Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
Ao longo de sua trajetória, Januário Garcia (1943–2021) produziu um dos mais importantes registros do ativismo e da cultura negra brasileira no século 20. Unindo o exercício da fotografia com a militância política, documentou marchas e atos organizados pelo movimento negro, além de personalidades centrais, como Lélia González e Abdias Nascimento. Atuou ainda no mercado publicitário, no fotojornalismo e na indústria fonográfica assinando capas de álbuns de músicos como Leci Brandão, Tom Jobim, Belchior e Raul Seixas. Em paralelo aos trabalhos como fotógrafo, ocupou cargos de destaque na militância, como o de diretor do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN).
Falecido em 2021, Januário completaria 80 anos no dia 16 de novembro. Durante sua vida, construiu um amplo e variado acervo. Esse material será agora preservado e difundido por duas instituições em uma parceria inédita: o Instituto Moreira Salles (IMS), responsável por armazenar a produção fotográfica do artista, e o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a cargo da salvaguarda dos documentos reunidos por Januário em sua atuação no movimento negro.
As duas instituições farão um arranjo arquivístico único do acervo e, futuramente, as fotografias e os documentos digitalizados integrarão as duas bases de dados. Além disso, será formado um conselho consultivo autônomo composto por pessoas que pesquisam a obra de Januário e que conviveram com ele na militância.
O material guardado pelo IMS é composto por cerca de 70 mil fotografias, equipamentos fotográficos e de laboratório e uma biblioteca com publicações focadas em artes visuais e fotografia. Já a coleção presente no AEL inclui documentos referentes ao movimento negro, entre cartazes e folders de eventos, jornais e outros itens, além de textos assinados pelo ativista e uma biblioteca com livros focados na temática étnico-racial. No âmbito da Unicamp, a coleção integra o projeto Afro Memória, que reúne acervos relacionados ao ativismo negro no Brasil e é fruto de uma parceria da universidade com o Afro Cebrap, a linha de pesquisa Hip Hop em Trânsito (CEMI/IFCH/Unicamp) e a Universidade da Pensilvânia (Upenn).
O material possibilita inúmeras frentes de pesquisa, num panorama da trajetória de Januário, cuja obra contribuiu para a criação de novas narrativas, como pontuou o próprio artista em entrevista para a pesquisadora Vilma Neres: “Aconteceu que a minha interação com a militância e com a fotografia se deu dessa forma. E em cima disso eu fui construindo todo um legado, porque eu acredito numa coisa que é o seguinte: as pessoas dizem ‘O brasileiro não tem memória’. E eu cheguei à conclusão seguinte: ‘Não, o Movimento Negro, no meu tempo, vai ter uma memória, e ele está tendo uma memória desde 1975’”.
Mais sobre o fotógrafo
Januário nasceu em Belo Horizonte em 1943. Aos cinco anos, ficou órfão de pai e, aos 10, de mãe. Ainda pré-adolescente, foi sozinho para o Rio de Janeiro. Em 1963, ingressou no Exército, onde se formou como paraquedista. Com o valor recebido no trabalho, comprou sua primeira câmera fotográfica. A partir do final da década de 1960, frequentou aulas de história da arte no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), estudou na International News Cameramen Association do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna do Rio, onde fez o curso de fotografia sob orientação de Georges Racz.
Na década de 1970, passou a colaborar com jornais independentes e, posteriormente, para grandes veículos, como O Globo e Jornal do Brasil. Para manter sua autonomia e posicionamento político, optou por atuar sempre como freelancer. Nesse período ainda, começou a participar de encontros para discutir as questões em torno das relações raciais no Brasil e conheceu nomes centrais do ativismo e pensamento negro, como Beatriz Nascimento e Abdias Nascimento. Cada vez mais engajado nas lutas, tornou-se um dos fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), que viria a presidir posteriormente por 10 anos.
Na dupla condição de fotógrafo e ativista, comparecia a inúmeros atos e eventos, sempre carregando sua câmera e utilizando uma boina de crochê com linhas nas cores verde, vermelho, preto e amarelo – um símbolo de autoafirmação em referência ao movimento do pan-africanismo.
