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Bienal Sesc_Videobrasil promove conversa com Samuel Fosso

São Paulo, por Kleber Patricio

Série Fosso Fashion, 2021, do artista Samuel Fosso. Fotos: Divulgação.

Convidado da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, Samuel Fosso vem ao Brasil especialmente para participar dos Programas Públicos – uma série de conversas gratuitas e abertas aos visitantes que segue o tema da edição, A memória é uma ilha de edição, inspirado na frase de Waly Salomão (1943–2003), retirada do poema Carta aberta a John Ashbery.

Franco-camaronês criado na Nigéria, Fosso começou a fazer autorretratos na década de 70 e seguiu se fotografando em diferentes momentos da vida, incorporando ideias de beleza, poder e performance de gênero. Uma série destas fotografias, das séries 70s Lifestyle series e Fosso Fashion estão expostas no Sesc 24 de Maio. Em 30 de janeiro, às 18h30, o artista conversará com a jornalista Adriana Ferreira Silva e o curador Thyago Nogueira sobre sua trajetória na fotografia e o impacto dessa linguagem na construção de mitos e códigos de representação de identidade.

A agenda dos Programas Públicos reúne até fevereiro importantes artistas visuais, como Ayrson Heráclito e Ava Rocha, ligados à trajetória de 40 anos do Videobrasil, além de curadores e outros pensadores da cultura no Brasil. Segundo a curadora Renée Akitelek Mboya, “a ideia de criar uma programação que tente ser o mais ampla possível em termos de linguagens veio da tentativa de reproduzir os impulsos iniciais que Solange Farkas e seus colaboradores tiveram quando montaram a primeira exposição na qual introduziram novos vernáculos políticos, novas formas de falar, de ver e de ser que se estendiam para além de tudo o que a elite política tinha estabelecido ou imposto à sociedade”.

Série Fosso Fashion, 2021, do artista Samuel Fosso.

Em fevereiro, no dia 15, Ayrson Heráclito trará para os Programas Públicos sua perspectiva sobre reparação histórica e Candomblé a partir das suas obras apresentadas em edições passadas da Videobrasil. Na sequência, em 22 de fevereiro, para encerrar a programação, Ava Rocha apresentará uma performance sobre literatura, música e poesia.

A 22ª Bienal Sesc_Videobrasil | A memória é uma ilha de edição apresenta até 25 de fevereiro no Sesc 24 de Maio a exposição principal, reunindo trabalhos de 60 artistas brasileiros e estrangeiros e coletivos contemporâneos do Sul Global sob curadoria de Raphael Fonseca e Renée Akitelek Mboya, além da mostra paralela Especial 40 anos, curada por Alessandra Bergamaschi e Eduardo de Jesus.

“Assim como Waly Salomão, priorizamos a colaboração com foco em convocações, propostas e ativações que promovam a integração entre diferentes perfis e gerações de público, convidados e equipes envolvidas na realização da exposição, ampliando o pensamento em torno de estratégias e histórias coletivas”, afirma a diretora artística Solange Oliveira Farkas.

Série Fosso Fashion, 2021, do artista Samuel Fosso.

Para Juliana Braga, gerente de Artes Visuais e Tecnologia no Sesc São Paulo, os Programas Públicos constituem um pilar fundamental para a atuação da instituição no campo das exposições. “O trabalho das equipes educativas e a oferta de programações públicas são, sobretudo, valiosas oportunidades para ampliar reflexões críticas e debater ideias possíveis a partir das obras e curadorias.”

Ainda valorizando e ressignificando a história do Videobrasil, os debates e conversas ocupam o espaço da mostra Especial 40 anos, na biblioteca do 4º andar do Sesc 24 de Maio. O local será o ponto de encontro para pensar o presente da bienal e ativar as memórias a partir do vasto acervo de videoarte e artes visuais criado com obras de gerações anteriores, que ressoam até hoje.

Confira a programação com todos os dias e horários dos programas públicos da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil:

30/1/24, terça-feira

18h30 – Encontro com artistas: Samuel Fosso | Por meio da fotografia e da performance, o artista cria identidades alternativas que desafiam os padrões representacionais convencionais e dá à auto ficção e ao autorretrato dimensões ao mesmo tempo políticas e históricas, ficcionais e íntimas. Partindo das séries fotográficas 70s Lifestyle e Fosso Fashion, apresentadas na Bienal, Fosso discute sua trajetória artística nesta conversa com Adriana Ferreira Silva, jornalista, escritora e curadora, e com Thyago Nogueira, curador, diretor do Departamento de Fotografia Contemporânea do IMS e editor-chefe da revista ZUM.

