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Mulheres indigenistas apoiam os povos originários na busca pela igualdade de gênero

Amazonas, por Kleber Patricio

Tainara Proença é natural de São Paulo (SP) e graduada em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Desde 2020, reside em Lábrea (AM) e atua no projeto Raízes do Purus. Foto: Talita Oliveira/OPAN.

O indigenismo feito pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) consiste na atuação em prol da defesa dos direitos dos povos indígenas, realizando intervenções com o objetivo de apoiar os povos na garantia e proteção de seus direitos territoriais, de saúde, educação, cultura, soberania alimentar e autonomia. Ao longo dos anos, a instituição fortaleceu a participação das mulheres em suas equipes. “Antigamente as ações realizadas pelas mulheres indígenas não eram visibilizadas; a entrada das mulheres indigenistas nesse mundo foi mudando o cenário, modificando a maneira de interagir e fazer as coisas”, explica Cristabell López, antropóloga e indigenista da OPAN.

As mudanças a partir da atuação das mulheres reverberam não somente nas relações de trabalho, mas também na intervenção indigenista em campo e na leitura das dinâmicas das relações de gênero de cada povo. Essa transformação é evidente no projeto Raízes do Purus, realizado pela OPAN e patrocinado pela Petrobras e pelo Governo Federal, que tem fortalecido a presença e o papel das mulheres indigenistas, especialmente na atuação direcionada às mulheres indígenas e suas especificidades. O projeto atua com povos indígenas do sul e sudoeste do Amazonas desde 2013, apoiando a gestão e proteção territorial de seis terras indígenas.

Cristabell López é natural de Cauca, na Colômbia, graduada em Antropologia pela Universidade de Cauca, mestre e doutora em Estudos Comparados Sobre as Américas pela Universidade de Brasília (UnB). Foto: Raquel Kanamari/OPAN .

“A partir desse lugar de acolhimento, as mulheres indigenistas contribuem para criar estratégias políticas internas e, por meio do projeto, fomentar isso para que as mulheres indígenas possam, se quiserem, protagonizar questões de seus interesses”, reflete Tainara Proença, ecóloga e indigenista da OPAN. Cristabell e Tainara atuam no Raízes do Purus e vêm contribuindo para a construção de uma abordagem de equidade de gênero no âmbito do projeto.

A importância da atuação das mulheres no indigenismo

Durante a trajetória da OPAN e do projeto Raízes do Purus, tornou-se evidente que as mulheres indígenas possuem necessidades específicas e estabelecem conexões mais profundas com outras mulheres. “A presença feminina na equipe da OPAN traz essa percepção de que elas [as mulheres indígenas] podem ocupar espaços e os homens também aceitarem. O meu trabalho é de olhar as sutilezas, acolher essas emoções e ajudá-las a se posicionar ali perante o povo”, explica tainara.

Foto: Divulgação.

A construção dos laços de confiança e convivência entre as mulheres indígenas e as mulheres indigenistas é uma característica importante para uma atuação que efetivamente contribua com o avanço dos processos de organização social e política dos povos. “Nas aldeias que eu vou e nas atividades que a gente tem, eu compartilho o máximo de tempo com elas para fortalecer esses laços, pois é isso que brinda a possibilidade de elas conseguirem falar ‘olha, a gente quer fazer isso’; enfim, poder dar esse apoio”, conta Cristabell.

Os desafios pessoais e profissionais

A atuação profissional em um contexto predominantemente masculino e a mudança de região torna o cenário duplamente desafiador. Natural de São Paulo, Tainara se mudou para Lábrea (AM) em 2020, para atuar no projeto Raízes do Purus. “O trabalho que é feito aqui é um trabalho que eu respeito muito. Esse trabalho não é só um projeto, a OPAN acompanha a vida de um povo nas suas profundezas, nas suas alegrias, nos seus conflitos, apoiando suas lutas e isso demanda uma dedicação pessoal gigante”, explica a ecóloga.

Foto: Divulgação.

Já Cristabell saiu de Brasília (DF) em 2022 para se estabelecer em Carauari (AM), atuando com os povos Deni e Kanamari no projeto Raízes do Purus. “Tem que ser muito aventureira e intrépida, que são características normalmente atribuídas aos homens, mas que as mulheres também têm. Você tem que estar muito equilibrada para estar nesses mundos e vivenciar o aprendizado de uma maneira que se sinta bem. Acho que uma mulher indigenista é muito mais guerreira mesmo”, conclui.

