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Ilumina Festival celebra 10 anos com música de câmara e atrações ao longo do ano

São Paulo, por Kleber Patricio

Jennifer Stumm. Fotos: Rodrigo Rosenthal.

A 10ª edição do Ilumina Festival, um dos mais prestigiados no cenário cultural internacional, terá uma programação inteiramente gratuita, com a participação de 13 solistas renomados e 28 jovens artistas de 13 países, da América Latina, Europa e Estados Unidos. De 2 a 10 de janeiro, eles se reúnem na Fazenda Ambiental Fortaleza (FAF), em Mococa, para uma intensa imersão artística e troca de conhecimento. O resultado desse encontro pode ser conferido em uma série de concertos e performances, em palcos e espaços abertos, no interior do Estado e na capital, de 5 a 12 de janeiro.

Para a diretora artística, violista e fundadora do Ilumina, Jennifer Stumm, “A 10ª edição do Ilumina Festival olha para o futuro. Reunindo músicos, artistas e pensadores do mundo da inovação, o festival apresenta a música como um espelho para as grandes questões e os grandes desafios da vida. Inteligência artificial, mudanças climáticas e a epidemia de solidão: esses são temas nos quais a música pode lançar luz. Em uma era de automação, a arte ainda é relevante?”

Entre as apresentações em São Paulo, haverá eventos multimídia e multidisciplinar na Casa das Caldeiras (10) e concertos na Sala São Paulo (11 e 12/1); e no interior, concerto no Teatro Municipal de Mococa (9/1). Programação e informações mais detalhadas seguem mais abaixo.

Entre os solistas, destacam-se nomes de forte presença no cenário internacional, como Adrian Brendel (violoncelo, Reino Unido), Clarice Assad (compositora, Brasil), Cristian Budu (piano, Brasil), Edmundo Carneiro (percussão, Brasil), Florian Donderer (violino, Alemanha), Gareth Lubbe (viola e voz, África do Sul), Jennifer Stumm (viola, EUA), Matthew Hunt (clarineta, Reino Unido), Rachell Ellen Wong (violino, EUA), Seth Parker Woods (violoncelo, EUA) e Tai Murray (violino, EUA). Sobre os solistas e Fotos dos músicos

No coletivo de 28 jovens artistas selecionados (18 a 26 anos), estão 16 brasileiros e 12 músicos de outros países da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Paraguai e Venezuela). Ilumina investe em cada um deles, cobrindo 100% dos custos da participação.

Além das apresentações, o Ilumina promoverá gratuitamente em São Paulo, no dia 11/1, o programa Ilumina U, aberto a artistas jovens e adultos. A atividade interdisciplinar também terá oficinas sobre temas como tecnologia, finanças, liderança e saúde mental, ampliando a formação de jovens músicos para outras áreas importantes da vida e carreira.

O poder da conectividade humana define o Ilumina

Sobre FUTUR_, tema da 10ª edição do Ilumina Festival, Jennifer Stumm afirma: “O coletivo Ilumina se une para mostrar o poder transformador fundamental da conectividade humana. Ilumina é um verbo e o objetivo do projeto sempre foi iluminar uns aos outros nas ideias e no palco para que todos nós, artistas e público, vejamos de novas maneiras”.

Assim, o Ilumina Festival é uma porta ao futuro para os jovens talentosos da América Latina. Os resultados são claros: ao longo de 10 anos, o Ilumina ajudou 186 jovens músicos a lidar com as dificuldades para ingressar em 32 conservatórios na Europa e nos EUA, e ganhar bolsas de estudo, um investimento total de mais de R$3 milhões. Chegando ao patamar profissional, esses músicos agora tocam na Europa e no Brasil. Muitos criaram seus próprios programas sociais em suas comunidades de origem, impactando uma outra geração de jovens.

Nos últimos anos, o coletivo do Ilumina começou a ter mais visibilidade nos palcos europeus e em festivais internacionais. Apresentando-se como um ensemble flexível da música da câmara, o Ilumina fez sua estreia europeia no Festival de Lucerna em 2022. Em 2024, fez estreias na grande sala de Het Concertgebouw, no Festival Internacional de Edimburgo, e no prestigioso Kronberg Academy, em Frankfurt, que deu a Jennifer Stumm o prêmio 2024 Pablo Casals Prize For a Better World, pela radical visão social do Ilumina.

2025: Novas frentes em nova década

O décimo aniversário do Ilumina em 2025 será comemorado com uma ampla expansão de atividades do projeto em São Paulo, ao longo do ano. A Série Ilumina apresentará quatro concertos na Sala São Paulo nos dias 2 de abril, 16 de junho, 16 de setembro e 12 de novembro. Cada concerto será o resultado de uma residência de um artista internacional, colaborando com jovens talentos que já participaram dos festivais do Ilumina.

A repercussão das turnês de 2022 e 2024 resultou em convites para o Ilumina se apresentar em salas e festivais europeus renomados, em 2025, a serem anunciados em breve.

Apresentações gratuitas da 10ª edição do Ilumina Festival – FUTUR_

5 de janeiro, às 17h – Caconde-SP

HORIZONTES

Sobre este concerto, Jennifer Stumm afirma: “No topo de uma montanha com vista para o horizonte da espetacular Serra da Mantiqueira, esse concerto une as comunidades de cafeicultores ao redor de Caconde em uma mistura de música popular e clássica brasileira e, por meio de palestras e degustação de cafés especiais, explora o poderoso trabalho de nossos parceiros do café FAF para construir um mundo mais sustentável e comunidades mais saudáveis. Esse concerto faz parte da iniciativa ECO, um compromisso do Ilumina de conversar com as comunidades agrícolas e democratizar o acesso à música de excelência”.

8 de janeiro, às 19h – Mococa

Teatro Municipal de Mococa – Praça Marechal Deodoro, 22

Ingressos gratuitos por meio da prefeitura de Mococa

EU: VOCÊ: NÓS

“Para a comunidade de Mococa, apresentaremos uma noite de música brasileira com o famoso pianista Cristian Budu. Em colaboração com o grande trio do lendário percussionista Edmundo Carneiro, o baixista de longa data do Ilumina, Pedro Gadelha, e o violoncelista em ascensão Bruno Lima, será uma jornada das raízes do choro até Baden Powell”, afirma Jennifer.
10 de janeiro, das 19h30 às 22h30

Casa das Caldeiras – Av. Francisco Matarazzo, 2000 (São Paulo-SP)

Ingressos gratuitos por meio de Sympla a partir de 5 de janeiro

FUTUROLOGIA

Comemoração dos 10 anos do Ilumina

“Para onde estamos indo? A arte colide com o mundo da inovação em uma noite de apresentação musical, projeção digital e conversas sobre o futuro com líderes de tecnologia exponencial, IA, sustentabilidade, transformação social e o mundo criativo. O futuro é um trem que se move rapidamente. Na noite de abertura do Ilumina Festival, em São Paulo, vamos reunir agentes de mudança e promover discussões sobre ideias visionárias para uma poderosa transformação social e colaboração criativa entre setores. Experimente uma apresentação solo individual de um músico de classe mundial em um túnel, veja uma demonstração de robótica e IA na música, ouça um painel de discussão sobre como a agricultura sustentável mudará o futuro e experimente o melhor café especial do mundo. Com os artistas visuais residentes do festival Coletivo Coletores mapeando e projetando digitalmente no espaço épico da Casa das Caldeiras, esta será uma noite diferente de todas as outras. Venha, inspire-se, tome um drinque e junte-se a nós na cervejaria para dançar e brindar os 10 anos do Ilumina” (Jennifer Stumm)

Repertório*

Steve Reich | Different Trains

Felix Mendelssohn | Octet

Clarice Assad | Synthetico

Caroline Shaw |Entr’acte

Missy Mazzoli | Vespers

Antonio Vivaldi | Four Seasons: Verão

George Benjamin | Viola, Viola

Julius Eastman | The Holy Presence of Joan d’Arc*

*O solista violoncelista Seth Parker Woods, líder desta apresentação, foi indicado ao Prêmio Grammy 2025 pela gravação desta obra.

