Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
Nos dias 20 e 21 de abril, os grupos de competição da Secretaria de Cultura conquistaram premiações do 8º Campeonato Elite de Dança em Mogi Guaçu. O campeonato aconteceu no Centro Cultural de Mogi Guaçu (Teatro Tupec) e foram premiados em primeiro lugar, na categoria estilo livre, com a coreografia ‘Entre Caminhos’, o grupo de Jazz Adulto Avançado do professor e coreógrafo Denys Ramos, bem como na categoria Jazz Dance, com a coreografia “Preto de elas, falha na matrix” Danças Urbanas Juvenil da professora e coreógrafa Daniela Barbosa, na categoria Danças Urbanas.
O grupo de Jazz Adulto, com a coreografia Ghost da professora e coreógrafa Danielle Ianes e a categoria estilo livre, com a coreografia “C’est la vie” do Jazz Adulto do professor e coreógrafo Denys Ramos, conquistaram o segundo lugar.
(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)
Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que apresentam poucos ingredientes de origem natural e têm muitos aditivos químicos como os que simulam sabor e aroma. No estado de Pernambuco, a renda é uma variável determinante para a ingestão deste tipo de alimento. Adultos que ganham menos de meio salário mínimo consomem três vezes mais ultraprocessados do que aqueles com renda superior a um salário mínimo. A constatação de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está em artigo científico publicado no último dia 29 na “Revista Brasileira de Epidemiologia”.
Os ultraprocessados também são três vezes mais frequentes na alimentação de jovens pernambucanos de 20 a 29 anos do que entre adultos de 50 a 59 anos. Segundo o artigo, os alimentos ultraprocessados mais consumidos pela população adulta de Pernambuco são margarina, bolacha tipo cream cracker e suco artificial, enquanto os in natura mais populares são bananas, saladas cruas e laranjas.
Para medir esse tipo de consumo, foram utilizados dados da Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN), realizada entre 2015 e 2016 pelo Departamento de Nutrição da UFPE. A pesquisa contou com 1.067 participantes em uma amostra representativa do estado. A avaliação de renda levou em consideração o valor do salário mínimo no período da coleta de dados – R$788,00 em 2015 e R$865,50 em 2016.
Os pesquisadores observaram que, entre pessoas com maior renda, o consumo de frutas, legumes e verduras é maior – e essa ingestão vai diminuindo conforme a redução da renda. “Populações com contexto social e econômico mais vulnerável têm uma alimentação mais restrita porque boa parte da renda é destinada à compra de alimentos, mas dos mais baratos, que atualmente são os ultraprocessados”, avalia Renata Kelly, pesquisadora da UFPE e uma das autoras do artigo. Por isso, a taxação de alimentos ultraprocessados e os incentivos à agricultura familiar são medidas urgentes de proteção à saúde, pondera a autora.
Além do recorte socioeconômico e de faixa etária, a pesquisa avaliou hábitos de estilo de vida, como consumo de álcool e prática de atividade física. O índice de massa corpórea (IMC), que é um importante indicador de doenças como a obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, também foi uma variável considerada pela análise. Segundo o artigo, pessoas que mais consomem álcool e com maiores IMC também são as que mais consomem frutas, legumes e verduras. “É contraditório, mas pode acontecer porque eles recebem mais orientações de profissionais de saúde e isso pode gerar mudança positiva no comportamento alimentar”, explica Kelly.
A pesquisa aponta que a população rural está 52% menos exposta ao consumo médio-alto de ultraprocessados. Porém, mesmo tendo maior acesso a alimentos in natura e ainda consumindo-os mais do que a população urbana, como tem sido mostrado em pesquisas nacionais, os habitantes de áreas rurais têm apresentado comportamento de consumo crescente de ultraprocessados. Portanto, a partir deste levantamento, o grupo da UFPE pretende focar estudos futuros nessa parcela da população. “É importante que esse tipo de estudo sirva para ajudar na busca por estratégias de prevenção, uma vez que a alimentação está muito relacionada a doenças metabólicas”, afirma Kelly.