Pontos em comum

Mesmo em contextos tão distintos, há questões e emoções compartilhadas entre as mulheres indígenas e não indígenas. A luta pela maior participação em espaços políticos é uma delas. “Ao longo dos séculos a gente não tem tido as mesmas oportunidades que os homens, de falas, de espaços participativos e eu acho que isso existe nos dois mundos. Nesse sentido, é uma mesma luta, essa luta de conseguir chegar nos espaços que foram vedados pra gente. A gente não só cria vida, a gente contribui com o território, com a educação, com todo o processo formativo como humanidade”, reflete Cristabell.

Foto: Marina Rabello.

Já Tainara destaca a capacidade do cuidado como algo unificador. “Eu acho que isso é o que une, o desejo de cuidar, de que todos estejam felizes, a vontade de oferecer alimentos para todos. Elas têm uma preocupação gigante em dar essa fartura para todo mundo”, conclui.

(Fonte: DePropósito Comunicação de Causas)

Mais fast food e menos arroz com feijão: excesso de peso de brasileiros cresce com novos hábitos alimentares

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: FreePik.

O arroz com feijão, prato queridinho dos brasileiros até bem pouco tempo atrás, está perdendo cada vez mais espaço para refeições prontas, pobres em nutrientes e ricas em gorduras, como os chamados fast foods. Em um período de dez anos, a substituição de alimentos tradicionais por comidas ultraprocessadas e de preparo rápido pode ter contribuído no aumento do excesso de peso e da obesidade entre homens e mulheres. É o que aponta artigo publicado nesta segunda (6), na “Revista de Nutrição”, por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A pesquisa também constatou redução no consumo de frutas, café e chá, peixes e frutos do mar, carnes processadas, leite e derivados. Por outro lado, houve aumento no consumo de frango e ovos.

Para entender a atual dinâmica alimentar dos brasileiros, os cientistas compararam dados dos blocos de consumo alimentar das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2008 e 2018. Do total de entrevistas, foram selecionados cerca de 50 mil questionários respondidos por homens e mulheres, de 20 a 59 anos, residentes em todo o território nacional, contemplando os diferentes perfis geográficos e socioeconômicos da população.

Segundo a pesquisa, o consumo médio de arroz por homens, por exemplo, diminuiu de 209 gramas por dia registrados em 2008 para 174 gramas em 2018, enquanto o consumo de feijão e outros legumes caiu de 250 gramas para 231 gramas por dia. Já o consumo de fast food aumentou de 31 para 48 gramas diárias no mesmo período. “Essa mudança nos padrões alimentares sugere um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, que estão associados a indicadores de obesidade com tendências positivas, independentemente do sexo e da faixa etária”, explica llana Nogueira Bezerra, pesquisadora da Uece e uma das autoras do estudo.

A pesquisadora lembra que o ganho de peso excessivo está associado também a fatores como “comportamento sedentário, diminuição da prática de atividade física e aumento no número de pessoas residindo em áreas urbanas, onde as atividades laborais e o deslocamento tendem a ser mais sedentários”.

Quando a comparação é de gênero, o levantamento mostra que a proporção de homens com sobrepeso é maior do que a das mulheres, mas o aumento ao longo dos anos entre as mulheres foi maior do que entre os homens. Para elas, o aumento foi de seis pontos percentuais, de 29%, em 2008, para 35%, em 2018. Enquanto entre os homens, o aumento foi de cerca de quatro pontos percentuais, de 38,4% para 42%. Quando o parâmetro é a obesidade, as mulheres apresentam maior proporção que os homens, mas não houve diferença significativa no período, passando de 16,2% para 17,2%. Já os homens, passaram de 9,8% para 12,9%.

Na mudança de comportamento alimentar, as mulheres apresentaram aumento da ingestão de vegetais e também de bebidas alcoólicas. O aumento do consumo de álcool também foi registrado entre os homens.

Para a autora do artigo, uma das estratégias para resgatar a cultura alimentar do nosso país é priorizar os alimentos consumidos e preparados em ambiente familiar diante do aumento de serviços de vendas online e delivery de comidas feitas fora de casa. Além disso, são fundamentais iniciativas como “adequações na rotulagem nutricional, tributação de itens ultraprocessados e regulamentação da publicidade e promoções relacionadas a esses produtos”, conclui Bezerra.

