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Flor de Mururé lança single e clipe ‘Dona Mulambo’ e faz da música uma oferenda

Belém do Pará, por Kleber Patricio

Foto: Rafaela Kennedy.

Foto: Rafaela Kennedy.

Exú Mulher, Dona Mulambo é a pombagira que tira seus filhos da sujeira e os conduz, à força, à coragem e ao renascimento. É entidade de reconstrução e amor. Para falar dessa fé preta e cabocla como instrumento para se manter de pé no país que mais mata pessoas trans no mundo, Flor de Mururé, artista trans e amazônida, abre caminhos e lança o single e o clipeDona Mulambo’. O projeto tem patrocínio da Natura Musical e do Governo do Estado do Pará via Lei Semear e Fundação Cultural do Pará, com produção executiva da Psica Produções.   ‎

‘Dona Mulambo’ foi escolhida para apresentar ao público o disco de estreia de Flor, batizado de CROA, que chega às plataformas digitais ainda este mês. Neste trabalho inédito, o artista traz suas vivências como homem trans e a relação de afeto e sobrevivência de corpos dissidentes por meio das religiões de matrizes africanas e originárias, que celebram orixás, voduns e encantados.   ‎

Com levada de Tambor de Mina e participações do Trio Manari na percussão, do suíço Thomas Rohrer na rabeca e produção musical de André Magalhães, ‘Dona Mulamba’ mostra a força da sonoridade popular e dos terreiros do Pará e do Maranhão, com as bênçãos de Mãe Rosa de Luyara de Oyá em áudio captado durante gira no Terreiro Rainha Bárbara Soeira e Tóy Azaká – Casa de Santo dedicada a pessoas LGBTQIA+ no subúrbio de Belém, capital do Pará.   ‎

“Imagina ser trans na Amazônia, periferia do país que mais assassina pessoas trans no mundo e que, ao mesmo tempo, é o que mais consome pornografia trans no planeta?”, provoca o artista, que deixou a própria casa ainda adolescente em busca de sobreviver às tensões familiares. Nesse contexto hostil, Flor se volta à arte e se aproxima da fé afro religiosa.    ‎

Na invenção genuína de seu lar e de pertencimento, Flor ganha irmãos e acolhida no terreiro de Tambor de Mina encabeçado por uma travesti, a Mãe Rosa de Luyara. “O nosso corpo é marginalizado em todos os lugares e ambientes. Essa é a verdade. A gente não tem espaço nem para o espiritual. Então, quando eu me deparo com a Mãe Rosinha, vejo nela um corpo trans, minha imagem e semelhança. Sinto que ali poderia seguir o meu caminho”, diz.    ‎

Lugar de resistência, o terreiro é frequentado por pessoas LGBTQIA+ que se tornaram fundamentais para erguer CROA. Do single ‘Dona Mulambo’, participam as artistas trans Anastácia Marshelly, Valesca Minaj e Mulambra. “A gente sofre muitas retaliações, é mal visto. Mas pode entrar na Casa a pessoa que for, que ninguém vira as costas, a gente ajuda. Imagina o mundo contra nós e a gente abraçando e perdoando. A nossa capacidade de perdão é muito grande para poder existir no mundo”.

De força e luz, o amor materno de Dona Mulambo é celebrado na composição de Flor de Mururé em parceria com João Feijão. “Fui tirado do lixo para ser melhor. Foi mamãe quem falou. Eu vou te alimentar, vou te fortificar. Você é minha mamãe, Saravá!”.

O clipe, com direção artística de Flor de Mururé e Cabron Studios, traz imagens das festas no terreiro, seus corpos trans em gira, imagens de bastidores da gravação da música, cenas dos artistas em visita a regiões ribeirinhas da Amazônia e trechos de shows realizados em Belém: uma compilação da potência e da trajetória de insistência e arte do músico paraense, de apenas 23 anos. “Eu não queria precisar lutar só por ser uma pessoa trans, não queria me provar o tempo todo. Não faço questão da fama, do sucesso. Pra mim, o que importa é nosso corpo-território vivo”, diz o artista.   ‎

CROA

A poesia política e religiosa marca as composições do cantor paraense. Em sua sonoridade, Flor de Mururé traz ritmos como coco, hip hop, guitarrada, pop, blues, carimbó e outros ritmos amazônicos.