Entre os atos que documentou, estão a Marcha Zumbi Está Vivo, o I Simpósio sobre Racismo e Discriminação Racial, ambos em 1983 no Rio de Janeiro, a Marcha contra a Farsa da Abolição, em 1988, também no Rio, e o I Encontro Nacional de Entidades Negras, em 1991, em São Paulo, além das mobilizações na década de 1980 pelo tombamento da Serra da Barriga, onde ficava o Quilombo dos Palmares. Ao fazer esses registros, Januário sabia da importância das disputas pelas narrativas históricas, como afirmava em entrevistas: “Existe uma história do negro sem o Brasil. O que não existe é uma história do Brasil sem o negro.”
Outra faceta importante de sua carreira é a atuação no campo da indústria fonográfica. O fotógrafo registrou mais de 90 artistas, para quem produziu capas de discos e imagens de turnês. São dele as fotografias de álbuns como “Alucinação” (1976), de Belchior, “Urubu” (1976), de Tom Jobim, “Coisas do meu pessoal” (1977), de Leci Brandão, “Há 10 mil anos atrás” (1976), de Raul Seixas, “Cores, nomes” (1982), de Caetano Veloso, “Das bênçãos que virão com os novos amanhãs” (1985), de Beth Carvalho, e “Martinho da Vila Isabel” (1984), de Martinho da Vila, entre outras.
Januário também colaborou bastante com o mercado publicitário. Em seus trabalhos no meio, atuou para valorizar a imagem de pessoas negras, criticando abertamente peças racistas. Foi um dos responsáveis, inclusive, pela campanha “O negro na publicidade brasileira”, que estimulava a contratação de atores e atrizes negros para comerciais.
Sua atuação tanto como fotógrafo quanto como ativista também fez com que ele viajasse por 27 países, registrando sempre que possível a população negra da diáspora em nações como Colômbia, Uruguai e Venezuela. Também clicou manifestações culturais como o primeiro ensaio do Bloco Afro Olodum, em 1982. Outro importante conjunto, feito como projeto pessoal, é a série de imagens que registra o cotidiano e a religiosidade dos moradores do Morro do Salgueiro, no Rio, na década de 1980.
Ao longo de sua trajetória, Januário foi um importante personagem da história dos movimentos sociais brasileiros, colaborando para a produção de novos imaginários em torno das populações negras e das manifestações culturais do país. Ao preservar seu acervo, as duas instituições agem para reforçar e expandir o legado do ativista.
O coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi, comenta a importância de difundir a obra do fotógrafo: “A chegada do acervo de Januário Garcia ao IMS estabelece um compromisso da instituição com uma representação mais ampla, mais diversa da fotografia realizada no Brasil. O acervo reúne o trabalho de um fotógrafo de extrema sensibilidade, com uma longa trajetória tanto no campo profissional quanto como militante político. Januário foi uma importante liderança do ativismo negro e, com sua fotografia, contribuiu para documentar a memória do movimento negro e do país.”
Sobre a parceria, Burgi também afirma: “O acervo de Januário transcende o arquivo fotográfico, reunindo uma ampla documentação que é essencial para o Brasil. Por esse motivo, o projeto foi estabelecido no âmbito de uma parceria entre o IMS e o AEL. Essa parceria permitirá que as duas instituições processem os arquivos de forma integrada, com um olhar que vincule os diversos documentos e garanta que nenhum segmento deixe de ser pesquisado. Dessa forma, os processos de luta e vida de Januário poderão ser pesquisados em suas múltiplas dimensões.”
Ainda sobre a importância de estimular a pesquisa e o acesso aos documentos, o diretor do Arquivo Edgard Leuenroth, Mário Medeiros, afirma: “O AEL se orgulha de poder colaborar para preservar a memória de Januário Garcia. Entre julho de 2020 e junho de 2021, dialogamos intensamente com ele, nos momentos mais difíceis da pandemia de Covid, por meio de videochamadas onde construímos ideias e ações sobre a salvaguarda de seu acervo, o sentido público de seu trabalho de memória acerca da população negra brasileira e da diáspora. Seu falecimento inesperado chocou a todos nós. E foi muito importante a partir daí dar sequência ao projeto de Januário em parceria com o IMS e sua família, visando a alcançar o que ele almejava em vida: que a população negra conhecesse e se reconhecesse em sua história de lutas e conquistas. E jamais se esquecesse delas.”
Mais informações sobre eventos relacionados ao acervo realizados pelas duas instituições serão divulgados em breve, além de outros dados e materiais a respeito da coleção.
Mais sobre o fotógrafo:
Januário Garcia: um olhar com 50 anos de fotoescrevivências. Revista ZUM. Por: Vilma Neres Bispo.