(Fonte: Agência Bori)
Duas escolas municipais de Campinas serão sede das oficinas de fotografia do projeto Clique Jovem, que serão realizadas gratuitamente entre os meses de maio e junho. Cada oficina tem 30 vagas disponíveis e os jovens podem manifestar o interesse em participar na própria escola ou pelo site do projeto, uma vez que as oficinas serão realizadas no contraturno. O projeto Clique Jovem será realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação para Jovens Adultos Maria Pavanatti Fávaro e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Benevenuto de Figueiredo Torres.
O objetivo é fazer com que os jovens participantes conheçam as técnicas fotográficas, possibilidades de composição de imagem e façam exercícios e experimentações, criando ao final um livro fotográfico e possam expor os trabalhos no evento final, que será realizado em agosto, também aberto ao público. Para Gabi Perissinotto, arte-educadora do Clique Jovem, essa é uma oportunidade importante para aprimorar as técnicas dos jovens que já estão habituados a manusear a câmera do celular. “A tecnologia nos permite ter acesso constante à produção de imagens, por isso, conhecer a técnica é fundamental para aprimorar o olhar desde cedo”, explica Gabi.
As oficinas também buscam despertar a sensibilidade dos jovens por meio do registro das imagens e da exposição dos trabalhos, como explica Kora Prince, arte-educadora e produtora do projeto. “Nos encontros, abordaremos bastante a composição da imagem e a expressão individual, pintando com luzes imagens novas, usando as câmeras de celular e, ao final do projeto, a(o) jovem participante experimenta suas ‘obras’ com a exposição coletiva das fotografias”.
O projeto Clique Jovem é realizado pelo Instituto Ideia Coletiva via Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC ICMS), recebe o apoio da Gama Produções, da Think Projetos, da Prefeitura de Campinas e o patrocínio da Miracema-Nuodex.
Sobre o Instituto Ideia Coletiva | O Instituto Ideia Coletiva é um ponto de cultura, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e possui reconhecimento do Ministério da Justiça e demais órgãos públicos para atuar na formação e difusão cultural por meio de diversas linguagens artísticas, idealizando e executando projetos em todo território nacional.
Serviço:
Oficinas gratuitas de fotografia beneficiam 60 crianças de Campinas
Oficina 1:
Data: de 8/5 a 26/6 (quartas-feiras)
Horário: das 8 às 12 horas
Endereço: Av. José Oliveira Carneiro, 2 – Chácara Santos Dumont, Campinas (SP)
Oficina 2:
Data: de 9/5 a 27/6 (quintas-feiras)
Horário: das 8 às 12 horas
Endereço: Av. José Carlos do Amaral Galvão, 270 – Jardim São José, Campinas
Inscrições devem ser feitas na própria escola ou no site do projeto.
(Fonte: Fábrica de Histórias)
O festival de dança O Corpo Negro, um dos maiores do gênero no país, começa no dia 28 de abril – véspera do Dia Mundial da Dança – com uma performance na Praia de Copacabana. O evento, realizado pelo Sesc RJ, chega à quarta edição com espetáculos criados e executados por artistas negros e negras selecionados por um edital afirmativo. Serão mais de 60 atrações gratuitas, em 9 municípios do estado, com espetáculos de dança, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates ao longo de um mês. A programação se estenderá até 31 de maio nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Volta Redonda, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Os espetáculos serão apresentados em unidades do Sesc RJ, escolas e universidades e espaços públicos, que vão receber obras de 32 grupos, oriundos dos estados do Rio de Janeiro, da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão e São Paulo.
Todas as atividades são gratuitas, com a retirada dos ingressos nos espaços com lotação limitada. Confira a programação detalhada no site do festival. “Nesta quarta edição, o projeto apresenta vogue, funk, afro, hip hop, samba, charme e outros gêneros. O Sesc RJ reafirma o seu compromisso com a pluralidade e com o protagonismo negro na dança em todas as suas dimensões, diversidade e repertórios. Procuramos garantir políticas culturais com continuidade e consistência, visando possibilitar o crescimento de uma sociedade consciente e atuante que busque relações étnico-raciais em bases justas e equânimes”, afirma André Gracindo, analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ.