Flor é formado em violão popular, com 10 anos de estudo musical no conservatório Carlos Gomes, além de estudos em canto coral, violino e flauta. Além disso, é pesquisador em ritmos ancestrais e diretor de trilha sonora, com dois longas, um curta e um documentário na bagagem.    ‎

Prestes a ser lançado, CROA é o primeiro álbum do multi-instrumentista. No Candomblé e na Umbanda, “croa” pode ser relacionado ao termo “coroa”, que é utilizado para descrever a coroa de um orixá ou entidade espiritual. Para Flor, o disco é uma forma de agradecer às entidades que regem sua cabeça, seu ori, que cuidam do seu espírito e corpo. As músicas falam sobre o caminho espiritual de Flor, seu caminho de cura a partir da experiência de um corpo trans que tem a espiritualidade como uma ferramenta de sobrevivência.    ‎

O trabalho, que tem registros em áudio de cerimônias religiosas do Pará e do Maranhão e participações ilustres como Tiganá Santana, Grupo Bongar, Trio Manari e um coro de vozes de artistas trans, traz 7 faixas com um olhar único para a cultura popular e religiosa da Amazônia.

CROA foi selecionado pelo edital Natura Musical por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear), ao lado de nomes como Azuliteral, Daniel ADR, Elas no Comando, Festival Lambateria e Raidol. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Dona Onete, Raidol, Nic Dias e os festivais Mana, Lambateria e Psica.

Sobre Natura Musical | Natura Musical é a plataforma cultural da marca Natura que há 18 anos valoriza a música como um veículo de bem estar e conexão. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu mais de R$190 milhões no patrocínio de mais de 600 artistas e projetos em todo o Brasil, promovendo experiências musicais que projetam a pluralidade da nossa cultura. Em parcerias com festivais e com a Casa Natura Musical, fomenta encontros que transformam o mundo. Quer saber mais? Siga nas redes sociais: @naturamusical.    ‎

Ficha técnica

Dona Mulambo (Flor de Mururé e João Feijão)

Voz: Flor de Mururé

Percussão: Flor de Mururé, André Magalhães, João Feijão e Trio Manari

Rabeca: Thomas Rohrer

Violão e contrabaixo: João Feijão

Coro: Anastácia Marshelly, Valesca Minaj, Mulambra, Flor de Mururé e André Magalhães

Gravação de Rabeca no Estúdio Parede Meia (São Paulo – SP) por Rovilson Pascoal

Trecho de áudio Mãe Rosa de Luyara de Oyá captado no Terreiro Rainha Bárbara Soeira e Tóy Azaká (Belém – PA) por Flor de Mururé.   ‎

Serviço:

Flor de Mururé lança o single e clipe ‘Dona Mulambo’ nas redes e plataformas digitais.

(Fonte: Assessoria de Imprensa Flor de Mururé)

Sesc 24 de Maio recebe tributo à poesia e à música de Capinan, com participações especiais de Jards Macalé e Renato Braz

São Paulo, por Kleber Patricio

Capinan. Foto: Rodrigo Sombra.

Aos 83 anos, José Carlos Capinan, mais conhecido como Capinan, apresenta o conjunto de sua obra poética em Cancioneiro Geral (Círculo de Poemas). O evento, que conta com a apresentação da cantora Maria Bethânia e participações especiais de Jards Macalé e Renato Braz, será uma celebração da valorosa contribuição do poeta para a música popular brasileira no palco do Sesc 24 de Maio, 26/5, domingo às 18h.