31/1/24, quarta-feira

19h30 – Vivência “Arte, tecnologia e conservação de arquivo”, com aarea (geridas por Marcela Vieira e Lívia Benedetti) | A aarea é uma plataforma curatorial que comissiona e exibe trabalhos de arte concebidos para a internet. Geridas por Marcela Vieira e Lívia Benedetti, as atividades envolvem um programa público de curadorias, cursos, seminários e parcerias com outras instituições de arte. A dupla olha para a bienal buscando articulações entre arte digital e arquivo.

8/2/24, quinta-feira

18h30 – Introdução ao acervo comentado: 2012-2023, com Alessandra Bergamaschi | A curadora Alessandra Bergamaschi faz uma introdução aos temas que emergem na arte na década, marcada pelo acirramento das desigualdades e dos embates geopolíticos, e pelo fortalecimento das práticas decoloniais.

19h30 – Fábio Cypriano | Jornalista, crítico de arte e diretor da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP. Coautor de Histórias das Exposições, Casos Exemplares (EDUC, 2016), e autor de Pina Bausch (Edições Sesc, 2018), entre outros. A sua fala vai abordar o conceito geopolítico de Sul Global a partir da exibição de obras que marcaram as últimas edições do Videobrasil.

15/2/24, quinta-feira

19h30 – Ayrson Heráclito comenta aspectos centrais das obras que apresentou no Videobrasil.

Artista, curador e pesquisador, sua obra envolve o manejo de elementos sagrados da ritualística e da simbologia do Candomblé, religião que pratica há quase trinta anos. No encontro, ele comenta aspectos das obras que mostrou no Videobrasil, como a conjugação dos sentidos de performance e ritual de cura e a ideia de reparação histórica.

22/2/24, quinta-feira

19h30 – Vivência “Interface entre literatura, música e poesia”, com Ava Rocha | A cantora, compositora e cineasta encerra os Programas Públicos com a performance Aky Waly, em que evoca o poeta Waly Salomão com uma provocação cênica, musical e poética, envolvendo o público em um “estado urgente de invenção” a partir de escritos e pensamentos do homenageado.

Sobre o Videobrasil | O Videobrasil é uma plataforma de arte e uma associação cultural que pesquisa e difunde a produção artística das regiões do Sul geopolítico do mundo – América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio. Criado e dirigido por Solange Farkas, integra uma rede de ações que inclui exposições, mostras, publicações, documentários, encontros e residências artísticas. Com mais de mil obras em vídeo e quatro mil itens, seu acervo é referência para conservação de vídeos, videoinstalações e registros de performance no continente.

Serviço:

22ª Bienal Sesc _Videobrasil – A memória é uma ilha de edição

Local: Sesc 24 de Maio

Período expositivo: 19 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024

Horário de funcionamento: terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h

Acessibilidade: videoguia de boas-vindas à exposição; Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) e vibroblaster para algumas obras sonoras; objetos táteis; audiodescrição dos objetos táteis; piso podotátil e impressão dos textos em dupla leitura (português ampliado e Braile).

Classificação Livre | Entrada gratuita

SESC 24 DE MAIO

Endereço: Rua 24 de Maio, 109 – República – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 3350-6300

Transporte Público: Metrô República (350m)

Não tem estacionamento

Sesc 24 de Maio nas redes: sescsp.org.br/24demaio | Facebook | Instagram | YouTube

Bienal Sesc_Videobrasil nas redes: www.bienalsescvideobrasil.org.br | Facebook | Instagram.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)

Banda do Candinho homenageia Zé Celso e comemora 40 carnavais nas ruas de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Banda do Candinho homenageará o teatrólogo Zé Celso Martinez Correa. Fotos: divulgação.