11 de janeiro, às 20h

Sala São Paulo – Praça Júlio Prestes, 16

Ingressos gratuitos, por meio de Sala São Paulo, disponíveis a partir de 5 de janeiro

NOITE TRANSFIGURADA

“Epidemia de solidão. Em um momento em que o mundo está mais conectado do que nunca na história, por que nos sentimos cada vez mais distantes? Neste sábado, exploraremos o futuro da conexão humana, terminando com a incrível peça Noite Transfigurada, baseada em um poema sobre as complexidades do amor entre as pessoas e de como a compaixão pode transfigurar tudo”. A Noite Transfigurada incluirá vídeo mapping do Coletivo Coletores.

Repertório*

Thomas Ades | Darknesse Visible for piano solo

Osvaldo Golijov | The Dreams and Prayers of Isaac the Blind: K vakarat

Niel Gow | for the Death of his Second Wife para violino solo

Nina Simone | Wild is the Wind

George Crumb | Makrokosmos: Dream Music

Schubert | Notturno for Piano Trio in E Flat Major

Schoenberg | Noite Transfigurada

12 de janeiro, às 16h

Sala São Paulo – Praça Júlio Prestes, 16

Ingressos gratuitos, disponíveis na bilheteria a partir de 5 de janeiro

R/EVOLUÇÕES

“No encerramento do 10º festival, analisamos a conexão do universo, como tudo o que somos contém tudo o que veio antes. Nas vozes de nossos ancestrais, suas lendas e sabedoria. Em nosso impacto sobre a Terra e na visão de um futuro em que as cidades estão submersas nos restos de gelo derretido. Por meio da música baseada na repetição, como a inovação extraordinária pode nascer da simplicidade. Um novo trabalho da compositora em residência Clarice Assad tece o poder da IA e da robótica na narrativa de instrumentos analógicos; e o concerto completa o círculo com o mesmo trabalho que encerrou o primeiro Festival Ilumina em 2015, o sexteto em sol maior de Brahms. A roda do futuro continua girando e, com ela, nós evoluímos”.

Pachelbel | Cânone em Ré

Purcell | Curtain Music from Timon of Athens

Vaughan Williams | The Lark Ascending

Saariaho | Cloud Music

Clarice Leite | Lendas e nada mais

Widmann | Once Upon a Time: The Ice Cave

Schulhoff | In Futurum

Debussy | Sunken Cathedral

Clarice Assad | Estreia da nova obra

Brahms | Sexteto em sol maior, opus 36: Allegro non troppo

Chico Buarque | Roda Viva

*Repertórios sujeitos a alterações

Patrocínios

O Ilumina é grato pelo apoio por meio das Leis de Incentivo à Cultura, com patrocínio de Pinheiro Neto Advogados, Expedia, Montana Química e Tintas Maza; Funarte; apoio especial do Instituto Dinamarquês, Usina Ipiranga e Prefeitura de Mococa; e dos parceiros, Fazenda Ambiental Fortaleza, Casa das Caldeiras e Cervejaria Brass Brew.

Sobre o Ilumina

O Ilumina foi fundado em 2015 pela violista americana Jennifer Stumm na cidade de São Paulo. Começou com um pequeno projeto de desenvolvimento de talentos musicais em uma fazenda e, ao decorrer de nove anos, conectou centenas de jovens músicos da América do Sul aos principais artistas internacionais. O festival conquistou renome internacional por proporcionar acesso à música ao vivo para milhares de pessoas todos os anos, gerando iniciativas de grande impacto social, além de lançar um modelo inovador de desenvolvimento que gera oportunidades poderosas. Mais de 60% dos jovens artistas da Ilumina passaram a estudar em universidades e conservatórios de alto nível por todo o mundo e, desses, 98% foram aceitos na instituição em que mais queriam estudar. O Ilumina se apresenta com seu diverso coletivo de artistas nos principais palcos ao redor do mundo, lidera residências educacionais e continua a lutar por equidade e representação nas lideranças, tanto dentro quanto fora dos palcos. Mais informações sobre o Ilumina

Sobre Jennifer Stumm | Viola & diretora artística e fundadora do Ilumina

Violista, diretora e palestrante, Jennifer Stumm segue um caminho criativo corajoso, com diversos projetos que combinam entusiasmo musical com inovação social transformadora. Conhecida pela ‘beleza opalina’ (Washington Post) de seu som, Jennifer se apresenta em palcos ao redor do mundo, tanto como violista solo quanto como diretora artística do Ilumina. Ela é vencedora das competições William Primrose, Genebra e Concert Artist Guild – sendo a primeira violista a conquistar o primeiro lugar na história nessa competição.

Jennifer é fundadora e diretora do Ilumina, um coletivo de artistas e iniciativa de equidade social com sede em São Paulo, iniciado em uma fazenda de café em 2015. Desde então, rapidamente o Ilumina se tornou um modelo moderno de criatividade no século XXI e de promoção de oportunidades para talentos diversos e para o público. O Ilumina une artistas e pensadores internacionais de destaque com jovens extraordinários da América Latina, visando garantir que talentos dignos tenham uma chance igual de brilhar. Os jovens artistas do Ilumina prosseguem seus estudos nas principais universidades do mundo e desenvolvem carreiras impactantes. As produções do Ilumina já foram apresentadas desde a serraria na fazenda de café até a floresta nublada colombiana, passando pelo Festival de Lucerna e pelo Concertgebouw Amsterdam.

Nascida em Atlanta, Jennifer cresceu em uma família de cantores imersos na tradição dos Apalaches. Ela ouviu a viola pela primeira vez aos oito anos e, encantada com sua voz, começou a tocar na orquestra de sua escola. Ela estudou com Karen Tuttle no Curtis Institute of Music e na Juilliard School, e mais tarde com Nobuko Imai e Steven Isserlis. Ela também desenvolveu interesses em política na Universidade da Pensilvânia. Jennifer Stumm é Professora de Viola na Universidade de Música e Artes da Cidade de Viena e toca uma viola Gasparo da Salò, 1589, generosamente emprestada por um fundo privado. Biografia completa

SOLISTAS

Violino: Florian Donderer (Alemanha), Monique Cabral (Brasil), Rachell Ellen Wong (EUA), Tai Murray (EUA)

Viola: Asbjørn Nørgaard (Dinamarca), Gareth Lubbe (África do Sul, sediado na Alemanha), Jennifer Stumm (EUA, sediada em Viena, Áustria)

Violoncelo: Adrian Brendel (Reino Unido), Bruno Lima (Brasil, sediado em Helsinki, Finlândia), Seth Parker Woods (EUA)

Clarinete: Matthew Hunt (Reino Unido)

Piano: Cristian Budu (Brasil)

Compositora: Clarice Assad (Brasil, sediada em Chicago, EUA)

Percussão: Edmundo Carneiro (Brasil, sediado em Paris, França)

Liderança: Bobby Jones (EUA)

Multimídia: Coletivo Coletores (Brasil): Toni Baptiste e Flávio Camargo

Link para conhecer os artistas jovens

Serviço:

10º ILUMINA FESTIVAL 2025

Onde: Mococa, Caconde e São Paulo

Datas: 2 a 12 de janeiro de 2025

Concertos e espetáculos:

5/1 – 16h: Concerto na Montanha de Caconde

8/1 – 19h: Concerto no Teatro Municipal de Mococa e Concerto para trabalhadores rurais na Fazenda Ambiental Fortaleza (FAF)

10/1 – 19h30: Concerto e evento sobre tecnologia na Casa das Caldeiras – celebração de 10 anos

11/1- 20h: Concerto na Sala São Paulo

12/1 – 16h: Concerto na Sala São Paulo 

Informações: https://iluminamusic.com/br/festival-top – Telefone: +55 (11) 93772-9278

Data: 5 a 12 de janeiro

Ingressos gratuitos.

