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Brasil
O Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol são opções de passeio para quem quer aproveitar as festas de fim de ano para curtir uma programação cultural. As instituições funcionam de terça a domingo e só fecharão nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro – além das segundas-feiras, como ocorre normalmente. Ambos os Museus são da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
Os visitantes poderão conferir, ao todo, cinco exposições. No Museu da Língua Portuguesa estão em cartaz a exposição principal e as mostras temporárias ‘Línguas africanas que fazem o Brasil’ e ‘Vidas em Cordel’. Já no Museu do Futebol, as atrações são a exposição principal, recém reformulada, e a mostra temporária ‘Vozes da Várzea’.
Museu da Língua Portuguesa
Na exposição principal, que ocupa o segundo e terceiro andares do Museu, o público passa por uma série de instalações que abordam a diversidade da língua portuguesa falada no Brasil e em outros países. Na experiência Nós da Língua, conhece, por meio de telas interativas, características sociais e culturais de outros países que falam português, como Angola, Timor Leste e Moçambique. Há ainda a experiência Português do Brasil, uma linha do tempo que narra a história da língua portuguesa. A instalação também tem telas interativas, por meio das quais o público tem a oportunidade de assistir a entrevistas de linguistas e filósofos, como Djamila Ribeiro, e a performances de artistas como Gilberto Gil e Racionais MC’s.
A mostra temporária Línguas africanas que fazem o Brasil ocupa o primeiro andar do Museu. Com curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana, destaca a presença de línguas como a iorubá e as do grupo bantu no português falado no Brasil. Para isso, conta com obras de artistas contemporâneos como Goya Lopes, cujas principais referências são as capulanas, os panos coloridos usados por mulheres em Moçambique. Em uma sala interativa, o público é surpreendido ao dizer em voz alta termos como acarajé, afoxé e axé.
No Pátio B, a mostra temporária Vidas em Cordel dá espaço a histórias de vida de pessoas comuns e famosas no formato de literatura de cordel. Entre as histórias selecionadas, há três de pessoas que viveram no território da Luz, onde o Museu está localizado: Cleone Santos, César Vieira e MC Kawex. Com curadoria do poeta e cordelista Jonas Samaúma, do cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio e da xilogravadora Lucélia Borges, é um projeto correalizado com o Museu da Pessoa.
O público ainda poderá participar de visitas temáticas organizadas pelo Núcleo Educativo do Museu. As visitas ao prédio da Luz vão acontecer às sextas-feiras, às 12h30, e aos sábados e domingos, às 11h e às 15h. Já os passeios mediados pela exposição principal estão programados para os sábados e domingos, às 10h e às 13h. Os grupos para essas visitas são formados 15 minutos antes de se iniciarem no Pátio A, perto da bilheteria. Os dois passeios são gratuitos.
Museu do Futebol
O ano de 2024 para o Museu do Futebol foi de muitas novidades. Com a exposição principal renovada, o espaço está diversificado, inclusivo e divertido. A exposição conta com mais recursos de acessibilidade, itens raros e curiosos, vídeos, fotos e atrações inéditas, promovendo uma imersão do início ao fim de muito futebol e história.
Um dos destaques é um maior protagonismo ao futebol para mulheres. Na Sala das Copas, o futebol feminino ocupa seu merecido espaço em módulos que exaltam a história e a resistência femininas entre 1941 e 1988 – período que vai da proibição da modalidade até a realização do Primeiro Torneio Experimental da China, em 1988, que antecedeu a criação oficial da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino. Além disso, foram incluídas na sala todas as Copas femininas desde 1991, junto às masculinas. Outra novidade é o ‘até-logo’ da jogadora Marta, projetada em uma tela de tamanho natural, assim como é feito logo na entrada, com as ‘boas-vindas’ do Rei Pelé.
A recém-inaugurada mostra temporária Vozes da Várzea também é parada obrigatória para quem passa na instituição. A prática esportiva iniciada às margens dos rios que cortam a cidade de São Paulo é apresentada por meio de imagens, textos, mapas, instalações audiovisuais e objetos, tornando-se mais uma experiência incrível de visitação.