Uma homenagem a arte irreverente e genial do dramaturgo José Celso Martinez Correa e a defesa de organizações que trabalham pelo combate à fome são os temas que estarão em destaque no desfile da Banda do Candinho neste ano de 2024, que acontece no dia 7 de fevereiro a partir das 19h, no bairro do Bixiga, em São Paulo. Com as tradicionais marchinhas e frevos carnavalescos, além das famosas passistas, uma banda musical e bateria afinadas, garantirão muita animação no desfile, que é famoso por atrair multidões.

O desfile deste ano contará também com outras atrações. A presença do bloco Filhos do Zé, formado por integrantes do Teatro Oficina, espaço cultural icônico no Bixiga, fundado por Zé Celso. E a participação especial da Academia de Capoeira Quilombola de Luz.

A Banda do Candinho, um dos blocos pioneiros do carnaval de rua paulistano, comemora 40 carnavais e 42 anos de existência e resistência, como afirma o presidente Candinho Neto, que é jornalista, fundador da Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo/ABASP e tão icônico quanto o bloco. “Nascemos na Rua Major Quedinho, na redação do antigo jornal Popular da Tarde (que depois e tornou o Diário Popular) e desde então, em meio aos desafios, nunca deixamos de executar a proposta maior, levar para as ruas e para a população a arte e a alegria do carnaval, de forma gratuita e democrática”, afirma.

Democratizar a arte era também uma das maiores bandeiras do teatrólogo Zé Celso, que morreu no ano passado e será o grande homenageado no desfile da Banda do Candinho. “O Teatro Oficina é uma das grandes pérolas do bairro do Bixiga e Zé Celso é nosso eterno gênio da criação. A homenagem da Banda do Candinho é mais do que justa, pois a contribuição do Zé para cultura brasileira e do mundo é inestimável”, comenta o presidente do bloco.

Apoio ao combate à fome

Além da ode à Zé Celso, a Banda do Candinho também destacará a importância do trabalho de entidades assistenciais que atuam no combate à fome em São Paulo, como a Cozinha Ocupação 9 de Julho e o Projeto Ação de Rua SP, que entregam refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade. Para tanto, o Bloco pede apoio aos foliões na forma de contribuições em alimentos e doações financeiras para as entidades.

“Essas e outras entidades que atuam na Capital, se somam às ações do poder público e ajudam a impedir que milhares de pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade deixem de se alimentar, por isso reconhecer sua importância e apoiá-las é quase um dever de todos nós”, afirma Candinho Neto.

Dados para Doações (de quaisquer espécies) podem ser encontrados nas redes sociais das entidades: @cozinhaocupacao9dejulho | @acaoderuasp.

Corte LGBTQIA+ do Carnaval de Rua e Corte Oficial do Carnaval de São Paulo | Neste ano estarão presentes na Banda do Candinho, a primeira Corte LGBTQIA+ do Carnaval de Rua de São Paulo, coordenada pela Lady Fama Rey Neves, além da Corte Oficial do Carnaval paulistano, com Rei Momo, rainha e princesas, coordenada pela SPTuris.

Serviço:

Desfile Banda do Candinho

Tema: Zé Celso – Gênio do Bixiga

Data: 7/2 – Concentração: a partir das 19h

Local: Rua Santo Antônio, esquina com Rua Treze de Maio – Bixiga, São Paulo (SP)

Apoios: ABASP – Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo, Secretaria Municipal da Cultura de SP e Sindicato dos Comerciários de SP.

(Fonte: Be On Press)

Baile da Vogue Brasil faz brilhar mais uma vez o Copacabana Palace

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Donatas Dabravolskas – Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=43053800.

Uma das noites mais concorridas do calendário de festas nacional, o Baile da Vogue promove sua 19ª edição na noite do dia 3 de fevereiro pelo quarto ano na capital carioca. Com o tema Galactika, a festa será inspirada no espaço sideral. Com muitas referências futuristas, o Baile promete entregar a sensação de uma grande viagem entre as galáxias.

Para aproximadamente 1700 convidados, como nas edições passadas, a festa contará com grandes atrações. A direção criativa do Baile que transportará os convidados a outros mundos é assinada, mais um ano, por Wado Gonçalves e Diego Ognibeni e terá muitas luzes, efeitos especiais e neons. A BFerraz, agência da B&Partners, é pela nona vez a agência responsável pela produção do evento.

