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“Chego até a janela e não vejo o mundo” leva ao palco o encontro de Graciliano Ramos e Nise da Silveira na prisão

São Paulo, por Kleber Patricio

Chego até a janela e não vejo o mundo. Fotos: Giorgio D’Onofrio.

O encontro da psiquiatra Nise da Silveira (1905–1999) e do escritor Graciliano Ramos (1892–1953) na prisão em 1936, durante a Era Vargas, é tema da peça “Chego até a janela e não vejo o mundo”. Os dois alagoanos, que até então não se conheciam, iniciam uma amizade que extrapola o cárcere e seria levada até a morte do escritor, anos depois. O espetáculo tem direção e dramaturgia de Gabriela Mellão e João Wady Cury e é protagonizado por Simone Iliescu e Erom Cordeiro. A estreia acontece no Itaú Cultural em 28 de março e a temporada segue até 14 de abril, de quinta-feira a sábado, às 20h, e, aos domingos e feriados, às 19h. As sessões são gratuitas.

A obra parte da história real – o encontro entre esses dois personagens maiores da história brasileira – e segue o caminho da ficção. “Para contar essa história vivida por Nise e Graciliano, abordar o horror da perseguição política e a beleza da amizade nascida entre grades, nos interessava a cumplicidade criada no claustro entre eles sem abrir mão de uma narrativa onírica e poética de um lado e também aterrorizante e delirante do outro. Sem esse abstrato, não há como retratar o que eles passaram na prisão”, conta Gabriela Mellão.

Quando foram presos, os dois estavam em momentos diferentes da carreira. Graciliano já tinha publicado ‘Caetés’ (1933) e ‘São Bernardo’ (1934), além de ter sido prefeito de Palmeira dos Índios e diretor da Instrução Pública de Alagoas, cargo equivalente a Secretário Estadual da Educação. Já Nise da Silveira trabalhava no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, após ter concluído uma especialização em psiquiatria.

A maneira com que Nise e Graciliano se relacionam evidencia o modo como eles viam a vida. São duas personalidades muito diferentes que compartilham o interesse pelas questões humanas e voltam suas atenções aos que estão à margem do sistema. A experiência da prisão, uma imersão neste universo, reafirma o caminho escolhido por eles, ao mesmo tempo em que ressalta a importância do afeto para o homem em circunstâncias adversas.

O encarceramento gerou impactos diferentes em cada um. “Graciliano publicou livros logo ao sair da prisão, filiou-se ao Partido Comunista, foi candidato a deputado e relatou sua experiência em ‘Memórias do Cárcere’, publicado postumamente. Ao contrário dele, depois de liberada, Nise passou oito anos escondida no interior da Bahia por medo de ser presa novamente. Só retomou sua carreira em 1944, quando a perseguição política do Estado Novo foi amenizada”, acrescenta o diretor e dramaturgo.

Nesse cenário, “Chego até a janela e não vejo o mundo” é um elogio à liberdade que busca retratar de uma maneira simbólica o horror da Era Vargas e da perseguição política. As pesquisas realizadas para o espetáculo apontam que nem o escritor, nem a psiquiatra foram torturados. No entanto, o simples fato de estarem em um ambiente violento foi suficiente para marcar definitivamente as vidas dos dois alagoanos – e o texto evoca isso.

Sobre a encenação

Foi durante o isolamento social vivido por João Wady Cury e Gabriela Mellão na pandemia de Covid-19 que nasceu a peça. A estratégia adotada pela dupla para mergulhar o máximo possível na psiquê desses personagens envolveu uma constante troca de correspondências entre os dois dramaturgos, Mellão como Nise e Cury como Graciliano Ramos. A partir daí, começaram a elaborar a dramaturgia.

Simone Iliescu e Erom Cordeiro dão vida a essas figuras icônicas. Já o clima que transita entre o afetuoso e o aterrorizante é criado por meio da iluminação de Aline Santini, do cenário de Camila Schmidt e da trilha sonora original de Federico Puppi.