Capinan é reconhecido por seus poemas que se tornaram pilares de projetos musicais de grandes nomes como Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo e Paulinho da Viola, entre outros. Sua poesia, marcada por versos de desejo, amor e revolução, foi interpretada por vozes como Maria Bethânia, Marília Medalha, Gal Costa, Elis Regina, Clara Nunes, Wanderléa e Nara Leão.

Nos anos 1960, Capinan foi uma das mentes por trás do Centro Popular de Cultura (CPC) e do movimento tropicalista, destacando-se com composições como ‘Miserere Nobis’, ‘Soy Loco por Ti, América’ (ambas em parceria com Gil) e ‘Clarice’ (com Caetano). Após a Tropicália, sua poética continuou a evoluir em parcerias com Jards Macalé e Paulinho da Viola.    ‎

Serviço:

Cancioneiro Geral – Tributo a Capinan

Data: 26/5, domingo, às 18h

Local: Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109, São Paulo – 350 metros da estação República do metrô

Classificação: 12 anos

Ingressos: sescsp.org.br/24demaio ou pelo aplicativo Credencial Sesc SP a partir do dia 14/5 e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 15/5 – R$60 (inteira), R$30 (meia) e R$18 (Credencial Sesc)

Duração do show: 90 min

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Sesc 24 de Maio

Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo (SP) – a 350 metros do metrô República

Fone: (11) 3350-6300.

(Fonte: Assessoria de Imprensa Sesc 24 de Maio)

Exposição celebra legado de italianos e descendentes na arquitetura paulista

São Paulo, por Kleber Patricio

Entre 1819 e 1940, dos cerca de 4,7 milhões de imigrantes que aportaram no estado de São Paulo, 1,5 milhão tinham origem italiana. Nas décadas seguintes e com os recursos da economia do café, estes imigrantes e seus descendentes transformaram a produção arquitetônica paulista a partir da construção de edifícios públicos, hospitais, igrejas, palacetes, fábricas, residências e muitas outras obras. A partir do dia 16/5, a sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) vai abrigar uma exposição para celebrar este legado: ‘Arquitetura italiana no estado de São Paulo’, que vai ocupar o saguão do prédio até o dia 2 de agosto.    ‎

Este legado foi construído por práticos licenciados, engenheiros e arquitetos italianos e descendentes de italiano, tais como Felisberto Ranzini (1881–1976), autor do projeto e responsável pelo desenho das fachadas em estilo eclético do Mercado Municipal de São Paulo, ou de Giuseppe Chiappori (1874 –?), autor do projeto do Edifício Leonardo da Vinci, que atualmente abriga o Colégio Dante Alighieri na capital, ou de Carlo Barberi (1864–1943), que assinou diversos projetos residenciais em Ribeirão Preto e tantos outros que não há espaço para citar. ‎

A exposição, portanto, também é uma comemoração dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, abordando obras entre o final do século XIX e início do século XX.  ‎

Na abertura, os visitantes também poderão assistir a uma série de atividades:

– Abertura com presença de representantes do Consulado Geral da Itália do Iphan/SP, além do CAU/SP

– Apresentação da plataforma online sobre arquitetura italiana no Estado de São Paulo, um projeto realizado com apoio do CAU/SP via parceria de fomento

– A palestra ‘Em busca do patrimônio italiano em São Paulo’, a cargo da Prof. Dra. Beatriz Piccolotto (FAU USP)

– Três mesas de debate, com os temas: ‘Patrimônio Arquitetônico: Desafios da Preservação’, ‘Patrimônio Documental: Acervos, Repositórios Digitais, Desafios da Extroversão’ e ‘Plataforma Italianos Itinerância e Extroversão’, com representantes do meio acadêmico e de órgãos públicos da área de preservação do patrimônio e arquivos históricos.