(Com Marco Dabus/Press Services Soluções Integradas em Comunicação)

Férias: conheça o poder da arte e cultura preta no Museu Afro Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Popular Populares – Sem Titulo – Madalena dos Santos Reinbolt. Fotos: Divulgação.

No Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil – Emanoel Araújo é destino indispensável para quem busca uma experiência cultural rica e transformadora durante as férias. Com exposições que conectam a celebração de grandes artistas à reflexão sobre a história africana e afro-brasileira, o Museu se firma como um espaço de memória, criatividade e resistência. Nesta temporada, sete mostras estão em cartaz e convidam o público a um mergulho profundo na história preta, na arte e na cultura, oferecendo uma vivência única e inspiradora.

Singular Plural: Rubem Valentim

Este mês é a última oportunidade para visitar a exposição que celebra a obra de Rubem Valentim, um dos maiores representantes da arte preta brasileira. A mostra explora as formas geométricas e os elementos simbólicos que permeiam sua produção, destacando a singularidade de sua contribuição às artes visuais brasileiras. Visitante, aproveite enquanto é tempo.

Entre Linhas: Aurelino dos Santos e Rommulo Vieira Conceição

A exposição, que é localizada no térreo do Museu, abre o espaço para o diálogo com artistas soteropolitanos, enxergando a relação que ambos têm com os espaços físicos e sociais que os cercam. Aurelino dos Santos apresenta a visão urbana de Salvador em 28 pinturas, reordenando o caos urbanístico com cores vibrantes e elementos do cotidiano. Rommulo Vieira Conceição, com duas esculturas, transforma objetos do dia a dia em instalações que desafiam as fronteiras entre o interno e o externo.

Wagner Celestino: Caminhos do Samba

A mostra é uma homenagem à tradição do samba paulistano. Sob a perspectiva do olhar do fotógrafo Wagner Celestino, a exposição apresenta figuras lendárias do samba, como Seu Nenê da Vila Matilde, Xangô da Vila Maria e Carlão do Peruche. Ela está sob a marquise do museu, na área externa, o acervo apresenta as fotografias acompanhadas de biografias dos homenageados.

Uma História do Poder na África

Explorando a diversidade e a complexidade dos reinos e civilizações africanas, esta exposição reserva um mergulho na história do continente africano, destacando suas relações com o poder, a cultura e a resistência. É um convite que leva o visitante à reflexão sobre o impacto e a influência da África na formação da identidade brasileira.

Popular, Populares

Com uma curadoria que busca romper estereótipos e desafiar conceitos tradicionais, esta exposição apresenta uma seleção coletiva de obras de artistas populares. A mostra questiona o que define o “popular” e convida o público a refletir sobre as histórias e memórias presentes nas expressões artísticas de diferentes regiões do Brasil.

Pensar e Repensar, Fazer e Refazer

Comemorando os 20 anos do Museu Afro Brasil, esta exposição celebra as conquistas e os desafios enfrentados pelo Museu ao longo de sua trajetória. Um percurso que convida os visitantes a refletirem sobre o impacto do Museu na preservação e difusão da história e da cultura afro-brasileira.

Serviço:

Endereço: Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 10, São Paulo–SP

Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até às 18h)

Ingresso: R$15 (meia entrada, R$7,50) | Gratuito às quartas-feiras

Estacionamento (Parque Ibirapuera)

Acessos para automóveis: Portões 3 e 7.

(Com Larissa Borges/Si Comunicação)

Janeiro no Inhotim terá atividades diárias para toda a família

Brumadinho, por Kleber Patricio

Ateliê Circulante traz a atividade ‘Aquarela das plantas’. Foto: Vitória Brandão.

Em janeiro, mais dias de visitação no Inhotim. O maior museu a céu aberto da América Latina estende o seu funcionamento também às terças-feiras, com uma programação especial desenvolvida pela equipe de Educação para o mês das férias escolares. Com atividades diárias, como a Visita Panorâmica e as oficinas artísticas, o Inhotim é um espaço de encontros e de conhecimento, combinação ideal para começar o ano em contato com arte, natureza e educação. As quartas seguem gratuitas, além do último domingo do mês (em janeiro de 2025, dia 26). Confira o Guia Inhotim Gratuito para garantir sua entrada grátis no Instituto. Os ingressos devem ser retirados antecipadamente pela Sympla. O Inhotim não tem atendimento ao público apenas nos dias 24, 25 e 31 de dezembro de 2024, e nos dias 1º e 25 de janeiro de 2025.

No dia 18 de janeiro, sábado, o Próxima Parada: Inhotim, programa que disponibiliza o transporte coletivo gratuito saindo de regiões de Brumadinho para o Inhotim, convida as comunidades de Aroucas, Eixo Quebrado e Águas Claras para embarcarem em um dia de visitação no Inhotim.

Já o Ateliê Circulante traz seis edições para o mês de janeiro, com educadores e artistas: ‘Palavras de Verão’ propõe uma atividade dentro da obra Piscina (2009), de Jorge Macchi, para construir palavras e frases que nos lembram sobre a importância do descanso; ‘Recriando Imagens e Narrativas: a arte da colagem manual’, com a artista Domitila de Paulo, convida à experimentação ao recortar e deslocar imagens de seus contextos originais, criando cenários e narrativas; ‘Aquarela das Plantas’ incentiva a observação detalhada e a percepção da paisagem em um exercício que usa a aquarela; ‘O que você leva na bolsa?’, com a artista Juliana de Oliveira, reflete sobre como os objetos que carregamos mostram nossas histórias, personalidades e desejos por meio da técnica da escultura; ‘Desconstruindo limites’ cria intervenções únicas em grades e telas, ressignificando as possibilidades de liberdade e superação; e ‘Transfigurando Jardins’ se inspira nos elementos pictóricos apresentados por Carroll Dunham em sua obra Garden 1-5 (2008) e convida o público a criar elementos e seres que compõem um jardim, com sementes, folhas, galhos, linhas, lã, miçangas, sisal, materiais de modelagem e madeira.

De terça a domingo, às 10h30, a Visita Panorâmica convida as pessoas visitantes a participarem de um trajeto que apresenta destaques botânicos e artísticos, narrativas que remetem às origens do Inhotim e um panorama do que há para ser visto, hoje. Para participar, basta se inscrever na Recepção a partir das 10h. Confira a programação completa de janeiro no Inhotim:

Ateliê Circulante

Imagine encontrar um ateliê a céu aberto durante sua visita ao Inhotim. O Ateliê Circulante entende todos os espaços do museu e jardim botânico como lugares de vivência que envolvem diversas linguagens artísticas. A cada semana, nosso ateliê migra para um local diferente, investigando como cada espaço nos ajuda a descobrir formas de criar e experimentar a arte e natureza.

Palavras de Verão

Por Filipe Camato

2, 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 de janeiro, às 14h

25 vagas | Duração: 2 horas | Local: Jorge Macchi, Piscina (2009) [A15]* | Inscrições no local a partir das 14h | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas, a atividade poderá ser cancelada.

Na estação mais solar do ano, o público do Inhotim é convidado a pensar o lazer a partir do acervo do museu. O que fazemos quando não há nada para fazer? Dentro da obra Piscina (2009), de Jorge Macchi, serão construídas palavras e frases que nos lembram sobre a importância do descanso. Traga sua roupa de banho.

