Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
Foi prorrogada até o dia 28 de janeiro a exposição de realidade aumentada “Realidades e Simulacros”, do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Com obras espalhadas por várias regiões do Parque Ibirapuera, a mostra busca explorar o diálogo entre o virtual e o físico, perceber a realidade ao redor de outra maneira e interagir com as dimensões de uma mesma experiência. A iniciativa é realizada pelo MAM e conta com patrocínio da 3M por meio da Lei de Incentivo à Cultura, apoio da Africa Creative e parceria com a Urbia.
Com curadoria de Marcus Bastos, artista e pesquisador na convergência entre audiovisual, arte e novas mídias, e de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição reúne obras do Coletivo Coletores – Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto. Cada artista recebeu convite da curadoria para criar experiências digitais, obras virtuais em realidade aumentada que integram o jogo de multiplicidades que é a exposição.
Obra digital, experiência presencial
No entorno do MAM, no Jardim de Esculturas, um disco voador paira sobre os visitantes. Trata-se de “Rasante” (2023), obra de Regina Silveira. A artista dialoga com o imaginário da ficção científica, muito presente em filmes e histórias em quadrinhos, e cria um disco voador que se coloca em relação à arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera. “A sobreposição entre a realidade e a ficção ecoa a combinação entre o radioteatro e a notícia jornalística. Em 1938, uma transmissão de rádio do diretor de cinema norte-americano Orson Welles causou pânico ao dramatizar ‘A Guerra dos Mundos’, de Herbert George Wells. Entretanto, no século XXI, o trabalho de Regina Silveira tende a gerar mais fascínio do que medo”, comentam os curadores.
Sombras pouco nítidas sugerem um percurso por uma floresta de sons plantada no entorno da Praça da Paz. “Em RevoAR :: a Vida é uma Utopia” (2023), Dudu Tsuda convida o visitante a utilizar fones de ouvido para adentrar uma paisagem sonora que mistura sons da Mata Atlântica originalmente existente na região do Ibirapuera com sons de animais da região, de espíritos da floresta e de entidades fantásticas criadas a partir das cosmovisões dos povos originários brasileiros.
Alinhadas entre o MAM São Paulo, a Oca e o Pavilhão da Bienal de São Paulo, uma escultura digital do Coletivo Coletores reúne corpos que representam três povos: latinos, africanos e resistentes de outras partes do globo. “Monumento à Resistência dos Povos” (2023) apresenta figuras brancas como o mármore em posição de defesa e aborda a ideia de contra monumentos ao problematizar questões sobre a cidade, a memória e a violência cotidiana sofrida pela população.
Em “Rádio Detín” (2023), Paola Barreto leva ao entorno da Oca imagens de um manto branco que carrega sons gravados pela artista em uma viagem ao Benim. A obra é um convite para interagir com as árvores do Ibirapuera pelas lentes de uma experiência visual e sonora que oscila entre o documental e o poético. O percurso permite refletir sobre um espectro amplo de sentidos da ancestralidade. A natureza e as culturas que antecederam o colonialismo são entendidas pela artista como vetores que permitem pensar um tempo que está além da duração da vida humana.
Flutuando no Parque e refletindo seu entorno, entre o MAM e o pavilhão da Bienal de São Paulo, a enorme “Bolha” (2023), de Katia Maciel, apresenta um aspecto lúdico. Em geral, as bolhas duram pouco. Elas estouram quando a elasticidade que surge da junção das moléculas de detergente e água se rompe com a evaporação. Mas na obra “A Bolha”, esse momento é alargado, o instante em que a bolha estoura parece nunca chegar. Para os curadores, “no sentido metafórico, estourar a bolha é também alargar nossos horizontes, é nos relacionarmos com realidades diversas. A artista nos faz pensar que talvez a bolha em que vivemos seja mais resistente do que imaginamos, já que o dentro e o fora da bolha, o simulacro e a realidade, permanecem”.
Lucas Bambozzi explora processos de reconhecimento de padrões por meio de “Incerteza artificial” (2023), obra realizada a partir de inteligência artificial que escaneia a região entre a Ponte Metálica, a Praça da Paz e seu entorno no Ibirapuera, nomeando o que encontra. Mas, para os algoritmos, as coisas nem sempre parecem ser o que são. Neste processo, os equívocos geram instabilidades resultantes dos limites da capacidade que as máquinas têm de identificar seres ou coisas.