GRACILIANO | Eu escrevo. Somente escrevo. Escrevo o que vejo, não invento coisas que não existem porque o mais importante é retratar a realidade como ela é para que as pessoas que não vivem esta realidade saibam como é. O mundo das minhas histórias é o mundo que eu vejo e que vivo. É por isso que escrevo. Para as pessoas. Como você. Fazemos pelo outro, por quem precisa, por quem merece.

NISE | Você acha que eu compreendo as pessoas que estão doentes, que são pobres e que sofrem por estar aqui? Eu me identifico com elas, me sinto uma delas.

GRACILIANO | Há frases que tomam todas as horas do dia, até que fiquem como eu espero. Não faço planos, sigo, somente sigo. (..) As crises passam, tão certo como a vida passa. Então por que diabos prende indivíduos como eu, para quê?

NISE | Ser livre é ter espaço interno para poder ser o que se é? Eu sei quem sou? Em nome do que eu me corrompo? Em nome de desejos? (…) Ter de seguir as normas sociais, as leis e as imposições? De quais condutas estou me referindo, as do sistema, as dos poderosos, do meu ego, do meu inconsciente? Trechos da dramaturgia “Chego até a janela e não vejo o mundo”

Sobre Graciliano Ramos

Primogênito de 16 irmãos, Graciliano Ramos nasceu dia 27 de outubro de 1892 em Quebrangulo (AL). Casou-se aos 23 anos com Maria Augusta de Barros, com quem teve quatro filhos: Márcio, Júnio, Múcio e Maria Augusta, que recebe o nome de sua mãe, falecida no parto. Em 1928, casa-se com Heloisa Leite de Medeiro, em 20 de março de 1953, com quem também tem quatro filhos.

Na vida profissional, além de ser um romancista, contista e cronista notável, o autor de “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, entre outras obras-primas da literatura brasileira, foi jornalista, tradutor e teve uma série de cargos públicos, incluindo o de Inspetor Federal de Ensino Secundário do Rio de Janeiro.

Sobre Nise da Silveira

Nise da Silveira nasceu em 15 de fevereiro de 1905, em Maceió (AL). Entre 1921 e 1926, foi a única mulher dentre os 157 alunos da turma na Faculdade de Medicina na Bahia. Especializando-se em Psiquiatria, a médica lutou contra as formas agressivas de tratamento existentes na época, como internação, eletrochoques e lobotomia.

Nise foi responsável por introduzir a arte no cuidado com os pacientes do Centro Psiquiátrico Pedro II. Quem frequentava a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) da instituição era convidado a se expressar artisticamente. Todos tinham acesso a ateliês de desenho e pintura, aulas de esportes variados, além de oficinas de teatro, marcenaria e sapataria.

Em 1952, funda o Museu de Imagens do Inconsciente, um Centro de Estudo e de Pesquisa ainda em atividade que reúne as obras de atividades produzidas nos ateliês. Parte do trabalho é exibido no II Congresso Internacional de Psiquiatria, em Zurique, em 1957, a convite de C. G. Jung.

O interesse do fundador da psicologia analítica e da psiquiatra brasileira pela expressividade do inconsciente em pinturas e desenhos sob a forma de mandalas aproxima-os. Além de se corresponderem, Nise viaja algumas vezes à Suíça para visitar e estudar no Instituto C. G. Jung em Zurique. Em 1955 ela forma o Grupo de Estudos C. G. Jung no Brasil.

Sobre o encontro

Nise e Graciliano estiveram presos praticamente no mesmo período, entre os anos de 1936 e 1937. Foram apresentados por um amigo comum, justamente por serem alagoanos, em uma situação curiosa narrada em Memórias do Cárcere, quando precisaram se encarapitar para se ver. A partir daquele momento, iniciou-se uma profícua amizade baseada na cumplicidade das grades.