Serviço:
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
Praça da Luz, s/nº – Luz – São Paulo
Exposição principal e mostra temporária Línguas africanas que fazem o Brasil
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
Fechadas nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro
R$24 (inteira); R$12 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis aos sábados
Grátis aos domingos (até 30 de dezembro)
Acesso pelo Portão A
Venda de ingressos na bilheteria e pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/90834/
Mostra temporária Vidas em Cordel
De terça a domingo, das 10h às 18h
Dia 19 de dezembro (quinta-feira), das 10h às 19h
Fechada nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro
Acesso pelo Portão B
Grátis
MUSEU DO FUTEBOL
Praça Charles Miller, s/n – Estádio do Pacaembu – SP
Estacionamento Zona Azul – R$6,36 por três horas
Próximo às estações Paulista (Linha 4 – Amarela) e Clínicas (Linha 2 – Verde)
Exposição principal e mostra temporária Vozes da Várzea
De terça a domingo, das 9h às 18h (entrada permitida até 17h)
Fechadas nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro
R$24 (inteira) e R$12 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis para todos às terças-feiras
Ingressos na bilheteria ou pela internet https://bileto.sympla.com.br/event/96110/.
(Com Alan de Faria/IDBR)
O espírito natalino tomou conta do parque mais amado de São Paulo e chegou ao Planetário Ibirapuera, trazendo em sua programação uma sessão especial que promete encantar a todos. No dia 21 de dezembro, às 17h, e 22, às 15h, o espaço, administrado pela Urbia, convida o público a participar de uma experiência única, que desvendará teorias científicas por trás da famosa Estrela de Belém, um evento raro, enigmático e frequentemente descrito pelos astrônomos como uma luz brilhante que domina o céu.
A apresentação mostrará um estudo fascinante que sugere que este corpo celeste pode ter sido, na realidade, uma impressionante conjunção planetária, um cometa ou uma supernova, sendo alguns dos fenômenos capazes de fazer com que ela brilhasse intensamente por um longo período. Esse mistério histórico será desvendado pelo astrofísico do Planetário, Marcelo Rubinho, que, com olhar científico, revela a conexão do astro com o clima de Natal.
A sessão é destinada a todas as idades, de crianças a adultos. Os ingressos estão disponíveis no Urbiapass por R$30, a inteira e R$15, meia-entrada.
Sessão especial ao vivo ‘A Estrela de Belém’ no Planetário Ibirapuera
Data: 21 de dezembro, às 17h, e 22 de dezembro, às 15h
Local: Planetário Ibirapuera
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral – Vila Mariana, São Paulo – SP, Portão 10
Público: livre para todos os públicos
Ingressos: Urbiapass.
(Com Mylena Zitl Bernardes/Máquina Cohn & Wolfe)
‘A Fênix Escarlate’ é a história de uma mulher com muitas vidas. No século XXI, ela é uma escritora renomada que decide explorar seu lado como feiticeira depois de já ter sido uma bruxa na Suméria, em Jerusalém, em Sevilha e em Paris. Apesar de diferentes tempos históricos e regiões, a protagonista sempre teve um propósito bem estabelecido: o de lutar pela autonomia e pelos direitos femininos. Obra inaugural de uma saga, Angela Cruz apresenta a trajetória da personagem na antiga Mesopotâmia e na contemporânea cidade de São Paulo. Com arcos narrativos entrelaçados, as duas trajetórias de Blanca convergem em experiências recorrentes entre mulheres de qualquer época, como preconceito, violência e desigualdades.
Na primeira parte do enredo, a narradora da atualidade reconta sua vida do fim para o começo e ecoa inúmeros conflitos sociais. Entre encontros, diálogos e reflexões, percebe o silenciamento das vozes femininas, os impactos dos papéis de gênero e as consequências da objetificação dos corpos. Já o segundo momento retorna para mais de 2 mil anos a.C, quando a protagonista foi perseguida pelo próprio pai, que a considerava marcada por Lilith.