Trabalho de Januário Garcia no Programa Convida (programa de incentivo à produção artística lançado pelo IMS na pandemia, no qual Januário foi um dos contemplados)
Página do projeto Afromemória
Site oficial de Januário Garcia
Dissertação: BISPO, Vilma Neres. Trajetórias e olhares não convexos das (foto)escre(vivências): condições de atuação e de (auto)representação de fotógrafas negras e de fotógrafos negros contemporâneos. Rio de Janeiro: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 2016, 158p.
(Fontes: Instituto Moreira Salles e Unicamp)
O respeitado e celebrado músico Chico Lobo realiza espetáculo com entrada franca que marca seus 60 anos de vida, 40 de carreira e lança seu novo álbum “Chico Lobo 60 Anos” no Teatro Cacilda Becker, zona oeste de São Paulo, no dia 21 de novembro, às 21h. No comando de violas e voz e acompanhado por Marcelo Fonseca, violino e voz, Chico Lobo apresenta canções do seu novo disco, entre elas “Benvirá”, “Hoje Amanheci em Paz”, “Alma Barroca”, “Filho é Pro Mundo” e “Talvez Viola Verso e Canção”. Mas, o público presente também pode contar com alguns clássicos que marcaram a carreira e vida do violeiro, como “Disparada”, de Geraldo Vandré, “Zóio Preto Matador”, que integrou a trilha sonora da novela “Bicho do Mato”, da Rede Record, “No Braço Dessa Viola”, que deu nome ao primeiro CD e “Maria”, canção feita especialmente para Maria Bethânia no álbum “Viola de Mutirão”, entre outras.
O público presente vai poder comemorar com o violeiro mineiro, que chega em 2023 aos seus 60 anos de vida e mais de 40 dedicados à viola. E, para celebrar esta data tão especial, lança pela produtora e gravadora Kuarup o seu 28° álbum, “Chico Lobo 60 Anos”.
Para o incansável violeiro, esse novo trabalho é quase uma autobiografia de sonhos, desejos, estradas e sentimentos que marcam sua vida. As músicas compostas para esse álbum trazem uma reflexão profunda de Chico sobre seus passos e sobre suas estradas desde que saiu de sua cidade natal de São João Del Rei, na década de 80, mudando-se para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que foi ponto de partida para percorrer o chão mineiro, brasileiro e de tantos países pelo mundo afora com os sons de sua viola.
Ao passear por ritmos bens regionais, revendo a origem de seu trabalho e também dialogar com a música popular brasileira e o folk, ele nos apresenta a riqueza e a pluralidade de sua obra, tradição e contemporaneidade, que tecem um belíssimo diálogo. Decidido a se cercar de referências, que o fizeram ser o violeiro que hoje é, o álbum traz participações luxuosas de Maria Bethânia, MPB-4, Renato Teixeira, Zeca Baleiro, Roberto Mendes, os mineiros Cláudio Venturini, Marcus Viana, Renato Boechat e o tocantinense Genésio Tocantins, além de apresentar a aclamada dupla caipira Elcio Dias & Amorim, de São Paulo. Outra presença especial no álbum é o cantor português Pedro Mestre, parceiro de Chico Lobo, amizade conquistada há muitos anos, fruto do intercâmbio do violeiro mineiro em festivais de viola em Portugal e no Brasil.
O disco “Chico Lobo 60 Anos”, que foi lançado dia 10 de novembro nas plataformas digitais e em edição física, conta com a produção musical impecável do parceiro e produtor Ricardo Gomes, que assina também os arranjos, baixos, violões, teclados e vocais. Conta com a presença de músicos companheiros de estrada: Leo Pires na bateria, Carlinhos Ferreira na percussão, Marcelo Fonseca nas cordas, Marcelo Sylvah nos violões de aço e os vocais de Gih Saldanha. Produzido e distribuído pela Kuarup, que Lobo considera sua casa musical, o álbum está sendo lançado nas plataformas digitais e também em edição física comemorativa. “Chico Lobo 60 Anos” mergulha na sua história, se conecta com a atualidade e ressalta sentimentos de esperança, resiliência, amor, amizade e deixa claro que ainda há muito pra se fazer. Uma celebração justa e comemorada por Chico Lobo, um artista tão ativo e incansável da música brasileira. E quem ganha é o público. A seguir, o violeiro conta sobre a criação de cada música e sobre os convidados.
