se fecha e os olhos não/Cristais de telas vêm/Desassossegos vêm/E o sono passa como um trem”). O antídoto é exatamente essa fruta brasileira, o samba sonhado que o filho de Juazeiro lançou no mundo – irmão do sonho yanomami, outro terreno de ancestralidade que já havia se mostrado no álbum.

Aldir é lembrado novamente em ‘Gurufim’, homenagem composta por João e Francisco. A palavra gurufim designa o ritual tradicional do universo do samba — um velório no qual se canta e dança para se celebrar o morto. “Aldir morreu em 2020, na pandemia, e não pudemos nos despedir dele”, lembra João. “‘Gurufim’ é então uma espécie de despedida com atraso, mas da forma que ele merecia”.

A letra – cantada por João sozinho, acompanhado apenas de seu violão – parte da saudade de Aldir despertada pelo grito de um vizinho, vascaíno como o letrista, “reclamando um toque de mão”. Francisco assumiu a tarefa delicada de encontrar palavras que dessem conta do sentimento do pai pelo amigo: “Ele gostou muito, mas corrigiu um ou outro verso: ‘Isso aqui tá um pouco emotivo demais, Aldir não ia gostar’”. Ajustes que testemunham a intimidade de amigos que se (re)conhecem.

Introduzida por mais um canto de língua sonhada por João, ‘O cio da Terra’, de Milton Nascimento e Chico Buarque, encerra ‘Boca cheia de frutas’ encerrando em si a síntese do chão fértil no qual o disco se sustenta. A sabedoria de conhecer o desejo da terra, respeitá-lo e colher o fruto que vem daí, as frutas que enchem a boca do futuro.

A canção se ergue sobre o violão de João, o baixo de Guto, o piano e o teclado de Cristóvão e a bateria de Kiko. Em sua parte final, se juntam aos instrumentos as vozes das crianças, os pássaros, os cantos mencionados na abertura deste texto. “Nada anuncia mais o futuro do que a euforia das crianças saindo da escola. É a vida ali”, diz João. “Note que lá em ‘O canto da Terra por um fio’ tem uma arara que canta. Mas ali é um grito de socorro, trágico. Em ‘O cio da Terra’, aquela arara se junta aos tucanos, ao sabiá, aos outros pássaros que existem dentro de uma floresta saudável, viçosa, inteira… e todos se juntam às crianças, porque elas são a mesma coisa, elas também são pássaros”.

Quando retoma aí o canto yanomami que anuncia a “boca cheia de frutas” que já havia mostrado em ‘O canto da Terra por um fio’, é como se João recuperasse aquelas palavras noutra dimensão. Numa terra fecundada. ‘Boca cheia de frutas’, o álbum, é semente e produto desse solo sonhado e, portanto, real. Ouça o álbum nas plataformas digitais: Boca Cheia de Frutas.

Ficha técnica

Álbum Boca cheia de frutas – João Bosco

Concepção: João Bosco e Francisco Bosco

Produção Musical: João Bosco

Arranjos de base: Cristóvão Bastos

Arranjos para cordas: Cristóvão Bastos

Arranjo da faixa ‘O canto da Terra por um fio’: Jaques Morelenbaum

Diretor de Produção: João Mário Linhares

Produção Executiva: João Paulo Linhares

Consultoria Artística /Produção Executiva: Júlia Bosco

Gravado no estúdio Visom Digital, de 18 de março a 2 de abril de 2024

Engenheiro de Gravação: Guido Pera

Mixagem: Márcio Gama

Masterização: Carlinhos Freitas

Realização/lançamento: Som Livre/ MPB

Assessoria de comunicação: Lupa Comunicação

Direção criativa da capa do álbum: André Rola, João Ferro, Victor Corrêa.

Faixas

1 – Dandara (João Bosco/Roque Ferreira)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Piano – Cristóvão Bastos

Percussão – Armando Marçal

Percussão – Zero

2 – Vir-a-ser (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano – Cristóvão Bastos

3 – O canto da Terra por um fio (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Violoncelo – Jaques Morelenbaum

4 – E aí? (João Bosco/Aldir Blanc)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano e Teclado Roland Fp30x – Cristóvão Bastos

5 – Dias que são assim (João Bosco /Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano – Cristóvão Bastos

Daniel Albuquerque – Violino

Antonella Pareschi – Violino

Marluce Ferreira – Violino

Tamara Barquette – Violino

Glauco Fernandes – Violino

Camila Ebendiger – Violino

Diego Silva – Viola

Carlos Eduardo – Viola

Emilia Valova – Violoncelo

Daniel Silva – Violoncelo

6 – Dinossauros da Candelária (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Violão de sete cordas – Rogério Caetano