(Fonte: Agência Bori)

Sinfônica da Unicamp e Cia Ópera São Paulo apresentam a ópera ‘Suor Angelica’, de Giacomo Puccini

Campinas, por Kleber Patricio

No dia 9 de maio, às 20h, o Teatro Municipal Castro Mendes recebe a Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e a Cia Ópera São Paulo para uma homenagem aos 100 anos de morte de Giacomo Puccini com a ópera ‘Suor Angélica’.

Sob a regência e direção musical de Cinthia Alireti, a peça contará a história comovente de Angélica, uma jovem nobre de Florença enviada a um convento após ter um filho fora do casamento.

O concerto, organizado pelo Consulado Geral da Itália em São Paulo e pelo Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, traz uma oportunidade imperdível para apreciarmos uma das obras mais tocantes de Puccini.

A entrada é gratuita e os portões serão abertos 30 minutos antes do início do espetáculo. A classificação é de 12 anos.

Serviço:

Ópera Suor Angelica, de Giacomo Puccini

Data e horário: 09 de maio, às 20h

Local: Teatro Municipal Castro Mendes, Campinas – SP
Endereço: Rua Conselheiro Gomide, 62 – Vila Industrial, Campinas – SP

Classificação: 12 anos.

(Fonte: Ciddic/Unicamp)

‘O Lago dos Cisnes’ estreia dia 16 de maio no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Com música de Tchaikovsky, espetáculo está de volta ao palco do Municipal sob a regência do maestro Tobias Volkmann. Foto: Daniel Ebendinger.

Um dos maiores sucessos dos ballets de repertório do mundo, O Lago dos Cisnes, com música de Tchaikovsky, está de volta ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro sob a regência do maestro Tobias Volkmann, com o patrocínio oficial da Petrobras por meio do Programa Petrobras Cultural. A montagem terá concepção e adaptação de Hélio Bejani e Jorge Texeira a partir de Marius Petipa e Lev Ivanov. No elenco, além do Corpo de Baile e Solistas, os primeiros bailarinos do BTM. No total, haverá onze récitas, sendo um ensaio geral e uma apresentação para escolas: 15 de maio (ensaio geral), 16 (estreia), 17,18, 22, 23, 24 e 25 às 19h, dias 19 e 26, às 17h e no dia 21, às 14h (Projeto Escola).

O Lago dos Cisnes é um dos ballets mais populares e aclamados do repertório clássico mundial, conhecido por sua bela música e coreografia deslumbrante. Nessa nossa versão, assinada por mim e pelo maître de ballet Jorge Texeira, trazemos um peso artístico que transcende a técnica pura e simplesmente, possibilitando que nossos bailarinos atuem dentro da principal característica da nossa Companhia: a técnica através da emoção”, ressalta o Diretor do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Hélio Bejani.

A primeira bailarina Claudia Mota e o bailarino convidado Davi Motta Soares na montagem feita no TMRJ em 2022. Foto: Daniel Ebendinger.

“Remontar O Lago dos Cisnes é sempre um desafio por se tratar de uma das mais difíceis criações de Marius Petipa (coreografia) e Tchaikovsky (música). Considero uma celebração, pois é uma obra que permanece sendo dançada desde 1876. Assinei essa remontagem pela primeira vez em 2012 para a Cia Brasileira de Ballet, que se apresentou em diversos teatros pela Brasil e ainda na cidade de Villavicêncio, na Colômbia. A partir de 2019, com a Cia BEMO e em 2022, com o BTM, iniciei uma nova fase de remontagens em parceria com meu amigo Hélio Bejani e com uma nova safra de talentosos jovens bailarinos”, afirma Jorge Texeira, Maître de Ballet e Ensaiador (BTM).

Sinopse | Encenado em quatro atos, o ballet conta a história da princesa Odette, uma jovem aprisionada no corpo de um cisne pelo bruxo Von Rothbart. Vivendo no entorno de um lago, para se libertar dessa condição, ela precisa que um jovem virgem lhe declare amor e fidelidade. E, caso essa jura de amor seja quebrada, Odette permanecerá para sempre como cisne.

Elenco:

PRIMEIROS PAPÉIS

Odette/Odile & Siegfried

– Juliana Valadão e Cicero Gomes

– Marcella Borges e Gustavo Carvalho

– Manuela Roçado e Filipe Moreira

Foto: Daryan Dornelles.