“Celebração! Esse é meu estado de espírito e o momento que tenho passado esse ano todo. O show é um passeio pela minha história e referências. Alegria, esperança e resiliência. O público pode esperar eu cantar o Brasil profundo que a 40 anos atrás decidi cantar e hoje aos 60 anos me sinto cada vez mais apaixonado por esse Brasil construído de tantos Brasis”, explica Chico Lobo. “O público pode esperar emoção, afetividade, festa e muita viola”, complementa.
Serviço:
Chico Lobo: Show de lançamento do CD Chico Lobo 60 Anos
Dia: 21 de novembro de 2023 – terça-feira – 21h
Local: Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295 – Vila Romana – Lapa – São Paulo – SP
Entrada franca.
Repertório:
1- Benvirá – Cantiga que abre o álbum e tem um apelo pela valorização da terra, da união do homem do campo. Uma referência de Chico Lobo ao disco “Das Terras do Benvirá”, de Geraldo Vandré, lançado em 1973. Traz a participação especial do MPB4, grupo vocal brasileiro formado em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1965, banda importante e necessária para música brasileira e para a força da mensagem de Benvirá. Nessa cantiga, Lobo também fez uma pequena citação à revolução dos cravos em Portugal, que aconteceu 25 de abril de 1974 e que derrubou a ditadura de Salazar. “Seguir na estrada que me leva pra casa, com cravos a me enfeitar”.
2 – Hoje Amanheci Em Paz – É uma belíssima balada que namora com o folk, uma reflexão de Chico Lobo sobre seu estado de espírito após seus mais de 40 anos de viola nas estradas. “A vida é estrada longa, trilha de se cumprir”. É também uma canção que celebra o pós-pandemia e a forma como o artista venceu as dificuldades. Tem a voz potente e ao mesmo tempo lírica de Zeca Baleiro, um dos principais artistas da música brasileira atual, parceiro e amigo do violeiro já de longa data. Um encontro mágico.
3 – Viola, Verso e Canção – É uma parceria de Chico Lobo com o poeta e educador Jorge Nelson. Um batuque mineiro que ganha ares de chula do recôncavo baiano com a presença fantástica do mestre Roberto Mendes, nascido em Santo Amaro da Purificação, onde reside até hoje. Artista respeitado por todos e, para Chico Lobo, um mestre, que ele admira há muito tempo. Juntar a viola, o violino arrabecado do músico Marcelo Fonseca, com a voz e o violão inconfundível de Roberto Mendes, rendeu à música toda uma atmosfera de festa de mutirão.
4 – Vida Bela – É a história em versos de música sobre o relacionamento do violeiro Chico Lobo com Angela Lopes, sua produtora há 29 anos e esposa há 28. Relação que foi construída nas cordas da viola. Tem a participação de Tuia, artista da nova geração do folk, do pop, que Lobo conheceu nos encontros em São Paulo, na casa da Kuarup. A voz de Tuia deu a essa canção a força que ela precisava para essa declaração de amor. “Hoje a vida é mais calma, estamos juntinhos assim. Envelhecendo com o tempo, lado a lado plantamos jardins”.
5 – Alma Barroca – Composição de Chico Lobo em parceria com Thales Martinez, tem a participação especial do cantor Renato Teixeira, por quem o violeiro tem grande admiração e afeto. A canção é quase uma autobiografia de seus sonhos e desejos. Sentimento de gratidão que marca sua vida, uma reflexão profunda de Chico, sobre suas estradas, desde que saiu de sua cidade natal São João Del Rei, na década de 80, mudando-se para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais e assim se pôs a percorrer o chão mineiro, brasileiro e de tantos países mundo afora. Cantiga que aproxima o rural da cidade grande.
6 – Meu Primeiro Amor – Um clássico da música de raiz, é a única regravação do álbum. Chico Lobo tem a memória afetiva de ouvi-la criança em casa, por ser a música que seu pai Aldo Lobo e sua mãe Nieta cantavam em casa e nas serestas. Nesse “Chico Lobo 60 Anos”, ela vem como uma homenagem às suas raízes. E para cantar ao som de sua viola, só poderia ser a voz de quem Lobo considera a maior cantora do Brasil: Maria Bethânia. Os dois já havia se juntado em 2016 na faixa “Maria”, do álbum “Viola de Mutirão”. “Para mim foi uma emoção sem fim quando Bethânia delicadamente aceitou cantar novamente ao som de minha viola. Um presente para os meus 60 anos” – assim diz Chico Lobo.