Em “Brejo das delícias” (2023), Giselle Beiguelman faz uma incursão na história do Parque Ibirapuera a partir de uma pesquisa das espécies nativas anteriores à sua urbanização. Com base em estudos botânicos da flora paulistana, foram identificadas cerca de 50 espécies que habitavam sua área originalmente alagadiça. Inspiradas em ilustrações botânicas, as criaturas aqui apresentadas foram feitas com inteligência artificial, fundindo as espécies originárias em novos seres vegetais que ganham vida por meio de recursos de realidade aumentada. Dessa forma, abordam também a diversidade das imagens técnicas que povoam nossas noções de natureza e paisagem.
Logo em frente ao Planetário do Ibirapuera, Eder Santos posiciona a pirâmide nomeada “Ouragualamalma” (2023). A pirâmide é uma ligação entre o céu e a terra, uma arquitetura que conecta ambos – é uma imagem ancestral que se refere tanto a uma realidade anterior à colonização, quanto a uma realidade decolonial.
Fernando Velázquez leva ao Lago do Ibirapuera uma criatura feita de elementos orgânicos, vegetais e minerais. Com “Górgona 01” (2023), o artista reflete sobre um modo de viver em um planeta reconfigurado por suas catástrofes. A aparição da criatura no Lago pode surpreender tanto pelo caráter quimérico quanto pelo aspecto de porvir, refletindo sobre os caminhos por onde o antropoceno pode levar a vida.
Em outro ponto do Lago, próximo ao Portão 09 do Ibirapuera, Daniel Lima apresenta uma réplica da embarcação usada por Pedro Álvares Cabral na invasão da América em 1500. Reconstruída pelo governo brasileiro para homenagear os 500 anos de descobrimento do Brasil, por erros no projeto e problemas técnicos, ela naufragou e não participou do evento oficial em Porto Seguro, no ano 2000. Com seu “Monumento à Colonização” (2023), o artista propõe, não sem ironia, um “monumento inverso” que aponta para o modo como esse tipo de celebração revela nossa mentalidade colonizada e incapaz de projetar um futuro emancipado para o país.
A jornada de visitação pode ser realizada de diferentes formas e trajetos. É possível fazer o percurso andando a pé, de bike ou com o Ibira Tour, um passeio feito em carrinhos elétricos com guias da Urbia. Mais informações no site da empresa. Dentro do Parque, haverá, também, sinalizações físicas instaladas em locais próximos às obras para otimizar o percurso do público.
Ainda que as obras sejam digitais, a exposição foi desenvolvida para ser vista presencialmente no Parque, com o uso do celular, pelos mais de 55 mil visitantes que transitam diariamente ali.
Nem site, nem aplicativo
O conjunto de obras em realidade aumentada foi instalado em diferentes pontos do Ibirapuera por meio de georreferenciamento – um processo de sistema de referência – e pode ser acessado pelo celular, através de uma plataforma criada para a exposição.
A plataforma realizada para a mostra não é um site e nem um aplicativo – é um meio que conecta o virtual ao físico. Não é necessário fazer download para acessar, pois ela está integrada ao site do museu e também pode ser acessada pelo celular direto no link mam.org.br/realidades.
O projeto expográfico digital foi pensado a partir do conceito do cubo branco e concentra elementos que ajudam na jornada de visitação: a lente, uma espécie de câmera pela qual o visitante pode ver e fotografar as obras; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos de visualização; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos; e a ficha catalográfica, que concentra sinopses das obras, informações sobre os artistas e referências utilizadas no processo de pesquisa e criação dos trabalhos.
O desenvolvimento de Realidades e Simulacros contou com uma equipe técnica formada por Luís Felipe Abbud, do Estúdio Hiper-Real, responsável pelos modelos 3D e animações das obras; Bruno Favaretto e Renato de Almeida Prado, do Museu.io, que realizaram a programação da exposição, e Celso Longo e Daniel Trench, do cldt design, que assinam a identidade visual.