A noite é patrocinada por prestigiadas marcas como Beefeater, Havaianas e Rabanne. E, nesta edição, pretendendo expandir a presença da Vogue Brasil em uma das plataformas mais importantes do mundo, o TikTok será um dos apoiadores, fazendo sua cobertura oficial ao vivo.

Além do Tiktok, será possível acompanhar toda a cobertura da festa no site e Instagram de Vogue Brasil.

(Fonte: Index Estratégias de Comunicação)

[Artigo] Dragagem do canal do Porto de Santos também precisa considerar impactos ambiental e social

Santos, por Kleber Patricio

Por Agência CNT – Flickr, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=31527057.

O projeto de aprofundamento (dragagem) do canal de navegação do Porto de Santos, previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, vai trazer impactos positivos e negativos para as comunidades locais. Com desdobramentos sociais relevantes, a questão deve fazer parte dos estudos preliminares de viabilidade, defende o professor de Engenharia e Arquitetura da ESAMC Santos, Alessandro Cardoso Lopes. “Considerar o impacto nas comunidades locais é um aspecto crucial que muitas vezes é negligenciado nos projetos portuários. Em um plano sustentável, é fundamental considerar não apenas os aspectos ambientais, mas também os sociais e o relacionamento com as comunidades locais”, disse.

No começo de janeiro, a estatal Autoridade Portuária de Santos (APS) recebeu sinal verde do governo federal para encomendar à Unicamp um estudo sobre erosão costeira. O objetivo do levantamento é avaliar como a operação de dragagem do canal de acesso ao porto, de 15 metros para 17 metros, pode interferir nas deteriorações da costa. De acordo com o cronograma anunciado pelo governo federal, uma PPP (parceria público-privada) para a dragagem do canal deve ser anunciada no segundo semestre.

Impacto nas comunidades

Assim que o projeto for viabilizado, Alessandro cita como efeito positivo a criação de empregos por conta da chegada de navios maiores e, com eles, cargas adicionais. Mas o especialista também menciona questões de segurança e qualidade de vida do entorno que podem piorar, como o tráfego intenso de veículos, poluição sonora e atmosférica.

Além da inclusão de análises aprofundadas dos impactos da dragagem nas comunidades locais, o professor defende a realização de audiências públicas e consultas com líderes comunitários. “São medidas de responsabilidade social que atingem diretamente as pessoas que vivem perto do porto”, explica.

Paranaguá

O professor menciona a dragagem do Porto de Paranaguá (PR) como bom exemplo de projeto com retorno econômico e social. Desde o ano passado, o porto vem realizando a dragagem do calado de 12,5 metros para 12,8 metros. Quando a operação for concluída nos próximos anos, a Portos do Paraná (responsável pela gestão do porto) estima um ganho operacional de 2,1 mil toneladas a mais de carga por navio.

Os estudos de impacto ambiental incluíram algumas recomendações das comunidades locais, que foram consultadas previamente e se criaram oportunidades inclusivas na gestão ambiental. Por sua vez, o estudo fez parte do plano de desenvolvimento e zoneamento do porto.

Alessandro Cardoso Lopes, professor da ESAMC Santos. Foto: divulgação.

Áreas portuárias foram redesenhadas com base em premissas ambientais e locais e o porto também adotou práticas operacionais sustentáveis. Entre elas, o uso de tecnologias limpas, tratamento adequado de resíduos, redução das emissões poluentes e gestão eficiente dos recursos naturais. Para Alessandro, a integração entre boas práticas operacionais, estudos ambientais e compromisso com a sustentabilidade trouxe impacto positivo para o meio ambiente e a comunidade que vive nas proximidades do porto. “A participação ativa da população nesse processo foi decisiva e mostra que ela precisa fazer parte das discussões.”

(Fonte: Betini Comunicação)

Pobreza atinge 30,2% das crianças até seis anos no Rio Grande do Sul em 2022

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Imagem: Hosny Salah/Pixabay.

Em 2022, a população com seis anos ou mais no Rio Grande do Sul enfrentava uma taxa de pobreza de 15,9%. Para as crianças de até 6 anos, no entanto, esta taxa era praticamente o dobro, alcançando 30,2%. No caso da pobreza extrema, para aqueles acima de 6 anos a taxa era de 2,5%, enquanto para as crianças menores o patamar ficava em 4,7%. Em termos absolutos, em 2022, havia 244 mil crianças pobres e 37,9 mil em extrema pobreza. Segundo André Salata, professor da PUCRS, “as taxas de pobreza maiores para as crianças até 6 anos, na comparação com a população total acima desta faixa etária, se explicam, em boa medida, pela maior concentração de crianças em domicílios com renda mais baixa.”