7 – Violas de Minha Terra Canção – É uma parceria de Chico Lobo com Marcus Viana, reconhecido artista mineiro compositor de inúmeras trilhas que povoam nossos corações e que já o havia convidado várias vezes para colocar viola em suas trilhas. Lobo tece a letra para uma melodia linda de Marcus Viana, que o violeiro definiu como uma pequena rapsódia caipira. Aos sons de suas violas, se juntam os arranjos de teclado e violinos inconfundíveis de Marcus Viana.
8 – Nascente de Rio – Canção de Chico Lobo que mergulha nas belezas de Minas Gerais. Tem uma forte influência do rock rural, marca da banda 14 Bis, formada em 1979 na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, pelos irmãos Flávio e Cláudio Venturini, Hely Rodrigues, Vermelho e Sérgio Magrão. E assim Lobo convida o músico Cláudio Venturini, que com sua voz doce e marcante e sua guitarra precisa, se junta ao violeiro para cantarem suas montanhas e nascentes musicais. “Nessas montanhas de Minas, o nosso amor, a nossa sina é nascente de rio”.
9 – Trovador de Sonhos – é a música que define a sina de Chico Lobo, ao entender que a vida “é doce mistério”, “sou um trovador de sonhos”. Lobo nos apresenta como participação seu amigo de fé, o cantor e compositor Renato Boechat, natural de Governador Valadares, interior de Minas Gerais, e dono de uma bela e possante voz de quem transita pelo rock, folk e MPB. Música que tem um belíssimo arranjo de cordas de Ricardo Gomes, produtor do álbum e executado nos violinos dobrados de Marcelo Fonseca. Destaca-se o belo vocal de Gih Saldanha.
10 – Frutos da Terra – Uma canção lírica, com forte influência ibérica, que Chico Lobo compôs em uma de suas várias idas a Portugal. Ela se funde a um tema tradicional do Alentejo, Lírio Roxo. Nas comemorações de seus 60 anos, não poderia faltar a presença de seu parceiro e amigo português Pedro Mestre, um dos principais artistas da música tradicional portuguesa, ganhador do Prêmio Carlos Paredes, dono de uma voz forte e que empunha a viola campaniça, uma viola de arame da região do Alentejo. Juntos também temos as presenças dos portugueses Pedro Calado, Luis Baldão e Miguel Carreira. Destaque para o belo violino de Marcelo Fonseca.
11 – Roçado – Parceria de Chico Lobo com Marília Abduani, nos apresenta a textura e o colorido festivo das folias e reisados. Com uma percussão forte de Carlinhos Ferreira junto à bateria de Léo Pires e o belo vocal de Gih Saldanha, traz o ritmo do regionalismo mineiro. E num encontro de culturas, tem a participação de Genésio Tocantins, um dos principais artistas do estado que ele leva no nome. Genésio aprendeu com o pai a cantar versos em feiras de sua região de nascimento e, com a mãe, frequentou rodas de folias, onde aprendeu cantos do divino. Aí se entende esse forte encontro de Chico Lobo e Genésio Tocantins.
12 – Harmonia – É uma autêntica toada caipira, uma homenagem de Chico Lobo para o cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin. “Eu queria fazer uma toada que me lembrasse das modas que eu e papai Aldo Lobo cantávamos dos discos lançados por Seu Boldrin”. Desta forma, Chico Lobo convida a dupla de Embu das Artes, São Paulo Élcio Dias & Amorim, artistas da Kuarup, para participarem da música. Para Lobo eles são a dupla herdeira da musicalidade linda de Pena Branca & Xavantinho. O resultado é emocionante e descortina fortemente as raízes do violeiro.
13 – Filho É Feito Pro Mundo – Cantiga com ares de xote e reggae. Chico Lobo fez para seu filho Tomás, que nesse ano de 2023 saiu de sua casa em Belo Horizonte para cursar Educação Física na Universidade Federal de São João Del Rei, terra natal do pai e, assim, ele vem recuperar as raízes. Chico Lobo se despede do filho e canta “Quando eu era jovem saí de casa… Hoje chegou a sua vez, filho, não relute um segundo”. Assim o nosso violeiro mineiro do mundo encerra o álbum “Chico Lobo 60 Anos”, na homenagem do pai ao filho que inicia sua vida, seus sonhos. Como há mais de 40 anos, Chico Lobo saiu de sua terra para viver de suas cantorias.