Sobre a expografia digital, Bruno Favareto e Renato de Almeida Prado explicam: “buscamos assim uma estética minimalista que auxiliasse os visitantes em seu fluxo pelo Parque e no uso da tecnologia em si, mas que ao mesmo tempo permitisse a experiência com a obra de forma isolada ou com o mínimo de informação desejada”.
Para além das paredes do museu
“Realidades e Simulacros” é mais uma iniciativa do Museu de Arte Moderna de São Paulo para expandir suas fronteiras físicas e proporcionar experiências que utilizem linguagens contemporâneas para impactar públicos diversos, traduzindo poéticas artísticas e cultura por meio da tecnologia digital.
A exposição dialoga conceitualmente e dá continuidade aos pensamentos das ações realizadas em 2020 e 2021. No primeiro, o MAM levou obras emblemáticas de seu acervo para as ruas de São Paulo por meio de projeções em grande escala em empenas cegas de edifícios da cidade. A iniciativa surgia como resposta às dinâmicas sociais impostas pela pandemia de Covid-19 e buscava democratizar o acesso à arte. Já em 2021, em parceria com Microsoft e a Africa Creative, o museu lançou um projeto educativo inédito no jogo Minecraft: “MAM no Minecraft”, uma combinação de arte, educação e games, com reproduções do espaço do museu e de obras do acervo, jogos pedagógicos, atividades lúdicas e propostas de aulas.
“Realidades e Simulacros” integra a programação comemorativa dos 75 anos do MAM e 30 anos do Jardim de Esculturas. No decorrer do período expositivo, serão anunciadas ativações na exposição realizadas pelo Educativo do museu, como visitas mediadas, oficinas a partir dos temas e obras e outros.
Serviço:
Realidades e Simulacros
Mostra coletiva com Coletivo Coletores, Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto.
Curadoria: Cauê Alves e Marcus Bastos
Período expositivo: 23 de julho a 28 de janeiro de 2024
Local: entorno do Jardim de Esculturas, Praça da Paz e região dos Lagos do Ibirapuera
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Entrada pelos portões 1 e 3
Entrada gratuita
Mais informações: mam.org.br/realidades
MAM São Paulo
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(Fonte: A4&Holofote Comunicação)
O pirarucu (Arapaima gigas) simboliza ao mesmo tempo a grandiosidade e o potencial da economia da Amazônia. Ao entrar para a lista de espécies com risco de extinção em 1996, a pesca extrativa foi proibida e o peixe se tornou objeto de pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Quase 25 anos depois da implementação do primeiro plano de manejo sustentável, em 1999, a unidade, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), consolida um exemplo bem-sucedido de desenvolvimento sustentável. “A espécie estava ameaçada e o manejo sustentável foi o responsável pela recuperação da população”, afirma o diretor do Mamirauá, João Valsecchi.
O pirarucu, contudo, continua na lista do Anexo 2 da convenção internacional de espécies com risco de extinção porque não há projetos de manejo em toda a extensão da bacia amazônica. Mas, na região do médio Solimões, desde que o manejo sustentável do pirarucu foi adotado, a população da espécie aumentou 620% – um crescimento médio anual de cerca de 25%. O cálculo é do Instituto Mamirauá.
“Não precisa entrar na área de reserva para ver o pirarucu. Hoje, a população voltou a níveis naturais nessas áreas que fazem com que, naturalmente, haja uma migração para o rio”, explica a coordenadora de manejo de pesca do instituto, Ana Cláudia Gonçalves. Segundo ela, no Amazonas há duas possibilidades de manejo legal: a piscicultura e a pesca extrativa sustentável. O Instituto Mamirauá presta assistência na segunda modalidade. Para trabalhar legalmente com o pirarucu, o Plano de Manejo Sustentável precisa ser aprovado pelo Ibama. “O tempo de implementação do projeto de manejo varia, pode levar um ou vários anos”, relata Ana Cláudia.
Uma vez aprovado o plano, o Ibama emite a primeira autorização, que será considerada a ‘pesca-piloto’. “Sendo bem executada e prestado contas, é possível renovar o pedido. A autorização saiu em agosto, mas precisa de uma condição ideal de água para o escoamento da produção”, diz a coordenadora.