Dia Mundial da Dança | Uma performance na praia de Copacabana vai marcar o início do festival. No dia 28 de abril, às 16h, o grupo DeBonde vai ocupar o calçadão, na altura da Rua Figueiredo de Magalhães, com o espetáculo ‘Debandada’, uma intervenção que atravessa e é atravessada pela rua. Seis dançarinos com suas potencialidades e diferenças passam, arrastam, sustentam, rabiscam e ocupam os espaços urbanos convidando o público a dançar.
Noite de abertura| A abertura oficial do projeto acontecerá no dia 30 de abril, às 20h, no Sesc Tijuca. O evento contará com a presença dos artistas da programação, dos curadores convidados Diego Dantas, Gal Martins e Jaílson Lima e do público em geral. Será uma noite em homenagem a Mestre Manoel Dionísio, criador da Escola de Mestres-salas, Porta-bandeiras e Porta-estandartes, no Rio de Janeiro, que forma novos bailarinos e preserva os repertórios da dança e do carnaval há mais de 30 anos. No encontro, também será lançado o documentário curta-metragem ‘Dionísio, um mestre’, realizado pela coreógrafa, diretora de teatro e realizadora audiovisual Carmen Luz. “O filme é uma oportunidade para que o público conheça o pensamento, a arte e a pedagogia de Mestre Manoel Dionísio e possa celebrar – como faz o filme – a sua existência, mas também refletir sobre arte e resistência. É um filme que dá prosseguimento à minha pesquisa sobre o corpo negro criador e produtor de danças no Brasil. Tenho feito filmes sobre e com essa gente com G maiúsculo, num processo de escavação e proposição a fim de reescrever a história da dança, tão cheia de páginas em branco”, declarou Carmen Luz.
O festival vai oferecer ao público 10 espetáculos inéditos que saíram do papel por meio do edital lançado no ano passado pelo Sesc RJ para seleção da programação do evento. Entre as estreias nacionais, está ‘O Som do Morro’, no qual o coreógrafo carioca Patrick Carvalho narra a própria história. Entre os becos e vielas, o premiado bailarino apresenta seu jeito genuíno de coreografar. Outra estreia é a da performance ‘Vogue Funk’, que mistura baile funk com os elementos da cultura ballroom, trazendo a periferia negra e LGBTQ+ para o centro do palco. A história de personalidades da dança brasileira também está representada em ‘Isaura’, espetáculo idealizado e performado por Aline Valentim. O trabalho conta a história da bailarina, professora e coreógrafa Isaura de Assis, uma das grandes referências das danças negras no estado.
Além das estreias, outros espetáculos que não estiveram nos palcos Rio de Janeiro serão recebidos pelo festival. Uma delas é a obra coreográfica ‘PADÊ’, de Djalma Moura, criador do Núcleo Ajeum, sediado na periferia de São Paulo. Na apresentação, os bailarinos são instigados a externalizar desejos e pulsões para criar uma dança ebó, que arrasta mazelas físicas, emocionais e espirituais que ainda corrompem meninos e meninas negras e induzem aos seus extermínios.
Atrações para os pequenos | Pela primeira vez, o festival terá uma programação dedicada ao público infantil, concentrada no Sesc Tijuca. Entre os destaques, a estreia do espetáculo ‘A Menina Dança’ que, com ritmos e danças africanas e cantigas, apresenta a menina Maria Felipe numa coreografia que aborda o enfrentamento à colonização do país. Outra estreia é o espetáculo ‘Gbin’, da Cia Xirê (RJ), que aborda matrizes afrodescendentes na cena da dança contemporânea.