Sobre o maestro Tobias Volkmann | Tobias Volkmann já esteve como convidado à frente de mais de 30 orquestras na Europa, Estados Unidos e América do Sul, foi maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e também principal regente convidado da Orquestra Sinfônica Nacional UFF. Em 2022 fundou a Orquestra Rio Villarmônica e desde 2023 é diretor artístico da Orquestra Sinfônica da UNCuyo, em Mendoza, Argentina. Em 2024 assumiu o posto de diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo. Vencedor de prêmios internacionais na Finlândia e na Rússia, Volkmann estreou na sala Gewandhaus de Leipzig em 2015 como convidado da temporada oficial do Coro e Orquestra Sinfônica da Rádio MDR. Em poucos anos, foi convidado a dirigir em concerto um grande número de orquestras, destacando-se, entre elas, a Orquestra Sinfônica Estatal de São Petersburgo, Filarmônica de Pilsen, Orquestra Sinfônica do Porto Casa da Música, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Filarmônica de Montevidéu, Orquestra Sinfônica do SODRE, Orquestra Sinfônica Nacional do Peru, Orquestra Sinfônica Nacional do Chile, Orquestra Sinfônica de Xalapa, Orquestra Sinfônica Brasileira, Filarmônica de Minas Gerais e Filarmônica de Goiás. Em 2024 estreia na temporada de concertos internacionais do Teatro Colón como convidado da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires.

Récitas

Ensaio Geral – 15/5 – (quarta)

ODETTE – Manuela Roçado

SIEGFRIED – Filipe Moreira

1ª Récita – 16/5 (quinta)

ODETTE – Juliana Valadão

SIEGFRIED – Cícero Gomes

2ª Récita – 17/5 (sexta)

ODETTE – Manuela Roçado

SIEGFRIED – Filipe Moreira

3ª Récita – 18/5 (Sábado)

ODETTE – Juliana Valadão

SIEGFRIED – Cícero Gomes

4ª Récita – 19/5 (domingo)

ODETTE – Manuela Roçado

SIEGFRIED – Filipe Moreira

5ª Récita – PROJETO ESCOLA – 21/5 (terça)

ODETTE – Marcella Borges

SIEGFRIED – Gustavo Carvalho

6ª Récita 22/5 (quarta)

ODETTE – Marcella Borges

SIEGFRIED – Gustavo Carvalho

7ª Récita – 23/5 (quinta)

ODETTE – Juliana Valadão

SIEGFRIED – Cícero Gomes

8ª Récita – 24/5 (sexta)

ODETTE – Marcella Borges

SIEGFRIED – Gustavo Carvalho

9ª Récita – 25/5 (sábado)

ODETTE – Marcella Borges

SIEGFRIED – Gustavo Carvalho

10ª Récita – 26/5 (domingo)

ODETTE – Juliana Valadão

SIEGFRIED – Cícero Gomes

Ficha Técnica

O Lago dos Cisnes – ballet em 4 atos

Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Música: Pyotr Ilyich Tchaikovsky

Concepção e Adaptação: Hélio Bejani e Jorge Texeira d’après Marius Petipa e Lev Ivanov

Maître de Ballet (BTM) e Ensaiador: Jorge Texeira

Ensaiadora (Solistas Principais): Áurea Hammerli

Ensaiadores: Jorge Texeira/ Mônica Barbosa/ Celeste Lima/ Hélio Bejani

Iluminação: Paulo Ornellas

Cenários e Figurinos: Acervo FTM

Direção Geral: Hélio Bejani

Regência: Tobias Volkmann

Direção Artística do TMRJ: Eric Herrero

Serviço:

O Lago dos Cisnes com BTM e OSTM

Regência: Tobias Volkmann

Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Endereço: Praça Floriano, s/n – Centro

Datas e horários: 15 de maio (ensaio geral), 16 (estreia), 17, 18, 22, 23, 24 e 25 às 19h/ 19 e 26 às 17h e 21 (Projeto Escola) às 14h

Duração do ballet: 2h – com 15 minutos de intervalo

Classificação: Livre

Ingressos:

Frisas e Camarotes – R$80,00 (ingresso individual) ou R$480,00 (6 lugares)

Plateia e Balcão Nobre – R$60,00

Balcão Superior – R$40,00

Balcão Superior Lateral – R$40,00

Galeria Central – R$20,00

Galeria Lateral – R$20,00

Ingressos pelo site www.theatromunicipal.rj.gov.br ou na bilheteria do Theatro a partir de terça-feira, 7 de maio, às 14h