Em todas essas vidas bruxescas, fui maltratada, desrespeitada, humilhada, destituída de direitos, violentada e condenada. Na maior parte dessas vidas, morri sem o direito de defesa. Mas em todas elas lutei por mim, por minhas irmãs mulheres, companheiras e iguais. Ao longo dos tempos, encontrei aliadas e aliados para essa luta. Descobri maneiras e desenvolvi estratégias para me desviar de maldades e conseguir alcançar alguns benefícios, privilégios ou vitórias sobre malfeitores, dominadores ou contra quem pudesse nos causar males. (A Fênix Escarlate, pg. 11)
Entre ficção e realidade, Angela Cruz introduz detalhes sobre bruxaria e as diferentes perspectivas que adquiriu com os anos. “A obra é permeada pela prática da bruxaria, uma filosofia de vida que está entranhada na sociedade, na alma humana, em todos os cantos do mundo. Ela existe desde sempre e se transmutou por séculos, ora sendo aclamada como única salvação, ora execrada como algo odioso”, explica.
O livro desconstrói a imagem das feiticeiras e as aproxima do cotidiano. Entre as páginas, os leitores percebem como esses costumes místicos estão presentes de forma recorrente: no desejo de que uma situação aconteça na vida de alguém ou no poder do amor para transformar o mundo. A partir dessa conexão, a saga reforça que o trabalho em prol das mudanças sociais pode até ser guiado pelas feiticeiras, mas é ecoado em todas as pessoas que tornam a equidade e a justiça um compromisso diário.
FICHA TÉCNICA
Título: A Fênix Escarlate
Subtítulo: Blanca de Lagash
Autora: Angela Cruz
ISBN: 978.65-5872-991-4
Páginas: 372
Preço: R$72,84 (físico) | R$24,90 (e-book)
Sobre a autora | Angela Cruz é advogada e professora universitária aposentada. Doutora em Direito, mestre em Educação Escolar e bacharel em Ciências Sociais e Ciências Jurídicas, sempre sonhou em escrever. Publicou coletivamente obras como Os Gomes Regateiro no Brasil: histórias da imigração portuguesa (2016) e Depois da Festa: histórias e memórias dos egressos do Curso de Direito (2021). Hoje, dedica-se integralmente à literatura e estreia na ficção com a saga épica A Fênix Escarlate. Nascida em Itajobi/SP, é mãe de três filhos e avó de quatro netos.
Redes sociais da autora: Instagram | Facebook
Redes sociais da saga: Instagram | Facebook.
(Com Victoria Gearini/LC Agência de Comunicação)
O artista de forró e piseiro mais promissor do momento, Thiago Freitas, apresenta seu novo trabalho resgatando os grandes hits sertanejos do século XXI em versões marcantes no forró. O EP ‘Apaixonado em Goiânia’ chega às plataformas digitais via Warner Music Brasil, trazendo 10 clássicos do gênero musical, agora repaginados, com bastante ritmo e energia. Ouça aqui.
Cada faixa do EP traz duas músicas que foram eternizadas nas vozes de grandes artistas do sertanejo. Entre as regravações, estão canções de Gustavo Mioto, Matheus & Kauan, Jorge & Mateus, João Pedro & Cristiano, Gustavo Lima, João Bosco & Vinícius, Wesley Safadão, Zé Neto e Cristiano, Bruno & Marrone, Dorgival Dantas, Felipe Araújo, Henrique & Juliano e Pedro & Thiago. A faixa foco deste trabalho é composta por ‘Toque de mágica’, de Pedro & Thiago, e ‘Inventor dos Amores’, de Gusttavo Lima.
Famoso por sua habilidade única de transformar músicas de outros gêneros em forró, Thiago Freitas vem conquistando milhares de fãs ao redor do país, especialmente com sucessos como a releitura de ‘Quando a Chuva Passar’, que já soma mais de 50 milhões de streams. No novo EP, ‘Apaixonado em Goiânia’, ele canta canções inesquecíveis da música sertaneja e os aproxima da juventude oferecendo uma nova perspectiva sobre esses clássicos e consolidando sua trajetória de sucesso.