Embora a ênfase seja na dança, o festival O Corpo Negro terá uma programação paralela com música, filmes e outras atividades integradas. Haverá shows de música com Jonathan Ferr, um dos nomes mais celebrados da nova geração do jazz brasileiro, na abertura, além do dançante Baile Black Bom e rodas de samba em várias unidades.
A mostra audiovisual vai oferecer ao público mais de 65 sessões de filmes. Entre as obras, será exibido o documentário ‘Othelo, O Grande’, que aborda a vida e obra de um dos maiores atores e comediantes do Brasil, que rompeu barreiras imagináveis para um ator negro na primeira metade do século XX trabalhando com nomes incontornáveis do cinema mundial. Também será exibido ‘Diálogos com Ruth de Souza’, que apresenta um rico material da vida de uma das grandes damas da dramaturgia nacional, a primeira artista brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema.
O documentário de Ruth de Souza terá uma sessão de pré-estreia aberta ao público no dia 8 de maio, às 19h, na Cinelândia, em frente ao Theatro Municipal, no Centro do Rio. A sessão de cinema gratuita e ao ar livre é organizada pelo CineSesc.
O público infantil também terá sessões exclusivas durante o festival. Serão exibidos, em sequência, dois curtas: ‘Idu – O Astronauta Masaai’, que estreia na mostra do evento e narra as aventuras do personagem por mundos a partir de uma favela do Rio, e ‘Geração Alpha’, que apresenta Rebeca, uma menina apaixonada pela leitura que tenta convencer o vizinho e melhor amigo, Marcelo, a ler um livro. O festival promoverá ainda outras atividades, como debates e bate-papos, após todas as apresentações, oficinas de dança, intercâmbio entre artistas e uma jornada acadêmica, além da produção de artigos e ensaios.
Encerramento | A programação audiovisual seguirá até 31 de maio, mas o evento de encerramento do festival vai ocorrer no dia 26 de maio, no Viaduto de Madureira, importante centro de concentração popular, na Zona Norte do Rio, que difunde a cultura negra, conhecido pelo tradicional Baile Charme. O encerramento iniciará às 14 horas em parceria com o evento ‘Wakanda in Madureira’. Música, dança, literatura e empreendedorismo negro são a tônica deste encontro. “O corpo negro, sua presença, é estruturalmente sucateado pelo racismo. Portanto, colocá-lo em cena, protagonizando seus modos de pensar, sentir, criar, mover é fundamental na luta contra as produções de subalternidades. A produção de dignidade que passa pela valorização e afirmação desses profissionais faz parte do que é essencial naquilo que fazemos. Ter o Sesc RJ e o Wakanda juntos é uma alegria; é ter a oportunidade de potencializar nossas ações no caminho de um mundo mais diverso e produtor de dignidade para todos. Nossos deuses dançam”, celebra Raymundo Jonathan, produtor de ‘Wakanda in Madureira’.
Espetáculos de todo o país selecionados por edital afirmativo
As atrações do festival O Corpo Negro foram selecionadas, pelo segundo ano, por meio um edital público afirmativo de dança para todo o Brasil. Lançado no ano passado, foram destinados R$850 mil às produções. O projeto está tirando do papel 10 espetáculos de dança e 2 curtas-metragens, além de promover a circulação de artistas de outros estados por espaços no Rio de Janeiro. Para Diego Dantas, curador convidado desta edição, a diversidade e amplitude do edital é um dos pontos fortes do projeto. “É um acerto do Sesc RJ investir no corpo negro e em suas práticas de excelência em dança, oportunizando o desenvolvimento estético de agentes que souberam estruturar e manter suas presenças no projeto com escrita, autonomia e produção cênica de alto nível. São artistas com diferentes trajetórias, idades, vindos de territórios distintos fortalecendo e sendo fortalecidos, honrando os mais velhos e pessoas que vieram antes, construindo referências para os mais novos e pessoas que virão”, conclui o curador.
Serviço:
Festival de dança O Corpo Negro
Data: 28/4 a 31/5
Cidades: Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Volta Redonda, Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis
Programação detalhada no site do festival
Entrada franca.