Sobre Chico Lobo
Natural de São João Del Rey, o violeiro Chico Lobo tem mais de 40 anos de carreira e é considerado pela crítica como um dos artistas mais atuantes no cenário nacional na divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 CDs lançados, dois DVDs, livro e shows por todo o Brasil e diversos países como Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, o músico canta suas raízes e as conecta com nossa contemporaneidade.
Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola, desfilam com alegria em suas apresentações. Venceu por quatro vezes consecutivas (2015, 2016, 2017 e 2021) o Prêmio Profissionais da Música como Melhor Artista Regional, prêmio que acontece anualmente em Brasília. O artista mantém em sua cidade natal o Instituto Chico Lobo, que desenvolve projeto de ensino de viola e cultura raiz para as crianças das zonas rurais na cidade mineira de São João Del Rey. Desde 2006 Chico Lobo mantém relação artística com Portugal no Encontro de Violas, em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esse encontro gerou o CD “Encontro de Violas” e o DVD “De Minas ao Alentejo”, dando vida a um encontro ainda maior que já vai para a 11ª edição do Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo, o representante brasileiro nesses encontros, já trouxe duas edições presenciais ao Brasil e uma virtual amizade e partilha pelas cordas da viola que une Brasil e Portugal. Em 2015, Maria Bethânia escolheu sua cantiga “Criação” para compor o repertório de seu show e DVD “Abraçar e Agradecer”, comemorando os 50 anos de carreira. Depois, Bethânia gravou participação no álbum “Viola de Mutirão” cantando a moda de viola “Maria”, que Chico Lobo fez em sua homenagem. Apresentador de TV, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.
Sobre a Kuarup | Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.
(Fonte: Tempero Cultural)
O Colégio Estadual Indigena Kijẽtxawê Zabelê, situado na Aldeia Kaí, no extremo sul da Bahia, foi contemplado com uma oficina de realização audiovisual pelo Programa Imagens em Movimento, que leva desde 2011 a experiência do cinema a alunos de escolas públicas. A apresentação do filme à comunidade acontecerá no dia 18 de novembro, sábado, na primeira noite do ‘Encontro das mulheres Pataxó com as mulheres Munduruku’. Neste dia vai haver também uma roda de conversa e um awê, ritual festivo Pataxó.
Durante o ano, quinze adolescentes produziram um filme que conta a história de uma jovem de origem pataxó que não se identifica com o movimento de defesa da identidade indígena, até o dia em que ouve de sua avó uma história de luta que ela viveu e venceu. A história em questão é real e foi vivida pelas mulheres pataxó da região em 2016. As gravações, que aconteceram em setembro, coincidiram com o protesto contra o Projeto de Lei 490/2007, conhecido como Marco Temporal, quando indígenas bloquearam um trecho da BA-001. Essa gravação documental faz parte do filme de ficção desenvolvido pelos jovens, que reflete sobre a conexão entre o presente e o passado e a constante necessidade de luta.
Ana Dillon, coordenadora do Imagens em Movimento, conta que sempre teve vontade de propor uma oficina de iniciação à linguagem cinematográfica para um grupo indígena. Nestes 12 anos do PIM, esta foi a primeira oportunidade. A cineasta comemora ter acontecido justamente na região do Parque Nacional do Descobrimento – onde as primeiras embarcações portuguesas chegaram em 1500. “O povo pataxó desta região tem um histórico de confrontos e de resistência tão antigo quanto o que entendemos por Brasil. Houve períodos da História em que as aldeias da região até deixaram de existir e as famílias indígenas tinham medo de admitir sua origem em função do estigma social e da violência da qual foram vítimas historicamente. Nesta época, precisaram se camuflar nas cidades vizinhas. Hoje, o que vemos é um processo de reconstrução da identidade e do território pataxó. Muitas famílias estão voltando a morar nas aldeias hoje em dia”, diz Ana.
Para a diretora, as escolas indígenas têm um papel fundamental neste processo de reconstrução da identidade, ensinando, por exemplo, o idioma patxohã para crianças e adolescentes que aprenderam primeiro o português, mas sentem uma profunda identificação com a cultura indígena, mesmo se sua aparência revela uma miscigenação, fruto da diáspora.