Recriando Imagens e Narrativas: a arte da colagem manual

Com Domitila de Paulo (MG)

11 e 12 de janeiro, às 14h

25 vagas | Duração: 2 horas | Local: Galeria Praça [G3]* | Inscrições no local a partir das 14h | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas intensas, a atividade será transferida para o Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

A colagem manual é um convite à experimentação: recortando e deslocando imagens de seus contextos originais, criamos cenários e narrativas, ressignificando o que vemos. Nesta oficina, conduzida pela artista Domitila de Paulo, vamos mergulhar nesse processo, experimentando o gesto de cortar para além dos formatos normativos e da obviedade, construindo significados inéditos.

Aquarela das Plantas

Por Daniela Brandão e Victória Brandão

14, 15, 16 e 17 de janeiro, às 14h

25 vagas | Duração: 2 horas | Local: Jardim Sombra e Água Fresca [J8]* | Inscrições no local a partir das 14h | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas, a atividade será transferida para o Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

Partindo do encontro entre arte e natureza, a equipe de Educação do Inhotim convida o público a investigar composições, formas, contrastes e diversos padrões de cores presentes nas espécies do Jardim Botânico. A atividade incentiva a observação detalhada e a percepção da paisagem em um exercício que usa a aquarela para inspirar quem participa a expressar e perceber o ambiente ao redor.

O que você leva na bolsa?

Com Juliana de Oliveira (MG)

18 e 19 de janeiro, às 14h

25 vagas | Duração: 2 horas | Local: Rirkrit Tiravanija, Palm Pavilion (2006 – 2008) [A18]* | Inscrições no local a partir das 14h | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas, a atividade será transferida para o Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

O que você carrega na bolsa, na carteira ou no bolso da calça todos os dias? Uma maquiagem, uma caneta ou um documento de identidade? Na oficina O que você leva na bolsa?, a artista Juliana de Oliveira nos convida a refletir sobre como os objetos que carregamos mostram nossas histórias, personalidades e desejos por meio da técnica da escultura.

Desconstruindo limites

Por Fernanda Morais

21, 22, 23, 24, 25 e 26 de janeiro, às 14h

25 vagas I Duração: 2 horas | Local: Rommulo Vieira Conceição, O espaço físico pode ser um lugar complexo, abstrato e em construção (2021) [A25]* | Inscrições no local a partir das 10h30 | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas, a atividade será transferida para o Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

Na busca por novos significados, transformamos as grades em formas de expressão que nos levam a imaginar a vida para além dos limites. Ora como barreira física, ora como metáfora da vida, estão presentes em trabalhos de alguns artistas do acervo do Inhotim, como Dóris Salcedo, Cildo Meireles e Rommulo Vieira Conceição. Nesta oficina, cada participante vai criar intervenções únicas em grades e telas, ressignificando as possibilidades de liberdade e superação.

Transfigurando Jardins

Por Paula Libertad

28, 29, 30 e 31 de janeiro, das 14h às 16h 

25 vagas | Duração: 2 horas | Local: Carroll Dunham [G22]* | Inscrições no local a partir das 14h | Classificação Indicativa: Livre

*Na ocorrência de chuvas, a atividade será transferida para o Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

Com inspiração nos elementos pictóricos apresentados por Carroll Dunham em sua obra Garden 1-5 (2008) e em estímulos do entorno da galeria, composta por paisagens planejadas e de vegetação espontânea, convidamos o público a criar elementos e seres que compõem um jardim. Para isso, serão utilizados sementes, folhas, galhos, linhas, lã, miçangas, sisal, materiais de modelagem e madeira.

Visita Panorâmica

De terça a domingo, às 10h30

25 vagas | Duração: 1 hora e 30 minutos | Local: Recepção | Inscrições no local a partir das 10h | Classificação Indicativa: Livre

Venha conhecer a história e as coleções do Inhotim. Na companhia de nossos educadores e educadoras, a pessoa visitante participa de um trajeto que apresenta destaques botânicos e artísticos, narrativas que remetem às origens do museu e um panorama do que há para ser visto, hoje.

PRÓXIMA PARADA INHOTIM

Edição Edição Aroucas + Eixo Quebrado + Águas Claras

18 de janeiro, às 9h30

40 vagas | Local: saída da Igreja de Sant’ana (Aroucas), com parada no Campo de Futebol do Eixo Quebrado (Rodovia José Silva Martins, 121) e na Igreja de Nossa Senhora do Belo Ramo (Águas Claras) | Retorno às 15h30 | Inscrições via formulário | Classificação Indicativa: Livre

Nas férias, o Próxima Parada convida as comunidades de Aroucas, Eixo Quebrado e Águas Claras para embarcarem em um dia de visitação no Inhotim. Não se esqueça de vir com roupas e calçados confortáveis, traga a sua garrafinha de água e participe de um dia repleto de programações e novidades no museu.

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

Esconjuro, de Paulo Nazareth

Curadoria de Beatriz Lemos e Lucas Menezes

Tendo como pontos de partida as relações entre história, território e deslocamentos, o artista Paulo Nazareth ocupa a Galeria Praça e outros espaços. A segunda estação de Esconjuro, a primavera, foi inaugurada em 23 de novembro de 2024 e chega com foco na transmutação e na transformação, nos trânsitos e nas migrações.

Galeria Praça [G3]

Até fevereiro de 2026

Tangolomango, de Rivane Neuenschwander

Curadoria de Beatriz Lemos, Douglas de Freitas e Júlia Rebouças

Rivane Neuenschwander (Belo Horizonte, MG) exibe uma de suas maiores exposições individuais. Tangolomango (2024) apresenta temas que aparecem no conjunto de suas obras, como infância, medo, memória, política e linguagem. Deste modo, investiga a elaboração do medo e da infância como chave para discutir a política e instituições autoritárias.

Galeria Mata [G1]

Até março de 2026

Apenas depois da chuva (2024), Rebeca Carapiá

Curadoria de Beatriz Lemos e Deri Andrade

Lago True Rouge

Até agosto de 2026

Rebeca Carapiá apresenta Apenas depois da chuva (2024), instalação escultórica comissionada composta por 20 peças, que reflete sobre a relação entre a água e o território, explorando a abstrata escrita encontrada nos seus desenhos e esculturas. A instalação é uma continuação da pesquisa de Carapiá sobre a interação de elementos naturais e escultóricos, formas e paisagens. 

Homo sapiens sapiens, Pipilotti Rist

Curadoria de Douglas de Freitas e Lucas Menezes

Galeria Fonte [G4]

Até agosto de 2026

A suíça Pipilotti Rist, referência da videoarte mundial, traz a obra imersiva Homo sapiens sapiens (2005), filmada há quase vinte anos nos jardins do Inhotim, originalmente apresentada na Bienal de Veneza. A instalação questiona e celebra a conexão entre o indivíduo e o universo, refletindo sobre temas como fantasia, sonho, humor, desejo e erotismo.

Ensaios sobre paisagem

Curadoria de Douglas de Freitas e Deri Andrade

Galeria Lago [G6]

Até julho de 2025

Por meio de pintura, desenho, fotografia e escultura, Aislan Pankararu, Ana Cláudia Almeida, Castiel Vitorino Brasileiro e Zé Carlos Garcia ressignificam a paisagem. Os trabalhos atravessam a pauta global dedicada às discussões, à pesquisa e aos efeitos das mudanças climáticas, bem como ancestralidade, artificialidade, tempo, metamorfose e arqueologia.