(Fonte: Assessoria de Imprensa do Sesc RJ)
A mostra Galeria Raquel Arnaud – 50 anos marca meio século de existência da galeria paulistana. Com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, a exposição apresenta momentos decisivos da arte contemporânea brasileira desde a década de 1970 e revela como a marchand consolidou, de forma visionária, um projeto artístico claro e coerente, ao promover grandes artistas como Amilcar de Castro, Mira Schendel, Waltércio Caldas e Iole de Freitas, entre muitos outros. A mostra chega à reta final e receberá o público até o dia 24 de maio.
A história da galeria é apresentada ao público por meio de uma linha do tempo, com destaque para documentos raros produzidos pela instituição ao longo dos anos. Livros, convites elaborados por designers, folhetos e publicações podem ser vistos pela primeira vez, além de mais de 40 obras de artistas que passaram pela galeria, como Sérgio Camargo, Hercules Barsotti, Sérvulo Esmeraldo e Mira Schendel – artista suíça que expôs a série ‘Sarrafos’ na instituição pouco antes de falecer, em 1988.
Segundo o curador, o papel da galeria no fortalecimento da arte contemporânea é o centro da narrativa mostrada na exposição. “Quase se vislumbra uma contradição ao destacar a trajetória de Raquel na exposição, dado que as obras de arte e os artistas sempre ocuparam o posto mais significativo em sua vida. Contudo, ao menos uma vez após meio século, desviar a atenção não para as obras em si, mas sim para a história da galeria, torna-se o foco”, ressalta Visconti.
“A primeira exposição que fizemos no Gabinete de Artes Gráficas foi de Arthur Luiz Piza, com 70 gravuras, um sucesso, todas vendidas e algumas mais encomendadas. O artista Arthur Piza foi o primeiro artista da minha vida como galerista e o acompanhei até sua morte, em 2017”, destaca Raquel Arnaud.
No início de sua trajetória como marchand, enquanto desenvolvia a carreira dos artistas de belas artes, Raquel Arnaud dirigiu a galeria Arte Global, da Rede Globo. Um experimento único no mercado de arte brasileiro, que levou ao horário nobre da televisão obras de artistas plásticos através de peças publicitárias elaboradas para a linguagem audiovisual. Uma experiência incomum no meio artístico, mas importante na consolidação de uma instituição que tem em sua base o diálogo.
Grandes nomes do movimento neoconcreto fazem parte do DNA da galeria desde sua formação. Willys de Castro, por exemplo, explorava as possibilidades no campo da abstração geométrica e sempre teve espaço para exibir suas criações, tendo realizado na instituição sua última individual, em 1986. No mesmo ano, a veterana Lygia Clark participou de sua última coletiva na galeria. A escultora chamava atenção pelas suas declarações a respeito de não ser artista. Nos últimos anos de vida, próxima da psicanálise, a dama do neoconcretismo incorporou trabalhos mais gestuais à sua obra.
E é justamente na década de 1980 que a instituição entra em uma nova fase e passa a se chamar Gabinete de Arte Raquel Arnaud. Novos nomes como Nuno Ramos e Tunga ganham destaque na programação da galeria com suas técnicas inovadoras. Na mesma época, foi exposta no Gabinete de Arte a série ‘Carimbos’, de Carmela Gross, trabalho que criticava diretamente a censura do regime militar ao tratar da reprodução em massa da imagem. Em um primeiro momento, houve uma baixa adesão do público à exposição. Mas o reconhecimento veio anos depois, quando a obra foi incorporada no acervo permanente do MoMA, em Nova York, confirmando o olhar atento da galerista para novas tendências.
Já a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino expôs com Raquel Arnaud algumas de suas obras mais ousadas. Conhecida por trabalhos que retrataram os perigos dos regimes de exceção, com forte teor contestatório, Maiolino também explorou as possibilidades das linhas, das dobras e formas em trabalhos com argila e tecidos. “Continua sendo um desafio, como sempre foi, dar continuidade à linha de trabalho na galeria, contemplando, por um lado, os nomes consagrados que represento há muitos anos, assim como os mais jovens talentos, que serão também consagrados numa conversa geracional investigativa e produtiva”, pontua Raquel.
