Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
A população em situação de rua é um dos cenários mais preocupantes do momento para as autoridades públicas. Prova disso são os dados mais recentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base em dados do CadÚnico (Cadastro Único) do governo federal que aponta que a população em situação de rua no Brasil aumentou mais de 935% nos últimos dez anos, chegando a mais de 227 mil pessoas cadastradas até agosto de 2023. Os números são alarmantes sim e têm levado as prefeituras a investirem em tecnologias de última geração – como o caso da cidade de São José do Rio Preto, que acaba de apostar em uma solução americana de inteligência geográfica capaz de radiografar e cadastrar toda a população em situação de rua. O projeto, encabeçado pela empresa brasileira Imagem Geosistemas está em fase piloto e espera grandes retornos em curto e longo prazo.
Além de São José Rio Preto, outro caso emblemático é o da Prefeitura de São Paulo, que por meio da SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) e de instituições de ensino como a Unilago e a Unip, também utiliza a plataforma americana ArcGIS desde 2019 e já consegue prestar suporte à população mais carente. O poder executivo do município agora conta com Censo de População em Situação de Rua, iniciativa pioneira em mapear e compreender a realidade das pessoas em situação de rua local. Os números mais atuais revelam ter mais de 31 mil pessoas desassistidas apenas na capital Paulista.
O Censo de População em Situação de Rua é um projeto que, por meio da inteligência geográfica, consegue entender a distribuição espacial da população em situação de rua na cidade, identificar as áreas com maior concentração, além de permitir pensar em melhorias no direcionamento de ações e serviços.
O projeto conta com equipes que fazem as abordagens para o preenchimento de formulários eletrônicos. Depois de coletados, os dados são analisados e compilados pelos departamentos de Vigilância Socioassistencial e Proteção Social Especial da secretaria. Na plataforma do GIS, é possível filtrar o perfil de cada entrevistado de acordo com a faixa etária, raça, etnia e gênero, entre outras métricas. Além disso, há um campo que permite entender o que ocasionou a situação de rua de cada entrevistado e quais são os principais desafios para a saída das ruas. Finalizada a coleta dos dados, o Censo é aberto para acesso público em plataforma digital.
Segundo, Juliana Almeida, executiva de vendas na Imagem Geosistemas, a tecnologia GIS que mapeia todos os tipos de dados transcende suas aplicações tradicionais, atuando como uma ferramenta poderosa para enfrentar desafios sociais complexos como a situação da população em rua. “A iniciativa pioneira da Prefeitura de São José do Rio Preto não é apenas um marco na utilização do geoprocessamento para compreensão detalhada das necessidades dessa comunidade vulnerável, mas, também, um passo adiante na formulação de políticas públicas realmente mais eficazes”, ressalta.
Mas, mais do que mapear, as prefeituras fazem uso da tecnologia para levar ajuda à população. Um exemplo do que já vem sendo feito pela Prefeitura de São Paulo é o refinamento dos locais para pensar as distâncias das bases até as redes de serviço. Utilizando a inteligência geográfica, a Prefeitura consegue integrar o serviço de abordagem e agilizar o tempo de resposta das equipes a partir do recebimento da solicitação via 156 e, ainda, calcular a quantidade de suprimentos adequados para atender a todos os assistidos de forma efetiva. Com o alto número de pessoas em situação de rua, nasce a necessidade da Prefeitura “chegar mais perto” para ouvir a população e saber como atendê-la ampliando sua capacidade de implementar políticas públicas eficazes com base nos dados coletados. “A vigilância é uma das funções da política de assistência social em conjunto com a proteção e a defesa de direitos, que, juntas, monitoram, avaliam e diagnosticam situações de vulnerabilidade, risco e violação e, assim, subsidiam, qualificam e ampliam a proteção social nos mais diversos locais das cidades”, conclui a executiva da Imagem Geosistemas.
Para saber mais sobre a tecnologia usadas nos projetos das Prefeituras, acesse o site da Imagem Geosistemas.
(Fonte: Ideias & Efeito Assessoria de Comunicação)
A partir de 23 de março, a Pinacoteca de São Paulo recebe mostra de José Bento. A instalação “Caminho de Guaré” apresenta três grandes gestos de José Bento, dois dos quais inéditos e feitos especificamente para ocupar o Octógono, com curadoria de Lorraine Mendes e Jochen Volz.