Giro (2023), Luana Vitra

Curadoria de Deri Andrade

Galeria Marcenaria [G9]

Até fevereiro de 2026

A multiartista de Contagem (MG) carrega em seu trabalho a experiência das paisagens minerais e industriais do seu entorno e as referências familiares ligadas aos ofícios do seu pai, torneiro mecânico, e da sua mãe, professora, para elaborar um ambiente imersivo no qual gesto e forma encontram materiais como o cobre e o barro. Comissionado pelo Inhotim, o trabalho traz como elementos materiais vasos de cerâmica, pedras que integram os caminhos do Inhotim e peças em cobre, propostos para estabelecer questionamentos sobre as relações desenvolvidas com a paisagem, sobretudo a de Minas Gerais.

O Barco (2021), Grada Kilomba

Curadoria de Júlia Rebouças e Marilia Loureiro

Galeria Galpão [G11]

Até fevereiro de 2026

Com mais de cem blocos de madeira, Kilomba retrata o fundo das embarcações que levavam pelo oceano milhões de corpos africanos escravizados. Ao longo do deslocamento pelos blocos, o público depara-se com um poema escrito por ela e traduzido para seis línguas: yoruba, kimbundu, crioulo de Cabo Verde, português, inglês e árabe da Síria.

INFORMAÇÕES GERAIS | INSTITUTO INHOTIM  

HORÁRIOS DE VISITAÇÃO

De quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.

Nos meses de janeiro e julho, o Inhotim funciona também às terças.

ENTRADA

Inteira: R$50,00* | Meia-entrada**: R$25,00.

*A partir de janeiro de 2025, valores atualizados: Inteira: R$60,00 | Meia-entrada: R$30,00.

**Veja as regras de meia-entrada no site: www.inhotim.org.br/visite/ingressos/ 

ENTRADA GRATUITA

Inhotim Gratuito: acesse o guia especial sobre a gratuidade no Inhotim.

Moradores e moradoras de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim; Amigos do Inhotim; Crianças de 0 a 5 anos.

Quarta Gratuita Inhotim: todas as quartas-feiras são gratuitas;

Domingo Gratuito: último domingo do mês é gratuito;

LOCALIZAÇÃO

O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na entrada para o Retiro do Chalé.

(Com Amanda Viana/Instituto Inhotim)

Lei Rouanet: 33 anos de transformação da cultura brasileira

Brasília, por Kleber Patricio

Foto: Reprodução/Agência Brasil.

Na última segunda-feira (23), o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) — ou Lei Rouanet, como é mais conhecida —, principal política pública de incentivo à cultura no Brasil, celebra 33 anos. Do Hip-Hop no Rio Grande do Sul ao teatro no Ceará, passando pelo choro em Brasília e a música sinfônica em Heliópolis, são inúmeras as histórias que revelam como ela foi capaz de democratizar o acesso à cultura, preservar tradições e transformar vidas.

Em 2024, foram recepcionadas mais de 19,1 mil propostas culturais. Durante o ano vigente, já foi registrada a captação de R$1,92 bilhão em renúncia fiscal via Lei Rouanet. A expectativa é atingir a captação de recursos recorde de R$3 bilhões ainda neste ano.

Além disso, o Ministério da Cultura (MinC) lançou programas direcionados a regiões do país – historicamente menos contemplados com incentivos fiscais – e segmentos sociais com o objetivo de nacionalizar e garantir a capilaridade da Rouanet como mecanismo de fomento cultural. Entre eles, estão o Rouanet Norte, Rouanet Nordeste e Rouanet da Juventude — que formam jovens como novos agentes culturais — e, o mais recente, a ampliação da Rouanet nas Favelas. A Pasta também criou o Programa Emergencial Rouanet RS em decorrência do estado de calamidade pública decretado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 1º de maio de 2024.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou que a celebração dos 33 anos da Lei Rouanet neste ano, marcada por um recorde de envio de propostas, evidencia o empenho do MinC em valorizar e fortalecer o setor cultural do Brasil. “Todo brasileiro precisa se orgulhar em ver as diversas manifestações culturais que ocorrem nos quatro cantos do Brasil chegando a diferentes lugares. Seguiremos trabalhando para melhorar e ampliar o acesso à Lei Rouanet com a criação de linhas especiais como a Rouanet Norte, Rouanet nas Favelas, Rouanet da Juventude, Rouanet Territórios Criativos e Rouanet Nordeste, para que ela continue gerando emprego, renda e transformando a vida de milhares de brasileiros e brasileiras através da Cultura”, afirma.

Para o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), Henilton Menezes, o mecanismo de incentivo à cultura é a ponte que une a cultura com a sociedade brasileira. “O Brasil é um país de dimensões continentais e diversidade cultural inigualável. A Lei Rouanet se destaca como um mecanismo indispensável para transformar essa riqueza em oportunidade. É um instrumento que não apenas promove a cultura, mas também fortalece a cidadania ao criar pontes entre artistas, empresas e a sociedade. Em 33 anos, a Lei Rouanet demonstrou seu impacto ao democratizar o acesso à arte, resgatar tradições e impulsionar novos talentos. Cada projeto viabilizado é uma semente para um futuro cultural mais justo e inclusivo para todos as brasileiras e brasileiros”, narra.

A Lei Rouanet sofreu um severo desmonte, cortes de recursos, campanhas de desinformação e ataques à classe artística. Mesmo assim, resistiu como símbolo de resiliência cultural, mantendo seu papel fundamental no incentivo à arte e no acesso democrático à cultura. E, em seu aniversário de três décadas, reafirma sua importância no cenário de reconstrução da cultura nacional. Se ainda resta dúvidas sobre, confira alguns projetos de várias regiões do Brasil incentivados pelo mecanismo:

A valorização do Hip-Hop no Sul

O Museu da Cultura Hip-Hop RS, localizado no bairro Vila Ipiranga, em Porto Alegre, é uma instituição pioneira dedicada à preservação e promoção da cultura Hip-Hop no Brasil. Inaugurado em dezembro de 2023, é o primeiro museu voltado exclusivamente ao hip hop na América Latina. O museu abriga um acervo com aproximadamente seis mil itens, incluindo registros físicos e digitais que documentam a história e a evolução dos cinco elementos da linguagem: MCing (rap), DJing, breakdance, grafite e conhecimento.

Entre as instalações, destaca-se uma sala de grafite 3D, proporcionando uma experiência imersiva aos visitantes. Além disso, o museu conta com uma estufa agroecológica periférica chamada Flor do Guetto, que integra práticas sustentáveis ao espaço cultural.

Desde sua abertura, o Museu da Cultura Hip-Hop RS tem se consolidado como um importante centro de difusão cultural, recebendo mais de 30 mil visitantes em seu primeiro ano de funcionamento. A programação inclui exposições, eventos, oficinas e ações solidárias, fortalecendo a comunidade local e ampliando o alcance da cultura Hip-Hop. Recentemente, o museu inaugurou a exposição Nación Hip-Hop: Colombia al ritmo de una cultura, fruto de uma parceria internacional que visa promover o intercâmbio cultural entre o hip hop brasileiro e colombiano. A mostra, apresentada anteriormente no Museu Nacional da Colômbia, explora a trajetória e a influência do movimento hip hop no país andino.

Rafa Rafuagi, integrante do grupo de rap Rafuagi e fundador do museu, destaca a importância da Lei Rouanet como mecanismo de fomento essencial para o campo cultural. “É com a Lei Rouanet que conseguimos gerar trabalho e renda digna para mais de 50 pessoas diretamente e beneficiar indiretamente mais de 200 artistas que participaram da programação cultural do museu em 2024”, afirmou Rafa. Ele afirma que o impacto vai além da geração de emprego, alcançando mais de 30 mil pessoas que visitaram gratuitamente o espaço, um centro de referência para a cultura hip hop na América Latina.

Segundo Rafa, a lei tem permitido não só o fortalecimento institucional do museu, mas também a criação de condições para a continuidade dos projetos. “A partir do êxito nas captações de recursos e na prestação de contas, conseguimos moldar nossos projetos de acordo com as demandas do dia a dia, garantindo a sustentabilidade do museu e ampliando nosso alcance”, explicou.