A captura do pirarucu é realizada da segunda quinzena de outubro e a 30 novembro, data limite para autorização da pesca. Isso porque o período de dezembro a maio compreende o defeso, para a reprodução dos peixes. “Uma premissa básica do manejo é respeitar o defeso”, afirma Ana Cláudia.
Além da quantidade, as análises do Instituto Mamirauá também indicam que o tamanho médio do pirarucu aumentou. Em 1998, a média era de 1,27 metro. As medições realizadas em 2022 revelaram que o peixe passou a ter 1,80 m, em média.
Produção
O projeto iniciou com a adoção da técnica do manejo sustentável por uma localidade. Atualmente, são 12 áreas de produção manejada. O Mamirauá assessora tecnicamente 41 comunidades e quatro organizações de pescadores com capacitações e apoio na elaboração dos planos de manejo. O projeto beneficia 1.176 pessoas.
A cota de pesca autorizada pelo Ibama para as localidades assessoradas pelo Mamirauá para a temporada de pesca de 2023 é de 14.983 peixes ou 749 toneladas. O número representa um crescimento de cerca de 15% em relação ao ano passado. Em geral, as comunidades pesqueiras capturam mais de 90% da cota estabelecida.
Em 2022, o faturamento superou R$4,3 milhões e promete crescer neste ano. Enquanto o preço médio de comercialização do pirarucu no Amazonas em 2023 foi de R$4,50/kg, as comunidades que contam com a assessoria técnica do Instituto receberam em média R$6,68/kg, atingindo R$10,00 em algumas localidades. O valor quase 50% superior é resultado de um esforço do Mamirauá em articular arranjos comerciais, buscando comercializar diretamente com os frigoríficos, reduzindo os intermediários. “É um conjunto de estratégias para tentar valorizar o produto. Além disso, iniciamos o processo de indicação geográfica do pirarucu, participamos da rede Origens Brasil, e com outros parceiros uma marca coletiva chamada Gostos da Amazônia”, conta Ana Cláudia. O selo de procedência da Indicação Geográfica Mamirauá foi concedido em 2021 pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
Para as comunidades pesqueiras, a renda proveniente do pirarucu manejado tem impacto significativo, representando até 40% de toda a renda proveniente da pesca e 15% da renda geral. Segundo o Mamirauá, o ganho bruto por pescador em cada temporada, apenas com o pirarucu, se aproxima de R$4 mil. A concentração da renda em um período também influencia a capacidade dos pescadores para o planejamento, como a melhora das condições de moradia, investimento na atividade e na educação dos filhos. “O manejo traz um conjunto de benefícios”, analisa.
Conhecimento tradicional
Os números impressionantes são resultado do trabalho que alia tecnologia e conhecimento tradicional. A cota de pesca é estabelecida por meio de uma metodologia de contagem dos peixes publicada em 2004. “A metodologia de contagem do pirarucu tem como alicerce o conhecimento tradicional do pescador, e é validado pela ciência”, relata a coordenadora.
Segundo ela, o pescador de pirarucu é um especialista na captura da espécie, mas ainda assim, não é todo pescador que sabe contar o pirarucu.
Outro aspecto que Ana Cláudia Gonçalves destaca é a relação que os pescadores estabeleceram com as áreas de produção. “O manejo possibilitou a proteção dos territórios, governança, estabilidade da comunidade, geração de renda e a permanência da população no território sobrevivendo dessa geração de renda.”
Investimento
O MCTI investiu na construção de um entreposto de beneficiamento do pirarucu. O flutuante, planejado para aprimorar o sistema de pré-beneficiamento, utiliza energia solar para tratar a água retirada do rio que é utilizada na lavagem dos peixes. Além disso, permitiu avançar nas boas práticas de manipulação e na ergonomia dos manipuladores do peixe. “Já conseguimos comprovar que isso melhora a qualidade do produto final, aumenta o tempo de prateleira e de armazenamento no frigorífico”, ressalta.