Haverá uma palestra gratuita, na Sala Mário Tavares, anexo do TMRJ, uma hora antes do início do espetáculo

Patrocinador Oficial: Petrobras

Apoio: Livraria da Travessa, Rádio MEC, Rádio Amil Paradiso, Rádio Roquette Pinto – 94.1 FM

Realização Institucional: Fundação Teatro Municipal, Associação dos Amigos do Teatro Municipal

Lei de Incentivo à Cultura

Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal, União e Reconstrução.

(Fonte: Assessoria de imprensa do Theatro Municipal)

Pinacoteca de São Paulo realiza a maior exposição individual de J. Cunha, expoente baiano do tropicalismo

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra ‘Beira-mar’ (2014). Foto: Márcio Lima.

A Pinacoteca de São Paulo apresenta, a partir de 4 de maio até 29 de setembro, uma retrospectiva de J. Cunha (Salvador, 1948), a maior já realizada em sua carreira. Com cerca de 300 itens, entre pinturas, desenhos, cartazes, estampas, objetos e documentos, ‘J. Cunha: Corpo Tropical’ apresenta a trajetória do artista acompanhando seus percursos pela Bahia, onde nasceu e vive até hoje, e sua projeção nacional e internacional. Localizada no quarto andar da Pina Estação, a mostra enfatiza o caráter experimental, a diversidade das linguagens e o compromisso político do artista e de sua obra.

Como ponto alto está a obra ‘Códice’ (2011-2014), um painel de três por sete metros que nunca foi exposto em São Paulo e apenas três vezes apresentado ao público de forma completa. Trata-se de uma pintura realizada ao longo de quatro anos reunindo 525 símbolos por meio dos quais Cunha cria um panteão de divindades afro-brasileiras. Essa é também a primeira vez em que se vê um número expressivo de projetos de cenografia do artista que, por décadas, foi um ativo colaborador do Teatro Castro Alves, em Salvador. Na mostra, são apresentadas também algumas obras inéditas dos anos 1970, além de um expressivo conjunto de tecidos estampados para o Ilê Aiyê, produzidos entre os anos 1980 e 2000.

J. Cunha é um artista tropicalista. Isso o levou a experimentar diversos meios e linguagens, sempre pensando em maneiras de tornar sua arte verdadeiramente popular. Criou dezenas de cartazes, gravou filmes, fez vitrines de loja e capas de disco, até encontrar no carnaval uma forma de exercitar seu espírito irreverente. Em 1980, concebeu o logo do Ilê Aiyê, bloco afro que havia sido fundado poucos anos antes por jovens do bairro do Curuzu, na periferia de Salvador, sob a vigilância da Yalorixá Mãe Hilda Jitolu, importante liderança religiosa da cidade. A partir dali, o artista criou estampas que, por 25 anos consecutivos, vestiram os frequentadores do bloco, cuja tônica era (e segue sendo) aliar a valorização da beleza negra à história da contribuição negra para as culturas do mundo. Cunha também elaborou elementos decorativos para diversos carnavais e festas populares de Salvador.

No início da carreira, ele foi bailarino e, pouco a pouco, passou a atuar também nas áreas de cenografia e figurino das companhias com as quais colaborava. Nos anos 1970, participou da Pré-Bienal de São Paulo, que aconteceu no Recife, e da Bienal Latinoamericana de São Paulo, quando fez os elementos cenográficos e os figurinos da segunda encenação do espetáculo ‘Aos pés do caboclo’, de Lia Robatto. Nesse momento, ao ganhar o espaço público, ele faria uma manobra radical em sua carreira, alimentando um interesse que culmina em sua entrada no Ilê Aiyê. Cunha, no entanto, nunca deixou de pensar e de operar como pintor. Mesmo quando precisou criar estampas que vestiriam mais de 3 mil pessoas dançando em cortejo pelas ruas, era na cor, na linha e na composição que ele pensava. Essa inclinação nunca se arrefeceu: até hoje, momento em que o artista se dedica a projetos de painéis e equipamentos monumentais, é como pintura que tudo nasce.