O rapper enaltece a transparência e a acessibilidade da Lei Rouanet, que possibilita a disputa justa por orçamento entre diferentes segmentos culturais, incluindo o Hip-Hop. “A lei torna a cultura emancipatória tanto econômica quanto socialmente, impactando o público de forma crítica e transformadora. É um instrumento vital que conecta o público, o privado e a sociedade civil, criando projetos históricos e apontando para um futuro mais justo e igualitário”, finaliza.

Hoje, o Museu da Cultura Hip-Hop também oferece diversas atividades educativas, como visitas guiadas, oficinas dos cinco elementos do Hip-Hop e uma biblioteca especializada, denominada Biblioteca Divilas, que disponibiliza um acervo voltado à pesquisa e ao aprofundamento no universo dessa linguagem.

Com uma infraestrutura que inclui estúdio de gravação, café e loja de produtos temáticos, o museu se estabelece como um ponto de encontro e resistência, celebrando a diversidade e a riqueza no estado gaúcho e no Brasil.

Garantido e Caprichoso: as estrelas parintinenses do Norte

Realizado anualmente na cidade de Parintins (AM), o Festival de Parintins, também conhecido como Festa do Boi Bumbá, é uma celebração vibrante que mescla tradições portuguesas e amazônicas. Durante o evento, a população se divide em duas agremiações, Garantido — vermelho — e Caprichoso — azul —, que competem ao apresentar danças, fantasias elaboradas e alegorias que retratam lendas e temas regionais. O festival atrai milhares de visitantes e é um dos mais importantes do folclore brasileiro. Além das apresentações, o evento movimenta a economia local com o artesanato, culinária típica e a hospitalidade dos moradores que contribuem para uma experiência única no norte do País. O diretor-presidente da Maná Produções, empresa agenciadora dos bois Caprichoso e Garantido, André Guimarães, enfatiza a relevância cultural e econômica do Festival de Parintins. “O festival já se consolidou como um evento de repercussão nacional e internacional, ao lado do Carnaval, recebendo turistas do mundo inteiro”, afirma.

Foto: Filipe Araújo/MinC.

Guimarães ressalta que o festival não é apenas uma celebração artística, mas também o motor econômico de sua região. “Parintins é, talvez, o único município do país que tem na cultura sua principal fonte de sustento. Estimamos uma movimentação de R$180 milhões gerada pelo evento, valor superior à própria receita municipal”, diz. Ele menciona ainda o impacto social e a criação de empregos, que envolve desde artistas e artesãos até trabalhadores informais, como tricicleiros e soldadores.

O evento chega à sua 58ª edição em 2025; porém, possui uma tradição cultural que ultrapassa um século de história. “O festival preserva suas raízes e diversidade cultural, abrigando influências indígenas, caboclas, europeias e judaicas, sem perder sua essência folclórica”, pontua Guimarães. O diretor também enfatiza o papel da Lei Rouanet no sucesso do festival. “Sem ela, eventos desse porte teriam dificuldades para acontecer. A lei não só facilita o financiamento, mas também confere prestígio, validando a importância cultural do projeto”, afirma. O festival é realizado tradicionalmente no último fim de semana de junho, com três noites de apresentações distintas, cada uma representando a força criativa e competitiva dos bois. “É um espetáculo comparável ao Carnaval do Rio, com mega alegorias e performances impressionantes. Cada noite é única, culminando na escolha do grande campeão”.

Além do impacto cultural, Guimarães destaca a gratidão ao apoio contínuo do Ministério da Cultura e ao reconhecimento do festival como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “A parceria com o governo federal e o uso da Lei Rouanet são fundamentais para a preservação e modernização do evento, que segue firme no cenário nacional e internacional”, conclui.

Nascimento do rebento cristão no Nordeste

O Baile do Menino Deus é um espetáculo natalino que ocorre anualmente na capital pernambucana do Recife. A peça teatral-musical, com uma trajetória de 41 anos e público estimado em cerca de 80 mil pessoas por edição, reconta o nascimento de Jesus Cristo com elementos da cultura popular nordestina ao incluir músicas, danças e personagens típicos. O evento é gratuito e realizado ao ar livre, reunindo milhares de espectadores e se consolida como uma tradição natalina na região. A trilha sonora composta por grandes nomes da música brasileira e os figurinos inspirados no artesanato nordestino são marcas do espetáculo, que promove um diálogo entre a fé cristã e a cultura regional. “O espetáculo é completamente aberto ao público e, em grande parte de sua história, tem sido viabilizado pela Lei Rouanet. Essa política pública permite que realizemos um projeto que emprega diretamente cerca de 300 pessoas, entre artistas, técnicos e outros profissionais das artes”, explica Ronaldo Correia de Brito, criador e diretor do espetáculo.

Neste ano, o Baile do Menino Deus contará com 70 artistas no palco, incluindo músicos, bailarinos, atores, cantores solistas, um coro infantil com 12 crianças, um coro adulto com oito cantores e manipuladores de bonecos. “Estamos falando de um evento que envolve maquiadores, costureiras, aderecistas, contrarregras, iluminadores e muitos outros profissionais essenciais para que tudo aconteça com excelência”, destaca Correia de Brito.

Segundo o diretor, o espetáculo se consolidou como a festa natalina mais popular e sofisticada do país ao se transformar em um marco cultural de Pernambuco e do Recife, com reconhecimento nacional e internacional. Ele também enfatizou a relevância da Lei Rouanet para a manutenção do evento: “Hoje, cerca de 80% dos recursos para o financiamento do espetáculo vêm dessa lei. É ela que possibilita que o Baile do Menino Deus continue encantando públicos de dentro e fora do Brasil. Portanto, viva a Lei Rouanet”.

Teatro como motor cultural no Centro-Oeste

Fundado em 1980 na cidade de Barbacena, Minas Gerais, o Grupo Ponto de Partida é uma companhia teatral reconhecida por suas montagens inovadoras e pelo trabalho com jovens artistas. O grupo desenvolve projetos que integram teatro, música e educação, contribuindo para a formação cultural e artística de crianças e adolescentes, especialmente por meio da Bituca – Universidade de Música Popular que oferece cursos gratuitos de música. O grupo é também conhecido por suas produções que abordam temas sociais e culturais relevantes, atraindo público de todas as idades e de diferentes regiões do Brasil.

Para a diretora do grupo, Regina Bertola, a Lei Rouanet contribuiu e permitiu que o grupo Ponto de Partida, atuando a partir do interior de Minas Gerais, mantivesse durante 43 anos, um trabalho cultural inovador, contínuo e estruturante, que reconfigurou a forma e os rumos desse próprio movimento e tornou-se uma referência. “Hoje, 2024, o que acho fundamental entender na Lei Rouanet, é que ela é um instrumento de cidadania. Ela permite que qualquer pessoa que pague impostos possa escolher como parte desse tributo seja empregado. Exercer esse direito e esse privilégio nos confere um enorme poder para a organização da sociedade. Essa relação direta do cidadão comum com a produção cultural e a criação artística do seu país, tem o condão de redimensionar por completo a relação de simples consumidor a protagonista social, de artista e plateia a aliados”, destacou.
Hoje, além do núcleo de teatro permanente, é responsável direto pelo trabalho ou a formação de 323 pessoas, vindas de mais de 70 cidades brasileiras, que se dividem e se somam nos seus vários projetos e programas.