Nos poucos momentos em que puderam se encontrar, fosse nos banhos de sol ou mesmo na enfermaria da prisão, passaram a conversar sobre assuntos de interesse comum — é importante lembrar que homens e mulheres ficavam em alas separadas, apesar de muitas vezes contíguas. Graciliano e Nise, além de terem em comum o Estado de Alagoas, comungavam do interesse no ser humano.

Sinopse | Graciliano Ramos e Nise da Silveira são presos durante a ditadura Vargas. Nesta situação de restrição absoluta, acabam se conhecendo e nasce uma amizade que se estende até o final da vida entre o escritor, um dos mais importantes do país, autor de Vidas Secas e São Bernardo, e a psiquiatra que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil com a inserção da arte na vida dos internos em manicômios. São duas personalidades muito diferentes que têm em comum o afeto, a compreensão de suas condições e o tamanho do mundo.

Ficha Técnica

Texto e direção: Gabriela Mellão e João Wady Cury

Atuação: Simone Iliescu e Erom Cordeiro

Cenografia: Camila Schmidt

Desenho de luz: Aline Santini

Assistente de iluminação: Gabriela Ciancio

Trilha sonora original: Federico Puppi

Operador de som: May Manão e Lucas Bressanin

Figurinista: Dani Tereza Arruda

Preparador físico e coreógrafo: Reinaldo Soares

Fotografia: Giorgio D’Onofrio

Designer gráfico: Ana Fortes

Produção: Corpo Rastreado – Letícia Alves

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques.

Serviço:

Chego Até a Janela e Não Vejo o Mundo

Temporada: 28 de março a 14 de abril – de quinta-feira a sábado, às 20h, e, domingos e feriados, às 19h

Na Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)

Duração: 70 minutos aproximadamente

Capacidade: 224 lugares

Classificação Indicativa: 16 anos (temas sensíveis, prisão, tortura)

Entrada gratuita. Reservas de ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)

Nikkey Restaurante: uma jornada culinária única para usufruir no bairro da Liberdade

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Monica Quinta.

Localizado no primeiro subsolo do tradicional Nikkey Palace Hotel, o Nikkey Restaurante é uma joia culinária que encanta tanto hóspedes quanto visitantes na região da Liberdade, em São Paulo. Com uma proposta gastronômica diversificada e um ambiente acolhedor que remete ao mundo oriental, este estabelecimento oferece uma experiência única para os apreciadores da culinária oriental e brasileira.

Uma das características mais distintivas do Nikkey Restaurante é a sua capacidade de atender tanto os hóspedes do hotel quanto o público externo. Seus serviços de café da manhã, almoço e jantar garantem que todos possam desfrutar das delícias gastronômicas oferecidas e comportam até 100 pessoas no salão principal.

Foto: Divulgação.

As opções de refeição são vastas e incluem pratos da gastronomia japonesa, chinesa e brasileira. Os clientes podem optar pelo rodízio ou à la carte, sendo que o almoço é servido também em estilo de buffet, proporcionando uma ampla variedade de sabores e texturas das 11h30 às 14h30 diariamente.

No jantar, o destaque fica por conta do rodízio, disponível de terça a domingo das 18h às 21h. Os clientes têm a oportunidade de saborear uma seleção de pratos frios e quentes que combinam ingredientes frescos e saborosos.

Para os apreciadores de um café da manhã completo, o Nikkey Restaurante não decepciona. Das 6h30 às 9h30, os clientes podem desfrutar de uma variedade de opções que incluem tanto pratos tradicionalmente japoneses, como sunomono, tsukemono e yakizakana, quanto opções mais ocidentais, como pães, frios, sucos, frutas e iogurtes.

Foto: Divulgação.

Além disso, o restaurante oferece uma experiência única nas suas Ozashiki, salas de tatame japonês, onde os clientes podem desfrutar de uma refeição em um ambiente intimista e exclusivo. Com capacidade para acomodar até 8 pessoas cada, as três salas podem ser reservadas por um valor fixo. Adicionalmente, as divisórias podem ser retiradas para formar uma única sala, ideal para grupos maiores de até 23 pessoas. Mais informações: www.nikkeyhotel.com.br.