Seca na Amazônia
A seca na Amazônia, decorrente dos fenômenos El Niño e do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, afetou a navegação dos canais de acesso para a chegada dos pescadores até os lagos. Outra preocupação envolve os custos para escoar a produção. “Em anos de seca, os custos com combustível crescem por conta das distâncias que aumentam de seis para 10 horas, em média, na maioria das áreas”, exemplifica.
Questionada se a seca pode provocar mortalidade do pirarucu, a coordenadora explica que a espécie é uma das mais resistentes e os peixes têm respiração aérea, capturando ar da atmosfera. “Isso traz um pouco de vantagem em relação aos outros peixes que têm apenas respiração aquática”, afirma Ana Cláudia.
Segundo o Mamirauá, mesmo em períodos de seca extrema, as ações de assessoramento às comunidades de pesca manejada não são interrompidas. “Com isso, garantimos a manutenção da produção pesqueira, assegurando renda, mesmo em um ano de seca extrema”, afirma o diretor.
(Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI)
O Instituto Ethos lançou, em parceria com as empresas associadas e junto do escritório TozziniFreire Advogados, o Guia Prático – Devida Diligência em Direitos Humanos: Ferramentas para Implementação nas Empresas. Por meio de uma linguagem acessível e democrática, o guia define e propõe a aplicação do processo de Devida Diligência em Direitos Humanos (DDDH), metodologia de gestão de riscos e impactos das atividades empresariais em direitos humanos.
O material tem como objetivo contribuir para que as empresas adotem as melhores práticas em suas atividades e cumpram os compromissos com os direitos humanos em toda a cadeia de valor. O guia exemplifica como o conceito pode apoiar as empresas no cumprimento de sua responsabilidade social, possibilitando a previsão de possíveis riscos e impactos de violações de direitos humanos em toda a cadeia. Seu conteúdo abarca ferramentas de prevenção, mitigação, reparação e monitoramento de violações a direitos humanos, assim como exemplos de países que já possuem legislação no tema, como França, Alemanha e Noruega.
As etapas para o alinhamento das empresas à agenda passariam pelo mapeamento das atividades e operações, a identificação de riscos, a implementação de mecanismos para prevenção, mitigação, monitoramento e reparação de impactos negativos, e o acompanhamento de resultados, com reporte público para todos os stakeholders.
O Guia foi lançado em painel com a participação de Scarlett Rodrigues, coordenadora de Projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos, Luiz Carlos S. Faria Jr, advogado da área de Empresas e Direitos Humanos de TozziniFreire Advogados, e Lucas Carvalho, analista de projetos de Direitos Humanos do Instituto Ethos. De acordo com Scarlett Rodrigues, “o material parte do princípio de que não há uma fórmula única para mapear e definir processos acerca do impacto das empresas. O conteúdo do Guia mostra os caminhos e diretrizes para construir seu mapeamento de riscos a partir da realidade de cada companhia”.
“Vemos muitos clientes travarem ao conhecerem o conceito de devida diligência em direitos humanos. Querem atuar para prevenir impactos negativos em direitos humanos, mas, por ser um processo contínuo e com muitas camadas, não sabem por onde começar. Por isso, o material busca munir as empresas de ferramentas para que consigam mergulhar nessa jornada”, explica Clara Serva, sócia responsável pela área de Empresas e Direitos Humanos de TozziniFreire Advogados.
Para Luiz Carlos Faria Jr., “esse guia prático se propõe a iniciar conversas com as empresas, para que elas possam discutir sobre temas de direitos humanos, mapear aquilo que elas já fazem e então partirem para a condução de um processo de Devida Diligência em Direitos Humanos. A ideia é que seja um documento vivo, que vá sendo complementado a partir da experiência das empresas.”
Para acessar o Guia Prático – Devida Diligência em Direitos Humanos: Ferramentas para Implementação nas Empresas na íntegra, clique aqui.
Sobre o Instituto Ethos | O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é a organização da sociedade civil brasileira pioneira na mobilização de empresas por uma atuação justa e responsável. O Ethos nasceu ASG (ESG), pois desde 1998, as pautas da responsabilidade social, da ética e da sustentabilidade guiam todas as suas atividades. O Instituto desenvolve indicadores para auxiliar as empresas a compreenderem a sua situação e os caminhos para se tornarem mais diversas, inclusivas e éticas. Com mais de 460 associadas, o Ethos realiza diversas atividades de advocacy colaborativo e coordena a Conferência Brasileiro de Mudança do Clima ao lado das principais organizações do setor.