7 – Buraco (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano – Cristóvão Bastos

8 – SobreTom (João Bosco) – Faixa Instrumental

Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano – Cristóvão Bastos

Flauta – Andrea Ernest Dias

Trombone – Everson Moraes

Daniel Albuquerque – Violino

Antonella Pareschi – Violino

Marluce Ferreira – Violino

Tamara Barquette – Violino

Glauco Fernandes – Violino

Camila Ebendiger – Violino

Diego Silva – Viola

Carlos Eduardo – Viola

Emilia Valova – Violoncelo

Daniel Silva – Violoncelo

9 – Samba sonhado (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano – Cristóvão Bastos

Percussão – Armando Marçal

Percussão – Zero

Daniel Albuquerque – Violino

Antonella Pareschi – Violino

Marluce Ferreira – Violino

Tamara Barquette – Violino

Glauco Fernandes – Violino

Camila Ebendiger – Violino

Diego Silva – Viola

Carlos Eduardo – Viola

Emilia Valova – Violoncelo

Daniel Silva – Violoncelo

10 – Gurufim (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e violão – João Bosco

11 – O cio da Terra (Milton Nascimento/Chico Buarque) – Boca cheia de frutas (João Bosco/Francisco Bosco)

Voz e Violão – João Bosco

Baixo Acústico – Guto Wirtti

Bateria – Kiko Freitas

Piano e Teclado Roland Fp30x – Cristóvão Bastos.

(Fonte: Lupa Comunicação)

Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo e ópera ‘O Contractador de Diamantes’ são destaques em junho no Theatro Municipal

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador/Divulgação.

Abrindo a temporada 2024, nos dias 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14 e 15 de junho, o Balé da Cidade de São Paulo apresentará a peça inédita ‘Piedad Salvaje’ e ‘Horizonte+’ na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal com direção artística de Alejandro Ahmed. Abrindo a noite, será apresentada ‘Horizonte+’, de concepção e coreografia de Beatriz Sano e Eduardo Fukushima com música de Chico Leibholz e dramaturgia de Júlia Rocha.

Em seguida, a estreia mundial de ‘Piedad Salvaje’, uma coreografia de Judith Sánchez Ruíz, cujo trabalho é norteado por questões como casualidade e complexidade humana, improvisação, comunidade e ativismo, como nas peças ‘Encaje’ (2017) e ‘My Breast on the Table’ (2019). Com 17 bailarinos em cena, a coreografia traz como base a técnica ‘breaking the house’, desenvolvida por Judith, que tem como objetivo quebrar os próprios hábitos do corpo. Os ingressos variam de R$12,00 a R$87,00 (inteira), com classificação livre e 80 minutos com intervalo.

Terceira da temporada lírica, nos dias 28, 29, 30 de junho e 2 de julho, a ópera ‘O Contractador de Diamantes’, do brasileiro Francisco Mignone, com libreto em italiano de Gerolamo Bottoni, será apresentada no Theatro Municipal com direção cênica de William Pereira, direção musical de Alessandro Sangiorgi e participação da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coro Lírico Municipal. A ópera será cantada em português pela primeira vez na história, em um exercício de repatriação das origens nacionais narrativas e de seu criador.

No elenco de solistas, a ópera contará com Lício Bruno, Don Filiberto Caldeira; Rosana Lamosa, Cotinha Caldeira; Giovanni Tristacci, Camacho; Douglas Hahn, Magistrato; e Mar Oliveira, Maestro Vincenzo. Os ingressos variam de R$12,00 a R$165,00 (inteira), com classificação indicativa de não recomendado para menores de 10 anos e duração total de aproximadamente 180 minutos com intervalo.   ‎

Ainda no início do mês, dia 6 de junho, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório da Praça das Artes, o Quarteto de Cordas da Cidade continuará com a série de Grandes Quintetos, apresentando obras de Jean Sibelius. A apresentação conta com Betina Stegmann e Nelson Rios nos violinos, Marcelo Jaffé na viola, Rafael Cesario no violoncelo e Rubia Santos ao piano. O programa incluirá o Quarteto Op. 56, ‘Vozes íntimas’ (30 minutos) e o Quinteto em Sol menor (40 minutos). Os ingressos custam R$33 (inteira), com classificação livre e duração total de aproximadamente 70 minutos sem intervalo.   ‎

Já no dia 8, sábado, às 11h, o Coro Lírico Municipal, com regência de Érica Hindrikson, participa da programação do Municipal Circula e se apresenta desta vez no CEU Vila Atlântica. O Theatro Municipal de São Paulo, com o compromisso de ampliar e promover o acesso à sua programação, realiza o Municipal Circula em diversos espaços culturais da cidade de São Paulo. A entrada é gratuita, com classificação livre e duração total de aproximadamente 80 minutos sem intervalo.