A exposição ‘Arquiteta italiana no estado de São Paulo’ está integrada ao calendário da cidade para a Virada Cultural 2024, no final de semana de 18 e 19 de maio, e da Semana Nacional de Museus de 2024, entre os dias 13 a 19 de maio.   ‎

Este evento é organizado pelo CAU/SP, FAU USP, Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos, Cicop Net (Centro Internazionale per la Conservazione del Patrimonio Architettonico – Italia) e Instituto Cultural Janela Aberta. A curadoria está a cargo de Maria Rita Amoroso (arquiteta e urbanista), Beatriz Piccolotto Bueno (artista plástica e historiadora) e Ana Carolina Gleria Lima (arquiteta e urbanista).   ‎

Serviço:

Exposição ‘Arquitetura italiana no estado de São Paulo’

Data: 16 de maio a 02 de agosto de 2024

Horário: das 9h às 18h

Local: Rua XV de Novembro, 194 – Centro Histórico (próximo da estação de metrô São Bento) – São Paulo/SP.

Programação

Dia 16 de maio de 2024

10h – Abertura

– Consulado Geral da Itália em São Paulo – Domenico Fornara

– CAU-SP – Presidente Arq.Urb. Camila Moreno de Camargo

– Coordenador da CRI (Comissão de Relações Internacionais CAU-SP), Arq.Urb Rafael D’Ambrozio – Superintendente do Iphan-SP, Danilo Nunes

10h30 – Plataforma on-line: arquitetura italiana no Estado de São Paulo – Arq. Urb. PhD Maria Rita Amoroso (Cicop.NET/BRASIL /FIPA/FAU USP) e Prof. Dr. Miguel Buzzar (IAU-USP)

 

10h45 – Palestra: ‘Em busca do Patrimônio Italiano em São Paulo’ – Profa. Dra. Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno (FAU USP)

11h às 13h – Rodas de Conversa   ‎

Mesa 1. Patrimônio Arquitetônico: Desafios da Preservação – Mediadora: Arq. Urb. PhD Maria Rita Silveira de Paula Amoroso (Cicop.NET.BRASIL/FIPA/FAU USP)

– Arq.Urb Maíra de Camargo Barros (Coordenadora da Comissão Especial de Patrimônio do CAU-SP)

– Arq. Urb. Profa. Dra. Silvia Ferreira Santos Wolff (FAU Mackenzie/Aposentada Condephaat)

– Prof. Lindener Pareto Junior (Historiador e Curador Acadêmico no Instituto Conhecimento Libera – ICL)

Mesa 2. Patrimônio Documental: Acervos, Repositórios Digitais, Desafios da Extroversão –

Mediadora: Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno (FAUUSP)

– Dr. Guilherme Galuppo Borba (Arquivo Histórico Municipal)

– Arq. Urb. PhD Monica Frandi Ferreira (Arquivo Público e Histórico do Município de Rio Claro)

– Profa. Fernanda Carvalho (Curadora do Acervo Histórico do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo)

Mesa3. Plataforma Italianos, Itinerância e Extroversão

Mediador: Prof. Dr. Miguel Buzzar (IAU-SP)

– Arq. Urb. Prof. Dra Maísa Fonseca de Almeida (IAU-SP)

– Arq. Urb. PhD Ana Carolina Gléria de Lima (Pós-Doc FAU USP)

– Arq. Urb. Profa. Juliana Binotti Pereira Scariato (Vice-Presidente do Condephali)

(Fonte: Ink Comunicação)

Inscrições abertas: 24ª Caminhada Fotográfica Hercule Florence ocorre no próximo 19 de maio

Campinas, por Kleber Patricio

A atividade é gratuita e amantes da fotografia amadores e profissionais poderão explorar a história e a beleza de Campinas. Foto: Melissa Villegas.

Estão abertas as inscrições gratuitas para a 24ª Caminhada Fotográfica Hercule Florence – Edição Especial de Inauguração da Sala Hercule Florence no MIS Campinas, que será realizada em 19 de maio, domingo. A proposta tem como objetivo explorar a história e a beleza de Campinas, que está completando 250 anos, por meio da arte da fotografia. A inscrição é gratuita e pode ser feita pela internet.