Sobre o Tozzinifreire | TozziniFreire é uma organização de serviços jurídicos líder na América Latina com atuação em todas as áreas do direito empresarial e histórico relevante no atendimento a empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores. Com unidades próprias em diversas cidades do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Campinas, e em Nova York), TozziniFreire garante padrão único de qualidade e atendimento aos clientes e os mesmos recursos em todo o País.
TozziniFreire Advogados, que completou 47 anos de atuação em setembro, conta com 56 áreas e 25 grupos setoriais, 98 sócios e mais de 1.200 profissionais. O escritório tem desempenhado papel relevante em muitas das operações mais significativas conduzidas no Brasil, que contribuíram para o crescimento da economia do País nas últimas décadas.
(Fonte: Analítica Comunicação)
Para comemorar as férias e o início do ano, o Museu do Amanhã terá uma programação com duas exposições e diferentes atividades do projeto “Brincar é Ciência” ao longo de janeiro. Já no dia 9, será inaugurado “Arte de Código Aberto”, trabalho individual do artista- programador Vamoss. No fim do mês, dia 30, o Museu recebe a exposição “Sentir Mundo – Uma Jornada Imersiva”, uma experiência sensorial que vai levar o público a um passeio pelas florestas, pelo solo e pela vida dos animais.
A exposição “Arte de Código Aberto”, que vai ocupar o Laboratório de Atividades do Amanhã – LAA, apresentado pelo Santander, é uma oportunidade para o público compreender e ver de perto como operam os programas que influenciam o dia a dia da sociedade em áreas essenciais, como nas máquinas hospitalares, nas escolas, nos celulares e nas redes sociais, por exemplo. O trabalho é assinado por Vamoss, artista-programador que utiliza o código como matéria prima para criar projetos de arte gerativa. Doutorando em Artes Visuais no PPGAV-UFRJ e formado em Design e mestre em Economia Criativa pela ESPM-Rio, o artista é diretor de tecnologia na SuperUber (produtora com foco em experiências interativas em arte, tecnologia, arquitetura e design) e já contribuiu para projetos de museus em todo o mundo desde 2011.
A partir de 30 de janeiro, o Museu do Amanhã vai receber a exposição “Sentir Mundo – Uma Jornada Imersiva”, que aguça os sentidos do público no intuito de aproximá-lo da perspectiva que outras espécies têm do meio onde habitam. Idealizado e desenvolvido pelo Sensory Odyssey Studio, o projeto leva os visitantes a passearem por três áreas temáticas: a parte visível da floresta, por dentro do solo e a dança dos insetos através de painéis informativos, sons característicos, cheiros e acervo entomológico (coleção científica formada por insetos). A exposição é uma versão reduzida de Odisseia Sensorial, que estreou em Paris, em parceria com o Museu Nacional de História Natural, e foi exibida em Singapura.
O projeto “Brincar é Ciência”, apresentado pela ArcelorMittal, tem programação confirmada para todas as terças, sábados e domingos de janeiro. No dia 9, será a vez de homenagear o dia do astronauta com uma oficina para construir naves espaciais e aprender sobre a profissão. O primeiro fim de semana do mês dá espaço para uma oficina de colagem e oficina de holograma portáteis, no sábado, 13, e uma oficina lúdica com músicas para crianças entre 3 e 6 anos e uma roda de contação de histórias no domingo, 14. Para conferir a programação completa, acesse o link.
Sobre o Museu do Amanhã | O Museu do Amanhã é um equipamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG.
(Fonte: AtomicaLab)
Estruturada como uma espécie de palestra em que eventos históricos relevantes vão se sobrepondo a experimentações musicais, “Feitiço de Soma”, peça inédita da coletiva Rainha Kong estreia no TUSP Maria Antonia dia 10 de janeiro de 2024 com temporada até 4 de fevereiro. O projeto também prevê a realização de um ciclo de três debates públicos, com datas, locais e participantes a definir. As conversas têm parceria da Coletiva Loka de Efavirenz, bem como com outres pesquisadores e artistas que abordam o tema HIV/AIDS em seus trabalhos, com a mediação de Pisci Bruja – membra da Coletiva Loka de Efavirenz.