(Fonte: Assimptur)

Madonna anuncia show dia 4 de maio na Praia de Copacabana

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: Ricardo Gomes.

Confirmado – Madonna anunciou na segunda-feira (25) que fará um show gratuito histórico no Rio de Janeiro, dia 4 de maio, sábado, na majestosa Praia de Copacabana, como o culminar de sua universalmente elogiada The Celebration Tour – uma das turnês mais comentadas do ano. O evento será o maior show da artista até agora, um concerto inesquecível em um dos cenários mais bonitos do mundo. Essa apresentação é um agradecimento aos fãs por celebrarem mais de quatro décadas de sua música ao longo dessa épica turnê global. Essa será a maior pista de dança do mundo.

O mundo teve um primeiro vislumbre da tão aguardada turnê em outubro passado, quando foi lançada em Londres com um recorde de seis shows esgotados no The O2. Passando por 14 países, o show não só recebeu ótimas críticas de fãs e da imprensa, mas também é uma prova da carreira inovadora de Madonna e de seu impacto contínuo na cultura.

A The Celebration Tour é uma experiência única com o convidado especial Bob the Drag Queen, também conhecido como Caldwell Tidicue, em todas as datas da turnê global. Esse é o primeiro show da artista feminina mais vendida de todos os tempos no Brasil desde 2012.

A produção no país é da Bonus Track, que tem como sócios Luiz Oscar e Luiz Guilherme Niemeyer, com forte experiência na realização de eventos grandiosos no país e de repercussão internacional. O Itaú Unibanco apresenta o projeto, que tem também patrocínio da Heineken. O Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura do Rio de Janeiro apoiam e são importantes parceiros cientes do forte impacto do show no Turismo e na Economia, além de levar a imagem do Rio para o mundo.

“A confirmação desse show é um grande presente para todos os fãs de Madonna. Será realmente um momento único, com uma das mais bem sucedidas turnês musicais esperada por diversos países, e a artista escolheu exatamente o Rio de Janeiro para esse grande final. Muito mais do que um show, vamos mostrar para o mundo o impacto desse grande evento, aberto ao público, realizado na Praia de Copacabana, cenário que domina o imaginário global como exemplo de beleza natural. Além disso, é importante frisarmos aqui os inúmeros impactos positivos desse evento para a cidade e para o Estado, com o incremento do Turismo e da Economia”, indica Luiz Oscar Niemeyer.

O show de Madonna na Praia de Copacabana terá início às 21h45 e terá transmissão ao vivo no Multishow e na TV Globo. O Globoplay trará o show para os logados free no simulcasting da TV Globo e no Multishow para os assinantes do Globoplay + Canais.

A The Celebration Tour in Rio é uma produção da Bonus Track em parceria com a Live Nation. O evento é apresentado pelo Itaú, com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Heineken. Apoio da Deezer. Informações sobre o evento podem ser encontradas no site e no link.

The Celebration Tour in Rio

Data: 4 de maio, sábado

Início do show: 21h45

Local: Praia de Copacabana

The Celebration Tour – Próximas datas em 2024

Março 28 Houston, TX Toyota Centre

Março 29 Houston, TX Toyota Centre

Abril 1 Atlanta, US State Farm Arena

Abril 4 Tampa, FL Amalie Arena

Abril 6 Miami, FL Kaseya Center

Abril 7 Miami, FL Kaseya Center

Abril 9 Miami, FL Kaseya Center

Abril 14 Austin, TX Moody Center

Abril 15 Austin, TX Moody Center

Abril 20 Mexico City, MX Palacio De Los Deportes

Abril 21 Mexico City, MX Palacio De Los Deportes

Abril 23 Mexico City, MX Palacio De Los Deportes

Abril 24 Mexico City, MX Palacio De Los Deportes

Abril 26 Mexico City, MX Palacio De Los Deportes

Para se conectar com Madonna: Website | Instagram | YouTube | TikTok | Facebook.