“Eu fiquei fascinada com esta nova geração, que tem acesso a todas as informações oferecidas pela internet e aos produtos da cidade grande, mas é muito firme em relação ao senso identitário e à valorização de suas matrizes. Isso é fruto de muita luta de seus pais e de seus avós e o filme que eles realizaram fala justamente da relação entre estas gerações: uma menina de 16 anos que descobre o percurso de luta vivido por sua avó através de uma história encantadora”, conta Ana Dillon acrescentando que, segundo diversas pessoas da aldeia, de fato, esta história aconteceu há sete anos.
O programa Imagens em Movimento é uma iniciativa da ONG Raiar (Rede de Ações e Interações Artísticas), cuja missão é promover a arte e a cultura no âmbito da educação pública com foco em experiências criativas e artísticas vivenciadas através da linguagem audiovisual, contribuindo para o desenvolvimento de práticas educativas inovadoras no ambiente escolar. O programa nasceu no Rio de Janeiro e desde 2022 passou a alcançar outros quatro Estados; entre eles, a Bahia.
(Fonte: Marcela Vigo Comunicação)
O Espaço Fábrica São Luiz, localizado no centro histórico de Itu/SP, realiza neste mês de novembro três grandes eventos: a 18ª Feira “Orquídeas & Cultura”, a Feira de Antiguidades & Curiosidades e a 18ª Exposição de Presépios. Todos os eventos acontecem com entrada gratuita.
Serão seis dias de atrações para os mais diversos públicos. No salão principal, acontece a Feira “Orquídeas & Cultura” de 15 a 20 de novembro (de 15 a 19 das 9h30 até às 19h e no dia 20 das 9h30 até 17h). Estarão expostas mais de duas mil orquídeas, com venda de espécies nacionais e importadas, comércio de plantas e insumos e a presença de especialistas para dar dicas sobre técnicas de cultivo. A Feira de Antiguidades & Curiosidades será realizada nos dias 18 e 19 de novembro em conjunto com a Feira “Orquídeas & Cultura” e nela estarão à venda objetos raros, decoração, vinil, livros antigos e novos, colecionáveis e alimentos artesanais (bolos e tortas).
Na sala de acesso ao pátio, haverá a 18ª “Exposição de Presépios”, que é uma das mais tradicionais da cidade. Desde 2004, o Espaço Fábrica São Luiz realiza anualmente, no mês de novembro, uma Exposição de Presépios, que nasceu pequena e hoje é composta por mais de 600 montagens com imagens do Menino Jesus oriundas de várias partes do mundo, em material rico e diversificado, com mais de 5000 peças. Essas peças são de uma coleção particular das irmãs Maria Teresa de Oliveira Ribeiro Vidigal, artista plástica e renomada restauradora paulistana, e Maria Sofia Vidigal Pacheco e Silva. A cada ano a exposição aumenta em quantidade de presépios, seja por compra, seja por doações. Esta é a 18ª edição que, numa parceria inédita, será realizada em dois locais: Espaço Fábrica São Luiz e no Museu Republicano Convenção de Itu.
A 18ª Exposição de Presépios no Espaço Fábrica São Luiz foi aberta no dia 15 de novembro e pode ser visitada até 23 de dezembro de 2023. O horário da visita é das 11h às 16 horas, com entrada gratuita (exceto às quartas-feiras que estará fechada). No Museu Republicano, a exposição também acontece de 15 de novembro a 23 de dezembro de 2023 e estará aberta das 10h às 17 horas (fechada toda segunda-feira).
“A ideia é que o visitante, ao ver a Exposição, lembre-se do aniversariante na Noite de Natal: o Menino Jesus, montando seu próprio presépio em sua casa e no coração. Que seja despertado na alma do visitante este maravilhoso nascimento, no qual Deus, na sua infinita bondade, vem aos homens em um humilde estábulo, por meio de um indefeso bebezinho e na simplicidade de uma manjedoura”, destaca a curadora e responsável pela exposição Maria Sofia Vidigal Pacheco e Silva.