Com quase 3 milhões de ouvintes mensais no Spotify e uma crescente popularidade, o artista continua a reafirmar seu talento e a transformar a música brasileira. “Este EP é uma forma de homenagear o sertanejo que marcou uma geração e, ao mesmo tempo, levar o forró a um público ainda maior. Eu amo transformar músicas de outros gêneros e, com este novo trabalho, eu espero mostrar o quanto o forró pode dar uma nova vida aos clássicos”, conta Thiago
(Com Fabiana Albuquerque/Estar Comunicação)
No contexto da crise climática, o diálogo entre o conhecimento científico ocidental e o indígena é essencial para a conservação da Amazônia e para o futuro sustentável do planeta. A integração dos sistemas de conhecimento pode garantir uma ciência mais holística, que entenda a conexão indissociável entre cultura e natureza e que, portanto, reconheça a contribuição dos povos originários para a reabilitação dos ecossistemas. É o que aponta artigo publicado na revista Science na última quinta (12) por pesquisadores indígenas dos povos Tuyuka, Tukano, Bará, Baniwa e Sateré-Mawé em parceria com não indígenas vinculados a projeto do Brazil LAB da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Os cientistas participantes também têm vínculo com instituições brasileiras como as universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Amazonas (UFAM).
O artigo defende a integração urgente entre os saberes, considerando a contribuição das teorias e práticas de povos indígenas, há pelo menos 12 mil anos, para a conservação e restauração do meio ambiente – e elegem a Amazônia como um terreno fértil para promover este diálogo.
O trabalho sintetiza conhecimentos dos indígenas do Alto Rio Negro, território localizado no estado brasileiro do Amazonas. Para esses povos, o mundo pode ser organizado em três domínios: terrestre, aéreo e aquático. Esses domínios são ocupados não só pelos humanos, mas por outros seres, como animais, plantas e rios, e pelos chamados ‘outros humanos’ – ou ‘encantados’ – que já habitavam o mundo antes dos humanos e que são consultados através dos especialistas indígenas, comumente chamados de pajés. Para que os humanos possam acessar elementos da natureza, é fundamental solicitar permissão e negociar com os outros seres presentes nesses domínios, respeitando as práticas e rituais que mantêm o funcionamento dessa rede cosmopolítica.
“Uma das principais lições dos conhecimentos indígenas do Alto Rio Negro é compreensão de que as vidas se estabelecem em conexão. Nada existe sozinho, tudo está relacionado – e compreender essa rede de relações entre todos os seres é uma das chaves para a sustentabilidade”, explica Carolina Levis, pesquisadora da UFSC e primeira autora do artigo. Para ela, a cosmovisão indígena pode auxiliar na desconstrução da visão colonialista que há séculos explora a Amazônia. “Enquanto o pensamento ocidental está enraizado em visões utilitaristas e antropocêntricas da natureza, os povos indígenas amazônicos entendem que a natureza e seus elementos também são dotados de qualidades de pessoas e tudo faz parte de um sistema integrado”, comenta.
“Escrevemos esse texto para dar voz também àqueles que não têm e fazer ecoar vozes de quem não conseguem reagir à destruição de seus territórios”, explica Justino Sarmento Rezende, pesquisador da UFAM e um dos autores indígenas do artigo. “Outros seres também são viventes e habitantes dos territórios; ninguém consulta os animais antes de invadir a casa deles e seguir destruindo. Uma vez que considerarem os outros seres como relacionados a nós, teremos que fazer o papel de diplomatas, pois eles não estão sendo ouvidos e entendidos. Vamos fazer um pouco desse papel de representá-los. Assim como os povos indígenas, os outros seres também estão silenciados”, continua o pesquisador.
Rezende defende uma ciência que agregue os diferentes saberes em defesa da Terra e da relação recíproca entre todas as espécies. “Um único sistema de conhecimento não será suficiente para enfrentar a emergência climática, é necessário o diálogo entre múltiplos conhecimentos. Precisamos sentar todos na mesma mesa para decidir o que podemos fazer e projetar estratégias, soluções e inovações”, alerta.
Os pesquisadores apontam ações e práticas indígenas que podem ser somadas às pesquisas científicas, como, por exemplo, a influência do movimento das constelações e dos ciclos da Terra na produção de alimentos. Para Carolina Levis, uma das principais conclusões para a eficiência da conservação do bioma é a inclusão respeitosa de líderes e especialistas indígenas em processos de investigação e tomada de decisão.
O artigo reconhece o desafio de fazer valer o status de ciência ao conhecimento indígena, já que “os espaços de formação dos especialistas não estão nas universidades, os ‘laboratórios’ indígenas estão nas próprias aldeias”, lembra Levis. Dessa forma, avaliam os autores, é também importante que universidades e instituições de pesquisa criem espaço para a ciência indígena, valorizando e respeitando as visões de mundo dos povos originários.
(Fonte: Agência Bori)