Desde o início da epidemia de HIV/AIDS no Brasil, na década de 1980, a estigmatização sobre os corpos que convivem com o vírus é impactada diretamente pela ideia de que apenas pessoas pertencentes às comunidades LGBTQIAP+ e/ou pessoas racializadas como não-brancas possam contrair o vírus – ideia midiaticamente estruturada naquela década, mas que encontra ecos até hoje. É daí que parte “Feitiço de Soma”, obra criada em 2020 por Aleph Antialeph. “A peça compreende a história particular de alguém que recebeu o diagnóstico da soropositividade, mas ainda é sujeito da história dentro desse fluxo que se iniciou antes e que se prolonga para muito depois”, conta Aleph.
Na peça, há uma subversão da ideia tradicional da palestra, fazendo com que uma fala por vezes verborrágica vá dando espaço a um feitiço que conclama todas as pessoas para a questão do HIV, muitas vezes colocada como um problema pessoal e carregada de estigmas, como a da sujeira e da depravação.
Sinopse | Duas performers se encontram num palco iluminado e recortado por um símbolo de “+”. Aleph Antialeph e Nãovenhasemrosto reúnem-se para uma palestra, na qual refletem sobre suas próprias trajetórias relacionadas ao HIV, retomando a história do vírus e da epidemia de AIDS – fatos históricos como a Operação Tarântula, deflagrada nos anos 80 no Brasil ou a suposta descoberta de G.D., comissário de bordo canadense intitulado como “Paciente Zero”, supostamente tendo trazido o vírus para a América do Norte. Um avião cai no espaço. A racionalidade da palestra é engolida pelo “Feitiço de Soma”. As duas palestrantes, agora agentes deste feitiço, performam magias para curar-se do vírus infectando todes.
A livre associação do HIV/AIDS com pessoas dissidentes da norma (sexual, de gênero, classe e raça), em sua maioria bixas, pessoas trans e/ou racializadas como pretas, além de tentar construir um processo higienista que marca tais corpos enquanto “sujos”, corrobora também para um projeto de extermínio e criminalização deste recorte populacional.
A situação se torna ainda mais complexa quando se percebe que as várias manifestações midiáticas que tem como objetivo combater os estereótipos do HIV/Aids acabam por ocultar a sorologia destes corpos que – mesmo permitida por lei -, ainda revela o medo social desse compartilhamento, um processo de invisibilização fomentado por anos de violência que repercutem ainda hoje.
Não enquadrar o debate sobre HIV/AIDS enquanto um tópico de saúde pública, mas sim com a premissa de se tratar de uma doença que se difunde apenas dentro de uma população já marginalizada, reflete nas formas com que corpos soropositivos são assimilados socialmente.
Na obra, o feitiço busca criar uma espécie de contaminação, como se numa dinâmica que faça o problema deixar de ser encarado de modo individual e seja visto como algo coletivo. “Existem indícios do feitiço desde o começo da peça, como uma carta de tarô gigante do Mago no centro do palco”, conta Aleph, reforçando que a obra vai aos poucos expondo elementos e signos que compõem a magia. Ao longo do trabalho, a DJ e produtora musical Nãovenhasemrosto, que está ao lado de Aleph no papel de uma interlocutora, traz elementos sonoros executados ao vivo na cena por Venus Garland (baterista) e Helena Menezes (baixista).
A sonoplastia da obra existe desde uma mix-tape preparada por Nãovenhasemrosto ainda em 2020 e que contaminou a forma com que Aleph estava escrevendo a dramaturgia da peça. “Essa mix-tape é uma provocação não-bibliográfica ou textual que até foi publicada junto com o livro”, diz Aleph.
A cena é composta ainda por danças executadas por Nata da Sociedade e oito TVs espalhadas no espaço que projetam gravações ao vivo, exibidas ao público em uma estética de VHS, além de sugerirem ações ao público por meio de uma função de teleprompter, já que a plateia é nomeada como a personagem assistente durante a peça.