Apresentada pela primeira vez, a escultura ‘Morrotes’ (2024) é feita do que o artista chama de matéria desintegrada. Trata-se de madeiras de diversas espécies cujas serragens serviram para Bento apresentar massas topográficas diferentes entre si, seja no tamanho, cor ou no formato que a madeira toma ao ser partida. Sobretudo na obra ‘Morrotes’, a exposição acaba se tornando uma experiência sensorial e de lembranças. Os visitantes vão perceber nuances aromáticas das diferentes madeiras ali expostas: amarelinho, bálsamo, braúna, caixeta, itapicuru, pau-brasil, pau-pereira, peroba, roxinho e vinhático.
De qualquer local do Octógono o visitante conseguirá também vislumbrar a obra de maior altura exposta: ‘Arco Íris’ (2024), também inédita, é composta por feijões esculpidos de diferentes tipos de madeiras, densidades e características, sobrepostas uma a uma, que saem do chão da Pinacoteca em direção ao céu – uma ponte entre a terra e o cosmos. É um diálogo com a natureza, tão presente na obra de Bento, onde o grão é ao mesmo tempo alimento, cultura, semente e caminho. Por fim, a obra ‘Ar’ (2021) traz esculturas no formato de cilindros de oxigênio feitos de madeiras diversas em escala real. Apresentado pela primeira vez na 13ª Bienal do Mercosul em 2022, o conjunto escultórico traz a ideia de ar represado e da dificuldade de respiração em um mundo que assiste a graves e urgentes mudanças climáticas. Apesar da Bienal ter acontecido em um momento pós-pandêmico, a obra foi concebida já antes da pandemia. No entanto, sua apresentação naquele contexto ganhou mais uma camada de significado.
As obras expostas – Ar, Morrotes e Arco Íris – representam, em si, um ciclo de vida, que é a proposta de José Bento para o Octógono. O título que ele deu à exposição é o nome pelo qual já foi conhecido justamente o local onde hoje encontra-se a Pinacoteca: o Caminho de Guaré passava pela região da Luz, um caminho estabelecido pelos indígenas habitantes de São Paulo antes da chegada dos europeus. Esta escolha mostra como Bento procura localizar sua produção no território em que se situa. “Percorrer o Caminho de Guaré é compreender o espaço em que estamos como lugar de consciência, reconhecer a presença indígena nesse território e se entender também como parte dessa intrincada trama histórica”, afirma Lorraine Mendes, curadora da exposição.
É impossível falar de José Bento sem mencionar sua profunda ligação com a madeira, que é elemento central de seu estudo e repertório artístico desde os anos 80. Segundo Lorraine Mendes, Bento tem “uma familiaridade vital com essa matéria”. Uma característica da prática artística de José Bento é a busca por estar sempre ligado ao território, o que significa estreita relação com o local de origem de sua matéria prima e com pessoas e comunidades que têm em seu ofício a lida com a madeira. O artista constantemente reafirma seu compromisso com a natureza ao utilizar em seus trabalhos apenas madeiras legalizadas, de origem controlada. “José Bento é um artista profundamente comprometido com a forma, com método e também matéria – e tudo isso vem como veículo para a sua própria narrativa poética”, afirma Lorraine Mendes.
A instalação “José Bento: Caminho de Guaré” tem o patrocínio de Cescon Barrieu na cota Prata.
Octógono Arte Contemporânea | Localizado no eixo central da Pinacoteca, o espaço integra, há mais de 20 anos, o Projeto Octógono Arte Contemporânea, um local para exposições de artistas com trabalhos instalativos que, desde 2003, comissiona obras e já soma mais que setenta exposições inéditas de artistas nacionais e internacionais.
Sobre José Bento
Nascido em Salvador, Bahia, em 1962, José Bento muda-se em 1966 para Belo Horizonte, onde mora e trabalha até hoje. Ao longo de sua trajetória, dedicou-se à fotografia, desenhos, ações e vídeos. Mas quem vê de perto sua obra entende que seu pensamento é, antes de tudo, escultórico. Na experimentação deste campo, lança mão de materiais como vidro, metal, pedra, tecido e madeira, entre outros, além de animais e até mesmo o ser humano, que ativam e constituem a obra. Bento tem importante influência do mineiro Amilcar de Castro.
Autodidata, inicia sua prática artística durante a década de 1980 com a produção de maquetes artísticas que foram apresentadas em sua primeira individual, realizada em 1989 no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A partir dos anos 1990, passa a produzir grandes esculturas, principalmente com madeira, explorando a organicidade natural e a transformação da matéria ativando o espaço ao redor da obra. Sua escultura ‘Chão’ (2004), feita com tacos oriundos de demolições, foi montada na 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza viva em 2016, ocupando uma área de 672 m². Participou de outras mostras como a Bienal de Benin, em 2012, e, em 2022, da 13ª Bienal do Mercosul – Trauma, sonho, fuga, em Porto Alegre, Brasil.
Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pina também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.
Serviço:
José Bento: Caminho de Guaré
Período: 23/3 a 1/9/2024
Curadoria: Lorraine Mendes e Jochen Volz
Pinacoteca Luz Octógono
De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso
Quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h).
(Fonte: Pinacoteca de São Paulo)
O outono começou na última quarta-feira (20) e Monte Verde (MG) espera pela chegada dos turistas com atrativos de sobra para a nova estação do ano. Com uma decoração especial de Páscoa, o distrito de Camanducaia se prepara para receber os visitantes com conforto e bons descontos em suas hospedagens, além de uma agenda confirmada de apresentações culturais e eventos em diferentes locais.
Em uma ação promovida pela Associação Comercial de Monte Verde (ACMV), com o apoio da Secretaria de Turismo de Camanducaia e da MOVE (Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região), a decoração na avenida principal e no portal de entrada do tradicional destino do Sul de Minas foi criada para o evento “Páscoa nas Montanhas”, que contará com apresentações gratuitas ao público (30 de março).
Nesta data, a Galeria Suíça receberá o espetáculo do grupo de balé da Associação Beneficente de Monte Verde (ABMV) às 14h. Uma semana depois, também a partir do mesmo horário, a Galeria Itália será palco da performance do grupo musical Pinhão Blues Mantiqueira.
Outra atração é o Passaporte de Páscoa, que começou a ser distribuído no dia 16 de março e tem a proposta de estimular os turistas a percorrerem a chamada “Rota do Chocolate” em Monte Verde. Neste momento, o visitante pode acumular carimbos ao consumir em chocolaterias parceiras até ganhar um brinde ao somar sete; porém, há uma consumação mínima obrigatória em cada local para ter direito ao presente. Mais informações sobre a ação promocional estão disponíveis no portal de entrada do distrito.
“Monte Verde ficou ainda mais lindo do que já é com a decoração montada para a Páscoa e agora espera pela chegada dos turistas no outono com diversas atrações. Além disso, o nosso distrito possui um clima predominantemente ameno e agradável, sem aquele calorão, para receber os visitantes, que poderão desfrutar de muita diversão e conforto nas excelentes opções de hotéis e pousadas que temos aqui”, ressalta Rebecca Wagner, presidente da MOVE.
Festival do Pinhão
No início do feriado de Páscoa, 29 de março, o Parque Oschin contará com a abertura do Festival do Pinhão. Com 45 mil metros quadrados e muita natureza, o local possui nascentes, araucárias e xaxins centenários, abrigando diferentes espécies de pássaros e outros animais, com destaque para as lhamas. No período da atração gastronômica, que será realizada até 11 de agosto, ocorrerão diariamente, às 12h, as apresentações da Sapecada do Pinhão e da preparação do Café Tropeiro, além das histórias contadas pelo senhor Oschin.
Nos três dias do feriado, as crianças também poderão participar de uma brincadeira de caça aos ovos no parque.
(Fonte: WGO Comunicação)
Prepare-se para a retrospectiva mais abrangente já realizada sobre Clint Eastwood no Brasil. Uma oportunidade única para cinéfilos vivenciarem a evolução de uma das figuras mais emblemáticas do cinema mundial. A mostra “Clint Eastwood: o Ator, o Diretor, o Gênio” promete ser um evento cinematográfico sem precedentes. Com uma programação extensa que celebra a grandiosidade de sua obra, a mostra foi dividida entre os meses de março, abril, maio e julho, no total de 70 filmes – sendo 10 em película e o restante em DCP (Digital Cinema Package).
A primeira jornada começa com 28 filmes, marcando o início da programação, que vai de 28 de março a 3 de abril, na Estação Net Botafogo 1 e 2. A saga continua em maio (Parte 2) e culmina em julho (Parte 3). E ainda: cada sessão terá um preço convidativo de R$16 para todos aproveitarem esta chance, que não se encontra em nenhum streaming.
Sob a curadoria do jornalista, crítico de cinema, professor e cineasta Mario Abbade, a mostra ainda reserva algumas surpresas: novos títulos podem ser adicionados, inclusive em película. “Fazer essa mostra estava no meu radar há algum tempo, mas resolvi aguardar a aposentadoria de Clint Eastwood. Com o anúncio que ‘Juror #2’ será seu último filme, achei que esse seria o momento certo”, relata.