Projeções de um futuro em um espaço museal no Sudeste

Localizado no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã é um museu de ciências dedicado a explorar as possibilidades de construção do futuro a partir de perspectivas sustentáveis e inclusivas. Inaugurado em 2015, o museu combina arte, ciência e tecnologia em exposições interativas que abordam temas como mudanças climáticas, biodiversidade e convivência planetária. O edifício, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, é um marco da revitalização da zona portuária carioca. O museu também realiza palestras, workshops e programas educativos que visam engajar a sociedade em debates sobre o futuro do planeta.

Segundo o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) — entidade que gere o museu — Ricardo Piquet, o Museu do Amanhã é um espaço de ciência aplicada concebido no início da década de 2010 como um ponto de diálogo entre ciência, cultura e mudanças climáticas. “O objetivo sempre foi criar um local para narrativas que dialogassem com os grandes desafios da humanidade, apoiadas em exposições, debates e encontros que dinamizam o ambiente”, explica.
Piquet também defendeu a relevância da Lei Rouanet como um mecanismo essencial para o fomento cultural. “É o melhor instrumento de incentivo à cultura que temos, mas precisa ser mais bem comunicado e defendido”, ressalta. Ele destacou que setores como a indústria de refrigerantes recebem incentivos fiscais superiores aos destinados à cultura, muitas vezes sem a mesma transparência na prestação de contas.

De acordo com Piquet, cerca de 40% a 50% dos recursos destinados à manutenção do Museu do Amanhã provêm da Lei Rouanet. O restante é oriundo de bilheteria, eventos e concessões. Ele mencionou ainda que outros projetos geridos pelo IDG, como o Museu das Favelas e o Paço do Frevo, também dependem significativamente do mecanismo. “A Lei Rouanet é fundamental não apenas para grandes instituições, mas também para pequenas iniciativas culturais. Ela precisa ser celebrada e preservada como ferramenta de desenvolvimento cultural no Brasil”, completa.

O choro musical que encanta corações no Centro-Oeste

O Clube do Choro de Brasília, fundado em 1977, é uma das mais importantes instituições dedicadas à preservação e promoção do choro, gênero musical brasileiro. Além de realizar apresentações regulares com músicos renomados, o clube mantém a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, que oferece formação musical gratuita para jovens talentos, garantindo a continuidade e renovação desse patrimônio cultural. A escola é um celeiro de músicos que se destacam no cenário nacional e internacional e o clube promove também eventos que celebram o legado de grandes mestres do choro. Reco do Bandolim, jornalista, produtor cultural, bandolinista e presidente do Clube do Choro de Brasília, é também fundador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, a primeira do gênero no país. Com décadas de dedicação à música e à cultura brasileira, ele destaca o papel da Lei Rouanet na preservação e promoção das tradições culturais do país.

Foto: Filipe Araújo/MinC.

“Comemoramos recentemente o reconhecimento do choro como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan e pelo Ministério da Cultura. Esse marco reflete o esforço de anos, e muito disso só foi possível graças à Lei Rouanet”, conta Reco. O presidente destaca que o incentivo permitiu implementar projetos de grande envergadura que valorizam compositores como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali e Tom Jobim, entre outros que moldaram a música popular brasileira.

O Clube do Choro e a Escola Brasileira de Choro funcionam em um prédio projetado por Oscar Niemeyer, dedicado ao ensino, preservação e divulgação da música brasileira. Segundo Reco, “a Lei Rouanet foi essencial para que tivéssemos condições de manter vivas as expressões culturais brasileiras, descentralizando a captação de recursos e permitindo que estados menos favorecidos também preservassem sua identidade e tradições”.

Para ele, ela é mais que um instrumento de financiamento cultural: é uma ferramenta de democratização. Ele destacou que movimentos culturais como o fandango no Sul, o boi-bumbá na Amazônia, o frevo pernambucano e o próprio choro brasileiro só podem ser preservados e difundidos com o apoio da legislação. Além disso, a lei fomenta o turismo, gera empregos e movimenta setores como gastronomia, transporte e hospedagem. “Eventos culturais e festivais criados com o apoio da Lei Rouanet fortalecem a economia local e promovem o acesso à cultura para comunidades que, de outra forma, não teriam contato com esses bens culturais”, afirma. Reco também ressalta que a lei tem sido alvo de críticas infundadas. “A cultura brasileira precisa ser apoiada, difundida e valorizada. A alma do Brasil não tem cotação em bolsa; ela define quem somos como povo e nação.”

Com o Clube do Choro há 47 anos e a Escola Brasileira de Choro perto de completar 30, Reco acredita que esses projetos são exemplos do impacto positivo da Lei Rouanet. Ele reforça que a lei precisa ser constantemente avaliada e aprimorada para continuar servindo ao seu propósito. “Ela une as pontas deste país-continente, fortalece o senso de pertencimento e nos ajuda a reconhecer nossa própria identidade com alegria e orgulho”. Reco conclui: “A cultura brasileira é o nosso espelho e nosso retrato. Cabe a todos nós garantir que ela continue viva e acessível para as próximas gerações.”

Música sinfônica por adolescentes e jovens no Sudeste

O Instituto Baccarelli é uma organização sem fins lucrativos situada na comunidade de Heliópolis, em São Paulo. Fundado em 1996 pelo maestro Silvio Baccarelli, o instituto oferece educação musical e artística para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Reconhecida por formar a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, que já se apresentou em importantes palcos nacionais e internacionais, além das aulas, promove concertos didáticos e eventos comunitários que reforçam o papel transformador da música na vida dos jovens.

A favela, que é a maior do estado com uma população de aproximadamente 220 mil pessoas, se tornou o cenário de uma revolução cultural e educacional promovida pela instituição. Edilson Ventureli, diretor-Executivo do Instituto, destaca o impacto da Lei Rouanet para a viabilização dos projetos. “A Lei Rouanet faz parte da nossa história. Desde o ano 2000, ela tem sido essencial para a continuidade do nosso trabalho, representando hoje 90% de nossos recursos. Sem ela, não seria possível transformar a vida de tantas crianças e jovens”, fala.

O instituto atende atualmente 1.633 crianças, começando com musicalização infantil aos dois anos de idade e, aos seis, introduzindo o aprendizado de instrumentos musicais. Aos nove anos, os alunos têm a oportunidade de ingressar em uma das quatro orquestras formadas pelo projeto. Entre elas, a Orquestra Sinfônica Heliópolis, dirigida pelo renomado maestro Isaac Karabtchevsky, que, aos 90 anos, segue como referência no cenário musical brasileiro e internacional. Segundo Ventureli, o trabalho do Instituto já impactou mais de 200 mil crianças ao longo de quase três décadas. “Muitos dos nossos ex-alunos são hoje músicos profissionais atuando em grandes orquestras como a Filarmônica de Minas Gerais, a Osesp, e outras espalhadas pelo Brasil e até no exterior. Nosso projeto amplia os horizontes e o repertório dessas crianças, abrindo portas para carreiras internacionais”, conta.

Outro marco importante para a instituição é a construção, financiada pela Lei Rouanet, da primeira sala de concertos em uma comunidade de favela no mundo. O espaço, com capacidade para 533 pessoas, palco para 90 músicos e um fosso para orquestra, está previsto para ser inaugurado no primeiro semestre de 2025. “Será um ponto de luz na comunidade, reunindo não apenas música sinfônica, mas todas as linguagens culturais das favelas, como rap, funk, pagode e sertanejo”, destaca.

Além disso, o novo teatro servirá como um polo de formação profissional para o ecossistema cultural. Cursos de engenharia de som, produção audiovisual, cinegrafia e até projeção de cinema estão sendo planejados em parceria com a SpCine. “Estamos preparando uma estrutura moderna, com estúdio de áudio e ilhas de transmissão de vídeo, que permitirá formar profissionais para áreas que estão em falta no mercado”, diz Ventureli. Com o apoio da Lei Rouanet, o Instituto Baccarelli segue transformando vidas e consolidando Heliópolis como um território de referência cultural e social no Brasil. “Para nós, música é música, sem adjetivos nem preconceitos”, concluiu Ventureli.