Com saída prevista para 9h, do Museu da Imagem e do Som (MIS), o roteiro inclui visita ao centro de Campinas, chegada ao busto de Hercule Florence no Largo São Benedito, passagem pela antiga casa de Hercule Florence no marco zero da cidade e retorno ao MIS. A caminhada conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e da Wikipedia. Os participantes poderão, ainda, contribuir com o acervo disponível on-line, bastando se tornar um editor Wiki. A concentração será às 8h, com uma visita à Sala Hercule Florence seguida por uma breve palestra da Wikipedia, que irá orientar a forma de subir as fotos na plataforma. “Convidamos os amantes da fotografia para essa caminhada para que, juntos, possamos descobrir os encantos e os segredos de Campinas. Cada um tem uma perspectiva única e temos a certeza de que o resultado desta caminhada fotográfica será história”, afirma Ricardo Lima, fotógrafo e coordenador geral do Festival.

A caminhada faz parte das ações que marcam a inauguração da sala expositiva e permanente no MIS dedicada a Hercule Florence, responsável pela descoberta isolada da fotografia há 190 anos, em Campinas. A sala será inaugurada em 18 de maio, Dia Internacional dos Museus.

A programação inclui, ainda, uma mesa de debate no mesmo dia e oficinas com Roger Sassaki, fotógrafo que tem uma pesquisa pessoal em processos históricos fotográficos em seu ateliê, em São Paulo, especialmente em processos de captura e suas implicações estéticas.

O projeto, contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo), tem a parceria do Instituto Hercule Florence, responsável pela salvaguarda das obras, registros e escritos do artista, e contará com ações educativas e recursos de acessibilidade.

Na sala no MIS, os visitantes poderão conhecer a cronologia da vida de Hercule Florence e das experiências relativas à invenção da fotografia por meio de protótipos tridimensionais reconstruídos a partir dos manuscritos originais e acompanhados de vídeos, totens, painéis e QR Codes explicativos. “Nossa proposta é dar visibilidade ao trabalho desenvolvido por Hercule Florence e suas descobertas. Mesmo em Campinas, onde ele escolheu viver, seu legado e sua história ainda são pouco conhecidos. A sala nasce com essa proposta de torná-lo conhecido e acessível, não apenas para os amantes da fotografia”, conta Ana Angélica Costa, responsável pela coordenação artística e pela pesquisa, junto com Débora Bruno.

Serviço:

24ª Caminhada Fotográfica Hercule Florence – Edição Especial Inauguração da Sala Hercule Florence no MIS Campinas

Quando: 19 de maio, domingo

Horário: 9h

Local de partida: MIS Campinas (Rua Regente Feijó, 859 – Centro)

Inscrições gratuitas.

Sobre o Festival Hercule Florence | O Festival Hercule Florence de Fotografia tem como matriz e inspiração a invenção isolada da fotografia no Brasil, em Campinas, feita por Hercule Florence em 1833. Esse fato desencadeou na cidade atitudes fotográficas no percurso dos séculos, principalmente a partir da exposição mundial das descobertas de Florence pelo pesquisador brasileiro Boris Kossoy, em 1976. Dessa cultura fotográfica da cidade nasceram grupos de fotografia, fotógrafos, pesquisas e exposições que fazem parte, nas últimas décadas, da vida cultural de Campinas.

Sobre Hercule Florence | Antoine Hercule Romuald Florence (Nice, França 1804 – Campinas, SP, 1879) foi desenhista, pintor, fotógrafo, tipógrafo, litógrafo, professor e inventor. Chegou ao Brasil em 1824. Trabalhou no comércio e numa empresa tipográfica antes de ingressar na Expedição Langsdorff como desenhista, entre 1825 e 1829. Residia na Vila de São Carlos (atual Campinas), onde inventou um processo fotográfico em 1833. Em busca da simplificação dos procedimentos comuns de reprodução de imagens na época (restritos aos diferentes tipos de gravura), inventou, em 1830, o que chamou de polygraphie [poligrafia], método de impressão em cores semelhante ao atual mimeógrafo. A partir de 1832, começou a investigar as possibilidades de fixação da imagem utilizando a câmera escura por meio de um elemento que muda de cor pela ação da luz. Com a ajuda do boticário Joaquim Correa de Mello, realizou experiências fotoquímicas que deram origem a imagens batizadas de photographie [fotografia], em 1833.