Na grande tela, serão projetados todos os filmes que contaram com a atuação ou direção de Clint Eastwood, incluindo raridades do início de sua carreira, ainda como coadjuvante em obras como “Francis na Marinha”, “Emboscada em Cimarron Pass”, “Lutando Só pela Glória” e “Mulheres, Sempre Mulheres”. “Clint Eastwood transcendeu a condição de ser apenas um profissional do cinema e entrou para a cultura popular. Seus personagens são icônicos. Ele é o ator bem-sucedido que mais fez sucesso como diretor. E conseguiu se manter no topo ao longo de mais de sete décadas. Nenhum outro conseguiu isso”, conclui Abbade.
Sobre Clint Eastwood
Clint Eastwood, nascido em 31 de maio de 1930, é um ícone incontestável do cinema americano. Originário de San Francisco, Califórnia, Eastwood inicialmente ganhou destaque como ator nos anos 60, interpretando o papel de Rowdy Yates na popular série de televisão “Rawhide”. No entanto, foi em meados da década de 1970 que ele se estabeleceu como uma figura icônica em Hollywood.
Conhecido por sua presença magnética, voz inconfundível e olhar penetrante, Eastwood conquistou o público com uma variedade de papéis memoráveis. Seja como o Homem Sem Nome nos clássicos spaghetti westerns, de Sergio Leone, o durão Inspetor Harry Callahan, na série “Dirty Harry”, ou em papéis mais recentes como ator e diretor, Eastwood continuou a cativar audiências ao longo das décadas.
Além de sua notável carreira como ator, Eastwood também se destacou como cineasta premiado. Diretor de filmes aclamados como “Os Imperdoáveis”, que lhe rendeu quatro Oscars, e “Menina de Ouro”, que também recebeu quatro estatuetas da Academia, Eastwood provou sua versatilidade e habilidade duradoura no mundo cinematográfico.
Além das telas, Eastwood ainda é conhecido por seu envolvimento em causas sociais e políticas, refletindo seu compromisso com questões que vão além do entretenimento. Seu legado na indústria cinematográfica e seu impacto duradouro, o solidificam como uma lenda viva do cinema. Aos 93 anos está na pós-produção de “Juror #2” (ainda sem tradução) que, ao que tudo indica, será seu último filme.
Confira a programação da Parte 1: https://grupoestacao.com.br/experimente/mostra-clint-eastwood/.
(Fonte: Alexandre Aquino Assessoria de Imprensa)
Um projeto sobre o autismo liderado pelo Instituto Anelo, que há 23 anos promove a inclusão social pela música em Campinas, envolve 18 músicos, profissionais de produção e divulgação, entidades, pais e pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no processo de lançamento da música inédita “Mundo Azul”. A canção será lançada em todas as plataformas digitais em 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, e terá mais duas versões: em videoclipe, com lançamento agendado para 9 de abril, e outra acompanhada de uma animação, cujo lançamento será em 16 de abril. O projeto conta com os vocais de Luccas Soares, fundador do Instituto Anelo, da cantora Aline Ramos e participação especial de Amanda Maria, finalista do programa The Voice.
Segundo Luccas Soares, a inspiração para a música veio da vivência com seu filho João, de 4 anos e diagnosticado com TEA. Porém, em conversas com pais de crianças autistas atendidas nas aulas do instituto, ele percebeu potencial para um projeto maior, que promovesse conscientização falando sobre “as dificuldades, desafios e, acima de tudo, sobre amor”. “Trocando com muitos pais, vi que se identificaram, que a música era além de casos individuais”, afirma. De forma afetiva e lúdica, mas realista, a ideia é expor a vivência das pessoas envolvidas com esse “mundo azul” (cor que simboliza o autismo) e, assim, estimular também a reflexão sobre a necessidade de ações para a inclusão social não só dos autistas, mas em extensão de todas as pessoas consideradas “atípicas”, que têm algum transtorno ou deficiência.
Sobre a situação que o despertou para a composição, o músico conta que aconteceu após uma noite insone dele e de sua esposa Geiza devido à agitação do filho. Pela manhã, ambos cansados, se depararam com um menino sorridente e os buscando para brincar no balanço. “Eh, João, se fosse fácil, não seria você”, reagiu Luccas, pinçando logo esse trecho – Se fosse fácil, não seria você – para iniciar uma nova letra. Uma situação que também indica um dos grandes desafios enfrentados pelos pais de autistas: a própria saúde mental. “Não tenho vergonha de dizer que tive depressão devido à privação do sono, algo muito difícil de enfrentar, e nesse processo comecei a compor. Entre os casais pais de atípicos é muito comum que tenham depressão. Não é só a criança que precisa de cuidados, os pais também.”