Educação artística para jovens no Nordeste

Localizada no município de Aquiraz (CE), a 31 quilômetros da capital cearense, o projeto Tapera das Artes é uma associação cultural que, desde 1983, desenvolve projetos de educação musical e artística para crianças e adolescentes. A instituição promove oficinas, concertos e eventos culturais, contribuindo para o desenvolvimento social e cultural da região. A Tapera das Artes é reconhecida por sua atuação na formação de jovens músicos e na difusão da cultura local. Suas atividades incluem projetos de intercâmbio cultural e apresentações em festivais, fortalecendo a identidade cultural da comunidade.

Fundada há 41 anos e localizada no sítio histórico da primeira capital do Ceará, tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento humano. De acordo com Ritelza Cabral, fundadora e presidente do Conselho Administrativo da instituição, “somos protagonistas na promoção da dignidade e no despertar de sonhos em crianças, adolescentes e jovens por meio do universo das artes. Acreditamos em um mundo mais sustentável e inclusivo”. Ritelza conta com o apoio essencial do Governo Federal: “Somos profundamente gratos ao governo Lula pela reabertura do Ministério da Cultura e pela reestruturação das diretrizes da Lei Rouanet. Essa lei não apenas fomenta a liberdade de expressão e o pensamento crítico, mas também fortalece a cena cultural brasileira, consolidando o acesso democrático à arte”.

Com um modelo de gestão que integra investimentos do poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor, a Tapera das Artes se tornou um exemplo de cidadania através da arte. “O acesso aos repertórios artísticos e culturais consolida valores éticos, estéticos e inventivos. Nosso público é composto majoritariamente por alunos de escolas e universidades públicas, com prioridade para famílias de baixa renda. Atualmente, atendemos cerca de 2.500 crianças, adolescentes e jovens por meio de 14 ateliês de musicalização, em parceria com essas escolas públicas”.

O trabalho da Tapera das Artes transcende o aspecto educativo. A instituição oferece um programa de profissionalização, com bolsas de estudo e sete ateliês dedicados a práticas artísticas como música tradicional, armorial, cerâmica e artes visuais. “Essas iniciativas geram produtos de alta qualidade estética e movimentam a economia criativa local, criando oportunidades de emprego e renda para os jovens”.
Ritelza também destacou o impacto emocional e social das atividades desenvolvidas: “Proporcionamos vivências culturais que vão além do aprendizado técnico, formando seres humanos mais sensíveis e capazes de enxergar a vida com os olhos do coração. Acreditamos que a cultura transforma, recria e inspira. Essa é a principal missão da Tapera das Artes: inspirar pessoas e revelar o potencial humano por meio da arte”.

Como funciona a Lei Rouanet

Produtores culturais, artistas e instituições que desejam promover eventos, produtos ou ações culturais podem submeter suas propostas ao MinC para aprovação. As propostas que cumprem os critérios da Lei Rouanet recebem autorização para captar recursos junto aos patrocinadores — pessoas físicas e jurídicas —, que, em contrapartida, podem obter benefícios de renúncia permitidos pela legislação.
Por meio do incentivo, o governo federal permite que parte dos tributos seja direcionada ao financiamento de atividades culturais, fortalecendo o setor e ampliando o acesso da população a bens culturais. Após a captação, a equipe do MinC, com auxílio de sistema automatizado, acompanha os projetos em execução, permitindo a adoção de medidas preventivas e corretivas oportunas. O objetivo é garantir a transparência e eficiência no uso dos recursos públicos destinados à promoção cultural.

Mais informações sobre a Lei Rouanet podem ser acessadas aqui.

(Com Sheila de Oliveira/Assessoria de Imprensa MinC)

Novos indicadores para monitorar a regeneração natural viabilizam a recuperação das florestas na Amazônia

Amazônia, por Kleber Patricio

Regeneração florestal em uma paisagem de agricultura de corte e queima na Amazônia Central. Foto: Catarina Jakovac/Acervo pesquisadores.

A regeneração natural é um método de recuperação da vegetação nativa baseada no restabelecimento espontâneo da cobertura florestal em áreas degradadas por fogo, agricultura e pastagem, por exemplo. Esse processo resulta na formação das chamadas florestas secundárias. Um estudo publicado na revista científica ‘Communications Earth & Environment’ na última sexta-feira (20) por pesquisadores de instituições como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi traz caminhos para garantir o sucesso da regeneração da floresta amazônica.

Segundo o artigo, a regeneração natural é mais eficiente em áreas que foram pouco usadas para agricultura ou pastagem no passado (por menos de 10 anos, aproximadamente), que possuam quantidade expressiva de floresta no entorno (mais de 50% da paisagem) e que tenham sofrido poucos eventos de corte e queima (menos de quatro).

Primeiros anos da regeneração natural após a prática de agricultura de corte e queima. Ao fundo, destaca-se uma floresta em regeneração com mais de 20 anos, evidenciando diferentes estágios sucessionais no mesmo ambiente. Foto: André Giles.

O estudo foi realizado com base em dados de 448 florestas secundárias em 24 localidades na Amazônia brasileira, considerando medidas de diversidade, função e estrutura da vegetação — referentes à riqueza de espécies nativas e ao diâmetro dos troncos das árvores, por exemplo. Com base nesses dados, a equipe propôs um conjunto de indicadores e valores de referência para avaliar se uma floresta que está regenerando está realmente sendo capaz de restaurar o ecossistema nativo.

A regeneração bem-sucedida resulta em florestas densas, diversas e com grande quantidade de biomassa. Os autores estimaram que uma floresta em regeneração com 20 anos de idade, por exemplo, deve ter no mínimo 14 metros quadrados de área basal por hectare – cálculo que considera a área ocupada pelos troncos e que indica sobre a estrutura da floresta. Essa floresta em regeneração também deve ter no mínimo 34 espécies a cada 100 indivíduos amostrados, um valor de 0,27 de índice de heterogeneidade estrutural – que é a variação no tamanho dos troncos das árvores, medida em uma escala de 0 a 1 – e pelo menos 123 toneladas de biomassa viva por hectare acima do solo. Florestas regenerantes na Amazônia que apresentem indicadores abaixo desses valores estão aquém do potencial de restauração da região, indicando a necessidade de intervenções para acelerar o processo.

Árvore remanescente da espécie Samaúma (Ceiba pentandra), inserida em uma floresta com mais de 50 anos de regeneração natural. Foto: André Giles.

Os indicadores permitem o monitoramento adequado da restauração florestal e do cumprimento de obrigações legais, como a Lei de Proteção da Vegetação Nativa e as compensações por danos ambientais. “A incerteza sobre a efetividade do processo de restauração gera insegurança para proprietários, órgãos ambientais e investidores”, destaca André L. Giles, pesquisador da UFSC e autor principal do estudo. “Nosso trabalho dá o primeiro passo para enfrentar essa subjetividade, oferecendo ferramentas claras para a tomada de decisões sobre quando atestar que a regeneração natural cumpriu seu papel como método de restauração”, complementa.

Segundo o Observatório da Restauração, o método é empregado em 67,58% dos projetos de restauração no Brasil. Na Amazônia, florestas regenerantes cobrem aproximadamente 18,9 milhões de hectares do bioma. Os autores esperam que os indicadores contribuam para um monitoramento mais preciso das iniciativas de restauração ecológica. Essa ferramenta baseada na ciência para verificar o sucesso da regeneração natural também deve permitir que o Brasil avance em direção ao cumprimento de suas metas ambientais globais, que incluem a restauração de 12 milhões de hectares até 2030, conforme o Acordo de Paris.

(Fonte: Agência Bori)