Origem dos presépios | Os presépios que fazem parte da exposição têm as mais variadas procedências: Europa: Itália, França, Inglaterra, Áustria, Alemanha, Dinamarca, Espanha; Ásia: China, Japão; América do Norte: Estados Unidos, incluindo o Alasca, Canadá e México; África: Libéria e África do Sul; América do Sul: Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Uruguai, Paraguai e Argentina; Estados do Brasil: Pará, Amazonas, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul. As peças são confeccionadas em diferentes materiais: cápsulas de bala de fuzil, papel, estopa, cortiça, palha, bambu, vidro, pano, cristal, fios, gesso, cerâmica, porcelana, marfim e prata, entre outros. Cada presépio da exposição tem um contexto histórico diferente, como um feito de cápsulas de fuzil produzido por um soldado durante a guerra civil da Libéria. Segundo a curadora da exposição, Maria Sofia Pacheco, a mostra tenta trazer novidades todos os anos e desta vez não será diferente.
Espaço Fábrica | A Fábrica São Luiz, inaugurada em 1869, foi a primeira Indústria a vapor do estado de São Paulo. Patrimônio Histórico Nacional, a Fábrica São Luiz tornou-se um Espaço Cultural desde 2004. Encerradas as atividades industriais em 1982, seu prédio está sendo restaurado pelos proprietários, através da renda obtida nos eventos ali realizados. Visite o site do Espaço Fábrica São Luiz na internet: www.espacofabrica.com.br.
O Espaço Fábrica São Luiz está localizado na Rua Paula Souza, 492, na região central de Itu/SP. Mais informações: (11) 4013-4554 ou 11 98550-0182 (tel. e WhatsApp).
Serviço:
8ª Feira “Orquídeas & Cultura”
Data: de 15 a 20 de novembro
Horários: de 15 a 19/11 – das 9h30 até 19h
Dia 20/11 das 9h30 até 17h
Entrada gratuita.
Feira de Antiguidades & Curiosidades
Data: 18 e 19 de novembro
Horário: das 9h30 até 19h
Local: Espaço Fábrica São Luiz
Rua Paula Souza, 492, Centro – Itu/SP
Telefone (11) 4013-4554
Entrada gratuita.
18º Exposição de Presépios da Fábrica São Luiz
Espaço Fábrica São Luiz
Abertura: dia 15 de novembro às 10 horas
De 15/11 a 23/12/2023
Das 11h às 16 horas (fechado toda quarta-feira)
Endereço: Rua Paulo Souza, 492, Centro, Itu
Entrada gratuita.
Museu Republicano Convenção de Itu – USP
De 15/11 a 23/12/2023
Das 10h às 17 horas (fechado toda segunda-feira)
Endereço: Rua Barão do Itaim, 67 – Centro, Itu – SP
Entrada gratuita.
(Fonte: RL Comunicação)
Com apoio do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC), Ferdi Oliveira lança seu álbum “Devaneio”, quarto trabalho de inéditas autorais gravadas em estúdio, em um show gratuito na Sala dos Toninhos, na Estação Cultura, em Campinas. A apresentação acontece no dia 25 de novembro, sábado, às 20h.
Ferdi mostra seu mais novo espetáculo apresentando as faixas do álbum e ainda vai lançar o disco físico na ocasião. O álbum conta com 13 faixas autorais e estará disponível nas principais plataformas de streaming somente no dia 12 de dezembro; portanto, o show será uma pré-estreia deste trabalho.
No show, o público poderá acompanhar as canções “Roupa de Palha” e “Outras Maneiras de Me Comunicar”, com a performance ao vivo já disponível no YouTube.
“É muito importante, para mim, fazer este show na minha cidade natal e marcar o retorno aos palcos depois de um hiato super difícil, que foi a pandemia. Foi neste hiato que consegui compor mais e amadurecer nas minhas canções e agora é o momento de florescer e apresentar todo esse processo para o público”, conta o cantor e compositor.
Graduado em psicologia pela PUC Campinas, Ferdi compõe desde sua adolescência e já lançou “Ginga de Gigante” (2016), “Na Pele” (2018) e “Griô” (2020), trazendo sua voz marcante, acordes dançantes e letras profundas. Também já fez turnês na Europa, no Uruguai e no sul do Brasil mostrando seu som, culminando neste momento de novidades depois de três anos sem gravar.
Para aquecer para o show:
Tecido Live Session
Clipe Ponto e Vírgula
Perfil no Spotify.
Serviço:
Ferdi apresenta Devaneio Sala dos Toninhos, em Campinas
Data: 25 de novembro (sábado)
Horário: 20h
Endereço: Sala dos Toninhos – Estação Cultura – R. Francisco Teodoro – Vila Industrial, Campinas – SP
Entrada gratuita
Classificação etária: Livre
Duração: 90 minutos.
(Fonte: Araçá Produtora)