(Fonte: FleishmanHillard)

Água Pantanal Fogo reúne fotos de incêndios e cheias no Pantanal no Instituto Tomie Ohtake

São Paulo, por Kleber Patricio

Luciano Candisani. Na seca, há grande concentração de jacarés em lagoas que se mantêm relativamente cheias e ricas em peixes. Fazenda Pouso Alegre, Pantanal de Poconé (MT), novembro 2011.

Reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, o bioma Pantanal, umas das maiores planícies inundáveis do planeta, que em 2020 viveu sua grande tragédia ambiental, é o tema de ‘Água Pantanal Fogo’, exposição manifesto realizada pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Documenta Pantanal. Com curadoria de Eder Chiodetto e patrocínio do Itaú e CSN, a mostra reúne fotografias de Lalo de Almeida e Luciano Candisani, dois dos mais proeminentes fotodocumentaristas brasileiros, além de apresentar mapas, livros, infográficos e uma sala de vídeos que auxiliam a compor um panorama potente do Pantanal e de suas urgências.

Lalo de Almeida focou suas lentes no fogo que assolou o Pantanal durante os incêndios de 2020, devastando aproximadamente 26% da área e resultando na morte de 17 milhões de animais. Suas imagens circularam globalmente, desempenhando um papel crucial ao alertar a sociedade, a comunidade científica, o governo brasileiro e organizações internacionais sobre a gravidade do ocorrido. Parte delas, sobretudo o registro de um bugio ajoelhado e carbonizado, conferiu a Lalo o prestigioso prêmio World Press Photo na categoria “Ambiente”.

Lalo de Almeida. Incêndio florestal na fazenda Santa Tereza, região da serra do Amolar. Corumbá (MT), 2020.

Já Luciano Candisani, especializado em fotografar ecossistemas ao redor do mundo, traz uma série de imagens da água, sejam elas submersas, terrestres ou aéreas. Suas fotografias, caracterizadas por uma rara combinação de excelência técnica e expressividade, foram produzidas em condições complexas durante as cheias pantaneiras, resultando em um acervo iconográfico de suma importância.

Segundo o curador, ambos os fotógrafos são “cronistas visuais que frequentemente buscam parcerias com cientistas e pesquisadores. Para obter o resultado exposto nessa mostra, criam logísticas complexas e se expõem a vários tipos de perigo. É em trabalhos como esses, que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo”, conclui.

Sobre o Pantanal ameaçado

Os desafios para a preservação do bioma compartilhado por Brasil, Bolívia e Paraguai são imensos. Os incêndios históricos de 2020, que devastaram uma extensão de quase 50.000 km², chamaram a atenção de todo o mundo, mas são apenas um dos fatores que degradam a região. Ecossistema que funciona como elo entre diferentes biomas, o Pantanal é regido por um complexo ciclo de águas e banhado por uma série de rios, muitos desses com suas nascentes localizadas fora do bioma, no Cerrado sul-mato-grossense e no sul da Amazônia mato-grossense. A destruição dessas nascentes com o desmatamento relacionado às práticas da monocultura e da pecuária, além da mineração ilegal, contribuem para o assoreamento dos rios pantaneiros, outro problema grave que assola a região.

Luciano Candisani. Vista aérea da vazante do Mangabal na cheia de 2011, uma das maiores já registradas. Nos meses de seca, a região abriga um vasto campo de gramíneas, quase sem sinal de água. Pantanal da Nhecolândia (MS), março 2011.