Próximo de completar exatos 60 anos de carreira, J. Cunha recebe sua maior exposição individual. “Dentro das minhas imagens e memórias ao longo do tempo, penso que estou convivendo com um grupo de pessoas e instituições que elevam a questão da cultura brasileira presente em meu trabalho. Para mim, trata-se de um reconhecimento do que eu produzi ao longo destes anos”, diz o artista.

Nas palavras do curador Renato Menezes, “a Pinacoteca adquiriu recentemente ‘Paulicéia Diva-Irada’ (2021), uma obra do artista para o acervo do museu. Sua entrada tardia em nossa coleção diz mais sobre as lacunas de nosso acervo do que sobre sua importância. Por isso, considero que esta exposição estimula um ajuste de contas com a história, reconhecendo em Cunha sua energia criativa singular, candente há pelo menos 60 anos, animando uma das carreiras mais prolíficas da arte brasileira atual.”

Menezes ressalta ainda que vida e obra de J. Cunha são indissociáveis e evoca um exemplo concreto: “Trata-se de um raro caso de artista que foi dançarino e que idealizou figurinos para espetáculos. Quando ele concebe um figurino para um espetáculo de dança, ele não o faz de maneira técnica, seguindo manuais de figurinos ou costumes, mas a partir de sua própria experiência cênica como bailarino, como alguém que conhece as possibilidades oferecidas pelo palco. J. Cunha é um artista da experiência empírica, do corpo a corpo.”

Sobre a exposição

A exposição se divide em três partes, organizadas de maneira cronológica:

Parte 1: ‘Made in Brasil’ (na entrada desta sala, o ‘s’ está grafado de maneira invertida, tal como o artista fazia em suas pinturas dos anos 1970). Neste momento vemos o início da carreira do artista, dividido entre a pintura e a dança, preocupado em refletir sobre o Nordeste e em criticar o avanço do capitalismo e a perda das identidades locais. Vemos sua atuação junto ao Etsedron, grupo contracultural que se propunha pensar um Nordeste às avessas, como o próprio nome do grupo sugere – Etsedron é ‘Nordeste’ ao contrário.

Parte 2: ‘Passar por aqui’. Neste momento são apresentados os 25 anos seguintes de sua carreira, dos anos 1980 a 2005, período marcado pelo aprofundamento de sua atividade gráfica, tanto sobre cartazes quanto sobre tecidos. Na parte central desta sala, foi criado um sistema de painéis que evocam a forma de um búzio da costa, elemento muito recorrente em sua obra. No centro do búzio, suas pinturas em formato doméstico; fora dele, projetos de cenografia e materiais gráficos produzidos para o Ilê Aiyê dão conta de mostrar a versatilidade de um artista que sabe muito bem trabalhar em diferentes escalas, tanto em termos de tamanho quanto de produção.

Parte 3: ‘Neobarroco Afro-pop’. Nesta última parte, é apresentada a fase mais madura do artista, desde os anos 2000 até os dias atuais. Sua pintura ganha escala, sua atenção volta-se para os grafismos caboclos, ícones pop e símbolos do cangaço. Pinturas monumentais e projetos de monumentos dialogam frontalmente. Nesta sala aparece também seus interesses nas expressões do catolicismo popular e nos símbolos e ferramentas dos Orixás, que figuram, por exemplo, no Códice, obra que encerra a exposição.

Sobre J. Cunha | Nascido na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948, José Antônio Cunha ingressou no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Foi cenógrafo e figurinista do grupo folclórico Viva Bahia, colaborou com o Balé Brasileiro da Bahia, Balé do Teatro Castro Alves e, durante 25 anos, assinou a concepção visual e estética do bloco afro Ilê Aiyê, além de decorações dos Carnavais de rua de Salvador. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo, dançarino e figurinista, Cunha participou de bienais, integrou exposições coletivas e realizou mostras individuais nos Estados Unidos, na África e na Europa.

Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios: a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Serviço:

J. Cunha: Corpo Tropical

Período: 4 de maio a 29 de setembro de 2024

Curadoria: Renato Menezes

Edifício Pina Estação

Endereço: Largo General Osório, 66, Santa Efigênia

O edifício da Pina Estação se localiza no Complexo Cultural Júlio Prestes, conectado com a Sala São Paulo e a São Paulo Escola de Dança e se beneficia de fácil acesso com a linha de trens da CPTM/Metrô Luz.

De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)

Gratuitos aos sábados – R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso.

(Fonte: Assessoria de imprensa da Pinacoteca de São Paulo)