Estes números fazem parte do relatório “Pobreza infantil no Rio Grande do Sul entre 2012 e 2022”, lançado pelo PUCRS Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC para pobreza e US$2,15 PPC para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de aproximadamente R$6,36 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$199 per capita. Crianças que vivem em domicílios com renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de pobreza extrema.

O professor Ely Jose de Mattos, pesquisador do laboratório, afirma que “a pobreza infantil é particularmente preocupante, pois sabe-se que privações de condições básicas nesta fase da vida tem repercussões permanentes na fase adulta”. Já a pesquisadora Izete Pengo Bagolin destaca que “crianças que vivem em famílias em situação de pobreza monetária, em geral, também estão expostas a outros tipos de privações, tais como moradias precárias, nutrição inadequada e condições educacionais insuficientes.”

Ainda que as taxas de pobreza e pobreza extrema sejam preocupantes de um modo geral, a situação é ainda pior para determinados segmentos demográficos. Entre as crianças negras, por exemplo, a taxa de pobreza é o dobro daquela entre as crianças brancas – 50,5% contra 25,6%. Já sobre localização de moradia, a pobreza infantil em áreas rurais é maior (35%) contra 29,5% no ambiente urbano.

Os programas de transferência de renda, neste contexto, desempenham importante papel na minimização desta situação. Em 2020, ano crítico da pandemia, a taxa de pobreza entre crianças no RS foi de 31,6%; sem os auxílios, poderia ter chegado a 38,3%. No caso da pobreza extrema, para o mesmo ano, registrou-se a marca de 5,4%; sem os auxílios poderia ter sido quase o dobro (10,6%). Além das taxas de incidência, os auxílios também se mostraram relevantes para amenizar a profundidade da pobreza – entendida como a distância entre a renda dos indivíduos e a linha de pobreza utilizada.

O estudo também mostra que as crianças em situação de pobreza sofrem desvantagens em outras dimensões que não a monetária. Por exemplo, no que se refere à estrutura familiar, as crianças pobres apresentam maior tendência de viver em famílias monoparentais: 29,3% entre as crianças pobres, contra 16,7% para o total de crianças no RS. Em termos de escolaridade dos pais ou responsáveis, fica evidente seu menor nível educacional no caso das crianças pobres. Entre as crianças abaixo da linha de pobreza, 48,9% dos responsáveis tinham apenas ensino fundamental, enquanto para o total de crianças do RS esse número era de 32,7%. O estudo identifica, ainda, que as crianças em pobres tendem a frequentar menos a creche/escola: 45,7% o faziam, contra 57,7% para o total de crianças do RS. Finalmente, do ponto de vista de moradia, o estudo mostra que crianças em situação de pobreza tendem a morar em domicílios com adensamento excessivo: 48,9% entre as crianças pobres, contra 33,2% no total das crianças do RS.

Segundo os pesquisadores, estes são fatores que afetam não somente a qualidade de vida destas crianças no presente, mas também suas oportunidades no futuro. Andre Salata, que também coordena o PUCRS Data Social, pontua: “É importante compreender que a pobreza não indica somente uma privação monetária. Em função das condições de vida mais duras, famílias pobres têm dificuldades para garantir os estímulos necessários ao bom desenvolvimento de capacidades cognitivas e não cognitivas para seus filhos, com prejuízos que se dão no presente, mas que também serão sentidos no futuro dessas crianças”.

Tomás Fiori, professor da PUCRS e um dos autores do estudo, destaca o papel do governo estadual no combate à pobreza infantil: “O Rio Grande do Sul já foi pioneiro quando lançou o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) há 21 anos e hoje está construindo o Plano Estadual que norteará o cuidado integral das crianças até 2034. A compreensão da incidência e profundidade da pobreza nessa fase da vida é crucial, assim como a contribuição da comunidade acadêmica em estudos como esse que o PUCRS Data Social está oferecendo para a sociedade.”

(Fonte: PUC-RS)