Segundo Sandro Menezes Silva, Professor da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e pesquisador auxiliar da exposição, “a emergência climática, com um aumento importante de temperaturas médias previsto para os próximos anos, agrava os fatores que produzem perda hídrica e incêndios avassaladores”. Segundo o professor, além deles, as ameaças ao Pantanal incluem a pressão pelo desmatamento, os grandes projetos de infraestrutura regional, como a hidrovia no rio Paraguai, a mineração, a pesca predatória, a caça ilegal, a introdução de espécies exóticas invasoras e a poluição da água. “Com efeitos interdependentes, elas afetam de formas diversas cada região da planície. Reserva de água e vida, regulador do regime hídrico de amplas regiões, fonte de biodiversidade, o Pantanal dá sinais de alerta”, completa.

Sobre os fotógrafos:

Lalo de Almeida estudou fotografia no Istituto Europeo di Design em Milão, na Itália. Fotodocumentarista, colabora há trinta anos com o jornal Folha de S.Paulo, produzindo reportagens visuais e narrativas multimídia sobre temas como meio ambiente e desigualdades sociais. Entre outras, suas imagens integram as séries de reportagens “A batalha de Belo Monte” (2013), “Um mundo de muros” (2017), “Crise do clima” (2018) e “Desigualdade global” (2019), todas ganhadoras de prêmios internacionais. Em 2021, sua série de fotografias “Pantanal em chamas”, publicada pelo mesmo jornal ao longo de 2020, ganhou o World Press Photo, principal premiação do fotojornalismo internacional, na categoria Meio Ambiente. No ano seguinte, 2021, foi eleito o fotógrafo ibero-americano do ano pelo Pictures of the Year (POY) Latam, concurso dedicado à fotografia documental na América Latina. Paralelamente, vem desenvolvendo, desde o início de sua carreira, trabalhos independentes de documentação fotográfica, como o projeto Distopia amazônica, que retrata a destruição da floresta em ações de desmatamento, incêndios, mineração e a invasão de terras indígenas. O trabalho recebeu o Eugene Smith Grant in Humanistic Photography e foi o vencedor global, na categoria Projetos de Longo Prazo, do World Press Photo 2022.

Lalo de Almeida. Brigadistas voluntários avaliam incêndio florestal na fazenda Jofre Velho. Porto Jofre (MT), 2020.

Luciano Candisani aprendeu a fotografar debaixo d’água sozinho, na adolescência, no litoral norte de São Paulo, motivado por sua ligação com o mar. Mais tarde, estudante e estagiário no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, produziu suas primeiras reportagens fotográficas, ao integrar expedições científicas à Antártica e à Patagônia. Colaborador da revista National Geographic desde 2000, seus ensaios visuais sobre ecossistemas e culturas tradicionais ao redor do mundo, que circulam em veículos especializados e compõem exposições no Brasil e no exterior, são movidos pelo desejo de mostrar os grandes espaços naturais remanescentes e alertar para a urgência de salvaguardar territórios e culturas em risco. No Pantanal, fez trabalhos de repercussão internacional, como a reportagem “Into the Mouth of the Caiman”, ganhadora do Wildlife Photographer of the Year, um dos prêmios mais importantes da fotografia de natureza, concedido pelo Museu de História Natural de Londres. Expôs as imagens do ensaio Haenyeo, mulheres do mar, sobre mergulhadoras anciãs da ilha de Jeju, na Coreia do Sul, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, em 2019. Uma seleção das imagens que produziu ao longo de dez anos em regiões diversas do Pantanal compõe seu livro Pantanal terra d’água (Vento Leste, 2014).

Sobre o Documenta Pantanal | O Documenta Pantanal, realizadora da exposição em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, é uma iniciativa que conecta profissionais de áreas diversas em torno da urgência de tornar as fragilidades e as riquezas do Pantanal Mato-grossense mais conhecido do público. “Ao longo de seus cinco anos de existência, o Documenta Pantanal vem se empenhando em apontar os efeitos das mudanças climáticas e da ação humana sobre o bioma em filmes, livros e campanhas, entre outras ações, sendo Água Pantanal Fogo a primeira exposição realizada pela iniciativa”, destacam Mônica Guimarães e Teresa Bracher, diretoras do projeto.