(Fonte: WGO Comunicação)

Produção agrícola sustentável diante da crise climática: o retorno que os gaúchos precisarão dar ao Brasil

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Ampliar os sistemas agroflorestais e agroecológicos é uma medida fundamental para adaptação às mudanças climáticas. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República.

Por Paulo Niederle — Quando esteve no estado do Rio Grande do Sul por conta das enchentes, no domingo, 5 de maio, o presidente Lula foi enfático em afirmar que o Brasil deve muito ao Rio Grande do Sul […], sobretudo se a gente levar em conta a questão da agricultura. Se não fossem os gaúchos desbravadores que venderam seus pequenos lotes aqui e foram comprar terreno com malária no Mato Grosso, Rondônia, Mato Grosso do Sul e em outras regiões do País, possivelmente a gente não teria a pujança da nossa produção agrícola…”.

Essas palavras elevam os ânimos de um povo orgulhoso das suas façanhas e, neste momento tão dramático, são combustível para uma mobilização social nunca vista em nossa história, equiparável somente à magnitude da própria catástrofe. No entanto, elas também exaltam uma das principais causas da crise climática, o modelo insustentável de agropecuária que nós, os gaúchos, contribuímos para disseminar.

A destruição da biodiversidade para expandir a produção de soja está cobrando um preço muito alto. Em 2023, a área desmatada no Cerrado aumentou 43%. Nem mesmo o Pampa, tão marcante na identidade do gaúcho, resiste à expansão dos monocultivos.

Neste momento, todos estão preocupados com o que a perda da produção significará nos preços. De fato, milhares de agricultores familiares perderam tudo e levarão anos para se recuperar, impactando a produção inclusive no longo prazo.

Os efeitos na distribuição de arroz têm particular atenção. Na região metropolitana de Porto Alegre, os assentamentos que produzem arroz orgânico foram fortemente atingidos. Medidas urgentes são necessárias para amenizar a situação dramática de quase 500 famílias de assentados.

Mas a urgência da crise não implica em retirar da pauta o futuro um pouco mais longínquo e discutir desde agora o que a catástrofe nos ensina sobre a organização dos sistemas alimentares. Poderíamos começar com algo simples: nenhum centímetro a menos de florestas e campos nativos!

No entanto, na Câmara dos Deputados, foi um gaúcho o relator de projeto que autoriza o desmatamento de 48 milhões de hectares de campos nativos, agora em tramitação no Senado. Outra ideia básica: estoques estatais são fundamentais para a estabilidade de preços e abastecimento! Porém, o governo anterior desestruturou as políticas de abastecimento e acabou com os estoques, inclusive de arroz.

Não faltam estudos sobre a possibilidade de ampliar a produtividade agrícola nas áreas já existentes. Mas será preciso ir além e recuperar áreas degradadas, notadamente nas encostas dos rios. Além disso, ampliar os sistemas agroflorestais e agroecológicos é uma medida fundamental para adaptação às mudanças climáticas, bem como a agricultura urbana para a resiliência das cidades. A questão é que isso implica em ampliar os recursos destinados à transição para práticas agropecuárias mais sustentáveis.

Como gaúcho, descendente de uma dessas muitas famílias de desbravadores, espero que tenhamos a capacidade de reconhecer os equívocos do passado e, daqui para frente, retribuir a solidariedade de todos os brasileiros com a construção de sistemas alimentares sustentáveis, cujos benefícios possam ser usufruídos por toda a sociedade.

Sobre o autor | Paulo Niederle é professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

(Fonte: Agência Bori)