Mas, para Luccas, a dificuldade que “mais dói” aos pais de autistas é a batalha pela inclusão escolar. “A maioria das escolas que visitamos – e foram muitas – não estava preparada para atender. O mais triste é que muitas não estavam nem interessadas em saber mais, em preparar professores. E quando a gente procura escola pública, elas proíbem a entrada de acompanhante terapêutico (AT). É uma grande polêmica, pois as unidades proíbem, mas não providenciam pessoas capazes de dar suporte aos nossos filhos. E a educação é uma necessidade básica. Se a escola não incluir, quem vai?”, questiona, ressaltando que a luta dos pais pelos AT é também uma forma de proteger seus filhos de casos de violência dentro da escola, que infelizmente são relatados e atingem principalmente as crianças com maior dificuldade de comunicação. “Penso que as escolas deveriam, assim como tem alvará de funcionamento, avcb, ter também o selo de credenciamento de inclusão. Assim, nós, pais de crianças atípicas, não perderíamos tanto tempo em busca de escolas inclusivas”, sugere Luccas Soares, para o poder público.
Com a composição terminada, Luccas apresentou a proposta ao músico e arranjador Fernando Baeta, que propôs um arranjo especial e chamou um time de músicos, além de escolher um estúdio para fazer a gravação no distrito de Barão Geraldo. A música é interpretada por Luccas e pelas cantoras Aline Ramos e Amanda Maria e conta ainda com três cantores para backing vocal, músicos para bateria, contrabaixo, teclado, percussão, sax, trombone, trompete e um quarteto de cordas.
A gravação do videoclipe contou com autistas atendidos no Anelo, Instituto Ser e Paica (Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), de Campinas, em situações cotidianas de atendimento. Também foi contratado um time para produzir uma animação para a música. Para viabilizar os custos, o projeto conseguiu apoio de verbas sociais do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Unimed Campinas. “Nosso foco é conscientizar, mas, sobretudo, homenagear os familiares, que vivem esta realidade. Sem romantizar e, também, não dramatizando, a música busca mostrar esse amor de uma forma real”, conta Luccas.
Luccas é pai de gêmeos, João e Rebeca, sendo que sinais como atraso no desenvolvimento da fala e ações repetitivas do menino, não observados na irmã, levaram os pais a procurar profissionais de saúde e ter o diagnóstico de TEA.
Com arranjo alegre, “Mundo Azul” traz ainda, em um trecho da letra, a frase “Eu te amo, meu amor” cantada em mandarim (Wǒ ài nǐ, Qīn’ài de), indicando duas linguagens diferentes entre pessoas que se amam. Para isso, os músicos contaram com a contribuição de Jia Sun Costa, professora de mandarim, que ensinou e treinou a pronúncia correta no idioma estrangeiro. Ao se referir ao filho na canção como “Meu mundo azul”, o autor também buscou incluir o girassol, uma simbologia comum a diversos tipos de deficiência, não só o autismo.
Durante o processo de produção, Luccas já falou sobre o “Mundo Azul” em seminários sobre autismo e apresentou a canção em clínicas especializadas. A proposta é disponibilizar gratuitamente a canção para campanhas de conscientização do espectro autista. Pré-save: https://onerpm.link/728380748509.
Ficha Técnica – Música Mundo Azul
Composição: Luccas Soares
Arranjo: Fernando Baeta
Voz: Luccas Soares
Voz: Amanda Maria
Voz: Aline Ramos
Coro: Danilo Oliveira | Denny Araujo | Mark Rodrigues
Sax Tenor: Eric Almeida
Trompete: Gê Ribeiro
Trombone: Glaucio Sant’Ana
Piano: Amanda Camargo
Contrabaixo: Felipe Fidelis
Guitarra: Fernando Baeta
Percussão: Josi Moraes
Bateria: Pepa D’Elia
Violoncelo: Ana Clara Ferreira Alves
Viola: Gabriel Carlin
Violino: Samuel Lima
Violino: Victor Freitas Matos
Áudio: Estúdio do Mário
Captação de Áudio: Henrique Manchúria | Mário Porto
Edição e Mixagem: Mário Porto
Masterização: Mário Porto
Vídeo: Sete Mares
Direção de Vídeo: Claudio Alvim
Captação: Claudio Alvim | Levi Macedo
Edição de Vídeo: Claudio Alvim
Direção Musical: Fernando Baeta
Arranjo: Fernando Baeta
Produção: Elaine Oliveira | Luccas Soares
Imprensa: Claudio Liza | Débora Venturini
Design Capa: Airton Francisco
Realização: Instituto Anelo | Ministério Público do Trabalho – Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região | Unimed Campinas
Entidades convidadas: Instituto Ser | Paica (Programa de Atenção Integral à Criança e Adolescente).
(Fonte: Instituto Anelo)