Sobre a coletiva Rainha Kong
A Rainha Kong é uma coletiva de teatro e performance fundada em 2016, em Campinas – dentro do curso de Artes Cênicas da Unicamp – e que hoje está sediada na cidade de São Paulo.
O primeiro espetáculo da companhia, “O Bebê de Tarlatana Rosa”, estreou em 2016 no departamento de Artes Cênicas da Unicamp e se apresentou no FETO (Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte – 2017), no Festival de Teatro Universitário da UFRN (2017), no Teatro de Contêiner em São Paulo (2017), na Mostra Todos os Gêneros, organizada pelo Itaú Cultural em São Paulo (2018), no SESC Pinheiros (2022), nos SESCs Piracicaba e Campinas por meio da Semana de Arte Transviada – projeto contemplado pelo ProAC –, e, em 2021, realizou, com apoio da 36 ª edição Lei de Fomento, temporada online nos teatros municipais paulistanos Arthur de Azevedo, Cacilda Becker, Alfredo Mesquita e João Caetano.
Em 2019, Aleph antialeph, integrante da Rainha Kong, foi contemplada com o edital ProAC nº 20/2019 para escrever e publicar a peça “Feitiço de Soma”, publicada pela editora Urutau.
Em 2020, a coletiva participou da série “Cena Inquieta”, veiculada pela SESC TV com direção de Toni Venturi e curadoria de Silvana Garcia. Neste mesmo ano, participou da mostra DRAMAQueer, organizada pelo CCSP, com a vídeo-performance “Rute Varadão Conta Evir Mancebo”.
Em 2021, como parte do projeto “As Histórias Vistas de Baixo”, contemplado pela 36 ª edição da Lei de Fomento, a Rainha Kong realizou três aulas públicas com Helena Vieira, Ferdinando Martins e Ave Terrena, todas disponíveis no YouTube no canal da Casa 1. Realizou também a oficina de performance “As Histórias Vistas de Baixo”, que contou com a participação de diversos atores e performers, provocações de Daniel Veiga, Pedrx Galiza e Lino Calixto e uma mostra na LGBTflix. Em 2022, também por meio da Lei de Fomento, a Rainha Kong realizou temporada de 24 apresentações no TUSP e no Teatro João Caetano da peça “Sarah e Hagar decidem matar Abraão”, com direção de Diego Moschkovich.
Em 2023, a Coletiva foi contemplada pela 16ª Edição Prêmio Zé Renato para produção e temporada da peça de Aleph Antialeph, “Feitiço de Soma”. Essa será a primeira montagem a partir de um texto dramatúrgico escrito por uma das integrantes do grupo, dando não só continuidade, mas aprofundando a pesquisa da coletiva, que, desde o ano de sua fundação, em 2016, se dedica à pesquisa de corpas dissidentes e seus desdobramentos, tanto temáticos quanto estéticos, quando friccionados com a cena.
Ficha Técnica
Atuação – Nãovenhasemrosto e Aleph Antialeph
Dramaturgia – Aleph Antialeph
Direção e Encenação – Vitinho Rodrigues e Jaoa de Mello
Preparação Corporal – Helena Agalenéa
Iluminação – Felipe Tchaça
Sonoplastia – Nãovenhasemrosto
Figurino – Nilo Mendes Cavalcanti
Cenografia – Victor Paula
Assistente de Cenografia – Rey Silva
Contrarregra – Nata da Sociedade
Baterista – Venus Garland
Baixista – Helena Menezes
Designer Gráfico [Identidade Visual] – Gunshy
Fotografia [Identidade Visual] – Afrop
Registro Fotográfico e Fílmico da Peça – Noah Mancini
Vídeo Streaming – Vinicius Feitoza
Mediação dos Debates Públicos – Pisci Bruja
Assessoria de Imprensa – Márcia Marques (Canal Aberto)
Produção – Corpo Rastreado – Gabs Ambròzia.
Serviço:
Feitiço de Soma
Temporada: 10 de janeiro a 4 de fevereiro de 2024 – quarta a sábado, 20h; domingo, 19h
Local: TUSP Maria Antonia (R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo)
Ingressos gratuitos
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 70 min
(Fonte: Canal Aberto Comunicação)