Exposição Água Pantanal Fogo

Curadoria: Eder Chiodetto

Patrocínio: Itaú e CSN

Em cartaz até 12 de maio de 2024

De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros, SP

Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245 1900.

(Fonte: Instituto Tomie Ohtake)

Estudo revela como células humanas respondem ao coronavírus, abrindo frente para pesquisas sobre novos tratamentos

Campinas, por Kleber Patricio

Vírus Sars-Cov-2 infecta vários tipos de células humanas, causando um desbalanço nas suas proteínas e no seu metabolismo. Foto: Fusion Medical Animation/Unsplash.

O vírus da Covid-19 tem estratégias diversas para infectar células de diferentes regiões do corpo humano. Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e instituições parceiras traz novas respostas sobre como esse vírus age e mostra que ele modifica proteínas, alterando desde a estrutura das células até processos biológicos particulares como a produção de energia. Publicados na quarta (27) na revista “Scientific Reports”, os achados avançam a pesquisa na área e podem servir para formular novos medicamentos e tratamentos para a Covid-19.

Para entender o processo de infecção causado pelo Sars-Cov-2, os pesquisadores mapearam o conjunto total de proteínas de diferentes células com o uso de uma ferramenta chamada proteômica. Ao todo, foram mapeadas mais de 3 mil proteínas de nove diferentes tipos celulares infectados pelo vírus, incluindo células do cérebro, do sangue, do sistema digestivo e do tecido adiposo, que armazena gorduras.

No total, os estudiosos encontraram 1.652 proteínas que tiveram sua produção aumentada ou diminuída em resposta à infecção. Além disso, eles descobriram que a infecção afetou 151 reações bioquímicas que processam proteínas e outras moléculas para manter nosso corpo funcionando corretamente.

O trabalho demonstra que, durante a infecção, o vírus causa um desbalanço na produção de proteínas de cada célula, em diferentes células do corpo humano. Quando isso acontece, as funções biológicas relacionadas a essas proteínas ficam desreguladas, prejudicando o funcionamento do corpo.

Cada tipo celular apresentou seu próprio perfil de proteínas e atividades biológicas alteradas. Enquanto algumas células tiveram alterações mais significativas em processos de transporte celular, outras apresentaram mudanças na estrutura celular, por exemplo. Isso aprofunda o conhecimento sobre a forma como o vírus da Covid-19 infecta cada tipo de célula do organismo humano. Daniel Martins-de-Souza, coautor do estudo, explica: “Inicialmente, a gente achava que a Covid-19 era uma doença respiratória. Depois, a gente viu o quão versátil o vírus é, porque ele é capaz de invadir outros tipos celulares”.

Apesar da singularidade de cada célula, um processo se mostrou alterado em todos os tipos celulares analisados: o metabolismo energético, ou seja, a forma como as células produzem e lidam com a energia. De acordo com o estudo, esse pode ter sido um mecanismo usado pelo vírus para se multiplicar dentro do corpo e garantir sua sobrevivência. “O vírus toma conta da maquinaria celular e passa a usar o mecanismo de produção de energia para ele próprio se replicar, podendo prejudicar ou, até mesmo, esgotar a célula”, explica o pesquisador.

Para Martins-de-Souza, entender as respostas específicas que o vírus ativa em cada tipo de célula é essencial para formular tratamentos mais especializados ou focados nas sequelas da Covid-19, que dependem da célula infectada. “Saber o que afeta uma célula hepática, por exemplo, é importante para tratar pessoas que desenvolveram problemas hepáticos por causa da infecção do Sars-Cov-2 e assim por diante”.

O estudo abre caminho para futuros estudos que investiguem os mecanismos de ação do vírus. Para ajudar em futuros projetos, o grupo de pesquisa da Unicamp desenvolveu uma ferramenta virtual que permite acessar cada proteína individualmente e verificar como ela foi alterada em cada uma das células. Esse banco de dados pode ser usado por diferentes grupos de pesquisa.

(Fonte: Agência Bori)