Dentro dos projetos especiais, a peça ‘Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios’, apresentada pela Cia. Artesãos do Corpo, será apresentada nos dias 13/6, às 15h, 14/6, às 17h, e 15/6, às 16h, no Vão da Praça das Artes. A obra é uma criação livremente inspirada na série de fotografias ‘Escultura do inconsciente’, do fotógrafo Tatewaki Nio, que retrata paisagens suspensas no tempo. Com intérpretes que buscam dialogar com ideias de demolição, implosão e ocupação, a performance explora uma paisagem impermanente de memórias e ausências. Os ingressos são gratuitos, classificação livre e duração de 45 minutos.

Nos dias 14 e 15, sexta-feira e sábado, respectivamente, às 20h e 17h, a Orquestra Sinfônica Municipal apresentará ‘Sonho e Revolução’ na Sala do Conservatório da Praça das Artes, sob regência de Érica Hindrikson, com Thiago Lamattina no xilofone. O programa incluirá obras de Catarina Domenici, Thomas Adès, Osvaldo Lacerda e Joseph Haydn. Os ingressos custam R$33 (inteira), a classificação é livre e a duração total, de aproximadamente 80 minutos com intervalo de 15 minutos. No dia 13, às 16h, será realizada uma versão em formato de Concerto Didático, com duração aproximada de 50 minutos e classificação livre para todos os públicos.

Sob regência de Wagner Polistchuk, no dia 16 de junho, domingo, às 11h, a Orquestra Experimental de Repertório apresentará ‘Shakespearianas’ na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal. O programa incluirá ‘Romeu e Julieta’, ‘Abertura Fantasia’ (19′), de Tchaikovsky, ‘Macbeth’, TrV 163, Op. 23 – ‘Poema Sinfônico’ (18′), de Strauss, e Hamlet, ‘Poema Sinfônico n° 10’, S. 104 (10′), de Liszt. Os ingressos variam de R$12 a R$33 (inteira), com classificação livre e duração total de aproximadamente 50 minutos sem intervalo.

No dia 18, terça-feira, às 20h, o Coral Paulistano apresentará ‘A Música e o Rito’ no Salão Nobre do Theatro Municipal, sob regência de Isabela Siscari, com a participação de Indhyra Gonfio, Raquel Manoel, Silvana Ferreira, Thiago Montenegro e Felipe Bernardo. O programa incluirá obras de Josef Rheinberger e Clara Schumann. Os ingressos custam R$33 (inteira), com classificação livre e duração total de aproximadamente 50 minutos sem intervalo.

O Quarteto de Cordas da Cidade apresentará ‘São Tango’ no dia 20 de junho, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório da Praça das Artes. Essa é uma obra de estreia do violinista e compositor Alexandre Drago, juntamente com outras composições de sua autoria. O quarteto é composto por Betina Stegmann, Nelson Rios e Alejandro Drago nos violinos, Marcelo Jaffé na viola, Rafael Cesario no violoncelo e Thiago Hessel no contrabaixo. Os ingressos custam R$33,00 (inteira), classificação livre e duração total de 60 minutos.   ‎

No dia 21, sexta-feira, às 19h, no Vão Livre da Praça das Artes, acontecerá o Samba de Sexta, com a participação da Comunidade Samba da Laje. Este evento mensal traz os principais grupos de São Paulo para uma animada roda de samba com entrada gratuita. O Samba da Laje, tradicional há 26 anos na Vila Santa Catarina, zona sul da cidade, é reconhecido como a primeira roda de samba de comunidade de São Paulo e como Patrimônio Imaterial Cultural da cidade. A duração total do evento é de aproximadamente 180 minutos, sem intervalo, gratuito e com classificação livre para todos os públicos.

Por fim, nos dias 24, 25 e 26 de junho, às 20h, na Cúpula do Theatro Municipal, será apresentado ‘O Homem que Queria Ser Livro’, parte do projeto Teatro no Theatro. O texto, de Flavio de Souza, a partir do título de Darson Ribeiro, traz uma história envolvendo a busca pelo sentido da vida através dos livros. A narrativa aborda o enigma da morte e do nada, levando o protagonista a se transformar em diversos personagens de livros. No entanto, após experiências marcantes, como a morte da mãe e o impacto de Dom Quixote, ele percebe que o que realmente desejava era ser livre. Os ingressos custam R$33,00, com classificação livre e duração aproximada de 50 minutos.

Mais informações disponíveis no site.

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)