Ao destacar expoentes dos movimentos concreto, cinético, abstrato e geométrico, a galeria Raquel Arnaud não deixou de abrir suas portas para artistas de outras vertentes. Ao longo dos anos, o diálogo virou sinônimo da curadoria desta dama das artes, que mostrou artistas muito distintos entre si, como Vik Muniz, Regina Silveira e Lygia Pape. Alinhada às experimentações visuais e atenta a tendências internacionais, a galerista foi uma das primeiras a trazer grandes nomes da arte cinética, como Almandrade, Jesús Rafael Soto e Carlos Cruz-Diez.
Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em 1997 para documentar e catalogar obras de artistas do gênero, como Sergio Camargo e Willys de Castro, os primeiros a terem seus acervos incorporados à instituição graças ao papel da galerista. O projeto de reunir arquivos para pesquisa e consulta pública exigiu tempo, dedicação e recursos próprios, uma vez que a instituição se propunha a um papel pioneiro ao disponibilizar material até então inédito para pesquisadores.
Galeria Raquel Arnaud – 50 anos ficará em cartaz entre fevereiro e maio e terá uma dinâmica inédita ao eleger uma expografia em transformação. “Vamos ter uma série de conversas com artistas de papel importante na galeria e, ao longo dos meses, vamos trazer obras marcantes para construir um diálogo contínuo e vivo. Assim, o público vai poder conhecer trabalhos de vários pintores e escultores que não teriam suas criações mostradas por conta do espaço”, destaca Visconti sobre a rotatividade de alguns trabalhos. No final do semestre, a galeria lançará uma publicação sobre a comemoração, com textos de intelectuais, críticos e curadores que fizeram parte da história da instituição.
Sobre a Galeria Raquel Arnaud
Criada em 1973, com o nome de Gabinete de Artes Gráficas, com espaços marcantes assinados por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe Crescenti, o Gabinete passou por diferentes endereços, como as avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luís Antônio, além do espaço que havia pertencido ao Subdistrito Comercial de Arte, na Rua Artur de Azevedo, em Pinheiros, onde permaneceu de 1992 a 2011.
O foco no segmento da abstração geométrica e a atenção especial dada às investigações da arte contemporânea – arte construtiva e cinética, instalações, esculturas, pinturas, desenhos e objetos – perpetuaram a Galeria Raquel Arnaud no Brasil e no exterior tanto por sua coerência como pela contribuição singular para valorização e consolidação da arte brasileira. Para isso, contribuíram de forma fundamental artistas como Amilcar de Castro, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Sergio Camargo, Hércules Barsotti, Waltercio Caldas, Iole de Freitas e Arthur Luiz Piza, entre outros.
Atualmente com sede na Rua Fidalga, 125, Vila Madalena, a Galeria Raquel Arnaud representa artistas reconhecidos nacional e internacionalmente – Waltercio Caldas, Carlos Cruz-Díez, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo, Iole de Freitas, Maria Carmen Perlingeiro, Carlos Zilio e Tuneu. Os mais jovens atestam a consolidação de novas linguagens contemporâneas – Frida Baranek, Geórgia Kyriakakis, Daniel Feingold, Julio Villani, Célia Euvaldo, Wolfram Ullrich, Elizabeth Jobim, Carla Chaim, Carlos Nunes e Ding Musa.
Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em 1997, a única instituição no Brasil que cataloga documentação de artistas.
Serviço:
Galeria Raquel Arnaud – 50 anos
Local: Galeria Raquel Arnaud – Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo – SP
Período expositivo: 22 de fevereiro a 24 de maio
Horários de visitação: segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h
Entrada gratuita
https://www.instagram.com/galeriaraquelarnaud/.
(Fonte: A4&Holofote Comunicação)